Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 61
Capítulo Dezoito - O que diabos estou fazendo aqui?


Notas iniciais do capítulo

Maratona!♥



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Vestiu a jaqueta sentindo-se um idiota.
Ajeitou a gola alta sobre a nuca, passou pelo espelho de relance , vendo sua imagem como um vulto. Foi um movimento tão rápido que o fez de alguma maneira parar e quase recuar.
Mas não o fez.
De certa forma buscava entender o que o levava a ainda concordar com aquilo. Talvez fossem os olhos decididos de Natsumin que o fizeram sentir vontade de no final ver aonde isso ia dar. Claramente havia protestado, alegado que era um absurdo, Debrah não precisava marcar uma espécie idiota de encontro para conhecer Natsumin e o principal disso, não precisava envolvê-lo nisso. Droga, sua cabeça rubra queria entender o motivo de tudo aquilo, mas sequer conseguia respirar direito, sequer pensar.
— Está olhando o que? Não me acha um idiota não é?
A voz estava com raiva e decidida e o ouvinte encarava-o com os olhos escuros pidões e as orelhas baixas. Aquilo parecia um não. Ou talvez um sim. Virou o rosto para o espelho, o cabelo estava dividido em um meio rabo de cavalo, do tipo que ele fazia apenas quando ia a shows ou eventos importantes. Droga, não queria admitir, mas o retorno de Debrah o havia de fato abalado. Contudo ainda houve aquele.... Ele não sabia definir o que ocorrera na casa de Natsumin e sequer Lysandre suspeitava do que havia ocorrido. Por falar neste, Lysandre vinha andando mais distraído do que o normal ultimamente, talvez fosse o receio da probabilidade de escolha. Afinal Castiel nunca mentia para Lysandre, sabia que o rapaz odiava mentiras e confiava nele, portanto Lysandre sabia que Castiel estava indeciso. E a indecisão é um sinal verde para a tendência da escolha final. Ou vai, ou fica. Talvez também fosse por isso que Castiel estivesse se sentindo um pouco.... Não, que diabos, ele nunca se sentiria nervoso frente a alguém, mas talvez, ansioso, sim, essa era a palavra. Ansioso para ver o que poderia acontecer quando reunisse duas garotas de personalidade forte que por sorte, ou não, tinham algo em comum: Ele.
Não que ele admitisse que houvesse algo com Natsumin, nunca. Natsumin o havia negado e mandado embora, ele havia sentido tanta raiva naquele momento, mas ao mesmo tempo tanta... Não, mágoa não, ele não sentia mágoa, mas.... Droga, não conseguia escolher a palavra e mal reparara que já andava em círculos pelo quarto de guitarras.
— Não faça essa cara.
O ouvinte permaneceu em silêncio, dessa vez apenas deixou o rosto cair para o lado. Castiel tinha a mão direita abaixo do queixo, os olhos estavam fixos no nada e a mão esquerda passou a tatear o bolso, fazendo com que ele virasse o rosto para o bolso da calça preta e procurasse pelo maço de cigarros. Não o encontrou, aquilo o deixava com mau humor, passou a procurar pela cama-sofá do quarto de guitarras, a mesma cama em que Natsumin dormia quando morou com ele, bufou e tentou afastar a lembrança dela, de repente Debrah apareceu em seus pensamentos como que para dissipar os de Natsumin. Lembrou-se do que ocorrera com Debrah. Droga, só queria sumir.
Sentou-se na cama- sofá, a mão esquerda abaixo do queixo, o cotovelo apoiado no joelho esquerdo e a mão direita fechada em punho sobre a perna direita. Pensou, olhou seu ouvinte, antes sentado, mas agora de pé, balançar o rabo antes de latir.
— Eu também gosto da Natsumin, Dragon. — balançou a cabeça por um segundo. — Quer dizer, nada demais, é claro. — olhou novamente para o ouvinte. — Mas Debrah não fez aquilo por mal. Ela seguiu seus sonhos e eu acho que faria o mesmo.
O ouvinte latiu como se entendesse o dono, mas Castiel estava perdido em seus pensamentos antes tão rubros quanto aquele cabelo, mas agora desvanecendo ao cinza.
***
— Oh, meu Deus, um encontro? — Rosa tinha as duas mãos no rosto e passava rápido o ombro por Leigh, quase empurrando o namorado, um rapaz alto e de traços de rosto finos e belos e cabelos negros, que por sinal era irmão de Lysandre e dono da loja de roupas mais famosa da cidade.
— Eu não disse nada. — Natsumin pousava um vestido jeans sobre o corpo, ainda no cabide, mas apenas para ter uma ideia.
— Esse não é pra você. — Rosa mudou o foco. — Sua cintura é fininha e ele está tão largo ali que te faz parecer uma tábua.
Natsumin revirou os olhos. Rosalya só podia estar tendo aulas com Castiel.
Natsumin balançou os ombros. Realmente o vestido ficara estranho em seu corpo e ela só esperava a palavra final pra colocar de volta no lugar .
— Mas esse vai fazer ele gamar. — Rosa piscou para Leigh, que deixou escapar um sorriso enquanto balançava a cabeça, como se quisesse dizer que Rosa era impossível.
— Como sabe que é com algum ele? — Natsumin franciu o cenho e olhou o vestido que Rosa segurava rapidamente. Os olhos no momento estavam um pouco mais preocupados com outros assuntos que não fossem um vestido.
— Natsumin, mesmo você sendo estranha e perversa porque nunca me conta absolutamente nada a ponto de me fazer ter de descobrir as coisas sozinha... — Rosa soltou um risinho para mostrar que estava brincanco. — Você é minha amiga. Eu gosto muito de você e sei quando uma garota quer se arrumar para alguém.
— Não pretendo me arrumar para ninguém, só... Queria roupas novas. — Natsumin respirou fundo. Era um pouco ruim ao mentir.
— Ele também comprou roupas novas?
— Não, eu mal sei se ele vai..
Rosa sorriu. Bingo.
Natsumin parou de falar. Foi pega.
— Não é o que está pensando... — Natsumin observou os olhos de Rosa brilharem de alegria.
— Natsumin, quando estamos apaixonadas, há um brilho diferente nos olhos. — Rosa pôs o vestido na mão de Natsumin e a deu um leve empurrãozinho para o provador. — Você tem esses olhos agora. Não negue.
Natsumin não falou nada. Não afirmou, mas também não negou. Aquilo foi um triunfo para Rosa que apesar de se roer para descobrir quem era, respeitava a privacidade de Natsumin. Mas também... Ah, Alexy a ajudaria a descobrir com certeza.
Natsumin entrou no provador com as mãos frias. Retirou a roupa para vestir o vestido e depois de fecha-lo, reparou bem no modelo, mas olhando o próprio corpo apenas. Não estava muito preparada para se olhar no espelho. Esperou alguns segundos, respirou fundo e virou-se. Encarou a garota sem vida que a olhava e os globos azuis afundaram em lágrimas quentes. Sentiu-se bonita, havia jogado o cabelo negro para trás, a franja grande ainda tinha fiapos teimosos pendendo em sua testa, a pele pálida estava destacada em meio ao preto daquele vestido. O tomara que caia levantara seu busto e o pano suave, como veludo, destacara a curvatura de seu corpo esbelto. Via-se bela pela primeira vez depois de tanto tempo e sentia-se mal por isso. Lembrou-se que na verdade dessa noite nada de bom poderia sair e viu que esse sacrifício seria quase uma redenção. Rosa apareceu de supetão dentro do provador e Natsumin passou rapidamente as costas das mãos pelos olhos.
— Tem algum um pouco menos... — Natsumin observou seus seios apertados e para cima. — Provocante?
— Natsumin, você quer uma roupa de freira? — Rosa levantou uma sobrancelha. — Se sua intenção é afastar o cara do encontro...
— Não é um encontro. — Natsumin balançou a cabeça.
— Quem você vai ver, Nats? — Dane-se o Alexy, ela não podia esperar por muito tempo. Natsumin essa danadinha fazendo as coisas por debaixo dos panos. Seria com o Lys fofo?Não.... Esse já tem uma pessoa com que Rosa quer que fique. Seria então o Nathaniel? Não, se fosse ele, Rosa saberia porque Castiel poderia quebrar a escola inteira, então.... Seria com ele? Com o temperamental que, de alguma forma sentia ciúmes de Natsumin? As coisas andavam rápido por Sweet Amoris, as meninas não perdiam tempo. Kim, Bia, Ambre e Cia. Fora que Rosa sempre foi observadora. Castiel pelo menos interesse em Natsumin tinha. O problema era até onde esse interesse chegaria. Rosa não sabia de muita coisa. E não, não iria especular. — Olha. — Rosa pousou a mão no ombro de Natsumin, os olhos no espelho a conversar com o reflexo. — Espero que entenda que pode se abrir comigo em qualquer momento e não apenas quando for experimentar vestidos.
Natsumin deixou escapar um sorriso.
— Vai, agora me fala. Com quem você vai se encontrar? — Rosa também sorriu.
Natsumin comprimiu os olhos e crispou os lábios.
— Castiel.... — deu uma pausa para engolir em seco e Rosa não esboçou reação aparente. Estava sem ação.— E sua ex-namorada. — Rosa arregalou os olhos nesse momento. Natsumin já esperava uma reação desse tipo, mas nunca a que se procedeu.
— Oh, meu Deus, Lys-fofo precisa saber disso! — Ao contrário do que sempre fora, controlada, Rosa parecia um pouco desesperada. — Natsumin, nesse momento você precisa vestir esse, ou esse vestido agora. — ela procurava o celular pelo balcão e Leigh, quem parecia ser de poucas palavras, continuava sem falar nada, mas os olhos estavam um pouco mais expressivos, as sobrancelhas negras curvadas para baixo. Se Natsumin estava gostando de Castiel, não seria aquela garota que atrapalharia tudo. Rosa faria o possível para ajudar esses dois.
— Rosa, o que está havendo? — Natsumin tinha as sobrancelhas como as de Leigh.
— Alças ou tomara que caia? — Rosa indagou ainda buscando o telefone.
— Rosa! — Natsumin reprimiu-a.
— Eu prometo que quando tiver toda as informações te contarei tudo, mas, por favor, vá arrasando nesse encontro!
— Não é um encontro! — Natsumin reprimiu-a novamente, pegou qualquer um dos vestidos e deixou o dinheiro no caixa antes de sair estressada e atrasada. Muito atrasada.
***
Nats, me desculpa
Mas por favor, ouça o que te falei antes. Eu te adoro como uma grande amiga, vê se não dá brecha para aquela garota. Não sei muito, mas tenho quase certeza de que ela não é boa coisa.

— Definitivamente penso o mesmo. — Natsumin apertou os lábios e a mão que segurava o celular. Fechou os olhos e apertou também as pálpebras, abrindo-os direto para o próprio reflexo no espelho. Não queria ir. Com certeza não queria. Mas, droga... Virou-se de costas para o espelho de modo que não encarasse mais seu reflexo imundo, mesmo que ainda não estivesse pronta. Mas Precisava — apertou o roupão branco no corpo, a toalha estava enrolada no cabelo. Por Deus, como precisava. Tinha que mostrar àquela garota que não podia zombar dela e ficar assim. Não, não, o que estava pensando? Não tinha que mostrar nada a ninguém, ela não podia voltar a ser como era antes. Era melhor ficar contida, engolir e aguentar sozinha porque era isso que merecia. Estava convencida de que não sofrera o bastante e de que sofreria mais pelo resto da vida.

Pa. pa.
Não teve tempo de dar graças aos céus por algo a interromper de si mesma. A apreensão apareceu numa dimensão tão mais absurda que sua reação mais imediata foi arregalar as órbitas azuis, sentindo o coração disparar de imediato. Aproximou-se da janela com cautela, retirando a bota de cano curto e salto alto do pé, apontando o salto para a janela como forma de se proteger. Segurou a respiração, aproximou-se. Perdeu-a novamente.
— Pensei que fosse me deixar plantado ali. — ele atravessou como um tufão e sinistramente ela teve um Déjà Vu. Apesar de que, se ele tivesse entrado pela porta, seria mais forte.
— O que faz aqui? — ele olhou o salto na mão dela e passou a mão pelo rosto antes de soltar uma gargalhada.
— Aquele barulho eram pedras? — ela desviou o assunto, não estava achando um pingo de graça.
— Está tudo inteiro, não? — ele ainda sorria, os olhos de zombaria nos sérios dela.
— Não me respondeu ainda. — ela desviou o olhar, estava mais difícil olha-lo nos olhos. "Natsumin, quando estamos apaixonadas, há um brilho diferente nos olhos. Você tem esses olhos.". Engoliu em seco, apertou o roupão. Aquilo estava virando uma mania.
— Eu vim te impedir de fazer uma estupidez. — ele estava sério quando ela levantou os olhos. Ombros altos, braços cruzados sobre o peito. Ele já estava pronto, vestia uma blusa de manga comprida de cor cinza escuro, a calça era de um jeans escuro, quase preto e os sapatos eram pretos e ligeiramente formais. Sem cadarços. Ela não teve como não encara-lo. Estava tão bonito. O cabelo repartido tinha parte presa e parte não, a franja rubra caía naquele rosto bela e parte dos fios repartidos caíam rebeldes como ele. O olhar sério o deixava ainda mais cativante.
— Por que a preocupação? — ela deu de ombros num esforço máximo de continuar o que estava fazendo antes e evitar encara-lo.
— Vai fazer a coisa mais idiota da sua vida hoje. O assunto que precisamos resolver é delicado demais. Você não sabe de nada e ficando lá só...
— Só iria atrapalhar. — ela completou-o com o cenho duramente franzido e as sobrancelhas curvadas para frente. Toda a vontade que estava tendo de não ir converteu-se em ódio por aquela garota, mas principalmente, ódio por Castiel. Ele não falou nada, apenas encarava-a.
Que ódio, agora mesmo que ela teria de ir, agora mesmo que teria de provar que não era a fraca que estava sendo nesse último ano, a mosca morta que não se defendia, a garota culpada, droga, não podia chorar.
— Castiel, sai daqui por favor. — apontou para a janela.
— Fiz o esforço de vir te ajudar. — ele permanecia sério.
— Muito obrigada pela ajuda, mas se queria ficar sozinho com ela era só falar, não precisava disso tudo.
— Você não entende, não pode ser meter numa história que não é sua por um ciúme bobo! — ele falava mais alto, já estava farto de se conter.
— Ciúme? — ela engoliu em seco e a indagação saiu arranhada. — Não me faça rir, Castiel, eu sou uma pessoa de palavra e não me importa o que vai dizer, irei lá hoje nem que seja apenas para dizer oi e ir embora.
— Faça como quiser então, não vou ser sua babá. — ele direcionou-se à porta do quarto, mas ela apontou para a janela. Ele ignorou o recado e saiu pela porta da sala, já conhecia aquele espaço. Lembrou-se do que há poucos dias aconteceu ali. Parou, sentiu uma vontade de voltar. Reprimiu-a. Abriu a porta da sala. Deparou-se com uma figura de cabelo cor de rosa. "Boa noite" disse antes de desaparecer na rua.
Ágatha sorriu. Natusmin danadinha.
***
Nas ruas o salto a incomodava demasiadamente. Andava abaixando o vestido cujo comprimento cobria apenas metade das coxas e aquilo a fazia garantir olhares mal intencionados desde quando descera do táxi até quando deu poucos passos à porta do restaurante. Era um lugar bem sofisticado,para falar a verdade. Luzes baixas e amarelas acompanhadas da iluminação de velas, mesas postas com forros compridos na cor vinho, janelas de vidro por todo o local, como uma casa de vidros e veludo. Havia um pequeno palco ao centro, com alguns instrumentos dispostos em seus suportes. Havia um piano, um violão e um microfone. Natsumin passou o olhar pelas mesas, casais em maioria a olhavam com olhos esquisitos até que sentiu uma mão em seu ombro. O coração palpitou.
— Com licença, a senhora gostaria de tirar o casaco? — realmente lá dentro estava quente. Talvez fosse pelo fato de ser climatizado artificialmente, mas também o calor que emanava daquelas pessoas que sorriam e pareciam ser de alta classe e mais velhos também. Casais bem vestidos, não formalmente, mas só bem vestidos. Com roupas e acessórios bonitos, sorrisos escancarados, como se não houvesse preocupação em suas vidas.Como se não houvesse dia. Apenas noites como aquela. Um pouco decepcionada por não ser quem esperava, ela retirou a jaqueta preta, revelando as alças do vestido de veludo de destacava a curvatura de seu corpo. Inclusive o rapaz que a recepcionara de olhos e cabelos castanhos e uniforme azul marinho e dourado de recepcionista e guardava seu casaco agora a olhava diferente. Natsumin se sentia bonita, mas aquilo trazia uma sensação terrível.
Finalmente avistou-os. Castiel tinha as duas mãos sobre a mesa e ela estava do lado oposto, com os cotovelos também sobre a mesa e sorrindo. Estavam em um andarzinho mais acima, Natsumin respirou fundo antes de subir os quatro pequenos degraus e seguir. Reparou que Castiel sorriu para Debrah. Sentiu um fortíssimo aperto no peito. tropeçou em um degrau.
— Calma, to aqui. — um rapaz surgiu atrás dela, os olhos eram castanho-claros, o cabelo era negro como o dela e o sorriso cativante. Ele tinha uma mão na cintura dela e a outra em seu braço, impedindo-a de cair para frente.
— Obrigada. — Natsumin estava completamente envergonhada e já esperava, mediante tamanha vergonha, olhar para os dois e ver Debrah sorrindo de sua desgraça e Castiel olhando-a com desdém. Mas nada disso aconteceu. nenhum dos dois ligava para ela e naquele momento Natsumin sentiu-se completamente deslocada, tal como Castiel havia mencionado que ficaria. Sentiu-se o empecilho entre os dois, a pessoa que os atrapalharia. E, que droga, os dois aindo sorriam um pro outro, como os casais marionetes daquele lugar, como se o mundo nunca fosse acabar! Ela odiava o amor, odiava todos ali, mas acima de tudo, odiava Castiel!
— Está bem? — o rapaz reparou como ela olhava para aquele casal e como seus olhos azuis pareciam tremendamente torturados.
— É só uma pequena dor de cabeça, vai passar. — soltou-se dos braços do rapaz. — Obrigada novamente. — Seguiu para a mesa dos dois, sentindo uma vontade imensa de atrapalhar aquele momento e justamente ser o empecilho entre aqueles dois. A rebelde ainda queria mais, mas chegar e dizer boa noite, como o fez, era o máximo que Natsumin permitia-se fazer. A rebelde sento-se pronta pra dormir de novo. Natsumin era chata demais.
— Boa noite! — debrah levantou-se e abraçou Natsumin com força, a garota não teve reação diferente de ficar com o corpo enrijecido, os braços para baixo não corresponderam o abraço.Debrah soltou-a e pigarreou antes de sentar-se novamente. A garota usava uma maquiagem carregada, um vestido rosa choque longo e com uma fenda tão exagerada que chegava a mostrar sua calcinha. Havia também um decote nas costas e na frente, mostrando os seios fartos dela e por um momento Natsumin sentiu-se humilhada.
Mas então seus olhos encontraram os dele. Castiel olhava-se de soslaio, Natsumin estava com o cabelo meio preso como o dele e penteara a franja para o lado, destacando um pouco mais o próprio rosto. Estava levemente maquiada e usava um batom vermelho. Ele não respondeu ao "boa noite" dela, provavelmente ainda estava com raiva.
— Sente-se, Natsumin, estávamos esperando-a para pedirmos também. — Debrah sorria abertamente como se quisesse realmente provoca-la.
Natsumin apenas sentou-se em silêncio, ironicamente localizada na mesa entre os dois. Sentia-se novamente o empecilho, mas a rebelde de certa forma gostava disso. Queria atrapalha-los mesmo. Queria acabar com aquela tal de Debrah e manda-la de volta ao lugar de onde veio, nem que fosse o inferno! Mas Natsumin não. Natsumin continuava contida, delicada. Tudo o que não era. Sentia-se marionete novamente. Mas quem segurava aquelas cordas? O que estava fazendo ali, afinal?
— Tenho pressa e fome. Se pedirmos logo, também poderei ir logo. — Natsumin foi breve.
— Pressa? — Debrah sorriu. — Natsumin querida a noite está apenas começando! E quanto à fome... — Debrah fez sinal para o garçom. — Resolvido, querida.
Querida? Direita. Querida? Esquerda. A rebelde arrebentava o saco de areia, como alguém pode ser tão hipócrita?
— Você não deu boa noite à Natsumin, Castiel. Não vê como ela está linda? — Castiel em silêncio voltou um olhar sério à Debrah. Os dentes estavam trincados.
— Boa noite. — ele disse e isso fez Natsumin arregalar os olhos. Castiel havia acabado de obedecer como um cahcorrinho. Aquilo não podia estar acontecendo, era muito pior do que Natsumin poderia imaginar.
— Preciso ir ao banheiro. — Natsumin levantou-se de supetão e Debrah sorria, triunfante. Debrah reparou Castiel olha-la direcionar-se ao banheiro, os olhos escuros do ruivo acompanharam-na até ela sumir no toalete. outros olhares fizeram o mesmo e aquilo incomodou muito Castiel. Um deles era um cara de cabelo preto e cara de idiota que sentava-se com mais dois caras quase como ele, também imbecis.
Natsumin via-se no espelho, os olhos pesados que queriam chorar e ela se sentia tal mal naquele ambiente e tão por baixo. Detestava sentir-se assim, justo ela orgulhosa como sempre foi, mas precisou afastar-se para engolir o orgulho e continuar sendo a marionete que escolhera ser, sofrendo por dentro e engolindo em silêncio porque era esse sofrimento que merecia e era esse tipo de vida que levaria para se redimir. Seria para sempre sozinha e sofreria para sempre com a dor da morte e do amor. Respirou fundo, a rebelde em seu interior queria mata-la, mas Natsumin era forte o suficiente para se manter. Lavou as mãos, saiu do banheiro e voltou a andar com a frente erguida e a culpa como guia e não mais peso.
Ela a olhava novamente. M3rda, Castiel queria perguntar qual o problema dele. Ele a olhava diferente dos outros, como se tentasse se lembrar. Ora era cutucado por um dos idiotas na mesa dele, ora era provacado por eles. Castiel imaginava exatamente as coisas imundas que deviam estar falando sobre Natsumin para aquele idiota e sentia vontade de acabar com todos eles, agora ela subia novamente as escadas e o idiota se preparava para levantar-se e ele não fazia ideia do motivo, mas Natsumin subiu com pressa aqueles degraus e virou-se de costas para eles, ainda com os olhos nojentos nela.
— Você me ouviu, Castiel?
Castiel notou que Debrah estava falando esse tempo todo e ele sequer ouvira uma palavra. Não respondeu. Nesse momento, Natsumin voltou a sentar-se.
— Sabe o que estávamos conversando, Natsumin? — Debrah colocou a mão sobre a dela e Natsumin apenas olhou aquele gesto com desdém. — Sobre como a vida do Castiel será um sucesso daqui pra frente. — Natsumin olhou para ele sem perceber e Castiel permanecia sério e calado. Isso era ruim. — Vamos brindar, a propósito! — Natsumin reparou que a comida já estava na mesa, mas ela não havia pedido nada. havia uma taça de champanhe também e Natsumin pegou-a, mas outra mão impediu-a.
— É melhor você não beber. — Apenas com o olhar, Castiel tentou lembra-la do que acontecera na praia e ela captou a mensagem, mas naquele momento não se importava.
— Um brinde ao seu sucesso, Castiel. — ela tirou a mão de Castiel de seu braço e bateu a taça na de Debrah que olhava a cena com um sorriso maldito. Em seguida, bebu todo o conteúdo da taça. Estava precisando e a identidade falsa a pemitia. Debrah já tinha dezoito, bem como Castiel, que ainda era emancipado desde os 16, então não precisavam disso.
Castiel fez o mesmo com a taça dele, mas sem brindar.
O que havia com ele? Antes ria junto com a outra e agora está totalmente sério sem graça. Talvez Castiel estivesse certo. Ele estava agindo com o empecilho que ela era.
— Boa noite a todos, espero que estejam se divertido. Meu nome é Afonso Dias e irei tocar um pouco para vocês.
Natsumin virou-se quando ouviu a voz vinda da palco. Um senhor de aparentemente cinquenta anos, vestido num terno preto e blusa dourada sentou-se de frente para o piano e sobre o mesmo colocou um pequeno microfone em um suporte. Todos apaludiram o cumprimento e então ele se sentou. As luzes artificiais foram apagadas e o restaurante inteiro ficou iluminado apenas por velas. Alguns casais foram abandonando as mesas à medida que a melodia lenta e aconchegante do piano tomava seus ouvidos.
Debrah levantou-se de imediato. — Chame Natsumin para dançar, Castiel, tenho certeza de que ela adorará.
— Estou satisfeita. — Natsumin respondeu de imediato. Começou então a comer e garfou a lagosta no prato. Droga, ela não tinha ideia de como comer aquilo. Castiel sorriu novamente pela primeira vez depois que ela chegara. Levantou-se e colocou as mãos sobre as de Natsumin, fazendo-a soltar os talheres. Abriu a lagosta com as mãos e pegou o garfo para retirar a carne. Natsumin não soube o que sentir no momento, ficou sem ação. "Eu a avisei", o ruivo pronunciou sutilmente em sua orelha e Natsumin sentiu-se arrepiar inteiramente. Debrah achou tudo muito estranho e rapidamente interrompeu-os.
— Já que negou, vamos nós. — Debrah puxou Castiel pelo braço e foi guinado-o até o centro do restaurante e próximo ao palco. Natsumin amaldiçoou-a por aquilo, dali não conseguia vê-los porque estava escuro e porque, como estava de costas para o local, precisava virar-se para olha-los e aquilo ficava descarado demais. Voltou-se para a maldita lagosta então, parecia que a garota adivinhara que ela detesta lagosta exatamente porque não consegue come-las. Respirou tentando conter a raiva e evitando lembrar-se da forma como ele abriu o "bicho" para ela e retirou a carne para ajuda-la. Garfou novamente, estava com vontade de ir embora dali e a rebelde estava com vontade de matar Debrah.
— Tão linda... — Uma voz ligeiramente conhecida veio atrás dela. — Mas tão sozinha.
Natsumin não precisou virar-se. O rapaz que antes a havia segurado sentou-se no lugar em que antes estava Castiel. Admirava a garota solitária que tanto o lembrava de alguém, mas ao mesmo tempo parecia tão diferente. A garota não respondeu nada, apenas garfou mais uma vez o punhado de carne no prato e comeu com insatisfação. A música, ironicamente, era linda. Falava de perdão, de querer voltar e recuperar o que perdeu. Ela queria recuperar seus pais, queria voltar à vida que tinha embora soubesse que nada voltaria. Os olhos não aguentaram e de repente as lágrimas domaram-na rapidamente. Nesses momentos a rebelde sumia, se colocava numa caixinha e ali ficava até voltar ao normal. O rapaz ao lado dela levantou-se e puxou sua mão.
— Venha. Não pedirei nada além de uma dança. Vai se sentir melhor. — ela olhou-o e viu um sorriso doce que a lembrou de alguém. Mas Natsumin não tinha ideia de quem, estava tão infeliz naquele momento. A rebelde levantou-se e se pudesse daria um tapa na cara dela e diria: Deixe de ser tonta, mulher! Natsumin pareceu entender o recado com antecedência e deixou-se ser guiada pelo rapaz de olhos gentis até o centro.
Aquilo não podia ser possível. Castiel tinha os olhos atentos. Olhou-a descer com o idiota da mesa próxima à deles e Debrah apertou-se no peito dele. Acariciou a nuca do ruivo e Castiel amoleceu um pouco. Não entendia também o que estava acontecendo com ele mesmo. Natsumin não saía de sua cabeça, mas, ao mesmo tempo, Debrah também não. Lembrava-se dos momentos bons que teve com Debrah, de como ela era e o que o confortava eram essas lembranças. Não sabia dizer se Debrha parecia diferente, não cabia a ele julgar no momento. Mas ela continuava linda. E Natsumin também. Tão linda que atraía olhares demais.
— Gatinho. — Debrah chamou-o do apelido que ele mais detestava no mundo e aquilo o causou um pouco de repulsa. — Você será muito feliz, eu te prometo. — o ruivo engoliu em seco e naquele momento O idiota apertou a cintura de Natsumin e colocou o corpo dela perto demais do seu. Natsumin parecia inerte demais, quase como se estivesse anestesiada e não esboçou uma reação aparente.
Castiel estava distraído demais para respondê-la, Debrah então percebeu o que ele olhava. Ela. Mais uma vez ela. Debrah estava ficando incomodada demais e não podia deixar nada barato. Ela então rapidamente pegou o rosto de Castiel nas mãos e pousou os lábios ali levemente. Castiel foi pego de surpresa, mas não a repeliu. Deixou os lábios nos dela por um tempo e afastou-a, sem silêncio. A música se tornou mais intensa e o idiota que tinha Natsumin nos braços a puxou para ainda mais perto, pousando a testa na dela. Estavam próximos demais para desconhecidos. Ele falou algo e ela sorriu. Naquele noite inteira em que estava séria, um cara idiota a fez sorrir. E droga, como estava linda. Castiel nunca vira Natsumin arrumada daquela maneira. Não sabia por que mas estava com uma grande vontade de ser aproximar, de estar junto a ela, de abraça-la. Queria mais do que poderia porque não sabia como entende-la e não entendia por que ela era assim. Sentia que ela também...
O cara vai tentar beija-la. Isso é um absurdo, ela está distraída, ele vai tentar...
Castiel em isntantes a tirava dos braços dele e a punha nos seus. Natsumin arregalou as belíssimas órbitas azuis e Castiel apenas abaixou a cabeça para que estivesse com o rosto próximo ao dela. Balançava junto a ela, como se ninasse um bebê, ela pareceu-lhe tão delicada naquela noite, apesar de ter certeza de que ela era uma garota forte e independente.
— Quem é ele? — Castiel não conteve-se.
— O conheci hoje. — ela respondeu seca, como ele merecia.
— Por que ainda está aqui, Natsumin? — os olhos dele não saíam do rosto dela e aquilo a intimidou por um momento, Natsumin mal conseguia encara-lo. Droga, por que se apaixonar por ele?
— Vai deixar Debrah irritada. — Notou a outra com as mãos na cintura e um bico enorme nos lábios.
— Não vou ficar em paz com ela enquanto você estiver aqui. — pronunciou seco e Natsumin impressionou-se.
— Não estou impedindo-o de nada, Castiel. — soltou-se dos braços dele. — Me deixe em paz com ele e vá ficar com sua namorada.
— Natsumin, por que está assim se quer distância de mim? — ele tinha as sobrancelhas voltadas para o centro e o cenho duramente franzido.
— Nunca disse que queria distância de você. — a voz dela não se alterou.
— Então qual é o problema? — Natsumin olhou para Debrah, depois para o ruivo. Não queria demonstrar.... Não queria... Não estava com ciúme nenhum. Mas havia algo. Uma vontade que Natsumin estava tendo, algo que não estava conseguindo segurar. E naquela noite, naquele momento, a rebelde tomou o seu lugar e foi a abalada Natsumin que ficou na caixa.
Castiel virou o rosto para trás e viu Debrah, ia andar na direção da garota, mas Natsumin segurou sua mão. O ruivo olhou-a sério e a menina aproximou-se repentinamente. Por um momento não parecia mais a introvertida que se isolava do mundo. Puxou o rosto do ruivo para o seu. Os lábios encontraram-se e parecia não querer se soltarem. Castiel por um momento esqueceu-se da situação e de tudo do qual havia tentado se privar em nome de Debrah. Por um momento, inclusive, esquecera-se daquele nome. Passou as duas mãos pela cintura dela, sentindo o veludo preto do vestido nos dedos. Acariciou-a, os lábios passaram a mover-se e Natsumin era a guia naquele beijo. Beijou-o com intensidade, acariciando sua nuca rubra. Parou um pouco o beijo, pousou o nariz no dele, Castiel ainda tinha as mãos na cintura dela e parecia que não queria solta-la mais.
— Você tinha razão. Era melhor eu não ter vindo. — Natsumin beijou o rosto dele, em seguida soltou-se de seus braços e foi embora sem olhar para trás. Castiel não foi atrás dela e também não virou-se para Debrah. Apenas cruzou os braços e tentou entender o que acontecia com aquela menina e logo virou-se para ir também.
— Gatinho! — Debrah gritou-o quando Castiel retirou da carteira um pouco de dinheiro e colocou na mão dela. Em seguida foi embora para qualquer lugar, fazer qualquer coisa que não fosse estar ali. Não pertencia àquilo. Só queria ficar sozinho.


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Notas finais do capítulo

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