Na Melodia do Amor escrita por J R Mamede


Capítulo 9
Capítulo IX




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Tive a triste notícia de que meu amigo Ken iria sair da Sweet Amoris.

– Mas por quê? – perguntei desapontada.

– O meu pai prefere que eu estude em um colégio militar. –explicou o meu amigo. – Ele acha que será melhor para mim.

O colégio militar era importante para o pai de Ken, pois este estudara em um quando jovem.

O pai de Ken é o típico homem intimidador: voz firme e forte; corpo moldado depois de anos malhando pesadamente; autoritário e sabe impor sua presença. É um verdadeiro sargento, que sabe comandar um lar.

Ken, assim como eu, era filho único, então, provavelmente, seu pai depositava todas as suas expectativas militares no filho.

Eu sabia que o meu amigo não queria ir, porém, com um pai que ele possuía, o melhor era acatar às suas ordens.

– Poxa, Ken. – lamentei. – Não quero que você vá.

– Nem eu. – entristeceu-se o meu introvertido amigo.

– Bem, - tentei animá-lo. – precisamos fazer uma reuniãozinha para nos despedirmos de você. O que acha? – sugeri. – Que tal chamarmos Alex, Armin, e mais um pessoal da nossa turma para nos reunirmos na “Lanchonete da Esquina”?

– Seria legal. – concordou Ken.

Eu convidei na hora do intervalo, além dos gêmeos, Nathaniel, Rosalya, Kim, Violette, Peggy, Melody e Íris. Eram pessoas que Ken conseguiu fazer amizade, então achei que seria muito agradável a presença de cada um.

Todos aceitaram o convite com um misto de satisfação e tristeza: por um lado era muito bom nos reunirmos fora da escola; por outro, era a despedida de um colega.

– É uma pena que você tenha quer ir. – falou Íris, colocando a mão no ombro de Ken.

– Sim, é uma pena mesmo. – disse Nathaniel. – Mas não vamos transformar este momento em tristeza, não é mesmo, pessoal? Vamos fazer uma despedida alegre para o nosso amigo Ken.

– Isso mesmo! – falamos todos em uníssono.

Eu percebia a felicidade do meu amigo. Acho que foi a primeira vez que ele saia com um grupo de amigos, os quais queriam o bem dele, animando-o após uma notícia ruim.

– Mas me fale uma coisa, Ken: – começou Peggy. – Qual a intenção do seu pai ao colocá-lo em um colégio militar?

– Lá vai a Peggy xeretar! – advertiu Kim.

– Eu não xereto. – retrucou a nossa amiga jornalista. – Eu cuido dos fatos.

– Para publicar no jornalzinho da escola, que nada mais é do que fofocas entre os alunos. – brincou Rosalya.

– Até você, Rosa? – chateou-se Peggy.

Nós todos rimos. Até mesmo Peggy, a alvo das piadas, não resistiu, juntando-se às gargalhadas conjuntas.

A “Lanchonete da Esquina” é um ótimo lugar, onde servem o melhor Milkshake da região, e um hambúrguer delicioso.

Pedimos uma porção de fritas para nos empanturrarmos, seguidas de pizzas e refrigerantes. Como era bom comer rindo das conversas divertidas dos amigos ali presentes.

– Ai, Ken! – choramingou Alexy. – Não quero que você vá embora. Logo agora que nos tornamos amigos.

– Eu também não quero que você vá. – concordou Armin. – Você disse que iria me emprestar aquele jogo do Xbox.

– Armin! – repreendeu Alexy, dando um tapa nas costas do irmão.

– O que foi? – perguntou confuso. – Ele disse que ia me emprestar. Será que eu posso passar na sua casa qualquer dia desses para pegar o jogo? – insistiu o meu amigo viciado em games.

– Claro que sim, Armin. – sorriu Ken. – Você será bem-vindo em casa. Aliás, todos vocês serão muito bem recebidos em minha casa, se quiserem me visitar.

Sorrimos satisfeitos, felizes por Ken termos como seus grandes amigos, confiando nossa presença em seu lar.

– Espero que não vá se esquecer de nós. – disse Violette em sua voz quase inaudível.

– Verdade. – concordou Melody. – Lembre-se de nós com muito carinho.

– Pode deixar! – afirmou Ken. – Nunca me esquecerei de vocês, muito menos deste momento que estamos passando juntos aqui.

Íris levantou seu copo de Milkshake para brindar.

–Viva o Ken! – saudou ela.

– Viva! – dissemos todos juntos, batendo um copo contra o outro para efetivar o brinde.

Mesmo sendo uma despedida, era muito bom estar ali e, tive a sensação, que Ken pensava o mesmo.

Era maravilhoso estar rodeado de amigos e sentir a transmissão de seus carinhos e afetos.

Eu estava feliz e, ao olhar Ken, vi que ele também.

***

Eu fui a primeira aluna a chegar à sala de aula naquele dia. Sentei-me em uma carteira perto da janela e peguei meu livro de Biologia para terminar de fazer a tarefa de casa que eu não havia terminado.

Aos poucos os alunos foram chegando, sentando-se em seus lugares ou deixando suas mochilas, para saírem da sala.

A lição era apenas algumas questões sobre Genética que eu não conseguia entender muito bem. Precisei do auxílio do livro e de minhas anotações no caderno para poder responder corretamente.

Quando finalmente terminei, resolvi ir para fora, ver se encontrava meus amigos no corredor. Porém, para a minha infelicidade, eu encontrei Ambre, Li e Charlotte. Tentei recuar, voltando discretamente para a sala de aula, mas, para o meu azar, Li havia me visto, transmitindo essa informação à Ambre.

– Ora, se não é a pequena Chiara. – anunciou a loura.

– Ela estava tentando fugir de você, Ambre. – falou Li.

– Ela tem medo de você, Ambre. – riu Charlotte.

Eu suspirei e revirei os olhos, tentando aliviar a tensão enquanto elas riam. Virei para voltar à sala, mas Ambre me impediu, barrado o meu caminho.

– Soube que o seu namoradinho foi embora. – provocou. – Aposto que você chorou a noite toda por causa disso.

As risadas ecoaram novamente pelo corredor.

– Ken não é meu namorado. – falei. – E mesmo se fosse, não é da sua conta. Agora, saia da minha frente.

– Você se acha muito especial, não é mesmo, Chiara. – disse Ambre, aproximando-se mais de mim. – Seria muito bom se você fosse embora para outro colégio, assim, deixaria o meu Castiel em paz.

– Por que, Ambre? – retruquei. – Você não se garante?

Ao dizer isso, percebi pela face vermelha de raiva da loura que eu havia ido longe de mais. Como resposta, Ambre começou a gritar no corredor para que todos escutassem:

– Chiara! Você está me paquerando?

– O que? – perguntei confusa.

– Eu não sinto atração por pessoas do mesmo sexo. – continuou Ambre a falar em voz alta. – Por favor, peço respeito da sua parte.

Para ficar pior, Peggy estava por ali escutando tudo. Resultado: no outro dia eu era manchete do jornal da Sweet Amoris. O título da matéria era : “Lésbica incontrolada”.

– Como você pôde fazer isso comigo, Peggy? – perguntei, após ler a matéria.

– Desculpe-me, Chiara. – explicou-se a garota. – Mas o jornal da escola estava meio parado nos últimos dias, então vi uma ótima oportunidade na cena que presenciei ontem.

Eu a fuzilei com os olhos, mas Peggy não notou, ou fingiu não notar, pois persistiu com o assunto.

– Me diga uma coisa: – falou ela, aproximando-se de mim. – Você está apaixonada pela Ambre? Naquele momento você estava pedindo para sair com ela? Ou estava pedindo para namorá-la?

Eu bufei de raiva, virando as costas para Peggy e suas perguntas estúpidas.

Por um bom tempo, fiquei conhecida como a lésbica da escola. Precisei explicar mil vezes que fora tudo armação daquela pestinha da Ambre.

– Então você é gay como eu, Chiara? – Alexy me provocava, com um sorriso travesso no rosto.

– Eu já disse um milhão de vezes que sou hétero! H-É-T-E-R-O! – protestava eu. – Nada contra os gays, Alexy, mas é que eu não sou lésbica.

– Calma, calma! – tentava me controlar Alexy. – É só uma brincadeira.

– Já estou farta dessa brincadeira. – contestei.

Aos poucos, graças às novas fofocas que surgiam em Sweet Amoris, o meu suposto lesbianismo foi caindo no esquecimento, trazendo-me a paz novamente.


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