Tríplice escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 4
Baile Real




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Capítulo 4

Natalie

Os vestidos espalhados pelo quarto. Uma grande quantidade de fitas coloridas. E tintas cremosas para os lábios. Pós-coloridos para o rosto. Hoje estaria permitido. Se fosse usado com moderação. Natalie ajudava Agnes com seu corset, e encarava o vestido verde musgo da irmã. Tinha o mesmo tom forte do de Anna, mas o verde combinava muito mais com os cabelos loiros de Agnes.

Logo, era Anna que puxava os cadarços do corset de Natalie. E Agnes, puxava o de Anna. Em pouco tempo, as irmãs estavam dentro de seus vestidos. Natalie deixou-se olhar no espelho. O cetim dourado não fez grande contraste com sua pele branca. Mas combinou com seus cabelos loiros, que estavam elegantemente meio presos, meio solto, caídos em cascatas de cachos e com a fina tiara de cristais brilhantes. Natalie dispensara seu colar, pela tiara e brincos, causando inveja em Mary por não ter tido a ideia antes.

— Você está tão bonita! — Anna exclamou, Natalie maravilhou-se com a irmã, “não haverá ninguém mais linda que ela” pensou. O vestido de Anna a deixava com a pele quase translucida. E os cabelos negros estavam soltos e tinha uma fita azul prendendo os fios rebeldes. — Não haverá ninguém mais linda que você!

Natalie riu com o elogio, pensara o quanto Anna e ela eram parecidas, até com os pensamentos.

— Estou vendo esse alguém bem na minha frente — Disse para a irmã, que riu.

As duas encararam Agnes em seu vestido verde. Parecia ser esculpida por pintores renascentistas. Estava incrivelmente bela, nem parecia aquela menina tímida que tocava piano até sentir os dedos dormentes.

— Estamos todas... Encantadoras — Disse Natalie, ajudando Agnes com as presilhas brilhantes.

— Tenho certeza que a nossa madrasta estará estarrecedora com aquele vestido vermelho — Agnes pontuou, fazendo as irmãs sorrirem.

— Nosso pai que se cuide.

Natalie não teve outra reação a não ser arfar quando viu Mary. Ela estava mesmo bonita. Parecia um membro da realeza. Mas ainda assim, apesar de ter ouvido de toda sua infância, adolescência, e agora vida adulta de que era a mais bonita entre as irmãs, discordava. Até Mary ficava ofuscada pela beleza que Anna expunha esta noite.

— Você está de dourado? — Mary exclamou com a voz rouca — Você não pensou que... Vão achar que você faz... Parte da... Realeza? — Disse pausadamente. E corou quando o marido riu.

— Ora, Mary. Natalie parece um anjo que caiu do céu. Perfeita. Nem a realeza é digna dela.

Houve um silêncio e Natalie deixou o pai abraça-la. Ele fez o mesmo com as irmãs.

— Estão todas maravilhosas — Ele elogiou novamente.

Seguiram para o palácio, Natalie observou os olhos angustiados de Agnes e viu que a irmã procurava por alguém, Anna também reparou, mas ambas fingiram que nada acontecia, até porque Mary as fuzilava com o olhar.

Quando a carruagem entrou no palácio, o cocheiro teve um trabalho imenso para a identificação. Fazendo com que o senhor Ratcliff descesse na entrada principal para falar com um dos guardas. Depois de dizer que uma de suas filhas era a pretendente do primeiro ministro, eles foram liberados a entrar.

Foram acompanhados até o salão principal por um dos guardas do Rei. Natalie segurava em Anna, que se segurava em Agnes, e ambas olhavam boquiabertas para tudo.

— Meu Deus — Anna balbuciou — Estamos mesmo no castelo?

— Nós estamos! — Natalie exclamou absorta. Olhou para os lados, procurando por alguém conhecido. Não encontrou.

Ela ficou a semana inteira inquieta imaginando como seria este dia. E então, ele chegou e tudo era novo demais. Natalie pensou como seria sua vida após o casamento, era a única coisa que se indagava. Não recebeu visitas de seu pretendente e agora tentava imaginá-lo em algum dos cômodos dessa enorme casa. Nada parecida com a sua. Deveria dar no mínimo umas cinquenta da sua. Ou cem. Ou mil. O lugar era imenso, sua decoração era em ouro, madeira de carvalho. Granito azul e bronze. Havia quadros da família real. Estatuetas. Cortinas pesadas. E muitos casais girando no salão. Também tinha uma banda que tocava e um banquete para os convidados.

Natalie aceitou o espumante que um dos homens vestidos de branco servia. Até os empregados eram reais. A realeza estava em toda parte. Por instante, ela fincou seus olhos na multidão, até ultrapassar ela e verificar ao fundo do salão, dois tronos. Encontrou ali a rainha. Suspirou! A viúva era mais bonita que em quadros pintados! Ela parecia uma deusa. Natalie também procurou pelo rei, mas não o achou.

— Senhor Ratcliff! — Natalie encarou Anna assim que ouviu o tom cínico. Era seu duque. Logo, mãos tocaram seu ombro nu, pelas pequenas mangas do vestido ser mais a baixo, transformando o decote mais aberto do grande vestido dourado.

— Senhorita... — Ele parou de falar, assim que a encarou por inteiro — Magnífica! Você está linda, senhorita Natalie.

Ela reverenciou e tentou sorrir, mas não conseguiu.

— Obrigada — Agradeceu forçando novamente um sorriso, não conseguiu.

— Há alguém que eu queria que conhecesse. Mas... — Ele se interrompeu, quando uma mulher chamou por ele, suspirou fundo e beijou a mão de Natalie, na verdade as grandes luvas douradas que vinham até o cotovelo — Mais tarde. Aproveitem a festa.

Ela o observou se distanciar e seu coração ficou tranquilo. Não queria conhecer ninguém, principalmente com ele. Tinha medo de que se estivessem a sós, o pedido viesse e ela não pudesse se livrar. Não queria viver o resto da vida ao lado daquele homem. O desespero estava novamente batendo a porta. Não conseguia suportar a ideia de que seu pai a queria casada com ele. A que custo?

Logo, Natalie observou Agnes ser chamada para dançar. Não demorou muito para que Anna também fosse. Ela via que o pai e Mary também gostariam de ir, então os incentivou.

— Eu vou olhar... As coisas. Vão se divertir. O duque disse que já voltava — Os encorajou.

— Vamos, querido. Ela ficará bem só — Mary parecia sentir prazer em deixa-la sozinha.

O pai não queria, mas cedeu, mais uma vez, a vontade da esposa. Foram dançar.

Natalie caminhou para o salão a dentro, porém longe das pessoas dançando. Ela observava os olhares sobre ela, porém, os ignorava. Estava perto suficiente do trono agora, e podia ver a rainha conversando com outras mulheres. Ela ria e tinha uma taça de ouro em sua mão. Quis se aproximar, por um momento, quis saber do que elas estavam rindo. Mal reparou que encarava, somente quando sentiu que alguém segurava seu braço. Não rudemente, porém o aperto era forte.

Quando Natalie se virou, seu rosto corou completamente. O homem que a segurava, não era um simples homem. Natalie automaticamente prostrou-se, ele a impediu de fato. Ela não conseguiu desviar os olhos da coroa de ouro na cabeça do homem. Ela tinha detalhes e três pedras, azuis e vermelhas. Depois, ela finalmente conseguiu fitar-lhe a face. Provavelmente estava corando de novo... Ele era belíssimo. Como um deus da beleza. Não era atoa que os boatos sobre como ele era leviano corria pelos sete cantos, um homem bonito assim deixava qualquer mulher fora de si. Disposta a fazer tudo que ele ordenasse. Natalie pensou se faria algo do tipo, mas não achou resposta, porque nesse momento ele falou.

— Desculpe... Eu a assustei? — Ele perguntou, rindo um pouco pela reação descompassada de Natalie, que agora estava envergonhada.

— Um pouco — Ela riu — Eu estava distraída.

— Eu... Não consegui me conter. O que uma dama tão linda faz desacompanhada de um cavaleiro? — Ele perguntou, Natalie pensou no que responder, porém só queria ficar ali ouvindo a voz dele. Parecia como um canto de sereia. Principalmente quando os olhos verde a encaravam como se a tivesse enfeitiçado.

— Eu...

— Que seja — Ele respondeu, ficando impaciente com a demora — Não estará mais só. Dance comigo?! — O pedido era doce, mas havia uma inclinação de ordem atrás dele. Natalie novamente ficou sem saber o que dizer, e deixou-se ser arrastada pelo seu rei.

Seu Rei, sua mente fez uma inclinação perigosa. Estava ali para dançar e estar disponível para o primeiro ministro do Rei e não para o Rei, mas lá estava ela, chamando atenção de todos naquele salão. Enquanto era embalada ao som de uma valsa. As mãos do homem másculo que a segurava, estava centralizada nas suas costas, e apertava com firmeza. Ambos olhavam fixamente nos olhos um do outro. E giravam no ritmo da dança. Natalie arfava, desfalecida. Sabendo que se ele a soltasse, ela automaticamente cairia ao chão. Desmaiada.

— O que você fez comigo? — Ele sussurrou para ela, que não respondeu de inicio — Responda! — Ordenou, e depois, uniu suas sobrancelhas querendo se desculpar — Me desculpe.

— Eu não entendo... — Ela respondeu, confusa. Eles giraram outra vez.

— Estou hipnotizado... — Ele riu, agora rompendo o contato visual dele. Natalie não entendeu ainda.

Não conversaram mais, ao longo da música. Mas ela sentia seu toque intenso em sua mão, e sentia suas costas queimarem com o aperto dele. Quando a música acabou, ambos pararam no meio do salão, se encarando, enquanto as pessoas aplaudiam. Não a eles, mas a banda. Mas ainda assim, eles só conseguiam respirar ofegantes, sem desviar o olhar. Então outra música começou.

— Natalie? — Ela ouviu alguém chama-la, então despertou, o Rei também. Ambos olharam para a voz, raivosos pelo importuno — Vejo que conheceu meu querido amigo. Nosso Rei Henry.

— Essa é a moça de quem me falou? — O rei perguntou automaticamente. O duque assentiu.

— Sim, essa que tomarei como minha esposa. Mas antes... Me diga, meu Rei, abençoa esta união?

Houve silêncio. Por um milésimo Natalie o encarou e houve um fio de esperança em seu olhar, Henry a encarou também, e parecia empurrar algo amargo por sua garganta. Depois, ele tocou o ombro do duque e forçou um sorriso.

— Se isso o fará feliz — Foi tudo que respondeu. O duque sorriu — Se esse for o desejo da senhorita... — Dessa vez ele olhou para Natalie, que não esboçou nenhuma reação.

— É o desejo dela — Disse o duque. O Rei continuou a encarar Natalie.

— Se me derem licença... — Disse o Rei antes de sair praticamente correndo.

Natalie não queria, mas olhou em que direção ele foi. Sentindo seu coração espremido. Encarou o duque dessa vez, que tinha uma feição séria. Ele lhe estendeu a mão, convidando-a para uma dança. Natalie nada pode fazer. Aceitou.


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