Tríplice escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 7
A César o que é de César


Notas iniciais do capítulo

Muito boa noite, doces!!!! Mais um capítulo :)



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Capítulo 7

Henry

A sala estava completamente cheia de homens, que socavam a mesa e diziam a mesma coisa há horas.

— Você precisa escolher, Henrique — Um dos seus assessores inquiriu — Sua melhor opção seria Mary, a rainha da Escócia. Unir-se com a Escócia seria mais fácil para obter a França.

Ele sabia. Ele sabia de tudo isso, mas sua cabeça estava na bela mulher, de cabelos loiros e olhos acinzentados, a única bela mulher com quem dançou no baile. Depois dela, os fatos que viera a seguir pareciam meros fatos insignificantes. Ele teve um jantar de negócios com a dinamarquesa da Espanha, que claramente disse seu interesse sobre o Rei, um casamento político era famoso em seu tempo. E isso lhe traria bons frutos... Mas ali estava ele, novamente pensando em Natalie. A noiva do amigo, que o analisava com atenção. Se Edward soubesse o que passava na cabeça do Rei, não estaria a sua esquerda agora, com toda paciência esperando seu veredito.

— Estão certos. Eu preciso me casar... — Concordou com os homens, para que a discussão diminuísse de tom — Mas não com a cadela escocesa! — Exclamou. Seu grande amigo, sentado a sua esquerda, riu discretamente.

Filipe estava ali somente para se divertir, pensou o Rei. Ele vivia a vida dessa maneira. Comendo e bebendo do melhor, gastando seu dinheiro com as meretrizes do reino, com jogos e charutos. E então, com um único pedido do Rei, aproximou-se da irmã de Natalie, no inicio para saber mais sobre a jovem dama que o amigo escolhera para casar, mas depois se viu surpreendido quando Filipe disse que assim como Edward, estava rendido pelos olhos verdes da mais nova dos Ratcliff.

— A cadela escocesa é a melhor opção, meu Rei — Disse Edward, ao seu lado, dando sua opinião. Deveria ser relevante, afinal, ele era seu primeiro ministro. Mas Henry descartou.

— Para manchar meu sangue inglês? Ainda lembro que o exercito escocês era muito amigo dos franceses... Meu pai nunca aprovaria.

— Você é o Rei agora — Seu segundo ministro pontuou, Henry assentiu.

— E o Rei acha que uma esposa inglesa agradaria mais ao seu povo.

— Mas... — Edward tentou debater, o Rei lhe encarou com fúria.

— A reunião está encerrada! — Decretou se pondo de pé — Filipe, me acompanhe.

Os dois saíram da sala juntos. Henry andou para a sala privada do Rei, pediu aos guardas que lhe servissem vinho e impedisse a entrada de qualquer um. Logo, suas serviçais estavam ali, juntamente com seu provador, que lhe garantiu que a bebida estava segura. Ele pediu que a garrafa fosse deixada e que os dois saíssem, ficando somente Filipe e ele.

— Quais são as novas? — Questionou ansioso pelas novas notícias.

Filipe sentou-se, acendendo um charuto, o Rei fizera o mesmo.

— Anna me contou coisas interessantes sobre a irmã na tarde de ontem... — Iniciou Filipe, o Rei assentiu, esperando por mais. — Eu não fiquei surpreso, como já lhe disse.

— Então você estava certo? — O Rei perguntou. Filipe assentiu.

— Ela ficou abalada com a dança. Mas não contou absolutamente nada as irmãs, só disse que foi uma dança.

— Não fez nenhum comentário? — O rei parecia decepcionado. O amigo deixou a taça de vinho em uma mesa da sala e se sentou mais próximo ao rei.

— Vamos fazer uma análise da noite do baile... Novamente — Henry assentiu — Lady Natalie estava sozinha quando você a abordou. Trocaram algumas palavras e foram dançar. Você, caro amigo, não faz ideia de quantas pessoas pararam para admirar o casal que girava no salão.

— Você sempre enfeitando o pavão, ótimo contador de história — Discordou o rei, fazendo o amigo rir.

— Não é exagero. E depois, quando a valsa acabou, ficaram lá. De pé. Parados. Se encarando. E Edward chegou. Eu consegui sentir a fúria dele, mesmo estando há metros de distancia. Ele se sentiu ameaçado.

O Rei não queria admitir isso. Não queria alimentar nenhum tipo de ilusão do fato, mas ele percebeu a insegurança do amigo e com perspicácia, percebeu que Natalie ficou incomodada com a presença de Edward. Mas não conseguia saber exatamente o por que. Quando ele se retirou do meio dos noivos, quis socar algo. Quebrar alguma coisa, de preferencia o pescoço do amigo. Lidou de mau jeito com aquela recente perca e depois dedicou todo seu tempo dizendo a si mesmo “ele a viu primeiro” é claro que aquilo não o convencia. Mas não queria ser um rei mimado como o pai. Decidiu que não interferia naquilo, se lady Natalie estava destinada ao amigo, seria dele, não estragaria um noivado só por uma atração. Por mais forte que ela fosse.

Filipe, ao contrário, não pensava assim. Ele dizia o tempo inteiro “você é o rei, se quiser tê-la, terá” de acordo com o amigo, tudo que estava a sua vista lhe pertencia. Todo seu reino, seus súditos e os bens deles. Mas não era bem assim que funcionava. Henry não queria perder amizade de anos por causa de uma mulher. Mesmo que ela fosse a mais linda de toda a Inglaterra.

— Mas, enfim, se não acredita no seu amigo. Acredite nas palavras da minha adorável noiva... — Henry riu do amigo, tinha pena de Anna — Sua feiticeira não está feliz com esse noivado. Ela não o quer, apenas é obrigada a aceita-lo.

— Como a irmã pode ter tanta certeza assim se Natalie não dissera?

— Anna disse que ela não dorme mais. Principalmente depois do baile. A jovem vive triste pelos cantos, se lamentando do destino infeliz que está tendo.

— Se eu fosse ela, também estaria chorando — Casar-se com o duque de Norfolk não era o sonho de ninguém.

— E agora? O que fará? Você precisa de uma Rainha e Natalie de um marido.

— Ela já tem um noivo — Henry disse, tentando fugir outra vez do amigo.

— Um que ela queira. Que tenha algo melhor para ela. Não estamos falando de Edward Howard. Estamos, Rei?

Filipe reverenciou ao rei antes de deixa-lo sozinho, pensando no que seria melhor. Mas antes que o amigo saísse, o rei o chamou:

— Procure Edward e peça para que ele venha até aqui — Disse; Filipe o encarou.

— Se vai mesmo fazer isso. É melhor que seja Rei e não amigo.

Assentiu, ouvindo o conselho do amigo e então Filipe saiu.

Algum tempo depois o guarda anunciou a chegada do primeiro ministro, O Rei ficou de pé, e o amigo entrou na sala sorridente, como se fosse só mais um chamado informal.

— Duque — Disse o Rei, dizendo claramente que o assunto não era informal.

— Majestade — Disse o amigo.

— Eu tenho uma pergunta para você. O quanto você é dedicado ao seu Rei? — Edward encarou o Rei e respirou fundo.

— Totalmente, majestade.

— Faria qualquer coisa para ver minha felicidade? Sacrificaria a sua, se possível?

— Mas é claro! — O duque exclamou.

— Você a ama Lady Natalie? — O silêncio imperou. Henry soube a resposta na hora, o amigo mordeu o lábio, mas o rei não deixou que ele respondesse — Duque de Norfolk. O senhor sabe o apreço que tenho por sua amizade, não sabe? — O duque assentiu — Mas infelizmente, algo está no caminho da nossa amizade.

— Devo supor que minha noiva seja esse “algo”? — O Rei assentiu, fazendo o duque rir cinicamente.

— Eu preciso de uma rainha.

— Ou precisa de Natalie? — Essa foi à vez do Rei rir.

— Acabei de ordenar que ela seja traga ao castelo junto com seu pai. Onde vamos resolver esse mal entendido. Me entende, duque?

— Eu pensei que fossemos amigos... — Edward disse, fingindo tristeza.

— Antes de qualquer coisa, eu sou o seu Rei! — Silêncio — Você vai explicar ao senhor Ratcliff o seu erro. Quando foi a casa dele, pedir sua filha em casamento, na verdade você mentiu. Estava indo lá para representar o seu rei. E aquela noiva, é minha. Entendeu, duque?

— Muito bem, majestade.


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Notas finais do capítulo

Esse título é muito sugestivo. Cabe perfeitamente ao duque, quanto ao Rei...



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