Tríplice escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 8
Saudações Reais


Notas iniciais do capítulo

OMG! Super dedico este capítulo a Elora que me fez pular de alegria com sua recomendação! PARA TUDO, que eu ainda tô gritando aqui acordando minha calopsita!!! Obrigada, obrigada, OBRIGADA SUA LINDA!!!



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Capítulo 8 – Saudações Reais

Natalie

Agnes estava deitada em sua cama, derrubando pesadas lágrimas, enquanto suas duas irmãs tentavam-na consolar. Mas, estavam sendo frustradas.

— O que você fez ao Rei? — Uma quarta voz apareceu no quarto. As três meninas a encararam, Mary tinha seus cabelos soltos, e estava com sua habitual roupa de dormir. Segurava uma vela, que iluminava o quarto.

Natalie não tinha ideia de que horas eram, mas sabia que varava a madrugada. Observou Agnes secar suas lágrimas com rapidez, e quis abraçar a irmã de novo. Desde que chegara do enterro da mãe de Mary, encontrara sua irmã na cama, verdadeiramente doente. Em uma crise de choro agoniante, que havia durado o resto da tarde, noite e agora boa parte da madrugada.

— Natalie! — Ela sentiu seu corpo tremer com a voz grave do pai — Se vista! Devemos ir ao castelo, agora mesmo, ande! Mary, ajude-a.

As três irmãs saltaram da cama da do meio e encararam a madrasta, que apesar de sentir cólera, havia um pouco de felicidade em seus olhos. Natalie levou à mão a boca, completamente surpresa. Acontecera algo ao noivo? Só poderia ser! Para ser chamada àquela hora ao castelo, Edward estava com problemas... Ou quem sabe... Morto?! A surpresa transformara-se em choque, enquanto era puxava por Anna, que esticava seus cabelos para preparar um coque trançado. E Mary abria às longas portas de madeira a procura de algum vestido.

— Que tal um preto? — Perguntou cinicamente, Natalie sentiu o coração espremer.

— A cor preferida do Rei é azul — Anna comentou para a madrasta, que praticamente rosnou — Natalie não está de luto. Provavelmente está tudo bem na corte... Edward está bem.

Natalie assentiu a irmã, sentindo-se um pouco mais tranquila, segura. Mas quando se colocou de pé, sabia que era mentira. Ela viu Anna se distanciar e voltar com um vestido azul claro, todo bordado e muito bonito. Ela gostava de usá-lo na primavera.

Depois de vestida, deixou que Mary lhe passasse uma capa de pele de urso. Provavelmente fazia frio, Agnes a ajudou com os sapatos e um par de brincos de pérola. Natalie estava pronta. Mas não queria estar.

— Não fica preocupada — Anna novamente a tranquilizou, apertando sua mão — Algo me diz que a notícia é boa.

Natalie não soube o que responder; sua madrasta a apressou. Ela se despediu das irmãs com um olhar tenso e praticamente correu para a entrada da casa, onde o pai, já vestido, a esperava.

— Cuide de Anna e Agnes — Disse para Mary que assentiu.

Era a carruagem do Rei, com muitos guardas reais que a aguardava. Natalie fizera comparações em sua mente, àquela carruagem era três vezes maior que a de sua família. Havia dois cavalos e dois cocheiros para guia-la. Além de mais guardas dentro da carruagem. Eles não lhe dirigiram a palavra quando a ajudaram a entrar, apenas deram instruções ao seu pai, que também permaneceu em silêncio quando entrou. Natalie teve medo. Poderiam sofrer um ataque pelas estradas desertas, o que mais ouvia eram notícias sobre ataques a família real e alguns nobres que se arriscavam a sair das barreiras enormes do castelo depois que a lua atingia o céu. Ela percebeu que estava grudada no braço do pai, sentindo-se invadida pelo homem de armadura negra a encarava sem cessar.

A carruagem sacolejou pela estrada de terra, até finalmente atingir a calmaria pelas ruas de Londres.

Natalie desceu quando um dos cocheiros a ajudou. Observou algumas lamparinas acenas, e não conseguiu contar a quantidade de guardas na entrada do castelo. Seu pai passou o braço pelo seu ombro, abraçando-a, fazendo-a finalmente andar.

Sentiu seu corpo inteiro tremer, mas deixou-se respirar aliviada quando viu o duque praticamente correr em sua direção. Ela até estava pronta para abraça-lo, perguntando-se se algo havia mudado em sua mente. Estava feliz pelo noivo estar bem? No segundo seguinte, sua cabeça ficou confusa, seu pai ao seu lado enrijeceu e Edward a segurava firme pelos braços.

— O que você fez? O QUE FEZ A ELE? — Edward gritava, enquanto Sebastian tirava Natalie de seus braços e os guardas do Rei se aproximavam.

— O que está havendo? — O futuro sogro questionou o genro — Você nos tirou de casa, há essa hora, meu jovem... Espero que não seja por um capricho idiota!

— Só se for o do seu Rei! — Gritou o duque, fazendo com que Natalie tremesse ainda mais. Completamente confusa.

A sala fez-se silêncio. O Rei caminhava para seus súditos, não estava usando sua habitual coroa que parecia pesar uma tonelada. Mas as roupas reais estavam ali, mostrando toda sua autoridade. Ele encarou seu amigo, que pareceu disfarçar o descontrole. Natalie o viu sorrir assim que ela e o pai se curvaram diante do Rei.

— Já esclareceu nosso assunto, duque? — Perguntou o Rei e revirou os olhos quando Edward negou — Acho que meus convidados estão cansados. Exaustos, precisam ter uma boa noite de sono. Todos nós. Seria bom se você falasse logo.

— Senhor Ratcliff...

Edward engoliu a própria saliva como se estivesse comendo pregos, Natalie o encarou quando constatou a reação, mas ainda não conseguia tirar os olhos do Rei. A sensação era a mesma da primeira vez que o vira: hipnotizada por sua beleza. Mergulhando em seu par de olhos inebriantemente verdes e convidativos. Apenas para corar ao perceber que ele também percebia suas intenções.

— Eu cometi um erro... — O duque continuou, pigarreando — Quando eu estive em sua casa, estava lá como um representante do meu Rei...

— O que você está querendo dizer, meu rapaz? — Sebastian questionou já sem sua imensa paciência.

— Me desculpe, Sr. Ratcliff. O duque quer dizer que quando foi a sua casa, pedir sua permissão para... Cortejar sua filha... Na verdade, ele estava indo pedir a sua permissão para que EU me case com sua filha.

O silêncio imperou. Natalie levou a mão na boca, completamente surpresa e sentiu suas pernas cederem, automaticamente foi amparada pelo pai, que dava breves tossidas, assentindo sem saber exatamente o que responder.

— Você deve ir agora — O Rei disse encarando Edward, que assentiu e começou a se distanciar — Queiram me desculpar. Vamos entrar, tenho certeza que Natalie se sentiria mais confortável em uma cadeira acolchoada.

Ninguém respondeu, apenas seguiram o Rei, passando por um corredor e entrando em uma sala enorme, cheia de quadros, com uma lareira que a deixava quentinha. Natalie se sentou no primeiro sofá que encontrou, o pai sentou ao seu lado, encarando o Rei e sem saber o que pensar.

— Eu sinto muito pelo mal entendido... — O Rei disse para Natalie, sentando-se de frente para ela que nada conseguiu responder — Edward passou dos limites. Eu prometo que ele nunca mais chegará perto de você.

Alívio? Foi isso que ela sentiu quando começou a respirar normalmente, ainda sem saber o que pensar sobre tudo que aconteceu, piscando várias vezes, pensando que tudo aquilo só poderia ser um sonho. O Rei estava dizendo que queria se casar com ela? Natalie seria uma Rainha? Não podia acreditar.

— Minha filha... A Rainha? — Sebastian finalmente perguntou, Henry soltou uma risada ao assentir — Natalie, querida, consegue dizer algo? O Rei está a pedindo em casamento.

O que ela poderia dizer? Que não? Que mulher, fora ou dentro da corte, diria não ao Rei da Inglaterra? Nem se essa não fosse sua vontade. Apesar de Henry parecer um Rei bondoso e honesto, ninguém ousaria ir contra as leis do Rei... Tão pouco ela. Uma pobre mulher. Pobre mulher que vive em uma fazenda, em um vilarejo afastado na cidade. Mesmo sendo nobre, ainda camponesa.

— É melhor que durma. Por ora, entendo o choque. O quarto de vocês já foi preparado.

O Rei não obteve nenhuma resposta. Natalie praticamente corria pelos corredores acompanhada de seu pai, que foi o primeiro a encontrar o quarto. Logo após a serviçal a levou pelo caminho de escadas antigas e amadeiradas, outro corredor apareceu, a porta de carvalho fora aberta revelando um quarto magnifico.

— São os aposentos da Rainha... — A empregada sussurrou, fazendo com que Natalie a encarasse.

— Da... Rainha? — Não entendeu, afinal de contas, se fosse mesmo da Rainha, ela deveria estar ali.

— Sim. Eu não deveria lhe dizer — Ela sussurrou novamente — Mas o Rei avisou para a Rainha que precisaria do quarto... Que a sua nova Rainha estava chegando. Que iria usá-lo até o dia de sua morte.

Já era um fato, Natalie passou o que restava da madrugada em claro, sentada na beirada da enorme cama, mesmo quando todas as damas da Rainha entraram no quarto com camisolas de seda para ela, que as dispensou gentilmente, dizendo que poderia se trocar sozinha. Ainda ouviu uma das jovens sussurrar “pobrezinha, tão assustada”. Natalie soube naquele momento que aquela atenção duraria. Provavelmente as seguiriam por todos os cantos, adornando-a de acordo com a vida na realeza.

Ouvindo um barulho de vozes sobressaindo, batidas em sua porta, Natalie se colocou de pé na defensiva. Encarou as mulheres que entravam, abrindo espaço para somente uma. Sua respiração falhou quando encarou a Rainha da Inglaterra. Os cabelos negros presos em um coque; a coroa de ouro encrostado de rubis brilhava. Rapidamente prostrou-se, sendo surpreendida por um riso frio.

— Não é para tanto — Ouviu a rainha dizer — Afinal, logo seremos nós a fazer a reverencia.

Natalie não respondeu, nem poderia. Olhou as damas da rainha entrarem com dezenas de coisas, após, observou a mulher com a coroa apontar para que todas elas deixassem os aposentos reais.

— Eu ainda não compreendi o plano de Henry — A rainha voltou a dizer, Natalie sentiu-se invadida pelo jeito que a mulher a analisava. Sem saber como agir, juntou suas mãos ao lado do corpo e tentou ficar o mais silenciosa possível. Evitando respirar muito. Piscar os olhos, ou movimentar os lábios — Uma mulher mexe com a cabeça de um homem. Você não concorda?

Natalie não respondeu, nenhum movimento, isso fez soar outra risada de sua rainha.

— O que foi criança, está assustada? — Mais risadas — Não se faça de boba, menina. Eu conheço bem o seu tipo. É só uma camponesa suja, que a família vende trigo para o reino, mas no fundo... Não passa de uma fazendeira. Acha mesmo que pode chegar a minha casa e roubar minha coroa?

Natalie não conseguiu segurar a respiração, soltando um muxoxo de surpresa. A mulher que estava na sua frente era linda como um anjo. Mais bonita que a irmã mais nova, que até então ela considerava a mais bonita que já tinha visto. Então, bastou algumas palavras, umas risadas, olhares tortos e Natalie sentiu-se queimar por dentro. De pura vergonha. Assim que o choque passou, uma raiva absurda a atingiu. Queria rebater, dizer que tinha serventia. Não era só uma camponesa.

— Eu não...

— Quer saber? Não ouse me responder! — Exclamou a mulher encarando-a nos olhos — Será só perca de tempo. Visto que meu filho não mudará de ideia, por mais que eu intervenha. Como você pode se coloca-lo no meio disto? Você tinha seu noivo!

— Eu não fiz nada! — Natalie finalmente se defendeu, a Rainha gargalhou.

— Nada? Quer dizer que meu filho tomou a noiva do melhor amigo para si, e você não tem nada com isso?

— De acordo com o Rei, o duque errou quando esteve na minha casa. Estava seguindo ordens.

— Você realmente acredita nisso? — Não, era a resposta. Mas Natalie limitou-se a dizer — Não pense que sua vida aqui será fácil. Ser rainha não é somente usar um enfeite na cabeça! Sem aliados, perde a coroa. Sem súditos, você não é nada. Sem um filho... Você será descartada. Pense muito bem no que fará daqui por diante, Lady Natalie. Sua cabeça está em risco... E a do meu filho também. O mundo inteiro olha para nós!

Quando a rainha terminou seu discurso, Natalie engoliu sua saliva com amargura, assentiu, dessa vez não reverenciou sua rainha quando a mesma lhe deu as costas. Logo seu quarto fora novamente preenchido pelas mulheres falantes. Pela quantidade de caixas, e o ofurô, elas estavam ali para vesti-la.


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Notas finais do capítulo

Um agradecimento geral a todas as gurias que tão acompanhando Tríplice, isso me dá uma baita inspiração! Muito obrigada, doces



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