Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 34
Inimigo obsoleto


Notas iniciais do capítulo

Olá, midgardianos... agentes, vingadores, asgardianos, mutantes e cia!

Antes de papear sobre o capítulo, gostaria de agradecer aqui a leitora jejezinha, do Nyah! Fanfiction que sugeriu o apelido Picolete para a Jessica. Obrigada, girl!

Enfim, mais um capítulo na área, não saiu tão rápido quanto eu esperava, houveram complicações do tipo: ainda sem Internet, e pior, estava sem poder mandar até o capítulo para a beta, mas por fim consegui. Amém!

Esse capítulo como dito nas notas finais do capítulo anterior tem o pov do Cap. Espero que vocês gostem, porque eu amei escrever. *u* E sim! Muitas tretas, mais um pouco de ação, piadinhas dos nossos heróis favoritos e romance, é claro.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/556845/chapter/34

Quando penso no passado. Eu vejo a guerra. A minha guerra. A guerra que vencemos, mas que falhei. Soldados morreram e pontas foram deixadas soltas, mesmo após me sacrificar por New York. Depois de abrir mão de tudo pela segurança de todos. Eu tinha uma função, ser o supersoldado, o símbolo e o conquistador de esperança, paz, no entanto, quando fecho meus olhos e sonho, ouço gritos de soldados que não deveriam ter morrido, sinto o estalido de balas ceifando vidas. As promessas que fiz e não cumpri. O cheiro de sangue e lágrimas misturado a um turbilhão de história confusa. E não são apenas sonhos, são memórias manchadas no tempo. Eu fui uma promessa e não a cumpri e uma centena de inocentes, soldados e principalmente Bucky, são prova disso. Peggy Carter... Não me parece justo conforme aconteceu, e é por isso que não fui atrás de Jessica Wally quando ela saiu. Ela ultrapassou os limites e me fez acreditar que eu, Steve Rogers, poderia ter também um lugar nesse mundo. Nesse tempo. Confesso que com seu jeito único ela me faz esquecer o passado, e ansiar tão forte como os meus princípios ela ao meu lado. Porque cheguei a acreditar que poderia, mas não seria justo.  Meus sonhos não se encontram no passado, porém reconheço que penso nele mais do que deveria. Por isso, deixei que ela escapasse de mim, mas agora vejo que foi um erro, ela foi sequestrada bem debaixo do meu nariz sem que sequer percebesse a tempo.

— J.A.R.V.I.S. a rastreie agora. E prepare um dos meus ternos. — Stark fala, após que J.A.R.V.I.S. foi reiniciado e nos inteirou dos motivos da sua pane. Fomos atacados em silêncio por homens uniformizados da H.Y.D.R.A. Jessica foi levada. Tomo meu escudo em mãos, nada nesta Terra me impedirá de encontrá-la. Eu juro que se a machucarem, eu vou...

— Me dê uma localização,  J.A.R.V.I.S. — verbalizo contendo a raiva e preocupação em meu peito. Seguro mais firme o escudo em minhas mãos, impaciente com a demora de  J.A.R.V.I.S.

"Estou providenciando isso nesse instante, senhor Rogers"

— Capitão. — ergo meu olhar para Tony. Não deixo de notar seu semblante estranho ao me encarar, que logo se transforma em uma careta de desdém. — Acho que você precisa de uma bebi...

— Não tenho tempo para diversões, Tony. — oponho, caminhando a passos firmes até o terraço onde sua armadura se ergue do chão em partes e começa a se montar em seu corpo. — Jessie corre perigo.

— Não, meu chapa. Quem corre perigo são eles. — ele profere sem titubear. Ele tem razão. De todas as pessoas com quem eles poderiam pensar em mexer, ter escolhido Jessica foi a escolha mais estúpida. 

Sua armadura está completa, antes que eu fale mais uma vez exigindo uma localização de  J.A.R.V.I.S., Tony começa casualmente:

—Sabe, eu tentei te ajudar lá com a Picolete. Mas francamente, você é um fracasso em relação ao sexo oposto.

— Como é?

— Está surdo, vovô? — estreito meu olhar. Tony indiferente, retoma: — Não? Então pense um segundo no que eu disse. Odeio ter que repetir algo.

— Isso não é importante.

— Diz isso porque ela te deixou. — joga as palavras sem rodeios. Desnorteado, e no fundo magoado pela verdade em suas palavras, murmuro:

— Ela quis assim. — Tony revira os olhos dramaticamente. Apoiando sua mão fechada em punho na cintura, aponta:

— Mulheres são assim, Steve. Há uma grande diferença do que elas dizem e fazem do que elas realmente querem dizer e fazer.

— Pensamento um tanto sexista.

— Por favor, não me venha com esse papo. Estou generalizando um senso comum, tenho certeza que as mulheres também fazem isso conosco o tempo todo. — ignoro completamente o seu comentário. — Ok, tudo bem, retiro o que disse. Está certo, desculpe. Só vamos focar na Picolete, lembrando que ela pensou que você não estava tão interessado no lance com ela, e por isso te deu um fora.

— Estava nos espionando? — indago em tom de crítica já certo disso. Como se isso não fosse nada, ele dá de ombros e dialoga:

— Jess não sacou que você é um virgem de noventa e todos anos, vovô, e que você está morrendo de medo de per...

— Tony! — ele sorri largamente. Baixo minha cabeça por um instante sem jeito. Certos modos já me deixavam desconfortável na década de quarenta, e mesmo agora no século vinte e um, Tony, assim como era seu pai antigamente, tem um dom especial de me deixar desconfortável com seu jeito desinibido.

Com Jessica fiquei tão constrangido quanto magoado, mas pensei que ela soubesse...

Um vinco se forma entre minhas sobrancelhas ao pensar que ela, talvez imaginou tudo o que poderia me afastar dela, menos no real motivo.

"Senhor, tenho uma localização do grupo de vans dos agentes da H.Y.D.R.A. que invadiram a Torre e raptaram a srta. Wally", eu me volto para Stark quando J.A.R.V.I.S. se manifesta. Agora mais do que nunca preciso me encontrar com Jessie e esclarecer as coisas. Se Tony tem um pingo de razão sobre o que me disse, preciso esclarecer as coisas com ela.

— Ok. Hora da diversão, Cap. — lanço um olhar mortal para Tony. A fronte da sua armadura do rosto já está fechada, o que não me permite ver, apenas ouvir o escárnio de sua voz agora metalizada: — É apenas mais um dia comum na vida de dois heróis, Cap. Vamos salvá-la, vocês se entendem e ainda vamos bater em uns palhaços da H.Y.D.R.A. Não necessariamente nessa ordem. — seguro-me em um de seus braços metálicos e ordeno:

— Já chega. Vamos, agora.

Tony solta mais um comentário sarcástico que acabo por ignorar. Ela precisa de mim, não tenho tempo pra isso. Ele parece compreender a situação, pois logo a armadura do Homem de Ferro alça vôo cortando o ar com eu como carona.

— Temos um plano de ataque? — Tony questiona quando visualizamos um trio de vans em uma movimentada avenida da cidade.Tenho a sensação de que algo não está certo, por que a H.Y.D.R.A. sequestraria um dos nossos na nossa maior sede? Eles deveriam saber que isso não passaria despercebido. E saírem livremente em fuga por um grupo de veículos indisfarçados, isso é, no mínimo, muita burrice, e eu conheço a H.Y.D.R.A., não há cordas sem nós com ela. E tenho certeza que ela me conhece um pouco para dizer que eu sei disso sobre ela. Algo é mais do que aparenta ser, e pegaram a Jessie, posso ter subestimado a nossa sutileza e o conhecimento da H.Y.D.R.A. sobre mim. É algo pessoal, é isso. Alguém teve o trabalho de fazer isto para tornar-se assim, eles queriam minha raiva, bem... Não irei decepcioná-los.

— Você consegue ver em qual ela está?

— Claro. Eu tenho a visão do Super Homem, vejo através de metal, identifico amigos dentre inimigos e poderia até dizer a cor das peças íntimas das pessoas.

— Muitas vezes não sei quando você está falando sério.

— Você ficaria surpreso. — responde enigmático. Sua armadura plana próxima as vans. Vejo o inimigo mostrando o rosto quando armas aparecem nas janelas fazendo uma linha de tiro em nossa direção. Com a respiração por um instante em suspenso, profiro para Tony:

— Encontre a Jessie. Não tenha pena eles. — uma rajada de balas nos atinge, sendo felizmente barradas pela armadura de Tony antes dele me colocar sobre sobre o teto da última van. Protejo-me com o escudo. Tony voa a frente. Avisto uma de suas mãos levantando-se, um dos propulsores ganhando um tom mais forte. Isso não é como a Batalha de NY, não podemos sair atirando por aí assim. — Stark, cuidado! Os civis! — em resposta a isso, o raio repulsor faz o seu percurso, o feixe acerta a metralhadora do passageiro da van em que estou, irrevogavelmente, ele sabe o que faz. Me dá o tempo que preciso. Seguro-me pela lateral da van até estar em cima do teto na parte do passageiro. Uso minha força e arranco a porta, soltando ao tempo de ouvir o clique de uma arma carregada. Mudo o peso do meu corpo, trocando ligeiramente de posição quando tiros começam a traspassar o teto e caio um pouco desiquilibrado na lateral onde estava a porta, agarrado a lateral do teto. É um milissegundo perigoso esse em que caio de forma desordenada e o agente da H.Y.D.R.A. no passageiro aponta uma arma para o meu peito desprotegido, não tenho tempo para erguer o escudo e defender-me, contudo por sorte do destino quando ele aperta o gatilho não há balas.

— Porra! — o homem exclama, encarando-me apavorado de mãos vazias.

— Rapaz, deveria tomar cuidado com quem mexe, e com essa boca suja. — aconselho antes que ele receba outra arma pelo motorista, e tente fazer algo quando meu punho o acerta com o escudo de brinde em seu maxilar, com força proporcional para deixá-lo desnorteado. Arremesso-o para fora da van, lançando meu escudo para a arma que o motorista ergue para mim. O motorista é desarmado no momento em que faz isso. A figura de um herói vermelho e azul aparece na janela do outro lado.

— Hey, colega. Não é legal apontar armas para os outros ou dirigir acima do limite. — a voz jovem do herói discursa. Lanço meu escudo no queixo do homem que desmaia no volante com o impacto sem permitir estender isso por mais tempo. A atenção do herói aracnídeo se volta pra mim. — Oi, Capitão. Vem sempre aqui?

— Você é amigo?

— Se sou? Cara, o amigão da vizinhança!

— Ótimo. Você pode querer então lançar uma teia e ir se socializar junto com o Homem de Ferro bem aí a frente. — não é como a Batalha de NY, mas temos um time formado, e isso é um ataque pessoal, e nunca fui de fugir de uma boa briga.

— Obrigado, Capitão. Eu sou o seu fã! — o herói aracnídeo não espera mais tempo e lança uma teia voando para a confusão a frente. Rapaz estranho, mas sua ajuda é bem vinda. Arrasto o corpo do motorista para o passageiro e tomo o lugar dele no volante, após colocar meu escudo ao lado. Tony e Homem Aranha cuidam situação da van a frente — Jessie não aparece com Tony quando ele sai pela porta traseira marcada pela força que usou para abri-la. Ponho a van que dirijo paralela a outra, puxando a embreagem ao tempo de pegar meu escudo e reunir-me com Tony. Não são necessárias muitas palavras no momento, como antes, Tony fecha o braço ao redor do meu torso e me seguro nele enquanto o Homem Aranha joga suas teias para não ficar atrás. A terceira van está bem adiante, ela corta à esquerda na 3rd Ave, indo em direção da 47th Street. A armadura do Homem de Ferro zune, fazendo a parada no meio da pista, alguns metros adiante da van para a encurralar-mos. Homem Aranha cai sobre seus pés ao nosso lado. A van passa pelo sinal vermelho, ela não recua ao afronte. A H.Y.D.R.A. não teria tanto trabalho e se arriscaria assim a um confronto com dois vingadores mais um herói vigilante. É uma missão fadada ao fracasso. De todo o modo ergo o escudo segurando-o firme em frente do meu peito, pronto para o confronto e salvar Jessica, seja de que jeito for.

— Tome cuidado, Stark. — advirto quando ele ergue sua mão de ferro em ameaça para a van. — Jessie pode estar nessa van. Não queremos assumir o risco dela se machucar.

— Eu posso cuidar desses caras.

— Não. — veto o apoio do Homem Aranha. — Temos uma amiga refém deles. Não vou assumir mais riscos do que o necessário.

— Toma essa, Cabeça de Teia. — Tony aponta para o mais novo, virando-se para mim exprime: — E eu já te disse, vovô. Quem corre perigo não é ela. Mas tudo bem, eu entendo, vamos fazer do seu jeito sem correr riscos.

Balanço a cabeça em concordância com suas palavras, algo não muito comum, mas ele está certo. Meu olhar fixo na van, enxergo o veículo movendo-se um pouco mais lento, mas ainda aproximando-se. Como uma cena lenta de um faroeste. Até que de repente o som de tiros desfaz essa quietude, e o pior, tenho a certeza que não estão atirando em nós. Vem de dentro da van. Jessie. Adrenalina dispara, fecho meu punho e seguro o escudo, sem pensar nas consequências corro de encontro a van. Ouço a voz de Tony pedindo para esperar, mas não posso, Jessie corre perigo e não vou abandoná-la dessa vez.

Um agente da H.Y.D.R.A. cai pelo lado esquerdo da van logo após a porta voar afora. Paro. Posso ouvir alguns gritos indistintos quando Tony pousa ao meu lado e põe uma mão de ferro a minha frente, chama a atenção do Homem Aranha ao lado, pedindo-nos para esperar mais uma vez.

— Esperem um pouco, garotos. Vocês podem achar isso interessante.

— O que quer dizer... — outro homem é lançado para fora da van. Desconfiado olho de Tony para a cena, são poucos segundos do tempo disso para que a van faça a sua total parada na pista a menos de dois metros de nós. Minha apreensão se encontra no bem estar de Jessie neste momento, contudo, tomo a surpresa quando vejo a sua figura sair da van. —... Com isso. — meu cérebro processa vagarosamente a cena, trazendo alívio e um palpitar em meu peito. Petrificado apenas observo ela com o seu cabelo levemente bagunçado, ofegante, entretanto, com a postura reta e o olhar determinado como nunca vi antes.

— Estou com fome. — sua voz suave chega aos meus ouvidos, um riso de alívio escapa dos meus lábios. Ela está bem, graças a Deus.

Caminho até ela, meus olhos fixos nos seus, incapaz de desgrudar o olhar dela depois deste susto. De perto noto um corte em seu supercílio e leves hematomas vermelhos em seus braços. Instintivamente ergo minha mão para o seu rosto.

— Você está bem? — ela acabou de sair de uma briga pela sua liberdade da maldita H.Y.D.R.A., tem sinais visíveis de machucados, e eu sei que ela não pode estar bem, mas o meu eu interior não aceita isso e quer se assegurar do contrário.

— Sim. — murmura enrubescendo quando chego mais perto, mas não largando meu olhar. — Sim, eu estou bem.

E à vista disso, pressiono suavemente meus lábios sobre os seus para senti-la sob minha pele, tocar em seu cabelo e rosto com minhas mãos e saciar este sentimento excruciante em meu peito. Estive tão perto de perdê-la, que não contenho o bem estar que é a ter em meus braços. Afastando-me dela o suficiente apenas para olhá-la em seus olhos, digo:

— Eu entendo o que você disse lá na Torre, mas você deve saber que tem sido difícil para mim, mas o passado para mim, é passado. — meus olhos ainda fixos nos seus azuis turbulentos, prossigo: — É errado pensar que meus sonhos estão em 1944. Eu devo seguir em frente, estou aqui agora. Eu tenho você. Então não saia mais do meu lado por um pensamento desses, ok?

O choque em seu rosto é legível. O que me leva a crer que precisamos conversar. Ela não pode pensar que não a queria quando lutava contra mim mesmo para manter o controle, e pensar além, que não levei todo este nosso relacionamento a sério. Quero que isto dê certo. Raios. Como ela pode pensar o contrário? É algo que talvez ela nunca saberá por completo a extensão, mas devo resolver isto. Não pretendo perder isso.

— Eu pensei que você...

— Não quero ser rude, mas seja lá o que foi que você pensou. Pensou errado.

— Como é que é, velhote? — faíscas de raiva podem ser vistas em seu olhar, ela se afasta de mim um pouco. Tenho de ser ligeiro, abrandando meu tom para reverter seu humor:

— Quero dizer, vamos ter uma conversa clara sobre isso... Depois. — o som de sirenes se aproximando tomam a minha atenção para o cenário deste pequeno encontro com os inimigos. Civis curiosos, os carros e destroços espalhados no caminho, e claro, nossos inimigos que em sorte devem estar desacordados na pista que já tem o tumulto de engarrafamento.

— Depois parece uma boa ideia. — volto meu olhar para Jessie que observa a paisagem também. Isso com certeza exigirá um grande relatório mais alguns comprimidos pela dor de cabeça que vem aí, mas sorrio apenas por ela estar bem. Deus. É tão assustador e bom como ela me faz sentir.

— Oi, casal. Alguém falou em fome? — Tony se aproxima na companhia do Homem Aranha dispersando meus pensamentos, sua fronte da armadura da cabeça levantada mostrando seu semblante como em um dia qualquer. — Que tal Shawarma?

— O que é Shawarma?

— Você vai descobrir, menininho das teias.

— Mas não hoje. — com a atenção em mim, esclareço: — Temos que investigar este rapto, voltarmos para a Torre e ver se tudo está em segurança. Não há tempo para um fast food.

— É, pode ser. O Legolas e a Dona Aranha já estão chamando. E acho que o Dr. Banner pode estar um pouco verde ciente da confusão. Essa eu não quero perder.

— Stark.

— Que foi? — encaro-o um instante a mais e me dou por vencido. Ele é incorrigível.

— Ceeerto, estão citando minha deixa para ir embora. Homem de Ferro, Capitão América, foi uma honra formar um time com vocês, estarei à disposição sempre que precisarem. E por Deus! Jessica, manteha-se longe de confusão, e até a pró...

— Na verdade. — me adianto até ele, segurando seu pulso. — Você deveria vir conosco.

— Sério? Quer dizer, tenho muitos compromissos, mas se precisam mesmo da minha ajuda posso fazer um esforço pra...

— Ok. — corto a sua empolgada fala tagarela, soltando-o. — Faça isso. Tony, pegue a Jessie e vá para a Torre se encontrar com os outros. Descubram o motivo desse ataque a Torre e o rapto da Jessica. Vou me inteirar de algumas coisas por aqui e ajudar as autoridades locais, depois o Homem Aranha e eu nos juntaremos à vocês. Entendido?

— Mmm... Acho que sim. Mas antes que me esqueça, vocês dois — gesticula para Jessie e Homem Aranha. —,  me lembrem de abaixar a bola do Rei da Cocada Preta, depois.

— Stark...

— Brincadeira, chefe.

***

— Mantenha os suspeitos em vigia no hospital, eles podem parecer debilitados, mas ainda assim são gente perigosa e eles não hesitarão tendo uma oportunidade. A Casa Branca provavelmente enviará uma equipe de apoio, desde a queda da S.H.I.E.L.D. casos similares tem tido o mesmo rumo. E Os Vingadores também estarão presentes.

— Com todo respeito, Capitão. Está tentando tomar e ensinar o meu trabalho? — o chefe de polícia me questiona um pouco irritado, após tê-lo ajudado em todo o esquema para o fato ocorrido. Ele não reclamou disso antes, e agora, depois de tudo encaminhado parece muito conveniente. Fito-o por um momento. Ele me lembra de alguns figurões do exército a quem estive em serviço, me faz perceber que apenas quer mostrar sua autoridade e "macheza", uma questão de reconhecimento do seu papel e território.

— Não, senhor. Peço desculpas se pareceu isso. Estou apenas querendo ajudar da melhor forma. — dispenso qualquer tipo de problema, isso parece apaziguar o seu ânimo. Estendendo um pequeno cartão para ele, incremento: — Caso tenha alguma novidade

ou precise de alguma ajuda, você pode falar com Os Vingadores.

É impossível não notar o brilho em seus olhos e surpresa. Esta não é a primeira vez que isso acontece. Não sei porque as pessoas reagem assim quando o nosso trabalho é estar a disposição delas, zelando pela paz, pela segurança. É claro que também nesse caso ele pode ou não querer a presença d'Os Vingadores no caso, mas ele terá. Leva um segundo a mais para que ele pegue o cartão, balance a cabeça em concordância e se afaste.

— Uuuhhh, Cap, isso foi muito legal.

— Obrigado? — noto desconcertado a presença do Homem Aranha, não que ele não tenha deixado que esquecesse da sua presença. Ele está praticamente grudado em mim desde que Tony levou a Jessie para a Torre, não sei se este é o seu estranho jeito ou se é algo particular do momento. Mas definitivamente estranho. Trato de deixar claro isso, olhando para ele desconfiado. — Você está bem, Homem Aranha?

— Apenas querendo me assegurar de não perder nenhum detalhe. Você é o herói mais inteligente e legal que já conheci, não que eu tenha conhecido algum outro antes, exceto o Homem de Ferro hoje, mas... Desculpa — aproximando-se ainda mais, pergunta: —... Perto demais?

— Um pouco.

— Desculpa.

Ele se afasta por fim esforçando-se para diminuir sua euforia. E de repente não sei o que pensar sobre ele, antes de conhecê-lo poderia dizer que admirava suas histórias como o herói aracnídeo vigilante de  NY. Depois do evento com Kraven em que quase perdi Jessica... Depois de hoje, acho que é difícil mudar o sentimento que ele não pode ser nada além de problemas. Difícil, não impossível. Devo admitir que tudo que me impede de depositar um voto de confiança nele é pelas situações em que ele colocou Jessica em perigo. Me reservo ao silêncio olhando para a agitação da polícia na avenida agora interditada para investigação por causa da H.Y.D.R.A.

— Você sabe o porquê dessa confusão. Não sabe? — volto meu olhar para o Homem Aranha. Encolhendo ombros, responde:

— Eu acho que sim, sinto muito.

Parece apenas um rapaz, um jovem tentando o melhor com seus poderes e tendo um fardo enorme sobre os ombros. Vejo um pouco de mim nele. Não me agrada confiar nele, mas não ignoro os fatos, ele ajudou a Jessica quando pode. A colocou em perigo? Sim, mas ele a salvou no momento, e lutou hoje por ela também. O mundo pode ser um lugar difícil quando os vilões jogam com todas as armas que tem e então, ele exige heróis. E ser herói está além de usar uma máscara, ou um escudo, ser herói está em fazer o que deve ser feito pelo bem maior, lutar e lutar até não poder mais, persistir. Ser herói é zelar pelo mundo, mesmo que isso signifique a sua cruz.

— Não sinta. Fez o que devia ser feito... Obrigado por a ter salvado. — empurro o sentimento de antipatia para longe, pois se for mais sincero comigo mesmo, admito que sinto inveja por ele ter carregado a cruz que eu queria. Que suponho que fosse meu dever. Mas não foi assim. Isso me irrita tanto quanto me deixa feliz por haver um Homem Aranha para combater o perigo, quando eu mesmo não posso. Salvar pessoas quando ninguém mais pode. — Obrigado mesmo.

Ele me fita em silêncio por um momento, surpreendido.

— Não há de quê. Digo, ok. Tudo bem, ér...

— Vamos embora — interrompo antes que a situação fique estranha. —,  nosso trabalho está feito aqui. Você tem teia o suficiente para me dar uma carona até a Torre?

— Acho que sim. Claro!

É. Ele é só um jovem. Sua espirituosidade, empolgação já o denunciam. Penso nisso enquanto ele me carrega muito desconfortavelmente jogando suas teias rumo a Torre de modo insano. Como alguém pode fazer isso? Arriscar a própria vida pondo-se a frente do perigo, ou no próprio perigo. A resposta me vem tão rápida quanto a pergunta. Ele é um herói e isso é o que os heróis fazem.

O pensamento se perde quando chegamos na Torre, em curto tempo e faço meu caminho para encontrar Tony, Clint, Natasha, Bruce e Jessica na sala principal. Uma porção de ansiedade esvai de mim ao vê-la segura, bem, contudo ergo minha sobrancelha ao notar algo errado em seu semblante, ela parece mortificada. Talvez tudo isso tenha mexido com ela mais do que imaginava. Malditos ratos da H.Y.D.R.A.

— Oh, meu Deus. Me ajude.

— O que? — olho para Homem Aranha.

— Nada. Só tentando agir normalmente ao ver essa quase reunião de todos os vingadores.

— Na verdade, ainda falta o Thor. — Clint se manifesta.

— Exatamente! Por isso eu disse quase. — Clint sorri diante a resposta, balançando a cabeça.

— Steve.

— Natasha. — desvio meu olhar para ela com Clint ao seu lado que não ostenta mais o sorriso. Ampliando minha atenção para todos, percebo com o mesmo sentimento de antes, algo errado em suas feições, mesmo em Tony, pensativo e quieto. Bruce ansioso. — Qual a situação por aqui? Alguma novidade?

Fixo meu olhar em Jessie, o epicentro das minhas preocupações e do ataque. Com o semblante agora leve e indecifrável, me devolve o olhar em completo silêncio.

— Estamos bem.  — Tony ralha chamando minha atenção. De mau humor evidente, gesticula para a bancada onde há uma de suas invenções de telecomunicação. — Mas temos novidade. E adivinha, Cap? Não muito boas.

— Tony. Você não podia ser um pouco mais suave? — Jessie pergunta em tom de reprovação.

— Provavelmente. Mas não quero. — há uma reprovação silenciosa mútua dos vingadores ao seu comentário, mas não passa disso. Jessica murmura algo em contrapartida que não alcança meus ouvidos. Estou curioso para saber qual novidade despertou o mau humor de Tony, contudo algo me diz que ele me mostrará sem um questionamento.

Dito e feito. Sua mão bate suavemente sobre o sistema na mesa, erguendo uma imagem nítida de um escritório. A imagem mostra uma mesa com uma poltrona e a sombra de uma pessoa que pelo jogo de luz não é identificada. E nada além disso, até que Tony erga a mão e selecione o play.

"Hail H.Y.D.R.A."

Há uma voz potente de sotaque alemão que retumba, mas com efeito para preservar sua identidade. O provável dono da voz, nas sombras, prossegue:

"Vocês que se denominam Os Vingadores, devem estar se questionando porque a H.Y.D.R.A. invadiu sua casa e tomou um dos seus. Ou estão como baratas tontas sem saber o que fazer. Eu posso abrir suas mentes estúpidas para o que é, já que vocês nunca admitirão: vocês são fracos. A América é fraca. Ambos, moralmente falidos, cujo alicerce de sua farsa de soberania é corroído lentamente"

— Este idiota. — resmungo entre dentes. — Temos uma identificação?

"O meu objetivo é acelerar este processo."

— Talvez nós tenhamos. — Clint comenta, olho para ele que não fala mais qualquer coisa. Busco resposta olhando para Natasha, ela dá de ombros, centrada no vídeo.

"Mas não antes de provar o meu poder e a sua miséria. O ataque dessa tarde foi um aperitivo do desespero que vocês sentirão muito em breve."

Minhas mãos se fecham em punho, raiva instantânea corre em minhas veias como há tempos não fazia. O discurso deste homem me lembra o inimigo do passado que queria todo o poder, escravizar a humanidade a sua tirania. Montar nas carcaças de sua guerra e denominar-se rei do mundo. E isso é algo que nem morto permitirei. Ainda mais ameaçando um dos nossos. Ameaçando Jessie. Não. Nem em meus piores pesadelos permitirei que isto aconteça.

"Alguns de vocês me conhecem, outros provavelmente ouviram falar, mas para esclarecer a todos, e refrescar a memória de velhos conhecidos..."

Uma pausa é feita, antes que sua poltrona gire um pouco, alcançando o foco de luz que bate em seu rosto. Petrifico.

"Olá, Capitão"

A voz sem restrição, ressoa exatamente como o dono do rosto, um espectro de meu passado. Aquele de rosto vermelho e expressões duras marcadas pela própria loucura de sua ganância e filosofia caótica.

"Lembra-se de mim, soldadinho?"

A pergunta repercute em minha mente, no compasso das batidas do meu coração. É uma farsa.  Ele não está vivo.

"Surpreso por me ver com vida? Poderia dizer o mesmo à você, entretanto, o destino é algo incrivelmente diabólico e fez que tivéssemos a oportunidade de ter a nossa última e definitiva guerra. Da última vez que duelamos, você foi o vencedor. Sim, admito. Eu posso ter perdido em 1944 a guerra, mas sobrevivi, e estive em lugares onde você, idiota, jamais poderia imaginar. Você me achava malvado?"

— Não é ele.

— Capitão... — Bruce começa, mas desiste balançando a cabeça levemente. Nego o que vejo. Não é ele. Ele está morto. Ou será que... Não. Impossível. O vídeo prossegue:

"Eu te mostrarei a minha essência de vilania, não pense que ganhará de mim dessa vez, no final eu o derrotarei, mas você terá a chance de jogar, não se preocupe. Mas prometo: destruirei cada um que você ama, todos eles! Humilharei você! Humilharei todos vocês dessa estúpida equipe de heróis que se acham os salvadores do mundo! E os matarei, mas não antes de fazê-los sofrer, e lamentar pela própria existência. Pois todos morrerão, mas o caminho até a morte é que faz a diferença, e juro fazê-los passar pelo inferno na terra até que dêem o último suspiro de vida. Principalmente você, Steve Rogers. Porque você faz tão bem isso. Sofrer, perder, lamentar... Aproveitem suas noites de terror aguardando o próximo movimento. Ah, e avisem ao mundo que ele em breve se curvará ao Caveira Vermelha!"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Viram essa vindo?
Caveiroso is back! Ou será uma mentira? Hmm...

O Spider aqui foi bem inspirado na HQ Vingador Homem Aranha #06, recomendo que leiam, é bem divertido!

E o que dizer do Tony? Mas melhor do que isso, o que dizer de Stessie? ♥ (Steve + Jessie)

Well, estamos na reta final da fic, então se preparem para mais momentos onde ficarão com a expressão do esquilinho dramático. Eheheh

E é isso. Aos que podem, não deixem de dar um alô, ou escrever até um minicomentário para que eu saiba que estão aí, e o que tem achado da fic. Haha. Sinto falta docês. ♥.♥

Nos vemos aí, guys! ;-)