– Ai! – disse Alex.

– Pare de se mexer, se não vai doer – disse a mãe de Douglas.

– Mas já está doendo!

Lara – este era o nome da mãe de Douglas – estava passando água oxigenada na perna de Alex para desinfeccionar e poder enfaixa-la, porém parecia doer mais do que quando atiraram na perna.

Douglas ainda estava desacordado. Sua mãe havia o posto no quarto dele enquanto ela, Alex, Chris e Sarah foram para a lavanderia, onde tinha os medicamentos necessários para cuidar da perna de Alex.

– AI!! – gritou Alex – merda, por que você não amputa a minha perna logo?

– Qual é Alex, nem é uma ferida tão ruim assim – Chris disse e ao se reclinar por cima do ombro de Lara para ver a perna continuou – quer saber? Retiro o que eu disse.

Após Lara terminar, Alex sentiu-se aliviado. Logo Lara e os agentes ouviram passos vindo em direção à lavanderia e viram Douglas aparecer.

– Será que você poderia gritar mais baixo? – disse ele – tem gente querendo dormir.

Lara abraçou Douglas e logo depois ele disse:

– Vou reconsiderar a minha opinião e conceder a vocês a graça de terem a minha ajuda.

– Então você sabe onde fica A Organização? – perguntou Chris.

– Sei. – disse Douglas e após uma breve pausa prosseguiu – quer dizer, mais ou menos. Eu tenho uma ideia de onde é, mas não tenho muita certeza.

– Já é o suficiente – disse Alex – bem, o que estamos esperando? Vamos logo!

Alex tentou ficar em pé, mas a perna começou a doer e ele acabou caindo. Sarah e Chris o ajudaram a ficar em pé, porém por causa da dor o colocaram na cadeira onde ele estava sentado de novo.

– Você precisa descansar – disse Lara – não entendo bem o que vocês vieram fazer, mas você não vai conseguir fazer muita coisa nesse estado.

– Ela tem razão Alex – disse Sarah – você precisa descansar.

Alex abaixou a cabeça e disse:

– Ótimo, agora sou um peso morto.

Sarah pôs a mão no ombro dele e falou:

– Nada disso! Alex, nós nos preocupamos com você e não queremos que nada de ruim aconteça.

– Isso mesmo – disse Chris – você nos ajudou bastante Alex, nos incentivou quando a gente não tinha consolo, sempre fez uma porrada de coisas para a gente, mas não significa que você tem que levar tudo nas costas.

O garoto olhou para Chris e Sarah e se sentiu agradecido por ter eles dois como amigos. Alex não disse, mas eles foram também de grande ajuda para ele. Enquanto todos davam as costas a ele, lá estavam os dois para levantar ele.

Alex sorriu.

– Valeu galera – disse ele.

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Lara sugestionou que os três passassem a noite lá mesmo, já que estava tarde e eles estavam mortos de cansaço. Eles queriam chegar na Organização e salvar a todos o mais rápido possível, mas como não iriam muito longe na condição que estavam logo decidiram concordar e ficar na casa por aquela noite.

Eles jantaram com Douglas e sua mãe – Douglas parecia muito mais calmo do que quando eles haviam chegado lá, ele ainda tinha seus momentos doidos, mas agora eram poucos – e se dirigiram ao quarto de hóspedes.

O quarto era tão grande que valia por dois. Havia um beliche e duas camas normais ao lado, um grande armário, uma escrivaninha e outras coisas jogadas pelo quarto. Sarah ficou no beliche e Chris e Alex ficaram nas camas normais que com certeza eram menos confortáveis que o beliche.

Alex não parava de pensar em Pablo. Se ele havia sido capturado isso significava que não era ele o traidor e que um dos três era o informante da Organização.

Mal ele sabia que Chris e Sarah também tinham esse pensamento na cabeça e que também tentavam ao máximo tira-lo da cabeça. Se era um deles então quem seria? Alex se arrependia ao pensar que o traidor fosse Chris. Fazia sentido, ele havia tido a memória apagada, e se foi propositalmente para que ele entrasse na S.I.O.R.C.? E se não fosse só Chris como também Sarah? Eles podiam ter revelado a localização da agência enquanto Alex estava desmaiado. E se...

Alex tirou esses pensamentos da cabeça. Ele não queria pensar naquilo naquele momento, ele só queria dormir e torcer para que estivesse errado.

Ele se deitou na cama nada macia – mas que para alguém quase morto de cansaço era mais do que o suficiente – fechou os olhos e não demorou até ele adormecer.

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Após Alex cair no sono Lara veio e apagou as luzes assim que os outros dois agentes se deitaram, porém Chris e Sarah continuaram acordados. Chris fitava o teto enquanto Sarah olhava para ele.

– Não consegue dormir? – disse ela baixinho.

– Não – disse ele também baixo para não acordar Alex – não consigo parar de pensar no que vou encontrar quando chegar na Organização.

Chris fez uma cara de desgosto.

– Ainda sinto uma dor atrás dos olhos quando falo esse nome – disse ele.

– E se você descobrir quem você é?

– Por isso eu estou desse jeito, quem será que eu era? Como era a minha vida? – ele suspirou e prosseguiu – olha Sarah, eu nunca te disse isso, mas um ano atrás, quando minha memória tinha acabado de ser apagada, às vezes eu sentia uns lampejos de lembranças, normalmente eram apenas imagens aleatórias, mas para mim já era alguma coisa. Só que agora, um ano depois, essas imagens parecem distantes e embaçadas e eu não consigo mais me lembrar ou distinguir o que elas eram. Elas pararam de aparecer já faz uns quatro ou cinco meses ficando cada vez mais espaçadas e indistintas até pararem de aparecer nesse período. Isso me deixa triste, era tudo que eu tinha da minha vida antiga e agora... Eu sinto como se não tivesse mais nada que me ligasse com a minha vida passada, apenas o ódio pela Organização, por apagar as minhas memórias.

Chris se calou, mas Sarah esperou ele continuar, ela gostava de escutar ele falando sobre o que sentia, ele era o primeiro garoto que ela conhecera que não tinha medo de mostrar seus sentimentos e Sarah gostava disso nele.

– Mas isso não importa – disse Chris.

– Como assim não importa? Chris, essa é a sua vida – disse Sarah.

– Não é isso, digo, eu não me importo mais se vou encontrar as minhas memórias ou não, só quero destruir a Organização pelo o que ela fez comigo, mas não sei se quero voltar para minha vida antiga, mesmo se pudesse. Após um ano nessa situação eu me acostumei a ser Chris Parker, acho que a minha vida é aqui, ao lado de vocês, do Alex e... De você.

Sarah ficou calada. Os dois se encaram por um tempo, suas camas eram próximas uma da outra, então Sarah estendeu a mão e Chris a pegou e eles ficaram ali, deitados um ao lado do outro se encarando com um sorriso no rosto de mãos dadas por um tempo até ficar tarde e eles adormecerem.