Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 15
Lua de Mel


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é contra-indicado para quem sofre de diabetes! Fiz um capítulo propositadamente romântico e doce, afinal, é a lua-de-mel de Erik e Christine!
espero que curtam, meus queridos



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Quando afinal ficaram sozinhos, Erik conduziu sua esposa a uma carruagem parcialmente aberta, puxada por dois cavalos negros. Ele a ajudou a subir e se instalou ao seu lado, beijando-a apaixonadamente antes de perguntar:

– Como se sente em saber que, agora, é a senhora Christine de Guise?

– Você fez de tudo para me fazer chorar, não foi? – perguntou ela, radiante, abraçando-o com força – Ah, meu amor! Parece que meu coração vai explodir de alegria! Sua esposa... Isso é muito mais do que ousei sonhar!

O Fantasma passou as mãos em redor da cintura de sua companheira, saboreando-lhe os lábios sem pressa, deliciando-se com a doçura e maciez daquela boca que conhecia e amava, e que nunca se cansaria de beijar. A moça deixou escapar um gemido fraco de prazer, aninhando-se no banco junto a seu marido. Com o braço esquerdo circundando-a pela cintura, ele tomou as rédeas dos cavalos e os incitou a andar.

A princípio, a dama pensou que retornariam à casa de óperas, mas não foi o que aconteceu; Erik guiou o coche por um caminho totalmente diferente, afastando-se cada vez mais do centro de Paris.

– Meu amor... Aonde estamos indo? – perguntou a jovem noiva, surpresa, curvando-se para frente para ver melhor o entorno. O Anjo sorriu e, puxando-a novamente contra si, respondeu:

– Não vou estragar a surpresa – e beijou-lhe primeiro a fronte, depois os lábios – Não seja curiosa, Madame De Guise!

– Sabe que não consigo! É mais forte do que eu! – riu-se ela, deitando a cabeça no ombro forte e relaxando. Não importava aonde seu amado a estava levando, pelo simples fato de que estariam juntos, e nada poderia ser melhor do que isto.

– A viagem é um pouco longa, minha querida – sussurrou o músico, deliciado ao sentir o corpo delicado de sua amada aconchegado ao seu – se ficar cansada, deve tentar dormir; não quero que se sinta mal, especialmente em seu estado... – o sorriso dela o interrompeu:

– Você é tão adorável quando se preocupa! – ela acariciou o rosto do Anjo – Mas eu estou bem, meu querido: estou grávida, não doente, e nosso bebê ficará bem, mesmo se a mãe dele preferir contemplar o Anjo da Música a repousar.

Erik riu satisfeito ao ouvir a felicidade e o deleite na voz da mulher a quem amava. Muito bem: aquela seria uma viagem absolutamente perfeita!

POV Christine

Eu nunca teria imaginado aonde Erik nos levava! A cidade ficou para trás, dando lugar ao campo; longe das luzes de Paris, o céu se cobriu com estrelas de ouro e prata, em um número e brilho que eu jamais vira! As ruas de pedra e casas justapostas desapareceram para que surgissem em seu lugar colinas verdes e pequenos bosques iluminados pelo luar. Estava absolutamente encantada!

Meu Anjo parecia conhecer bem a estrada pela qual seguíamos, conduzindo os cavalos com segurança na escuridão; foi só depois de um longo tempo que, afinal, desviou o caminho para a direita, fazendo a carruagem subir uma colina. No cimo da elevação, surgiu diante de meus olhos um lindo chalé de pedras e madeira, por cujas janelas escapava uma luminosidade de velas. Onde estávamos?!

Com um sorriso, o Fantasma desceu do coche e amarrou os cavalos à elegante cerca de madeira diante da casa, vindo então para junto de mim e ajudando-me a descer da condução – sentir seus braços ao meu redor, amparando-me, era algo indescritível: uma sensação de segurança e deleite à qual nada poderia se comparar. Quando meus pés tocaram o chão, perguntei-lhe:

– Que lugar é este, meu amor?

– Um refúgio – respondeu ele, erguendo-me nos braços com um sorriso – nosso refúgio, minha Christine. – e com essas palavras, carregou-me através do portão baixo e do jardim bem cuidado, direto para dentro do chalé.

O ambiente interno parecia saído de algum conto antigo, decorado de acordo com o gosto refinado de Erik – móveis envernizados, de madeira castanho-escura com entalhes dourados e prateados, cadeiras e poltronas com forro de tecido verde-oliva, espelhos de molduras elaboradas refletindo a luz das velas acesas nos castiçais, aumentando a luminosidade da sala onde nos encontrávamos. Uma lareira acesa lançava luz e calor no lugar... Aquela casa com certeza pertencia a meu Anjo, e o piano de cauda no recinto era a prova disso.

Entretanto, não tive mais que uns poucos segundos para contemplar a sala principal da casa, pois meu esposo – aquela idéia parecia maravilhosa demais para ser verdade! – carregou-me escadaria acima enquanto tomava meus lábios num beijo intenso, abrindo a porta de madeira maciça com ombro e entrando comigo no maior e mais suntuoso quarto que eu já vira.

O aposento ocupava todo o andar superior, amplo, com grandes janelas envidraçadas pelas quais entrava a luz de prata, banhando tudo em luar. Sob as janelas havia uma bancada almofadada de forro azul escuro – a mesma cor das cortinas pesadas que jaziam totalmente recolhidas, a fim de exibir a beleza do céu noturno. Uma enorme cama de dossel negro e dourado ocupava parte do lugar, os lençóis cor de ébano cintilando com a luz fria, fazendo deliciosas promessas para aquela noite; um amplo guarda-roupas ocupava uma das paredes, e havia uma penteadeira, sobre a qual haviam sido dispostos alguns de meus objetos pessoais, mostrando que Erik já havia preparado tudo para nossa vinda.

Junto à bancada havia uma pequena mesa circular, sobre a qual repousava uma garrafa de vinho e duas taças. Dois castiçais altos suportavam velas grandes – a única luz fraca que competia com a que vinha de fora -, criando sombras e luzes que dançavam de modo hipnótico, tornando tudo ainda mais mágico e surreal.

Meu amor colocou-me no chão, voltando a me beijar enquanto delicadamente retirava o véu de minha cabeça. Abracei-o, deslizando as mãos por suas costas, sentindo os músculos firmes por sob o terno claro enquanto correspondia à carícia. Ele me puxou consigo para perto da janela, sentando-se no banco e acomodando-me de lado sobre seus joelhos; num gesto elegante serviu vinho para nós dois, entregando-me uma das taças com um sorriso de puro deleite.

– um brinde à primeira de nossas infinitas noites como marido e mulher – sussurrei, entrelaçando meus dedos nos dele.

Bebericamos o líquido vermelho sem desviar nossos olhares; deixamos as taças sobre a mesa, trocando mais um beijo profundo, tão intenso que me deixou ofegante. Minha respiração estava entrecortada quando, perdida nas esmeraldas que eram os olhos de meu amado, ouvi-o dizer:

– Eu amo você, Christine de Guise – arrepiei-me de prazer ao ouvir o modo como ele suspirou meu nome, sua respiração fazendo cócegas em meu pescoço quando desceu os lábios até meu ombro – Minha esposa.

– Eternamente sua – confirmei, acariciando a linha de seu queixo com os lábios enquanto começava a abrir seu terno. Tirei-lhe a casaca branca, e ele me fez sentar de frente para si, dizendo:

– Está ainda mais deslumbrante esta noite, minha amada – seu olhar percorreu meu corpo, cheio de desejo e amor, enquanto se levantava e me levava consigo – Mas há algo que me perturba... – fiquei apreensiva por um segundo, antes que prosseguisse – Está usando roupas demais.

Eu ri ante aquelas palavras, e simplesmente deixei que ele me despisse, peça por peça, explorando com as mãos e os lábios cada centímetro de pele que ia revelando. Entretanto, quando restava sobre meu corpo apenas a combinação transparente de seda, eu o impedi de continuar; segurando-lhe as mãos, beijei-lhe a base do pescoço e murmurei:

– Agora é minha vez. – comecei a desabotoar-lhe a camisa com movimentos lentos, deixando meus dedos se demorarem sobre a pele quente de seu peito a cada botão que abria. Levei vários minutos no processo, explorando com beijos cada centímetro exposto do corpo magnífico; deslizei o tecido pelos ombros fortes até deixar meu amado de torso nu. Corando levemente ao fazê-lo, desci as mãos até seu cinto e o abri com movimentos igualmente lentos; meu Anjo fechara os olhos e trincava o maxilar. Eu ri baixinho, deleitando-me com os efeitos que provocava nele.

Embora eu mesma sentisse o desejo acelerar minha pulsação e aquecer minha pele, continuei a despi-lo tão devagar quanto podia. Quando o tive completamente nu diante de mim, beijei seus lábios com suavidade e perguntei:

– Devo tirar a máscara?

– Deixe-a – sussurrou ele, deslizando as mãos por minha cintura e quadris, seguindo até a barra da combinação e começando a erguê-la. Deixei que me tirasse a veste e levasse para o leito, deitando-me com cuidado sobre os lençóis escuros. Erik permaneceu em pé junto à cama, seus olhos devorando meu corpo com desejo, embora houvesse neles, também, uma profunda ternura.

Lentamente ele se curvou sobre mim, acariciando meu ventre demoradamente antes de se deitar ao meu lado e puxar-me para si; abraçamo-nos com paixão, sussurrando um para o outro palavras de amor, trocando beijos ora intensos, ora suaves... E dessa vez, entregar-me a ele tinha um sabor totalmente novo: o homem com quem fazia amor não era meu amante, meu mentor ou o pai da criança em meu ventre, mas tudo isso e ainda mais... Amado, guia, Anjo... Meu esposo.

POV Narrador

Depois de uma longa noite de amor, o casal dormiu abraçado, imerso em felicidade. Estavam casados: pertenciam um ao outro, e nada poderia mudar isso.

Christine despertou primeiro, vendo os primeiros tons de rosa tingirem o céu, anunciando a aurora; levantando-se com cuidado, para não acordar Erik, foi até as janelas e puxou as cortinas para impedir que a luz do Sol despertasse seu Anjo da Música. Ainda com sono, voltou para a cama e se deitou. O homem despertou por breves momentos, suficientes apenas para abraçar sua esposa pela cintura e aconchegar-se a ela antes de adormecer novamente.

Quando acordou outra vez, a soprano percebeu que seu esposo não estava mais na cama; erguendo-se um pouco, encontrou-o sentado no banco sob a janela. Usava um roupão negro e debruçava-se sobre um papel, sua expressão compenetrada, mas inegavelmente feliz. Quando ergueu os olhos e percebeu que sua amada despertara, deixou de lado o que fazia e veio até ela verdadeiramente radiante.

– Bom dia, minha linda estrela – disse ele, beijando-a.

– Com certeza será! – respondeu a moça, retribuindo com um sorriso nos lábios e se levantando – o que estava fazendo?

– Apenas alguns esboços. – respondeu, mostrando-lhe seus desenhos; na primeira página, ele retratara o campo do modo como podiam vê-lo da janela, coberto pela névoa do fim de inverno, silencioso e belo. Quando a cantora passou à segunda folha, viu a si mesma retratada, adormecida, deitada de costas com os cabelos espalhados pelo travesseiro, os lençóis amarfanhados deixando à mostra parte de seu corpo. Eram dois desenhos perfeitos que, embora tivessem poucos detalhes, nem de longe poderiam chamados de “apenas esboços”. Havia engenho e arte na mente, no espírito e nas mãos de seu amado, que fluíam nas mais diversas formas de criação.

– Seus desenhos são maravilhosos, Erik! São lindos!

– Tive a melhor das inspirações – ele lhe lançou um de seus sorrisos irresistíveis, que aceleravam o coração da mulher, e tomou-a nos braços. Completamente rendida ao encanto do Fantasma, Christine lhe abriu o roupão: ele era seu vício, seu delicioso pecado, do qual nunca se arrependeria! Nunca teria o suficiente de Erik, pois cada toque e beijo apenas aumentavam sua necessidade dele.

Entretanto, ele não a levou para a cama, como a jovem esperava, mas em direção a uma porta na qual ela não reparara antes. O Anjo abriu a porta com o ombro, revelando uma sala de banho espaçosa: o centro do aposento era ocupado por uma banheira grande e funda, branca, de pés com a forma de patas de leão; uma das paredes era quase completamente coberta por um espelho, diante do qual havia um armário baixo e longo, com tampo de pedra negra polida. Castiçais fixados à parede seguravam velas apagadas que deviam ser usadas à noite. A banheira estava cheia, a água desprendendo vapor.

– Há quanto tempo você está acordado, mesmo? – perguntou a mulher, enternecida com o gesto de dedicação.

– O suficiente para perceber que você acordaria logo. – respondeu o artista, entrando na banheira com a moça nos braços. Decididamente, aquele dia estava começando muito bem.

*

O casal desceu junto para a sala principal, abraçado; Erik vestia calças negras e uma camisa de mesma cor, enquanto sua esposa usava um vestido longo, azul-claro e sem armação ou espartilho, que lhe marcava a silhueta até os quadris, abrindo-se então numa saia rodada – não era uma vestimenta que qualquer mulher vestisse naqueles tempos, mas a dama estava realmente satisfeita em usá-la para seu amado.

O Fantasma guiou sua mulher pelo restante da casa, apresentando-lhe o chalé sem pressa. Havia um ateliê repleto de material para desenho, escultura, e pintura, além de obras prontas e em andamento; dali tinha-se acesso à varanda, um espaço coberto agradável para desfrutar do ar do campo. Retornando para dentro, chegava-se à sala de jantar, decorada com uma elegante mesa de ébano que, misteriosamente, encontrava-se preparada para a primeira refeição. Curiosa, Christine perguntou:

– Quem cuida de tudo isso? Os cavalos foram levados, a mesa foi posta... A casa se encontra impecável!

– Este é meu refúgio particular, para onde costumava vir quando mesmo a Casa do Lago não me dava a paz de espírito que buscava. Vinha muito aqui, até cinco anos atrás, de modo que tudo precisava ficar em ordem; tenho duas pessoas de confiança, que cuidam da casa para mim – e assim dizendo, conduziu sua esposa gentilmente até outra porta – Monsieur e Madame Sourie. São discretos, decentes e leais.

– É a primeira vez que o vejo elogiar alguém, meu amor.

– Porque, exceção feita a Madame Giry, são as únicas pessoas que o merecem. – com essas palavras o Anjo abriu a porta, a qual dava acesso a uma cozinha ampla e arejada, construída em pedra, com um forno do mesmo material e uma longa mesa de madeira, que estava sendo limpa por uma mulher com cerca de cinqüenta anos.

A senhora era miúda e esguia, tinha cabelos castanho-claros - agrisalhados nas têmporas - rosto gentil e sem rugas, e olhos calorosos. Ao ver a porta se abrir, endireitou-se e saudou com uma mesura:

– Senhor Erik... Fico feliz em revê-lo. – e ao ver Christine – ah, a senhora Christine de Guise! – nova reverência – É um prazer conhecê-la.

A soprano curvou a cabeça num cumprimento:

– O prazer é todo meu, senhora...

– Annelise. Annelise Sourie. – a senhora sorria – A seu serviço, Madame de Guise, para o que precisar.

Segurando os ombros de sua esposa, o Fantasma brincou – surpreendendo não apenas Christine, mas também Madame Sourie:

– Muito bem, meu amor... Voltemos para a sala, antes que Madame Sourie nos expulse daqui; o chalé pode ser nosso, mas a cozinha é terminantemente dela! – a cantora pôde ver a surpresa no olhar da outra mulher, ao constatar que seu patrão estava brincando.

O casal deixou a cozinha e seguiu para a sala de jantar, sentando-se lado a lado para ter sua refeição. Foi só ao provar a deliciosa comida de Annelise que a moça percebeu estar com fome; enquanto provava um delicioso bolo de nozes, comentou sorrindo:

– Vou acabar engordando, se ficarmos muito tempo aqui. Madame Sourie garantirá isso!

– Permita-se relaxar um pouco, querida – disse o Anjo, devolvendo-lhe o sorriso e pousando a mão no ventre da esposa – Tem de se alimentar por dois, agora. – ele a abraçou radiante, imaginando como sua vida pudera mudar tanto depois que Christine passara a fazer parte dela.

Quando afinal se levantaram da mesa, Erik conduziu sua amada para fora do chalé. À luz do dia ela pôde observar melhor o bem cuidado jardim – com certeza mantido pelas mãos cuidadosas da Sr.ª Annelise – que se agitava delicadamente à suave brisa: ciprestes faziam sombra na casa, rodeados por várias flores cujos botões começavam a se abrir naquele início de primavera.

– Finalmente, a primavera! – exclamou Christine, tocando gentilmente um amor-perfeito – chegou mais cedo este ano.

– Uma homenagem da natureza a você, meu amor – disse o Fantasma, curvando um ramo de roseira até fazer as flores roçarem o rosto de sua mulher, que sorriu e respondeu:

– A nós – e o abraçou, sentindo o conhecido e delicioso calor que ele desprendia penetrar sua pele.

– A nós – concordou o músico, beijando-a com paixão – venha comigo, Christine: quero lhe mostrar uma coisa.

Ele a conduziu por uma caminho que contornava o chalé, levando para uma segunda construção – um pouco distante do chalé – que a moça identificou como um celeiro, diante do qual havia um pátio. E ali, um senhor de meia-idade – provavelmente Monsieur Sourie – aguardava junto do belo corcel negro, Lasher, que estava encilhado.

– Bom dia, Sr. e Sra. De Guise – saudou o homem grisalho, de olhos cinzentos e rosto gentil, com uma reverência – é um prazer conhecê-la, minha dama.

– O prazer é todo meu, Sr. Sourie – respondeu a jovem, sorrindo delicadamente. Erik se adiantou e pegou as rédeas das mãos do criado, agradecendo e dispensando-o. Quando se viram sozinhos, o Fantasma se voltou para sua amada:

– Venha, meu amor.

– Vamos cavalgar? – perguntou ela – Não sou muito boa com cavalos...

– Por isso virá comigo – respondeu o Anjo, segurando-a pela cintura e colocando-a na sela, para logo em seguida subir também. Entretanto, sentar-se de lado numa sela comum era desconfortável, e a jovem pediu:

– Espere um pouco – segurando-se à cabeça da sela, ela puxou as saias para cima até libertar os joelhos, acomodando-se então com uma perna de cada lado do animal. Erik sorriu e, segurando-a pela cintura, puxou-a para mais perto de si; aquele modo de cavalgar fazia as coxas da moça atritarem contra as pernas de seu esposo, provocando arrepios de prazer em ambos. Sem deixar que ela visse seu sorriso malicioso, o homem a envolveu com o braço esquerdo e tomou as rédeas na mão direita, perguntando:

– Confortável?

– Deliciosamente acomodada – respondeu ela, girando para trás para receber nos lábios o beijo de seu Fantasma. Ele a segurou firmemente contra o próprio corpo e incitou a montaria a um passo acelerado, levando a ambos para além da sebe de pinheiros e da cerca de treliça fina, para o meio das árvores espaçadas.

*

O que Christine pensara ser apenas um chalé na montanha era, afinal, uma bela propriedade no campo, cercada por um bosque quase intocado em cujo centro brilhava um lago cristalino de margens floridas. Quando alcançaram aquele local, Erik desmontou e puxou Lasher para junto da água, deixando o animal beber enquanto ajudava sua mulher a descer do cavalo.

– Que lugar lindo, Erik! – exclamou a cantora, surpresa – Não pensei que você apreciasse o campo...

– Aprecio toda forma de beleza, minha Christine – respondeu ele, tomando-a pela mão e levando-a para um recanto escondido da margem, onde havia um caramanchão de folhas e flores guarnecido de mesa e bancos de madeira polida e pedra – A natureza é uma excelente fonte de inspiração, e um dos poucos lugares onde realmente encontro a paz que procuro.

– Você é inacreditável... – suspirou ela, entrando no caramanchão – Nunca deixa de me surpreender...

– Tenho de merecer a dádiva que recebi, afinal. – as mãos grandes se enrolaram nos cachos castanhos da moça – Sabe quantos homens gostariam de estar em meu lugar, aqui, ao seu lado?

– Não importa quantos – sussurrou a mulher – nenhum outro me teria, pois nenhum outro poderia despertar em mim este amor.

O casal se sentou à mesa de pedra, conversando e trocando palavras de amor e carinho, embriagados um do outro, imersos nos locos profundos que os uniam. Tomando as mãos pequenas e delicadas de Christine nas suas, o Anjo da Música mergulhou seu olhar no dela e falou:

– Obrigado, Christine. Obrigado por ser minha musa, minha vida... Obrigado por tudo o que você representa para mim! Nunca poderei dizer, ou cantar, como a sua presença mudou tudo o que eu pensava saber sobre o mundo e sobre mim mesmo...

Ela sorriu e tocou-lhe os lábios com dois dedos:

– Eu compreendo o que me diz, Erik. Você também significa para mim muito mais do que posso dizer com palavras: minha vida e minha arte encontram um significado totalmente diferente quando estou ao seu lado... Você é meu Anjo, meu amor, meu mestre... Acho que sabemos muito bem o que somos, um para o outro.

– Sabemos? – perguntou ele, acariciando o rosto de sua amada.

– Somos a mesma alma que se dividiu em duas; só você pode me completar, e só eu posso te completar. Nossa canção só tem sentido quando a elevamos juntos.

O Anjo a abraçou intensamente, erguendo-se e beijando-a até ambos perderem o fôlego; despreocupados, caminharam juntos pelas margens do lago até que Christine tirou os sapatos e molhou os pés. Deliciada com a frieza da água, comentou:

– Perfeita para um banho. Os criados não vêm até aqui, não é? – e quando Erik respondeu á sua pergunta de forma negativa, ela simplesmente tirou o vestido pela cabeça e o deixou na margem, caminhando totalmente nua para dentro do lago. Com expressão marota, perguntou para seu esposo – Sabe nadar, não é?

A resposta dele foi se livrar das próprias vestes e da máscara – sim, ele agora se sentia confiante o bastante para tirar a máscara para sua esposa, mesmo à luz do dia – e se juntar a ela na água profunda. Ainda era apenas meio da tarde, e o dia prometia continuar tão bem quanto seguira até o momento...


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar, Ok? Para os que não gostam de cenas meladas, peço perdão e aviso que a história volta ao normal à partir do próximo cap!
kisses