Teous! escrita por Mariez, Mariesz


Capítulo 10
Capítulo 8




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Ryan acordou, mas não parecia estar entendendo muita coisa, mas eu não o culparia, afinal, o quão normal é acordar na Enfermaria com uma boa parte da cidade te olhando e a sua talvez ex amiga bem do seu lado olhando pra sua cara tentando esconder o fato de ela estar parecendo uma pimenta?

– O que aconteceu?

–Você se lembra do que ouviu nos últimos minutos?- Falhei em tentar não parecer desesperada, claro. Eu precisava saber se ele tinha escutado.

–Eu sei que ouvi alguma coisa de uma voz familiar... Mas não sei de mais nada.

Suspirei um pouco mais alto que o necessário, e algumas pessoas ficaram me olhando. Encarei elas com a expressão “até-parece-que-vocês-nunca-suspiraram-na-vida” e olhei para a janela. O céu estava bonito e estranhamente entrava a mesma brisa calma de quando EU estava lá. Era algo confortante, talvez fosse por isso que estava ali.

Olhei para Ryan e percebi que tinha sentido falta de falar com ele todos esses dias. Ele começou a me olhar e eu dei outro suspiro e me levantei, sem deixar mais nenhuma palavra.

Três pessoas estavam sentadas na minha cama, conversando animadamente como se fossem amigas há quatrocentos mil anos. Depois de acordar um pouco dos pensamentos do que tinha acontecido, olhei para elas. Melody e Sammy conversavam e riam com Mahti. PERAÍ. ELAS ESTAVAM CONVERSANDO COM A MAHTI. Demorei para processar a informação. Mahti sorriu pra mim, e me lembrei como ela tinha sido legal comigo.

– E aí?- Elas perguntaram ao mesmo tempo. Me benzi mentalmente. Hoje o interrogatório vai ser longo, pensei.

–E aí, o que?

–E aí que aconteceu lá, tonta!

–Ah, eu falei... o que a Mahti me falou pra falar aí ele acordou e eu fui embora.- Não posso nem pensar na possibilidade de alguém além da Mahti descobrir o que eu falei, me dá arrepios.

– E ele lembrou?- Mahti piscou pra mim.

–Bom... Não... Ou pelo menos não parecia...

–Ficou vermelha por quê? – A indiana estava rindo da minha cara, e as meninas acompanharam ela.

–Não vou autorizar gente tirando uma comigo no meu próprio quarto!- Eu saí. Na verdade, não foi por isso. Eu queria falar com a Joana sobre o que ela tinha me contado. A Joana e o resto da humanidade estavam vivos na aula de Poções ontem, e eu estava na maior brisa da face da Terra.

Onde eu vou encontrar a Joana?

Bom, achei uma vantagem pra fazer amizade com a mulher da salinha.

–Oi, Natália!- Eu reuni toda a animação que eu tinha pra essa frase- Você pode me informar o número de quartos de alunos, não é?

–Na verdade não, mocinha- Ela sorriu- Mas como você foi heroína hoje, eu vou te falar, mas não se acostume!

–Eu queria saber onde é o quarto de uma menina chamada Joana, ela é do meu módulo e da minha sala...

–Sorte nossa, só tem uma Joana nesse módulo. Quarto 26!

–Valeu!- Saí correndo até o quarto dela e bati na porta.

– Oi, Joana, você tá ocupada?

–Não, a Hellena tá aqui, mas eu já queria te apresentar ela.

Hellena era mais branca que o papel da minha carta pra EMM, seu cabelo era bem loiro, às vezes parecia branco e tinha californianas azuis. Os olhos dela eram castanho claros e ela deu um tchauzinho pra mim. Ela nem parecia ser do Brasil.

–Hellena, essa é a Larissa, aquela que salvou o Ryan hoje.- Não faz nem meia hora que aconteceu, mas metade da escola já está sabendo, enquanto a outra metade estava lá na Enfermaria.

–Você conhece o Ryan?

–Ah, sim- Pude notar um rastro de sotaque em sua voz- Nossas mães se conhecem.

–Prazer, então- Sorri- Joana, depois eu volto então, pode falar com a Hellena à vontade...

–Você veio aqui por causa do que eu te falei sobre a aula de Poções, né? A Hellena estava lá comigo, ela também viu.

–Ahn... É... Aham.

–Ele se chama Leandro.- Um dia eu vou identificar de onde é o sotaque dessa Hellena- Ele é bem legal, nós conversamos.

– Eu falei com ele uma vez, a gente se esbarrou. Ele ficou me olhando igual um tonto.- Nós rimos e ouvimos um aviso vindo de lá de fora.

–TODOS OS ALUNOS PARA A QUADRA DE ESPORTES COMUNS EM CINCO MINUTOS!- Era a voz marcante do diretor.

Eu segui Joana e Hellena para a quadra e me juntei a Melody, Sammy e Mahti.

–Muito bem! Todos aqui?- Ele olhou pra cada um como se fosse nos reconhecer, ou pelo menos parecia- A nossa querida funcionária Natália sugeriu que os alunos se conhecessem melhor, então vocês vão se apresentar aqui na frente, por ordem de “eu-quis-esse-aluno-aqui”- Ele sorriu como se isso fosse super normal- E a primeira vai ser a Larissa, porque ela está olhando pra cá com uma cara de “esse-diretor-é-meio-louco”.

Arregalei levemente os olhos sem perceber e achei meu caminho no meio de um monte de gente e quando estava lá na frente, um menino colocou o pé pra eu tropeçar. Não pensei duas vezes e dei um pisão no pé dele. Bem feito...

– Meu nome é Larissa, né, já deu pra perceber- Comecei, olhando para os alunos que agora estavam sentados no chão. Tive a impressão de que Mahti murmurou um “Arrasa!” pra mim. Ela parece bem mais legal quando não está roubando o seu amigo. – Eu sou do primeiro ano do módulo um, então vocês podem deduzir que eu tenho treze anos, mas se não deduziram eu estou avisando. Agora, falando sobre mim... Bem, de acordo com metade da população, eu sou viciada em iogurte, eu passo meu dia olhando pro lustre, ele é muito louco, sabe, gente, vale a pena. E... Ah, sei lá, eu gosto da aula de Poções, mas eu sou muito ruim, assim, muito ruim mesmo, porque eu fui proibida de participar da próxima aula prática, né, eu derrubei a Poção no chão e ele... Ele meio que... Derreteu. Acho que é só isso.

Depois, as pessoas foram se apresentando. Descobri umas coisas legais sobre o povo, como o fato do nome de Mahti derivar de “moti” que significa algo como “raio de sol” numa língua que eu nunca vi na vida.

As meninas saíram da quadra falando sobre cada pessoa, inclusive o menino que Sammy viu no Refeitório, que se chamava Daniel. Como eu tinha prestado BASTANTE atenção na apresentação das pessoas, eu não estava entendendo nada do assunto. Aliás, parece que eu nunca entendo NADA que elas estão falando. Pois é.

Na verdade, nem percebi se Ryan já tinha saído da Enfermaria e se apresentado. Eu estava considerando a possibilidade de ir falar com ele, mas pensei:

“Eu já fiz muita coisa por ele hoje, ele que venha”.

Orgulho é uma coisa linda, gente.

Fiquei até a hora do jantar olhando pela minha janela e pensando em como era legal olhar pela janela naquele lugar. Parece que até olhar pro lustre é legal por aqui. No jantar, percebi que a mesa de Melody e Sammy já estava ocupada, já que era um dos tipos de mesa do salão, três cadeiras. Fui procurar outra mesa de três pessoas e acabei me sentando com Joana e Hellena. Fiquei observando enquanto Hellena comia alguma coisa que devia ser do país dela e Joana comia uma omelete GIGANTE. Encarei meu prato, enquanto conversava com elas. Um, dois, três minutos. Me dei conta de que não estava com fome, mas estava com a maior vontade de comer batata frita do universo. Meu prato ficou três vezes maior e se encheu de batinhas.

Isso é incrível!

Eu estava num corredor. Ouvia risos e passos. A luz se apagou e senti algo puxar minha mão. Me puxou até minha casa e foi embora. Fiquei repentinamente feliz por ver o lugar de novo: os mesmos girassóis no jardim, o mesmo azul claro nos muros, a mesma janela da cozinha, a mesma mãe lavando a louça. Tentei andar e entrar, mas não consegui sair do lugar, como se eu estivesse ali só pra ver. De repente, três pessoas aparecem de uma nuvem preta. Depois mais quatro. Sete pessoas com máscaras apontavam para a minha casa. A porta explodiu. Eles entraram e começaram a quebrar tudo, mas os vizinhos pareciam não ouvir. Eu ainda não conseguia me mexer. Depois, as pessoas saíram da minha casa sequestrando duas pessoas. Meus pais! Eles sumiram na mesma nuvem que haviam aparecido. A nuvem voltou para o céu com um novo formato, como um N cortado por uma linha horizontal meio curvada.

Eles sequestraram os meus pais?


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Notas finais do capítulo

Demorou mas saiu...



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