Teous! escrita por Mariez, Mariesz


Capítulo 9
Capítulo 7




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Talvez aquilo não fosse REALMENTE um esporte, já que todo ano de olimpíada a gente roubava sinal Comum do vizinho e não tinha nada tão retardado.

Não era só pelo fato de eu ter que proteger uma garrafa com o Ryan, era o fato de eu ter que proteger uma garrafa.

Pra perceberem como eu estava a fim de proteger uma garrafa com o Ryan, toda vez que vinha alguém para derrubar eu ficava dando uma de mosca morta.

–Larissa, você não tá ajudando!

–Eu não quero ajudar em nada que beneficie você!- Quando ele ia abrir a boca pra responder, veio alguém derrubar a garrafa de novo e trombou em mim. O bom foi que eu pude me jogar no chão e sair da quadra pra Enfermaria.

Passei o resto da minha tarde olhando para o lustre de guarda-chuva roxo no meu quarto, pensando sobre qualquer coisa, quando uma pedra acertou a parte fechada da minha janela. Quando eu estava pronta para comemorar o fato da pedra não ter entrado, foi exatamente isso o que aconteceu: a pedra entrou e acertou a minha cara. Fiquei com vontade de matar o infeliz e olhei pela janela pra ver em quem eu ia dar um tiro mental quando eu vi Ryan. Fechei a janela e as cortinas. A minha maior vontade era ir lá e dar um soco na cara dele.

De repente alguém invadiu meu quarto, escancarando a porta. Já faziam três dias desde que o Ryan jogou a pedra na minha cara. Eu não vi ele em nenhuma das aulas, nem nas aulas de Desaparecimento e Invisibilidade de quarta-feira e quinta, que foram canceladas, mas mesmo assim ele não apareceu. Era sábado e Sammy estava no meu quarto gritando alguma coisa que eu não prestei atenção. Já eram três horas e eu não tinha ido comer, já que na sexta eu tinha roubado algumas bolachas do Refeitório. Talvez fosse por isso que elas estavam gritando. Olhei pra elas com a minha expressão de “Eu não estava prestando atenção em vocês” e elas começaram, provavelmente, a repetir o que tinham dito:

–Achei que você ia se preocupar em saber que o seu amigo Ryan está desmaiado na Enfermaria desde terça a noite e nem as enfermeiras sabem por que.

–Na verdade elas mandaram a gente aqui pra chamar você, já que você conhece ele melhor, pra saber por que.

–Vou usar minhas habilidades médicas pra descobrir, já que eu fiz faculdade... - Revirei os olhos. Se nem as enfermeiras, que são formadas, sabem, eu vou saber?

Chegando lá, haviam duas cadeiras do lado da cama onde ele estava: uma estava vazia e a outra estava ocupada pela Chá Mahti (juba de) Leão.

–Larissa, a gente precisa conversar- E desde quando a gente conversa?

–Já estamos conversando.

–Lá fora- Ela apontou a porta com a cabeça e eu assenti.

–Eu sei que eu fiz muita merda em uma semana, e que isso aqui tá parecendo novela mexicana, que acontece tudo logo de cara, tudo rápido assim, mas eu vim aqui pra me desculpar por ter afastado o seu amigo de você, e te falar porque ele está lá, desmaiado. Eu fiquei até com vergonha de falar pras enfermeiras, e eu achei que você ia aparecer logo pra poder resolver isso. – Ela me olhou como se esperasse que eu a deixasse terminar, mas eu estava muito ocupada tentado absorver a informação, com os olhos arregalados. Ela simplesmente continuou- Eu fiquei com inveja de você, logo à primeira vista. Eu sei que isso soa retardado! E comecei a tentar tirar o Ryan de perto de você, só porque eu achei ele bonitinho- Ela parou pra dar uma risadinha sem graça- Depois, na terça a noite eu fui falar pra ele que estava muito escroto tudo isso, não tinham se passado nem cinco dias na escola e eu já tinha arranjado briga e ele começou a falar como ele tinha ficado triste comigo e eu lancei um feitiço que aprendi com a minha tia. Aquela mulher é meio maluca, sabe? Ela morou uns anos na Índia e acho que andar em fila no sol quente fritou o cérebro dela! Então, o feitiço serve pra ele desmaiar, e a pessoa que causou a briga, que no caso seria você, teria que dizer que ama ele pra ele acordar.

Eu fiquei ali paralisada. Agora sim é novela mexicana. Aconteceu tanta coisa que naquele momento eu pensei que o estoque de emoção da minha vida tinha se esgotado e o resto da minha vida ia ser chata e monótona, como uma aula do BatSnape.

Depois de uns trinta e dois segundos olhando pra ela, eu perguntei:

–Deixa eu ver se eu entendi: você teve inveja de mim, gostou do Ryan, lançou um feitiço nele, se arrependeu e pediu desculpas pra mim, tudo isso em menos de uma semana?

–É bem por aí- Ela riu e eu a acompanhei. Ela parecia bem menos retardada agora. Me lembrava até um pouco de mim mesma.

–Ele vai acordar sabendo do que eu falei pra ele pra quebrar o feitiço?

–Só tentando pra saber...

–Diga pras enfermeiras que eu sei como fazer ele voltar, mas eu fui comer alguma coisa.- Ela saiu na hora e eu também. Desci para o Refeitório me sentindo a rainha da cocada preta (minha mãe que me falava isso) e comi um pedaço de bolo, tomando um copo de iogurte.

Eu e esse meu maldito vício em iogurte! Na verdade eu nem sei de onde eu tirei que eu gosto de iogurte, eu acho que foi algum tipo de estratégia de vendas da mulher que vendia iogurte na porta do Santa Maria... Mas ela era legal, pelo menos o iogurte dela era! Ah, se era... Aquela dona Alícia sabia fazer iogurte!

Encontrei aquela tal de Joana do suplemento de Esportes Comuns e acenei pra ela. Ela veio correndo até mim, fazendo seu vestido rodado e florido dar a impressão de que ela voava. Ela era realmente fofa, agora. Claro que nós podíamos usar qualquer roupa nos finais de semana, e eu percebi que muitas meninas usaram aquilo a seu favor. Mas eu não estava a fim de me arrumar. Estava com uma calça jeans escura e uma camiseta verde de alcinhas.

–Oi!

–Oi, Joana!

– Você sabe o meu nome?

–Acho que sim, – Fiz uma cara de quem está pensando- deve ser por isso que eu acabei de dizer...- Ela riu.

–Eu vi um menino falando de você ontem na aula de Poções! Pelo jeito ele gostou de você!

–Ah, eu gostaria muuuuuito de terminar a conversa, mas é que eu tenho que salvar um colega ali na Enfermaria- Isso soou muito esquisito!- A gente se vê depois!

–Tchau...

Subi e encontrei Mahti na porta.

–Tem bastante gente lá dentro. Tudo o que você tem que fazer é dizer “Eu te amo” pra ele.

– Eles vão me ver?

–Não se você sussurrar!

Entrei junto com a chá e cheguei perto da cama de Ryan. Em volta estavam todos os professores, o diretor, a “mulher da salinha”, todas as enfermeiras e meia dúzia de monitores. Toda essa plateia? Eu não mereço isso!

Sentei-me na cadeira de plástico mais próxima e disse bem baixinho, de um jeito de só ele poderia ouvir:

–Eu te amo...


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