Os Significados Das Palavras escrita por lovemyway


Capítulo 2
Talvez


Notas iniciais do capítulo

Hey!

Novamente inspirada pela música. Bem que elas poderiam me inspirar pras minhas fanfics, ia achar bom usahuahuahu.

Espero que curtam!

Boa leitura :)



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Yesterday

All my troubles seemed so far away

Now it looks as though they're here to stay

The Beatles




Eu estive pensando muito. Sobre você. Sobre mim. Sobre o passado.

Às vezes não percebemos a magnitude das decisões que tomamos até estarmos completamente despedaçados, inconsoláveis, como se uma parte de nós tivesse sido jogada ao vento. Acho que somos muito passionais para sermos racionais. Faz sentido, não faz? Guiados pela razão, quando possível — mas, no final das contas, tudo se resume a como nos sentimos.

Dizem que o que nos separa dos animais é nossa capacidade de pensar racionalmente — e eu me pergunto: será que é? Será que o que nos torna humanos, em nossa essência, é realmente a forma como pensamos? Ou será que, na realidade, somos o que somos por conta da maneira como nos sentimos? E, quem sabe, pensar racionalmente seja só um jeito de equilibrar a balança? Todos os animais são racionais o suficiente para entender as consequências de suas ações. Um leão sabe que, se atacar um animal mais fraco, ele vencerá; um camaleão sabe que, se mudar de cor, pode se camuflar e se esconder dos inimigos. Mas, quando se trata de emoções, será que todos os animais as sentem com tanta intensidade quanto o ser humano?

Ontem, eu pensei que você era meu porto-seguro. Pensei que você era meu lar. Meu abrigo durante as tempestades. O lugar onde eu poderia me sentir amada e segura. Hoje, eu não sinto mais nada disso. Eu sinto como se estivesse no centro da tempestade. Posso ouvir o vento — tão alto e assustador, ainda mais quando não a tenho para me proteger —, e posso sentir cada pedaço meu sendo levado para longe, deixando buracos dentro de mim. Buracos que não estou certa de como vou preencher.

Seria racional seguir em frente. Seria racional saber que esse não é o fim do mundo, que a vida continua, que haverão outros amores, outras desilusões, outras tentativas de um recomeço. Seria racional me alimentar, ou conversar com meus amigos, ou não ficar trancada no meu quarto, encarando sua foto na proteção de tela do meu celular. Eu gostaria de ser racional. Então por que não consigo? Por que não consigo não sentir como se o mundo estivesse acabando? Por que não consigo imaginar qualquer pessoa em meu mundo que não seja você? Por que não consigo comer absolutamente nada? Por que sequer sinto fome? Por que ficar trancada no meu quarto, sozinha, sofrendo, é realmente a única coisa que consigo fazer?

Nem sei porque estou escrevendo isso. Não é como se escrever fosse mudar o que aconteceu. Mas, de uma maneira estranhamente bizarra, faz com que eu me sinta melhor. Como se escrever arrancasse as emoções de meu peito e as externizasse em uma folha de papel.

Você lembra? Lembra da primeira vez que te escrevi? Lembra da suplica que te fiz? Lembra de como te pedi para não quebrar minha alma? Levou alguns anos, mas você o fez. Você não cumpriu sua promessa. No final das contas, você é quem era tóxica para mim. Quem iria imaginar? Eu não. Nunca. Nunca pensei que os papeis se inverteriam. Nunca pensei que eu, a que costumava machucar, fosse acabar tão magoada. Tão frágil. Tão vulnerável.

Talvez essa seja a consequência de sentir com tanta intensidade. Talvez precisemos experimentar a dor, o medo, a angústia, para compreender melhor o amor, a felicidade, a paz. Talvez nos machucar seja uma lição. Talvez aconteça para que aprendamos a não machucarmos os outros. Então por que isso nunca funciona? Não somos seres racionais? Não deveríamos aprender com os nossos erros? Mas nós o fazemos — magoamos outra pessoa — porque um dia fomos magoados. Porque alguém algum dia nos causou tanta dor que nos mudou.

É engraçado, não é, como há tantos crimes no mundo? Tantas coisas moralmente erradas? Tantas coisas que podemos fazer para, fisicamente, destruir uma pessoa? Mas, emocionalmente, estamos pouco amparados. A dor física pode ser medida. A dor emocional pode ser eterna. Ou tão eterno quanto um ser humano pode ser.

Então eu me pergunto qual o sentido de tudo — qual o sentido de amar, se vamos sempre sofrer por conta de um amor? Qual o sentido de tentar ser feliz, se a infelicidade nunca realmente desaparece? Qual o sentido de deixar uma pessoa entrar em sua vida, se ela tem o poder de te transformar em uma bagunça?

Qual o sentido da vida?

Será que fui tola por pensar o que da minha era você?

Porque, realmente, não é o amor? Não é o amor que nos faz realmente querer viver? Não é ele que, no final, estamos sempre buscando? Por mais dinheiro que tenhamos, por mais famosos que possamos ser — no final das contas, se não tivermos amor, então nada terá significado. E você deu significado à minha vida. Você foi a razão pela qual me levantei todas as manhãs. O meu motivo para sorrir quando o mundo tentou me fazer chorar. A minha estrela-guia.

Acho que a verdadeira questão é: o que fazer quando nossa estrela-guia deixa de brilhar? Como nos orientarmos em meio à escuridão? Como superar o medo? Como dar passos incertos, sem saber em que terreno estamos pisando? Como aprender a confiar novamente, quando a confiança foi justamente o que nos destruiu?

Eu gostaria de ter essas respostas. Não, minto. Não gostaria. Tê-las significaria que estou onde estou, e é um lugar no qual nunca quis me encontrar. O que eu gostaria era de ter você. Comigo. Para o resto de nossas vidas. Gostaria de os últimos meses fossem apagados. Gostaria que todas as discussões desaparecessem. Gostaria que o motivo pelo qual brigávamos não fosse mais um motivo.

Mas foi.

Então talvez eu deva parar de pensar no passado. Parar de pensar em mim. Em você. Na nossa história. No que foi, e no que poderia ter sido. Talvez seja hora de começar a pensar no futuro. Em quem sou. Em quem poderei ser. E talvez, só talvez, eu deva pensar que isso não é o fim do mundo, que haverão outros amores, outras desilusões, outras tentativas de recomeço. Talvez eu deva começar a pensar que essa é só uma das lições que a vida está tentando me ensinar para que eu aprenda a viver plenamente um amor verdadeiro quando encontrá-lo.

Ou talvez tenha sido você. Talvez tenha sempre sido você. Talvez seja mesmo o fim do mundo; talvez eu nunca encontre uma chance de recomeçar; talvez eu nunca ame alguém da maneira que amei você. Talvez meu coração nunca se recupere. Talvez minha alma nunca consiga encontrar a plenitude novamente.

Talvez.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? :)



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