Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 62
Capítulo Dezenove - Ato de Amor


Notas iniciais do capítulo

Maratona!♥



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— Infelizmente você não tem escolha, Sr Hayes.
Sra Shermansky, melhor, Elizabeth Maria Shermansky o olhava com os olhos pequenos atrás dos óculos enormes, o cabelo grisalho como sempre num coque bem feito, o corpo um pouco acima do peso, sendo sutil.
Castiel passou a mão pelo belo rosto, estava sentado de frente para a mesa da mulher, a cabeça ainda doía por causa do acontecimento no dia anterior. Seu semblante era sérios, os olhos escuros estavam semicerrados, os dentes trincados. Ele apoiou a mão fechada em punho na mesa da diretora, mas não pronunciou nada além.
— E o que acontece se eu me fizer ter escolha? — suas voz era dura e decidida.
A mulher arregalou os olhos pequenos e ps lábios projetaram um pouco mais a voz. Ela gritava. — Eu já disse que o senhor não tem escolha! Não me faça falar de novo!
— A senhora não respondeu minha pergunta. — apesar de tudo, manteve-se calmo, o que não era de seu feitio. O cenho franzido e as sobrancelhas duras mostravam o contrário de suas ações, aquilo provava que Castiel estava no auge do seu controle.
— Caso se recuse, o senhor não irá se formar e o diploma de ensino médio é precisaremos chamar seus pais. — ela cruzou os braços sobre o peito farto sob o vestido de uma cor rosa enjoativa e estranha como ela. — Fui clara agora?
— Eu já desconfiava disso. — o ruivo revirou os olhos e levou a mão sob o queixo. — Está certo então que se eu participar dessa ladainha, ficarei livre ?
— Prometo que se formará. — Sra Shermansky ajeitou os óculos de costureira sobre o rosto, em seguida pousou as mãos sobrepostas sobre a mesa. Sua sala tinha uns tons róseos tão enjoativos quanto seu vestido, ela sentava-se em uma cadeira aveludada e bem acolchoada de cor salmão, as paredes eram de um rosa um pouco escuro, havia detalhes em branco e o piso era bege. Aquela era a sala mais ridículo que existia em Sweet Amoris. Tudo tinha cheiro de lavanda e nõa era difícil sentir náuseas com tanto rosa.
Castiel passou a mão sobre o rosto. Teria de aceitar. Só depois, poderia decidir sua vida.
***
— Se pararmos para pensar, não consigo acreditar que o ano está passando tão rápido. — Rosa mordeu com delicadeza o sanduíche que retirara da bolsa. Era algo bem light feito de um pão fino que mais parecia uma folha de papel. Natsumin balançou os ombros. O tempo não a impressionava tanto assim.
— O que está acontecendo? Está tão calada ultimamente... — Rosa reparou na menina sentada com os olhos baixos, a franja agora maior tapando seus lindos olhos e ela sem dar a mínima importância com as mãos sob o queixo e os joelhos apoiados nas pernas dobradas. Estavam sentadas na beirada da fonte de Sweet Amoris, Rosa estava animada porque a Sra Shermansky havia anunciado que estavam chegando ao final do ano letivo e como estavam no último ano do ensino médio, já estava chegando o momento de organizarem a formatura e, o mais importante, o baile de formatura. Natsumin sentia-se desanimada com a notícia, mediante as circunstâncias pela qual vinha passando sua vida, tudo parecia desimportante e não era difícil adivinhar que Rosa estavam ali ao seu lado, como nos velhos tempos, apenas porque Ayuminn havia faltado. Não sabia o que havia acontecido, não se atreveria a perguntar. Mas aquilo novamente a lembrava de seu passado, de como foi uma grande amiga de Ayuminn e de Tsubaki, de como conseguiu estragar tudo para condenar-se para sempre, mas inevitavelmente foi fraca e não teve sucesso ao tentar se isolar. Lembrou-se de Alexy, Armin, de Rosa, é claro e tudo a mostrava amargamente que o que fizera para tirar seus amigos de sua vida foi em vão. Era difícil lembrar de seu passado, mas seus amigos não sabiam do que acontecera com seus pais, não é mesmo? Ela e a tia haviam feito o possível para queimar as cópias dos jornais que trouxeram a notícia, na época a madrinha namorava o dono de um dos maiores jornais da cidade e com participação em todos os outros, então não fora difícil ocultar informações pessoais da queda do avião. Principalmente fotos. A notícia apenas foi dada vagamente, Natsumin sequer podia adivinhar como Ambre e Viktor conseguiram aquilo no dia em que a humilharam.
— Rosa, já fez algo do qual se arrependeu com todas as suas forças? — Natsumin não respondeu à pergunta da menina e agora parecia um pouco mais estranha. Como se uma áurea azul como a tristeza, azul como seus olhos pairasse em seu rosto. A menina abraçou as pernas e Rosa contorceu os lábios. Aquela era uma pergutna bem estranha.
— Bom, pra ser sincera sim. — Rosa perdeu a fome, então enrolou o sanduíche e o colocou de volta na bolsa. Apoiou a mão no ombro de Natsumin. — Todos nós já fizemos. — deu um sorriso doce. — A questão é o que fazemos para nos redimir.
Natsumin encarou o pátio quase vazio, parece que mutias pessoas resolveram faltar nessa segunda-feira nublada. Tudo parecia triste e cinza, como seus pensamentos. Algo dentro dela que não era a rebelde a dizia para fazer algo, a redenção era o que buscava desde o começo enquanto se culpava. Precisava dar um jeito nisso, aquela noite a mostrou que estava perdendo o que mais queria, estava perdendo ele. Sentiu vontade de chorar nesse momento, se os olhos lacrimejaram, seria um segredo só seu. Ela tinha vontade de voltar atrás e dizer a ele o que sentia, mas aquele não era o seu maior arrependimento, havia muitos outros. A rebelde sequer teve tempo de despertar antes de desvanecer. Ela precisava decidir. Precisava falar com Ayuminn, precisava pedir perdão à Tsubaki, havia prometido isso à Alexy e Armin, seus melhores amigos. Precisava consertar tudo com as duas antes de decidir o que fazer com sua vida. Sentia que quanto mais se aproximava de Castiel, mais também se aproximava de quem realmente era e isso era ruim, apesar de irreverente. Precisava aproximar-se de seu passado para esquecer-se um pouco de seu presente. Usaria novamente sua dor como arma, mas sem se afastar dela e, é claro, sem trazer sua maior dor à tona. Talvez isso a fizesse melhor. Talvez isso a fizesse mais forte para finalmente afastar-se dele. Sua infelicidade era a redenção e não voltaria atrás. Talvez a rebelde não fosse puramente seu mal. Talvez fosse ela realmente a arma para afasta-la definitivamente de Castiel.
— Olha, Natsumin. — Rosa apertou a mão em seu ombro o que fez a menina virar bem o rosto para olha-la nos olhos. Ao ver Natsumin daquele jeito podia sentir que ela escondia algo e isso a lembrou da promessa que havia feito à Ayuminn. A menina não pôde vir hoje porque pegara uma baita gripe no fim de semana, mas Rosa sentia que, de alguma forma aquele era o momento certo para ajuda-la e não poderia desperdiça-lo. — Há uma aluna nova que considero muito. — Natsumin apertou os olhos, de alguma maneira sentia que Rosa podia ler seus pensamentos. — Você deve saber, ela se chama Ayuminn, disse que uma vez foi uma grande amiga sua. — Natsumin voltou o rosto para frente novamente, escondendo-o de Rosa. Apesar da decisão em sua cabeça não conseguia conter a emoção que sentia naquele momento. Sentia seu destino ganhando novos rumos. Tudo o que vinha planejando, como precisava afastar-se de Castiel e aproximar-se novamente de quem uma vez foram suas melhores amigas e em seu coração nunca deixariam de ser. — Não faz essa cara, vai. Eu sei que tem assuntos pendentes com ela e uma tal de Tsubaki. Bom, Ayuminn está doente — Natsumin arregalou os olhos nesse momento e voltou a encarar Rosa. Como pde ter sido tão egoísta? — Não é nada de mais — Rosa notou sua reação. — Mas se se importa com ela, como está parecendo, você sabe que eu gostaria de saber mais, mas te respeito apesar de tudo. Fico um pouco triste porque me parece que você não confia em mim e você precisa ter mais confiança nas pessoas, Natsumin. — Rosa retirou a mão do ombro dela e cruzou os braços. — Há tanto sobre você que ninguém sabe, não é? Você é um pequeno enigma. — Natsumin deixou escapar um triste sorriso nesse momento. — Mas seus olhos não mentem. Vem comigo, a Ayuminn trabalha lá na casa do Leigh, onde, a propósito também moro de vez em quando, pra não dizer a maior parte do tempo. — ela sorriu. — Talvez tenha chegado o momento, Natsumin e talvez um dia você ainda me conte tudo.
A menina não conseguiu conter a emoção e os olhos lacrimejantes olharam para Rosa como os de uma criança abandonada de indefesa. Ela abraçou a garota com força, o cabelo negro caindo em seu rosto e as lágrimas dos olhos. Rosa devolveu o abraço e esperou um tempo.
— Pode chamar Tsubaki também? — Natsumin pediu com a voz baixa. — Fiz uma promessa aos gêmeos e irei cumpri-la.
— Oh, por que Alexy consegue as notícias antes de mim? — Rosa fez um biquinho. Natsumin sorriu.
***
— Tsubaki?
A menina estava sozinha no vestiário. As luzes estavam apagadas, as persianas fechadas. Ela tinha o semblante leviano, apesar de triste. Os cabelos castanhos caíam para trás com um arco vermelho e ela usava o uniforme de educação física que, convenhamos, era um pouco sexy. Nathaniel engoliu em seco, de alguma maneira Tsubaki o intimidava um pouco e era inevitável olha-a e não lembrar-se do que acontecera na academia onde treinava boxing. O loiro ruborizou um pouco. A menina apenas voltou os olhar para ele, Nathaniel reparou que ela não tinha material. Apenas estava ali, sozinha.
— Por favor, não diga que fugi da educação física. — ela levantou os olhos para ele, os lábios quase fazendo um biquinho.
— Bom, isso poderia te tirar alguns pontos. — ele passou a mão pela testa, apesar de odiar dar aquele tipo de advertência, era preciso porque... Bom, porque... Ele tinha quer ser o garoto certinho, tinha que fazer seus deveres de representantes, não poderia...
— Isso não importa mesmo. — ela balançou os ombros, abraçando as pernas. Estava sentada em um dos bancos de mármore presos à parede. Levantou o rosto e reparou que Nathaniel estava... Engoliu em seco. Nathaniel estava... De toalha. Jesus, apaga a luz. Não, já estava apagada. Jesus, então a apague porque as coisas estão ficando quentes. Tsubaki escondeu o rosto nas pernas. Ah, é claro, estava olhando pelas brechas. Sua visão noturna se aperfeiçoava quando a visão era bela.
— Bem, o vestiário é unisex e os horários são separados. — Nathaniel pontuou e foi se afastando aos poucos. — Não quero parecer rude, mas, eu preciso...
— Não precisa dizer mais nada. — ela levantou-se um pouco chateada com a situação, Nathaniel parecia um pouco frio depois do que acontecera entre eles e ela não estava com paciência para argumentar apesar de ter certeza de que ele era... Ele era um Deus em forma de aluno do ensino médio e ela precisava se concentrar em como conseguir... Como falar com Natsumin e o mais importante, sem chorar. — Eu acho que consigo reparar que você está pronto pra usar o chuveiro. — soltou sem pudor, apesar de o coração disparar. Se era um gelo que Nathaniel queria, era um gelo que ela daria!
O loiro ruborizou nesse momento e isso não pôde ser visto na escuridão até que Tsubaki abriu a porta e a bateu com força. Ele soltou a respiração que prendia, não demonstrara, mas naquele moemento teve vontade de repetir o que acontecera na academira de luta. Mas era melhor não se envolver, havia segredos em sua família que não queria que ninguém soubesse, poderia se comprometer. Abaixou a toalha e entrou no chuveiro. Marcas roxas formavam-se nas sombras em suas costas e não eram resquícios da luta que fazia.
***
— Você me parece preocupada.
Lysandre falara com firmeza, os olhos heterocrômicos nos de Natsumin. Tinha os braços cruzados sobre o peito, estava no banco de trás junto à menina enquanto esperavam o retorno de Rosa que estava em busca de Tsubaki. Leigh estava do lado de fora do carro, apoiado na porta. Não era possível. Como tudo parecia vir tão claro em sua cara? Será que havia algo em sua face, sera que estava falhando em esconder-se por trás de sua máscara?
— Está tão evidente assim? — Natsumin franziu levemente o cenho, a voz saiu baixa.
— Está sim. — ele deu um sorriso leve sem mostrar os dentes.
— Algo me diz que você sabe o motivo, Lysandre. — Natsumin foi direta, às vezes isso funcionava com a inibição de Lysandre.
— Talvez imagine. — ele foi invasivo como sempre. — Mas não é isso o que importa no momento.
— Sabe por que estou indo à sua casa hoje, então.— ela passou a devolver o olhar ao rapaz, que desviou, olhando para a janela.
— Não é exatamente da minha conta. — Lysandre mudou o semblante e passou a ficar mais sério. — Mas sei que você é amiga dela e imagino que ela a considere também. — ele abriu novamente o sorriso pequeno sem mostrar os dentes. Naquele momento lembrou-se de Ayuminn desconfortável ao ser interrogada por Rosa sobre Natsumin no dia em que foram à casa de Castiel.
— Como sempre, você é conveniente. — Natsumin devolveu o sorriso. Nesse momento a porta do carona se abriu e Rosa entrou.
— Encontrei a danadinha saindo do vestiário. Acho que ela estava esperando por esse momento, Natsumin, espero que esteja pronta. Deixei nosso endereço com ela.
Natsumin respirou fundo, Leigh entrou e ligou o carro.
***
Quando chegaram a casa estava estranhamente desligada, as portas e janelas fechadas, mas o hall, os quartos, a cozinha, tudo estava desligado. Leigh estacionou e desligou o carro, o cenho franzido acima dos olhos negros. Lysandre fez o mesmo e olhou para o irmão e os dois aproximaram-se do portão principal a passos calmos e furtivos. Rosa saiu do carro e Natsumin também não hesitou ao fazê-lo a menina tentou se aproximar, mas Rosa a conteve.
— Calma, Nats, é melhor ficarmos aqui até sabermos o que está acontecendo. — Natsumin encarou-a e contrariando suas vontades cruzou os braços e encostou-se ao carro. Uns cinco minutos depois Leigh e Lysandre retornaram, mas havia dois homens junto com eles.
Rosa arquejou e era claro o desespero em sua face. Um deles tinha uma pistola nas mãos e a segurava na cabeça de Leigh enquanto a outra mãos segurava os pulsos do rapaz em suas costas. Lysandre vinha acompanhado de outro rapaz, mas este tinha apenas uma faca de cozinha ameaçando seu pescoço, embora fosse perigoso, não era tanto quanto um revólver. Lysandre mantinha o semblante calmo, mas fez sinal com os olhos para Natsumin, que entendeu o recado. Percebendo que os homens não as viram, Natsumin puxou Rosa para baixo e se esconderam abaixo do veículo.
— Rosa, me prometa que não falará nada. — Natsumin colocou a mão na boca da amiga, que quase gritara. — Eu vou pedir ajuda, prometo, mas eles não podem aber que estamos aqui.
Passos aproximaram-se na grama. Rosa reconheceu os sapatos de Leigh. Era ele e o homem que o segurava.
— Tem certeza que mais ninguém veio junto, não é? — ouviu a voz do namorado dizer "sim". — Agora vamos entrando porque tudo que queremos é o cofre. — Rosa desesperou-se com os passos se afastando e Natsumin apertou ainda mais a mão em sua boca com força. Sabia que a estava machucando, mas isso valeria a pena depois.
— Rosa, se eles descobrirem que Leigh mentiu vão mata-lo, está me entendendo? — Natsumin falou secamente. — Você precisa se acalmar. Eu vou solta-la, mas preciso que me prometa que vai ficar aqui comigo. Aqui embaixo até o socorro chegar.
Rosa assentiu com a cabeça e Natsumin soltou-a. A menina chorava a ponto de soluçar. — Vai ficar tudo bem, Rosa. — Pegou o celular no bolso. — Qual o número par chamar a polícia, Rosa? — Natsumin parecia calma, mas seu coração disparava. Sua amiga também corria perigo, Lysandre, uma pessoa de quem gostava muito, apesar de trocarem poucas palavras, também corria perigo. O mesmo acontecia com a namorada de sua amiga. Mas ela precisava vestir a máscara da coragem, não estava em si entregar-se às emoções.
— Eles mudaram recentemente, o antigo sofreu fraude. — Rosa soltou entre choro.
— Ah meu Deus. — Natsumin vagava os olhos pelo celular e só uma pessoa vinha em sua mente.
Castiel.
***
Natsumin.
Porcaria, não sabia o que estava acontecendo, mas de alguma maneira não conseguia tira-la de seus pensamentos. Sentia uma forte vontade de vê-la, mas ao mesmo tempo queria nunca mais ter de fazê-lo, Natsumin aparecera como uma tempestade em seu caminho e apesar de tudo sentia que não podia voltar atrás e mudar o que acontecia entre os dois. Era simplesmente irreverente. Quando trocavam olhares, quando se aproximavam, sentia faíscas. "And if you shoul ever leave me I will crumble". Mas por que ela o rejeitava tanto? Nunca admitiria, mas se, naquele dia, se ela o aceitasse, se ela o dissesse qualquer palavra ele desistiria da ideia que tinha em mente. Desistira de tudo para tê-la.
Droga, o que estava pensando? Não desistiria de nada por uma garota. Muito menos Natsumin, uma garota tão teimosa, orgulhosa. Ele já tinha seus planos em mente, precisava adianta-los mas a Sra Shermansky vinha com essa droga dessa ideia de m3rda de formatura. Aquela noite filha da mãe, aquele encontrinho ridículo que Debrah armou servira para abrir seus olhos. Sozinho ele pensara diversas vezes consigo mesmo de que tudo o que precisava era pensar em si e ponto. Natsumin estava muito bem com aquele outro cara, não estava? Ela parecia bem. E, afinal, ela era bonita. Não, ela era linda. Conseguiria o cara que quisesse, incluindo os que já tinha aos seus pés embora não percebesse. O viciadinho era um deles.
Ah, m3rda! Que droga de desejo era esse que o fazia querer agarra-la naquele momento? Que droga de ansiedade é aquela que o fazia lembrar-se do beijo que ela o deu naquela noite no restaurante? Talvez a pequena orgulhosa tenha feito isso em troco do beijo de Debrah.
— Ainda bem que te encontrei, gatinho.
E por falar nela...
O ruivo permaneceu em silêncio, os braços cruzados, os olhos em seu lugar preferido de Sweet Amoris. O esconderijo no terraço. De lá tinha a visão da cidade e de boa parte da escola e gostava de ficar sozinho ali. Naquele momento o pátio estava quase vazio, as pessoas iam embora aos poucos. Lysandre quisera conversar com ele hoje, mas Castiel esquivou-se. Não estava a fim.
— Queria que me desse uma resposta. Não precisa assinar nada agora, só... queria ouvir de você. — ela aproximou-se e abraçou-o por trás. De alguma forma aquilo lembrou-o dos velhos tempo e sentiu um aperto no peito.
— Não precisa pedir. — ele virou-se de frente para ela.
— Isso significa que virá comigo? — ela abriu um largo sorriso.
— Isso significa que já tenho a resposta. — ele respondeu sério, mas Debrah continuou a sorrir. Algo a dizia que a resposta era favorável a ela.
Naquele momento o celular do ruivo tocou. Era uma mensagem de texto. Natsumin. O rapaz arregalou os olhos. Desvencilhou-se dos braços de Debrah.
— Gatinho, o que houve? — Debrah o viu correr para as escadas e desce-las descontroladamente rápido. — Castiel!?
***
— Olha, o que temos aqui. Você sabe onde está o cofre, não sabe?
A cabeça dela doía e não conseguia raciocinar direito. O corpo suava e estava absurdamente quente, os olhos queriam se fechar mas sequer tinham força para fazê-lo. Um terceiro homem de preto e com uma máscara de bate-bola apertava com força seu braço e aquilo doía muito. Ele puxou-a da cama para cima, mostrando o vestido curto de seda e alças que usava para dormir. O homem aproximou-se dela, ele cheirava a álcool e a menina acreditava estar num pesadelo, mas os olhos tinham lágrimas quentes como o corpo.
— Você sabe o que posso fazer com você aqui, garota? — apertou mais seu braço. — Hein?
— E-eu.... — sua voz era baixa e fraca. Falar fazia seu peito doer. — N-ão.... s-sei... — o homem soltou-a novamente na cama e Ayuminn sentiu todo o corpo tremer, aquilo provava que não era um sonho. O homem aproximou-se, estava com um facão de cozinha na mão e jogou- no chão para posicionar-se sobre a menina.
— Você está mentindo. — o cheiro de álcool a deu ânsia de vômido e a voz dele era esquisita, saía quase cuspida, arranhada, era horrível. — Vai ter o que merece. — ele passou a mão pela coxa nua dela. — Ayuminn mesmo sem força tentou empurra-lo para trás, mas o homem segurou seu braço. Naquele momento chegaram os outros dois junto a Leigh e Lysandre. Ayuminn tinha o rosto vermelho de febre e choro. Lysandre deparou-se com aquela cena, o homem sobre a garota, uma mão em sua perna, a outra indo para seu pescoço. O rapaz não conteve a fúria e avançou, desvencilhando-se dos braços do que estava armada com uma faca pequena de cozinha e socou o rosto do desarmado, que caiu no chão desacordado. Ele segurou Ayuminn nos braços e o homem que antes o segurava avançou em Lysandre, socando seu belo rosto sem piedade.
— Diz logo onde está a droga desse cofre! — o homem com uma máscara de meia preta no rosto gritou no rosto do rapaz cujo nariz sangrava, depois olhava para o terceiro bandido desacordado no chão. O outro, que parecia ser o chefe e estava com um revólver, apertou a arma nas mãos e retirou-a da cabeça de Leigh, mas apontou-a à Lysandre.
— Mais uma palhaçada dessa e você vai pra cova, playboyzinho. — Lysandre o olhava com o olho esquerdo inchado, mas satisfeito por estar ao lado de Ayuminn. Havia algo de familiar na voz daquele cara, bem como no corpo grande. Lysandre não conseguia lembrar o que e aquilo o perturbarva, embora não o passasse no rosto. — Agora diz, onde está o cofre?! — aumentou o tom de voz e Leigh percebeu sua mão nervosa no gatilho. O homem não estava brincando.
***
Perigo. Pf venha pra casa do Lys, mas antes pare embaixo do carro na entrada.

Castiel segurava com força o celular nos dedos, o coração disparando só de pensar que ela estava correndo perigo. Disparou pelas ruas e mesmo sem fôlego não parou de correr por nenhum minuto e depois que encontrou os portões de ferro abertos já desconfiou. Como dito, observou o carro parado na porta e foi em sua direção. Agachou-se.
Lá estava ela, abraçada à uma Rosa que nunca tinha visto: em desespero. O cabelo negro caía pelo rosto vermelho de calor e nervosismo. Ela não conteve o alívio ao vê-lo e saiu debaixo do carro, agarrando seu pescoço em um abraço. Respirou fundo, ele retribuiu. Rosa ficou ali debaixo, a pedido da menina. Natsumin não atropelou as palavras, mas pronunciou-as com muita rapidez.
— Lysandre e Leigh estão rendidos, a casa está sendo assaltada. Rosa não se lembra do número da polícia, nem eu. — ela entregou seu celular ao ruivo.
Castiel negou o que ela oferecia e pegou o próprio aparelho, digitando rapidamente o número 290. Uma mulher com a voz doce apesar de séria atendeu.
— Boa tarde. — ele respondeu. — Preciso de uma viatura urgentemente, a casa de um amigo está sendo assaltada.
— Por favor, senhor, mantenha a calma e nos passe o endereço para que possamos encontra-los.
— Rua Emílio Diones, 451. — o ruivo mantinha a calma e o semblante sério, os olhos não saíam dos de Natsumin.
— Uma viatura está a caminho, o senhor está no local?
— Sim, estou no quintal, os assaltantes estão dentro da casa e com dois — Natsumin fez três com os dedos. — três rendidos.
— Tudo bem, como é o nome do senhor?
— Castiel Hayes.
— Sr Hayes, uma viatura já está a caminho. Mantenham a calma.
O ruivo desligou o telefone.
— Estão a caminho. — o ruivo pronunciou, passando uma mão no rosto e a outra posicionando no quadril. Estava muito preocupado, o cenho estava duramente franzido e ele suava e ofegava.
— Obrigada, Castiel. —Natsumin tinha a verdade nas palavras, tão doces que pareciam um beijo.
— Hey, os dois!
Ouviram um tiro. Castiel abaixou-se com a menina. Um dos assaltantes atirou do segundo andar, os olhos na janela encontraram os dois. Castiel puxou-a pelo braço para ajuda-la a fugir e o homem atirou mais algumas vezes e por sorte não os atingiu. Com os barulhos Rosa saiu em desespero debaixo do carro.
— Subam ou o mato! — Natsumin reparou que ele tinha Leigh nos braços e Rosa não hesitou ao direcionar-se à porta. Seus olhos amendoados pediam a Natsumin para entrar também e ela e o ruivo não tiveram escolha.
Antes de chegarem às escadas, o homem com a pistola já descia com o nervosismo na voz e de imediato Castiel sentiu que o conhecia de algum lugar. Estranhou, mas não conseguia se lembrar. O homem socou o ruivo no peito, que não podia fazer nada e antes que o homem o atngisse novamente, Natsumin colocou-se na frente e Rosa arquejou.
— Por... favor. Vou fazer o possível para ajudar no que quiser. — a menina não chorava, mantinha-se firme para ajudar as pessoas de quem gostava. Precisava disso. E não tinha medo, em seu coração sentia que, se tivesse que morrer por algum deles, morreria com prazer porque aquela seria a sua redenção. O homem engatilhou o cão - pequena alavanca na parte de trás do revólver - e Natsumin fechou os olhos com um pequeno sorriso.
O maior dos prazeres seria morrer por quem estava apaixonada.


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Notas finais do capítulo

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