A chuva lá fora é um conforto à minha alma em lágrimas. O vento acelera as gotículas e a luz começa a piscar, mas meu coração ainda dói. Uma dor que jamais terá fim. Tento ao máximo não deixar as lágrimas nascerem em meus olhos. Como eu disse antes, chorar é para os fracos. No entanto estou tão triste. O amargo das palavras proferidas machuca tanto, muito mais que um punhal. Porque a dor física é passageira.

Sinto tanta vontade de desistir, achar outro caminho. E volto a pensar na solidão como melhor opção. A conversa, o diálogo se torna cada dia mais difícil e improvável de acontecer. Olhar para o crucifixo preso a parede, me pareceu o melhor modo de tentar encontrar uma razão, um esclarecimento. O erro foi meu?

As respostas não veem de imediato, não é? Apenas a sensação de uma batalha sem sentido perdida.

Mas para quem desabafar? Isso me parece tão idiota, insano e doentio. Não há motivo de se expor dessa forma. Não mesmo. Só que, ás vezes é preciso e isso torna todo meu argumento contraditório e idiota.

Querido diário digital, acho que todos começam assim, você ainda é meu único psiquiatra de plantão vinte e quatro horas ao meu lado, então como devo agir com essa névoa me perseguindo por tantos anos e a cada dia mais densa?

Pensamentos negativos atraem coisas negativas. Fácil dizer, difícil controlar. Só que lutar está no meu sangue, na minha carne, na minha mente. Vou ficar assim, mas vou ficar bem. Lutar sempre. Mesmo que a mais profunda escuridão tente me engolir e envolver-me em seus braços, sempre haverá uma pequena luz a guiar meus passos.

Viu, só em falar com você a sensação de ódio e descontrole parece estar se esvaindo dos meus poros, lentamente. Mesmo que a vontade de quebrar tudo me delicia, mas ainda o juízo me impede.