As paredes hoje estão diferentes do habitual. Parecem mais frágeis do que nunca. Como se algo ou alguém estivesse gritando para se libertar e finalmente encontrar a paz. Paredes estas sombrias e que com o passar dos anos ficaram isoladas. Tão isoladas quanto esquecidas, sem pinturas coloridas. Se algum dia foram belas, não lembro.

Só que hoje, especificamente hoje as vejo de forma diferente, muito estranho. De certa maneira é uma sensação de paz e tranquilidade. Um sentimento que não costumo ter, o oposto do vazio, mesmo estando em solidão. Mesmo estando apenas observando.

Ontem, algumas palavras foram ditas. Palavras que marcam profundamente a alma de alguém. A minha está marcada, sinto como se realmente estivesse queimando no inferno. Isso ontem, hoje não.

Hoje consigo ver o céu nublado me chamando, tentando me abraçar. Estendo os braços como se fosse encontrar esse “abraço”. Meu coração palpita tão aceleradamente nesses momentos, tenho receio que passe logo essa sensação de liberdade. Onde meu carrasco está preso dentro de mim. Sempre martelando as mesmas palavras, as mesmas respostas paras as mesmas perguntas insanas.

Serão realmente insanas? Não sei.

Hoje tudo está fora de controle do meu habitual. Sinceramente, queria que continuasse assim. Sem ninguém me assoprando as palavras a serem seguidas. Sem as ondas de tristezas que abatem meu corpo. Então hoje, absolutamente irei ser eu mesmo, sem receios, lamúrias ou ... a quem estou tentando enganar? O cursor continua piscando na tela, meus dedos param e voltam repentinamente sem meu consentimento. Mas é a única forma que consigo gritar ao mundo vasto de pessoas que se identificam comigo, ou de seres de outra galáxia presos atrás das paredes sombrias.

As paredes continuam escuras, mas hoje especificamente hoje, elas estão diferentes do habitual.

Feliz Natal.