Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 14
Amor


Notas iniciais do capítulo

Certo, aqui vem o momento pelo qual esperávamos, afinal: o casamento de Erik e Christine. Espero que gostem, queridos!



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Era a véspera de seu casamento; Erik dissera a Christine que, se ela lhe pedisse, casar-se-ia com ela até mesmo diante de toda a Ópera. A jovem apenas sorrira e respondera:

– Tudo que eu quero é você, meu amor; para que um grande casamento? – ela sabia que, quanto menos pessoas, mais confortável o Fantasma se sentiria (e ela também, por incrível que parecesse) – Quanto menos pessoas, mais depressa conseguiremos ficar sozinhos! – os dois trocaram um sorriso cúmplice, e o homem tomou-lhe o rosto entre as mãos:

– Como pude ser abençoado deste modo, minha querida? Como alguém com os meus crimes poderia merecer como companheira uma alma tão pura e doce?

– Talvez só precisasse de alguém capaz de ver a bondade que você tenta esconder. – ela deitou a cabeça no peito de Erik – mas eu tenho uma pergunta.

– Qual?

– Por que eu? – perguntou a moça, fixando seus olhos castanhos nos do músico – Com tantas jovens que passaram pelo teatro nos últimos anos... Por que logo eu? O que fiz para merecer sua atenção?

O Fantasma a soltou, com um sorriso misterioso; puxando-a consigo para a poltrona, sentou-se e fê-la se acomodar em seu colo. Afagando-lhe os cabelos, cantou:

No one would listen (ninguém ouviria)

No one but you (ninguém além de você)

Heard as the outcasts hears (ouviu como os proscritos ouvem)

Ele lhe beijou a fronte antes de prosseguir:

– Shamed in my solitude (envergonhado em minha solidão)

Shunned by the multitude (marginalizado pela multidão)

I learned to listen (eu aprendi a ouvir)

In the dark, my heart heard music (na escuridão, meu coração ouviu a música) – Erik se inclinou para a mesa de centro, tocando as partituras sobre o móvel:

– I long to teach the world (eu queria ensinar ao mundo)

Rise up and reach the world (erguer-me e alcançar o mundo)

No one would listen (mas ninguém ouviria)

I alone could hear the music (apenas eu podia ouvir a música) – seus olhos tinham um brilho quase nostálgico quando se fixaram no rosto da soprano:

– Then, at last your voice in gloom (então, finalmente, sua voz na escuridão)

Seemed to cry; I hear you! (parecia chorar; eu a ouço!)

I hear your fears (eu ouço seus medos)

Your torment and your tears! (Seu tormento e suas lágrimas!) – ele a ergueu consigo, envolvendo-a nos braços:

– You saw my loneliness (você viu minha solidão)

Shed in my emptiness (Abrigou-se em meu vazio)

No one would listen (ninguém ouviria)

No one but you (ninguém além de você)

Hears as the outcasts do. (ouve como os proscritos ouvem)

Duas lágrimas escorreram pelo rosto de Christine quando ele terminou a canção; aquela canção rompera quaisquer resquícios dos muros que pudessem haver entre ambos! Com aquela música ele declarava que ela já era parte de seu mundo, que sempre fora; o Anjo da Música acabava de compartilhar sua própria alma com ela, e era tal a percepção que fazia a moça chorar: uma comoção pura, de ternura e alegria.

– Eu te amo, Erik – sussurrou ela, abraçando-o com força – E estou aqui para você. Eu sempre estarei aqui para você, meu Anjo da Música.

– Sei disso – sussurrou o artista – e eu também estarei sempre aqui para você, minha musa. Para você, e para nosso bebê. Sempre.

Christine sorriu quando ele a virou de costas para si, ainda abraçando-a, e cruzou as mãos sobre seu ventre, alisando-o delicadamente. O início de gestação estava sendo bastante tranqüilo, sem enjôos fortes ou outros sintomas desagradáveis, o que lhe permitia apenas desfrutar da nova experiência, e sonhar com as que ainda viriam. Seu coração batia acelerado de expectativa em relação ao casamento, e mais ainda quando pensava no bebê que deveria nascer dali a oito meses.

*

O ensaio terminou cedo, antes mesmo do meio-dia, deixando Christine com uma tarde inteira para se aprontar. Erik só a vira pela manhã – Madame Giry quase o expulsara do camarim da moça, dizendo-lhe que não podia ver a noiva antes do casamento – o que apenas aumentava a deliciosa ansiedade que a tomava. No momento, suas companhias eram Madame Giry – que a levaria ao altar – Meg e Angelique – suas damas de honra.

Por comum acordo entre o Fantasma e a jovem soprano, poucos compareceriam ao seu casamento; além das três mulheres que acompanhavam Christine no momento, apenas mais algumas pessoas estariam na cerimônia: o maestro Pierre Verman – um senhor de certa idade que ajudara Antoinette a esconder Erik no teatro, quando este era apenas um garoto –, o Sr. Ubaldo Piangi – por incrível que parecesse, ele era o mais próximo que o Fantasma tinha de um amigo – a Srta. Aline Rougé – uma das poucas amigas próximas de Christine – e a Sr.ª Marie LaBlanc – primeira bailarina e mentora da garota Daae, quando esta ainda era uma dançarina, e mais um casal de cantores da confiança do Fantasma. Haviam sido as únicas pessoas nas quais o casal confiava o suficiente para compartilharem daquele momento tão importante em suas vidas.

A única coisa que intrigava a jovem soprano era o fato de Erik haver se recusado a falar acerca do local da cerimônia; ele e madame Giry se haviam encarregado disto, sem deixar que a moça tivesse mesmo a menor pista... Mas o que aquele Fantasma estaria planejando?! E desde quando ele aceitava ajuda de alguém?! Ele com certeza se divertia muito em provocar-lhe a curiosidade!

Extasiada com a proximidade da cerimônia que os uniria para sempre, Christine logo começou a se aprontar, sendo ajudada pelas outras damas presentes. Banhando-se, lavou os cabelos em água de rosas e, ao sair, – por insistência de Madame Antoinette Giry – deixou que sua tutora a penteasse. Meg arrumou-lhe os cabelos com habilidade, fazendo uma elegante tiara de tranças por sobre os demais cachos grandes que cascateavam pelas costas. Angelique fez-lhe a maquiagem com mãos hábeis e precisas: deu-lhe um pouco de cor às faces pálidas, pintou suas pálpebras com um leve tom róseo, delineou os olhos castanhos com um fino traço negro, iluminou as maçãs do rosto com um toque de pó branco e, finalmente, adicionou aos lábios um tom vermelho-claro. Christine estava quase pronta.

Tendo se vestido e arrumado enquanto as duas jovens cuidavam da noiva, Madame Giry se encarregou de ajudar a moça com o magnífico vestido de casamento: era composto por várias camadas de tecido leve, rodado, com uma longa cauda. Pérolas adornavam o corpete, entremeadas a um delicado bordado de fios prateados; as alças eram de um tecido ainda mais leve, translúcidas e delicadas, caindo pelos ombros. E finalmente, ela colocou o véu: longuíssimo, juntando-se à cauda da saia ao tocar o chão, bordado também com pérolas, preso por uma grinalda de flores brancas. Finalmente, estava pronta.

Olhar no espelho e ver sua imagem refletida deu à noiva, afinal, a sensação de que aquilo era real; não se tratava de um sonho, mas da mais pura realidade. Seu casamento estava prestes a acontecer! Madame Giry, sorridente em seu vestido de veludo verde, usou um lencinho para enxugar as lágrimas que teimavam em tentar escapar, antes de oferecer o braço a sua protegida.

Sem ocultar o sorriso de extrema alegria em seu rosto, a garota deixou-se conduzir por Antoinette, seguida de perto por suas damas de honra. A senhora a guiou até uma saída lateral do teatro, que conduzia uma rua menos movimentada; ali, um coche fechado as aguardava.

– Madame, aonde estamos indo, afinal? – perguntou Christine, aceitando a ajuda do cocheiro para subir na condução.

– Espere, e verá – respondeu a mulher, subindo em seguida. Quando Meg e Angelique subiram também, a viúva desceu as cortinas do coche, frustrando qualquer tentativa da noiva de descobrir aonde se daria seu casamento.

POV Christine

A carruagem parou vários minutos depois.

Assim que a porta do coche se abriu, pude ver onde estávamos, afinal: o lugar era maravilhoso! Um jardim florido, com rosas vermelhas e brancas balançando ao sabor da brisa... Havia um caminho de pedras a serpentear por entre as árvores e flores, lindo, com uma alameda de roseiras desabrochando; podia ouvir uma música suave ao longe. A luz da lua cheia atravessava os ramos das árvores, banhando tudo em prata, e lanternas de velas posicionadas ao lado do caminho iluminavam o percurso.

Olhei nervosa para Madame Giry, que fez um gesto com a cabeça sinalizando estar tudo bem, enquanto me oferecia o braço. Angelique me ajudou a ajeitar a cauda do vestido, enquanto Meg colocava as alianças sobre a pequena cesta almofadada, cobrindo-as com o tecido de renda antes que eu visse o anel destinado a estar em minha mão pelo resto da vida – Erik o entregara diretamente a minha amiga, para garantir que eu não visse. Eu me vingara impedindo-o de ver a aliança que escolhera para ele.

Acompanhei Madame através daquele recanto do paraíso, sentindo a brisa perfumada em meu rosto; meu coração estava tão acelerado que me fez pensar que minhas amigas o ouviriam. Atravessamos o jardim juntas, até chegar ao que eu poderia chamar de clareira; nossos poucos convidados se sentavam em cadeiras com forro de veludo vermelho, de frente para o altar de pedras, tendo sinceros sorrisos em suas expressões. Ali, junto ao altar feito sob duas árvores - cujos galhos se entrelaçavam na forma de um arco - estava meu Anjo. Não usava terno negro, mas um branco, da mesma cor de sua máscara, e tinha um cravo vermelho na lapela. Eu sorri, não exatamente para os convidados – embora o tenha parecido -, mas para meu amor. Foi apenas quando pisei na clareira que, como se obedecendo a um sinal, maestro Pierre tomou de sua flauta transversa...

Quando os sons permearam o ar, a emoção se tornou tão forte que não pude conter as lágrimas: era nossa música! Music of The Night, que ele cantara para mim na primeira vez em que havia estado na Casa do Lago! Ah, Deus! Eu não tinha certeza de que conseguiria dar passos firmes até o altar... Se a intenção fora me comover completamente, bem... Ele conseguira.

POV Erik

Quando vi Christine vestida de noiva, vindo em minha direção, seus olhos cheios de lágrimas e os lábios curvados num sorriso de pura alegria, senti algo se agitar dentro de mim. Ela estava tão linda! Envolta na luz prateada da lua, poderia ser um anjo, ou uma das ninfas descritas nas antigas canções. Parecia que apenas naquele momento conseguia compreender a verdade: não era um sonho! Minha amada, minha deusa estava ali, vindo para mim sem qualquer receio ou reserva, disposta a unir nossas almas e nossas vidas para a eternidade. Minhas mãos tremiam um pouco, mas obriguei-me a firmá-las quando as estendi para receber Christine. Madame Giry colocou as mãos dela nas minhas, dizendo:

– Trate de cuidar muito bem dela.

– Todos os dias de minha vida.

A flauta silenciou, e voltamo-nos juntos para o sacerdote que oficiaria nossa união. A verdade é que pouco ouvi do que ele dizia, pois a simples presença de minha amada inebriava-me os sentidos; podia senti-la ao meu lado, sua mão delicada na minha, o corpo frágil irradiando um suave calor capaz de derreter todos os muros de gelo que eu construíra ao meu redor. Sua respiração era profunda e suave, nunca havia visto tanta luz em seus olhos. Só voltei a perceber o restante do mundo quando ouvi o monge perguntar:

– Erik de Guise, você aceita esta mulher como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la todos os dias de sua vida, até que a morte os separe?

– Aceito – vi mais lágrimas brilharem contidas nos olhos dela ao ouvir minha resposta.

– E você, Christine Daae, aceita este homem como seu legítimo esposo, para amar, servir e respeitar por todos os dias de sua vida, até que a morte os separe?

– Eu aceito – agora era eu quem tentava não derramar as lágrimas que faziam meus olhos queimarem.

– Podem fazer seus votos.

Tomei as mãos de Christine nas minhas, tirando a aliança da cesta – eu mandara que o diamante fosse lapidado na forma de uma rosa, engastado em ouro branco - e deslizando-a em seu dedo enquanto lhe fazia meu juramento:

– Eu, Erik de Guise, recebo-a como minha esposa, jurando amá-la, protegê-la e respeitá-la pela eternidade – tive de respirar por um instante, para firmar a voz – pois meu amor é algo no qual nem a morte pode pôr fim. Estarei ao seu lado todos os dias, pertencendo completamente a você. Meu mundo e minha alma são eternamente seus.

As mãos dela tremeram nas minhas antes que tomasse a outra aliança; também de ouro branco, com inscrições em ouro vermelho, numa imitação da caligrafia de minha querida: You alone can hale my song (Apenas você pode dar asas à minha canção). A emoção que aquilo me provocou foi como uma punhalada, e tive de resistir à tentação de abraçá-la com força e beijá-la naquele instante. Olhando em meus olhos, ela pôs a aliança em meu dedo, dizendo:

– Eu, Christine de Guise, recebo-o como meu esposo, jurando amá-lo, segui-lo e respeitá-lo pela eternidade. – até mesmo a voz dela estava trêmula, e era impossível descrever o quão maravilhoso era ouvi-la daquele modo emocionada, sabendo que eu era a causa de tais emoções – Nunca poderei pôr em palavras o que está em meu coração: amei-o desde que ouvi sua voz pela primeira vez, e sei que o amarei para todo o sempre. Você é meu Anjo e amado, e farei o impossível para que saiba disso a cada segundo. Eu o amo, e pertenço a você em corpo, alma e coração. – por pura sorte, o sacerdote disse-me a tempo que podia beijar a noiva, ou eu o teria feito mesmo antes do momento.

Eu a beijei com todo o meu amor, sentindo nos lábios dela um gosto até então desconhecido: Christine era minha, e nada, nem ninguém, poderia mudar isso.


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Notas finais do capítulo

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