Na Melodia do Amor escrita por J R Mamede


Capítulo 16
Capítulo XVI




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Além do Show de Talentos, Sweet Amoris estava empolgada com o Baile de Formatura do final do ano.

Nem acreditava que estava prestes a sair do colégio e ingressaria em uma Universidade no ano posterior. Isto é, caso a Universidade de meu interesse me chamasse para ser uma de suas novas integrantes.

Enquanto aguardava ansiosamente pela carta de confirmação da Universidade, também estava animada com o baile.

Apesar de não ser tão adepta às festas, eu enxerguei no baile a minha oportunidade de ficar mais perto de Castiel, de conhecer melhor o ruivo.

Já não podia negar mais: estava começando a me apaixonar pelo “Senhor Encrenca”.

Eu via pelos corredores do colégio casais se formando para a tão grande festa de formatura. Estava em meu armário, fingindo que procurava algo, pois, na verdade, aguardava Castiel aparecer.

Estava decidida: caso o ruivo não me convidasse ao baile, eu quem iria entrar em ação.

Para a minha tristeza, Castiel não foi ao seu armário. Como ainda faltavam alguns minutos para a aula começar, resolvi ir à caça ao ruivo no local costumeiro: o pátio.

Fui até o banco em que virara o meu local sagrado para as minhas leituras. Como eu sabia que Castiel se ocultava por ali para fumar, fui procurá-lo em seu esconderijo preferido.

Porém, para a minha insatisfação, Castiel não estava por ali também.

Voltei para o meu armário, com a esperança de encontrar o ruivo.

Desta vez nossos caminhos foram cruzados.

Andei em sua direção. Castiel estava virado para o seu armário, retirando alguns pertences que ali habitavam.

– Oi, Castiel. – cumprimentei-o.

– Oi. – respondeu distraidamente o ruivo.

Ao virar seu rosto, percebi que Castiel estava com um semblante triste e amargurado.

– Está tudo bem com você, Castiel? – perguntei ao reparar em seu aspecto.

O jovem demorou a responder; estava distante e preocupado com algo. Conseguia sentir a tensão em suas expressões, mas, apesar de tudo, respondeu-me que estava bem.

Obviamente, eu não acreditei, porém, não queria insistir, muito menos deixá-lo irritado.

Percebendo que o rapaz não comentava nada a respeito do baile, resolvi puxar conversa sobre o assunto, na tentativa de conseguir algo com êxito.

– Você soube do baile? – comentei de forma casual. – Parece bem legal, não acha?

Castiel fitou-me firmemente, deixando transparecer sua agonia.

– Baile... – repetiu com desprezo.

– Não gosta de festas? – insisti.

Novamente Castiel cravou em mim um olhar de angústia, mas, desta vez, com certo melodrama e ternura.

– Eu quero falar sobre o baile com você, Chiara. – disse o ruivo.

Meu coração começou a disparar. Finalmente, Castiel iria me convidar ao baile e iríamos ser um casal; conheceríamo-nos melhor e já sonhava com o tão desejado beijo.

Enquanto eu romanceava em minha mente as cenas que poderiam acontecer brevemente em minha vida, Castiel possuía certa dificuldade para prosseguir. Após adquirir coragem, o rapaz disse:

– Chiara, - começou com relutância. – gostaria muito de ir ao baile com você.

Eu sorri animadamente, feliz com a declaração.

– Mas não posso. – continuou, fazendo meu sorriso bobo desaparecer de minha face. – Eu já tenho companhia.

Não acreditava que Castiel havia convidado outra pessoa para ir à festa.

Senti-me a garota mais idiota do mundo. Como podia pensar que um dia Castiel se apaixonaria por mim? Garotos como ele nunca se apaixonavam.

Minha tristeza aumentou quando percebi que nem ao menos ele insistira na ideia de me beijar um dia. Eu devia ser repugnante demais para o ruivo; não valeria a pena ter qualquer tipo de relacionamento com alguém como eu.

Evitando que lágrimas caíssem em meu rosto, para que a humilhação em frente a Castiel fosse maior, perguntei com dificuldade:

– E com quem você vai?

Castiel suspirou e, com aversão, citara o nome mais terrível que habitava Sweet Amoris, deixando-me ainda pior:

– Ambre...

Ele já não conseguia mais olhar para mim. Encarava seus pés, parecendo desconfortado com tudo aquilo.

Eu estava com raiva e magoada.

– Divirta-se no baile. – menti.

Sai da presença de Castiel, controlando as lágrimas que insistiam em cair. Quando as primeiras gotas caíram em minhas bochechas, enxuguei-as com raiva.

Fitei minhas mãos molhadas com o choro, furiosa por deixá-lo surgir.

– Não vale a pena... – murmurei.

***

Eu inventava notas musicais em meu piano. Sons tristes e depressivos, refletindo o estado emocional em que minha alma se encontrava.

Enquanto apertava as teclas com meus dedos, não conseguia deixar de pensar no desgosto que havia tido com Castiel me dizendo que iria ao baile com a Ambre.

Não me conformava e nem entendi o motivo.

O abatimento foi completo quando a imagem de minha mãe surgiu. Comecei a pensar nela e não contive o choro.

Debrucei-me sobre as teclas, fazendo-as tocarem um som forte e desafinado. Escondi meu rosto em meus braços entrelaçados para abafar o meu pranto.

Chorei todas as aflições que carregava na alma.

Enquanto me lamentava por tudo e sentia saudades angustiantes, saudades do que perdi e do que nunca me pertencera, senti uma mão acariciando meus longos cabelos dourados.

Em um sobressalto, levantei meu rosto e presenciei a imagem de uma mulher alta e bonita, a qual me olhava com ternura e amor.

Não sei o porquê, mas não tive medo dela e nem me perguntei como ela havia entrado em minha casa.

Apenas deslumbrava-me com a figura esguia da mulher loura, tentando recorda-me de onde a conhecia, pois seu rosto era-me muito familiar.

A resposta apareceu quando eu olhei para o aparador que ficava em um canto da sala e, sobre ele, havia o telefone, um abajur e alguns retratos. Dentre eles, a foto de uma linda mulher sorridente se destacava: o de minha mãe.

Percebi, então, a semelhança entre a mulher que afagava meus cabelos e a minha mãe. Mas não era mera semelhança: a mulher era a minha mãe.

Olhei-a fixamente e perplexa. Ela retribuía meu olhar com seu sorriso encantador.

– Mãe. – chamei-a.

Ela foi distanciando-se e desmaterializando-se aos poucos.

– Mãe! – gritei.

E ela sumiu por completo.

– Mãe!

Acordei com o meu grito, sentindo o suor em minha testa.

O sonho parecia tão real, que não pude conter as lágrimas. Eu nunca havia sonhado com a minha mãe antes, principalmente um sonho tão real quanto este, o qual cheguei até a sentir as mãos delicadas dela passarem em meus cabelos.

Olhei para o relógio e ele marcava em verde 03h43min da madrugada. Não conseguia mais dormir, mas, estranhamente, estava inspirada em tocar uma música. Aliás, estava inspirada em criar a minha própria canção.

Desci as escadas a passos leves, para não acordar o meu pai. Se bem que ele dormia feito uma pedra, não acordava com tanta facilidade. Por isso, nem me espantei quando eu acordei aos gritos com o sonho que tivera e meu pai não ter aparecido em meu quarto. Ele não acordaria nem se uma banda de fanfarra tocasse ao seu lado.

Avistei o piano na sala e fui a sua direção. Antes, peguei um bloco de notas e um lápis em uma mesa de canto que ficava próximo ao sofá.

Sentei-me ao banco que ficava em frente ao piano. Fechei os olhos e comecei a relembrar do sonho e de minhas decepções recentes com Castiel.

Meu indicador apertou a primeira tecla que encontrara, fazendo-me ter as primeiras ideias de melodias para a minha composição e, logo em seguida, o primeiro verso.

O som foi surgindo em minha mente e sendo solidificado no piano. Os versos foram surgindo fazendo, assim, a letra da música aparecer nas folhas do bloco de notas.

O lápis escrevia freneticamente na folha, rabiscando, às vezes, as palavras que não eram coerentes com a canção.

Por fim, quando a melodia e a letra estavam concretizadas, faltava-me o nome de minha primeira composição.

Olhei para o retrato sorridente de minha mãe e depois meus olhos passaram para o retrato em que ela e meu pai estavam juntos. Foi então que eu soube qual seria o nome da música de minha autoria e acrescentei o último e importante verso de minha canção.

O lápis rabiscava o papel, formando as seguintes palavras:

”Na Melodia do Amor”


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