Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 50
Quarta Fase | Maeli e Alexander


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM ESTÁ DE VOLTA? ISSO MESMO: EUZINHAAAAAA!!!! Por mais que eu esteja muito feliz com isso, também estou um pouco triste, já que abandonei vocês por longos dois meses. SORRY IS NOT GOOD ENOUGHT (McFly sempre me representando). Então digo mil vezes: desculpa, desculpa, desculpa.... porque é isso que vocês merecem. Sério, estou muito mal com isso... Tanta coisa aconteceu em minha vida nesse período, mas nada envolvia RDC, sou uma péssima "mãe" :(
Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo, no qual vocês verão um lado bem diferente dos dois narradores...
Até as notas finais! xoxo ♥ ACE
PS: Para aqueles que chegaram agora e estão acompanhando (não sei se estão agora, depois desse disparate de 2 meses sem atualização): vi seus comentários e ♥, no fim de semana vou responder com todo o amor que tenho para dar.



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Maeli mal conseguia disfarçar todos os sentimentos que vieram à tona ao ouvir escondida toda a reunião dos nobres. Suas pernas tremiam como as barracas do exército na mais forte das ventanias, suas mãos chacoalhavam a ponto de que ela não fosse capaz de segurar nem seu fino vestido e sua cabeça parecia a ponto de explodir com todas as imagens horríveis do conflito que ela criara. Obviamente, ela não esperava que as notícias sobre toda a situação da Guerra seriam favoráveis, mas nunca pensara que seria dessa maneira. Em sua mente, o progresso do conflito ainda era lento e demoraria a chegar, o que garantiria mais algum tempo para a jovem militar forjar uma maneira de ser expulsa da Seleção. Porém ela estava errada. E isso a deixava apavorada.

Antes que pudesse sair de perto da porta, lágrimas começaram a se formar em seus belos olhos azuis. Aos poucos, elas caiam sem cessar por suas bochechas rosadas, pingando lentamente de seu queixo a seu pescoço. Wanessa, sua parceira — e quem tivera a péssima ideia de espionar a Realeza —, estava logo ao lado. Era impossível não perceber o estado da outra jovem. Seus prantos eram de cortar o coração, já que quase nunca tinham permissão de sair das profundezas da alma de Maeli para o mundo exterior. Ela era sempre tão forte, seus sentimentos tão reprimidos. Não naquele momento.

— Venha, você precisa ficar calma — pediu a outra competidora, com a voz um tanto forçada, conduzindo a militar lenta e pacientemente até outro setor daquele mesmo corredor. — Sente-se e respire fundo.

Maeli se acomodou, então, na poltrona vermelha de dois lugares fabricada com o mais fino couro avermelhado da província. A sua volta, estavam postas em uma ordem quase artística — como se meses fossem necessários para pensar em tais posições — fotos e pinturas de Copenhague. Das igrejas, dos jardins, dos palácios, das pessoas, da orla do rio, ou melhor, de tudo. A jovem competidora mal conseguia olhar para todas aquelas belas imagens sem pensar que tudo aquilo poderia ser destruído em tão pouco tempo e sem que ela pudesse evitar. Com as emoções à flor da pele, ela apoiou a cabeça nas mãos, como se aquilo pudesse afastar todos os seus temores e angústias. Como se aquilo a tirasse do mundo real e terminasse com todos os problemas.

— Maeli, querida, não fique assim, todos estarão protegidos aqui na Dinamarca — afirmou Wanessa, passando a mão nas costas da outra. — Não há motivos para se preocupar.

A militar levantou os olhos para a ruiva, encarando-a com muita atenção. Alguma coisa nela dizia que ela entenderia a situação e que apoiaria o desespero da colega. Uma áurea de força a rodeava constantemente, coisa que nunca poderia ser percebida em outra competidora. Por mais que desconfiasse dela em muitos aspectos, naquele momento Maeli sentia que poderia contar com ela, até porque o motivo de sua tristeza não era nenhum segredo. Estava tudo em sua ficha, provavelmente — ou melhor, certamente — já fora descoberta por aquela enigmática, porém astuta figura.

— Não estou preocupada com a destruição, quer dizer, estou, mas não é esse meu maior problema — a loira suspirou. — Enquanto eu estou aqui, minha tropa e meus amigos estão lutando.

— Mas você está fazendo isso também, só que de forma diferente. Você está competindo pelo coração do Príncipe. Pense, você pode ajudar seu país de uma maneira muito mais eficiente: infiltrada no governo — falou como se aquele fosse o fato mais emocionante do mundo, mas Maeli apenas balançou a cabeça negativamente.

— Isso não é o suficiente para mim. Preciso estar onde minha família sempre esteve: na luta armada, defendendo a Dinamarca com o próprio sangue — olhou para cima, observando o teto minuciosamente moldado na estrutura do Palácio. — Eu não, eu não…

— Meninas? — uma voz veio do fim do corredor, assustando as meninas a ponto que fez Wanessa se afastar de Maeli, o que deixou ambas descontentes, não poderiam negar. — Ouvi algumas vozes por aqui e…

O Príncipe Alexander subitamente surgiu em uma das esquinas do corredor, aproximando-se das duas garotas com uma mistura de curiosidade e preocupação — característica que ele quase nunca demonstrara até o momento da competição. Seus cabelos estavam mais bagunçados que o normal, evidenciando que ele estivera em momentos de tensão anteriores, mas que, mesmo assim, tentava esconder o cansaço com um sorriso fraco. Sua alegria forçada, porém, acabou assim que viu os olhos marejados da Selecionada loira que, apesar de tentar com todas suas forças, não conseguia esconder o choro. A partir daquele momento, ela não poderia mais fingir que nada acontecera: ele já tinha notado.

Sem falar nada, então, ele se ajoelhou na frente dela, pegando suas mãos com muito carinho. Seus dedos faziam movimentos circulares na pele calejada pelas armas da garota, como se aquilo a acalmasse. Seu olhar era profundo como o mais distante das depressões oceânicas, de uma forma que ela jamais vira naqueles olhos castanhos. Com isso, Maeli não conseguiu mais se controlar e se entregou ao choro de nervosismo, que foi apoiado em silêncio pelo Príncipe e por Wanessa, que apenas deixaram a garota descarregar todas as infelicidades que estavam presas em seu corpo magro. No início, pensou que seria uma vergonha parecer tão fraca assim na frente de uma das pessoas mais poderosas de seu país, mas depois de um tempo percebeu que não havia problema, que todos tinham seus momentos de desespero.

— Você quer me contar? — questionou o rapaz, quando a militar dava os últimos soluços de seu extenso derramar de lágrimas.

— Ela descobriu que… — começou a ruiva, que logo foi cortada pela verdadeira dona da história.

— Deixe que eu explique, Wanessa — a loira olhou para a colega brevemente, logo desviando o olhar olha para o príncipe, enxugando as lágrimas e tentando se conter. — Pode parecer besteira, mas é algo que realmente importa para mim... Como o senhor já deve saber, eu sou militar e sirvo à Aeronáutica. Com a proximidade da guerra, várias notícias e rumores sobre as batalhas que virão. E, estando aqui, sinto que não há nada que eu possa fazer, como se eu estivesse presa.

— Você está livre — afirmou ele. — Se você quiser sair, não há nada que eu possa fazer.

— Eu me inscrevi numa época de paz, meus pais achavam que eu faria bem ao meu país, já que tinha toda a experiência nas Forças Armadas. Porém agora não sei mais — ela falou, mordendo o lábio inferior. — Tenho medo de decepcionar a todos que confiaram a mim um futuro melhor em nossa pátria e temo que não esteja cumprindo meu dever ficando aqui parada.

— Há quem diga que você deve estar onde seu coração deseja — declarou ele, com uma sinceridade incomum. — Você só precisa ouvi-lo.

Ainda ajoelhado, ele abraçou ela, seus braços fortes envolvendo-a como se quisesse protegê-la de toda a tristeza e aflição. Quando entrou da Seleção e viu o quão retraído era o Príncipe, jamais imaginara que um dia estaria naquela situação. Isso mostrava o quanto momentos nada favoráveis aproximavam pessoas de maneiras estranhas, porém profundas e verdadeiras.

Após um tempo, ele finalmente se afastou e ficou olhando para a garota. Com um suspiro e um sorriso contido, porém verdadeiro, ele se levantou, entendendo a mão para que a pretendente fizesse o mesmo. Ela o fez e os dois, então, estavam parados tão próximos quanto como se estivessem em formação militar. Assim, ele entrelaçou seu braço ao dela.

— Bom, Wanessa, eu e Maeli vamos conversar um pouco enquanto andamos pelos corredores — o rapaz disse sério, porém educado e um pouco sedutor, para Wanessa e, logo depois, dirigindo um sorriso para Maeli. — Esteja no Salão de Eliminação depois do almoço. Mandarei um aviso para as demais Selecionadas também. Até breve.

— Até, Alteza — ela se levantou, se curvando em uma reverência um tanto forçada.

Conversando, Alexander e Maeli deixaram Wanessa para trás. Entre as muitas esquinas entre os milhares de corredores que os levavam do local onde estavam aos quartos das Selecionadas, a jovem militar contou diversas histórias de sua vida, as quais o menino ouvia com muita atenção, fazendo apenas pequenas perguntas que a faziam querer falar mais e mais com ele. E, daquela maneira, ela descobriu exatamente onde seu coração estava.

***

A sala estava escura, a não ser por uma fraca luz vinda da pequena fresta — que provavelmente passara despercebida  pelos criados — da cortina, que fazia o sol entrar de leve.Alexander apenas conseguia enxergar e sentir o que estava diretamente em sua frente; suas mãos suadas, seu corpo aparentemente firme e, o que mais o afetava, a cabeça que dois de preocupação. As sensações que mais odiava e também que, desde o início da Seleção, mais temia. Ele sempre tentava afastá-las de diferentes maneiras e, naquele momento, o breu do ambiente era sua melhor opção.

Alexander, apesar de não perceber, estava preocupado com Maeli e com a cena que vira horas antes. Ao mesmo tempo que desejava que ela permanecesse na competição, ele queria deixar que ela fosse embora. Sua mente dava voltas, assim como suas pernas, que andavam de um lado para o outro.  A confusão que se instalara nele se tornaria muito maior, porém, no momento certo,a luz foi acesa, revelando duas figuras de braços dados, uma loura e uma de cabelos grisalhos.

Em silêncio, elas andaram até a frete do Salão, onde se encontrava o Príncipe. Aos poucos, ele pôde reconhecê-las: eram Hannah, sua sempre tão animada tia, e a Senhora Gillies, a coordenadora das Selecionadas, que fora escolhida a dedo para o cargo pelo Rei Christian. Assim que viram o rapaz, ambas sorriram, cada vez mais próximas dele.

— Boa tarde, caro sobrinho — disse a germânica, dando três beijos nas bochechas do garoto, hábito estranho dos germânicos. — Como se sente com o início de mais uma fase nessa competição?

— Penso que estamos sendo obrigados a fazer tudo com muita pressa com toda a situação da guerra — ele respondeu, um tanto sério demais, suspirando e logo depois olhando para a outra mulher, a coordenadora das Selecionadas. — Tudo isso estava previsto para daqui dois dias, peço desculpas se eu sobrecarreguei sua equipe com o adiantamento.

— A contagem de pontos e os relatórios estavam prontos, sempre preferimos deixar tudo organizado com antecedência — ela afirmou, balançando a cabeça enquanto falava. — Porém nunca seria incômodo apressar tudo a seu pedido. Sabemos o quão complicada o quadro da Guerra se tornará dentro de pouco tempo e não queremos colocar nem o senhor nem as competidoras em perigo.

— Muito obrigado por entender isso. A senhora está desempenhando muito bem sua tarefa, meu pai fez bem em escolher alguém de tanta responsabilidade — os dois trocaram sorrisos sinceros, em uma gratidão silenciosa que logo foi cortada pela voz estridente de Hannah.

— Falando nas madames, elas chegarão logo? — questionou a Lady, um tanto impaciente, fazendo com que, por um momento, Alexander pensasse que ela fosse a Rainha com toda sua irritação com as Selecionadas. — Não autorizaram uma passada nos quartos para a troca de roupas após o almoço, não é?

— Elas foram instruídas a deixar o local de refeições e se dirigirem diretamente para cá, sem interrupções — afirmou a Senhora Gillies, balançando de leve seus fios grisalhos. — Se irão cumprir as ordens, bom, não posso garantir.

— Se não conseguem cumprir com as ordens já podem ir para casa, pois não servem para o cargo — falou a germânica, dando de ombros. — Pelo menos seria isso que minha amada irmã diria.

Os três ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo o som do vento suave de outono batendo nas grandes janelas, fazendo-as balançar. Mais uma vez, Alexander mergulhou em seus pensamentos, lembrando-se de como Maeli estava sofrendo por estar no palácio e de como as outras poderiam estar assim. Todas as imagens de guerra que Sybil mostrara mais cedo subitamente vieram a sua mente, com todo aquele sofrimento iminente. A preocupação veio à tona mais uma vez, mas, felizmente, ela foi esquecida com a chegada de duas figuras, entre as quais uma o fazia esquecer todos os problemas.

Os vestidos que agora passavam pelo pequeno corredor pareciam ter sido feitos para, apesar de tão contrários, se complementarem, assim como as garotas que os utilizavam. Alicia, com um tecido tão laranja quanto as mais belas tulipas, esbanjava o brilho animado de sempre em seus belos olhos azuis, caminhando com tanta confiança quanto no dia que o Príncipe a conhecera, mais de uma década antes. Em contradição, Aline, logo a seu lado, com um traje branco e azul, irradiava sua tranquilidade e seriedade em seu sorriso contido e misterioso. Duas personalidades cuja união deixava Alexander mais confuso que o motivo das mesmas estarem naquele recinto.

— Surpresa! — exclamou a loira dinamarquesa, ainda um tanto longe da frente do salão, rindo da expressão do amigo. — Vocês serão honrados por nossa ilustre presença.

Ao alcançarem os outros três presentes, Aline logo se certificou que todos fossem devidamente cumprimentados por ela, costume que sua tão educada mãe, a Rainha Alice — nascida Princesa Alice da Germânia, caçula e única menina de uma família de outros quatro irmãos —, passara com muito cuidado a ela. Hannah recebeu um carinhoso abraço de sua prima, acompanhado de três beijos nas bochechas. Já a coordenadora recebeu um cordial aperto de mão. Para não deixar a imagem de antipática, coisa que não era em hipótese alguma, Alicia seguiu os passos da amiga, saudando as duas mulheres elegantemente. Porém o verdadeiro prazer em seu rosto só foi visto quando ela parou ao lado de Alexander, assim como a britânica, entrelaçando um de seus braços ao dele.

— Poderiam me dizer a razão de tal privilégio? — questionou o rapaz, se dirigindo à moça dinamarquesa, com a testa franzida.

— Alicia precisa conversar com uma Selecionada depois — respondeu a herdeira ao trono do Reino Unido, trocando um olhar cúmplice com a outra. — E eu vim acompanhá-la e observar esse passo tão importante em sua Seleção, estimado primo.

O Príncipe balançou a cabeça, começando uma frase, que, aparentemente não era muito importante, já que, assim que as portas do Salão foram abertas, foi esquecida. Logo, as Selecionadas estavam todas a sua frente, tomando todo o espaço disponível em sua mente. As conversas paralelas, como sempre, ecoavam por todo o espaço, juntando vozes baixas com vozes altas. Como de costume também, muitas delas pareciam nervosas, direcionando olhares desconfiados as cinco figuras em destaque. Era difícil para o jovem nobre ver suas pretendentes assim, porém era necessário para que a segurança delas fosse garantida. Assim, ele lutou contra todos os pensamentos preocupados que o dominavam e deu um passo a frente.

— Minhas caras Selecionadas, sinto muito por ter perturbado os momentos que deveriam ser de paz para as senhoritas, mas a situação atual me obrigou a adiantar a programação — ele cruzou as mãos em frente ao corpo, um tanto ansioso. — Senhora Gillies, você pode dar início à solenidade.

— Boa tarde — disse a coordenadora, sorrindo e parando ao lado de Alexander. — Bom, vamos começar com os destaques da recepção dos convidados estrangeiros. Quatro meninas tiveram um desempenho espetacular, perfeito em todos os quesitos de avaliação dos chefes de grupos. Peço que as competidoras chamadas se dirijam aqui à frente.

— Vamos lá, então — Hannah pegou um pequeno papel que surgiu magicamente em sua mão e o leu. — Layla, Maeli, Wanessa e Mabelle.

As quatro moças, com uma mistura de espanto e felicidade, fizeram o que fora mandado, deixando a companhia das suas rivais e caminhando lentamente até a posição de destaque. Layla, com todo o seu ar de elegância, deu passos suaves, quase como se andasse sobre uma nuvem e balançando seus belos cabelos negros. Mabelle, a mais fofa das Selecionadas, estava completamente incrédula por estar ali, e alternava a expressão entre um sorriso e um arregalar de olhos. Wanessa, com toda sua sensualidade, tirou a atenção de todas as outras, rebolando suas formas perfeitas, apesar de não muito acentuadas. Era para Maeli, porém, que Alexander olhava. No primeiro momento, parecia que todo seu estresse tinha passado, mas, quando virou a cabeça para o herdeiro ao trono, ele pôde perceber que seus olhos ainda estavam inchados. Sem saber o que fazer, ele mexeu os lábios em um sincero “vai dar tudo certo” acompanhado por um sorriso, que pareceu acalmá-la.

— Além dessas, também permanecerão no Palácio as vencedoras da prova de organização da festa do Príncipe Henrik — a mais velha olhou para as candidatas à Princesa com muita seriedade. — Depois de muito discutir com todos os nobres e também plebeus de Amalienborg, decidimos que o grupo B, o da parte interna, realizou melhor o seu trabalho. Meninas, se juntem às outras meninas salvas.

Emery, Kristal, Isabelle Valência, Marzia, Ulrika, Victoria, então, o fizeram, andando lentamente até a posição de destaque. Era nítida em seus rostos a sensação de trabalho bem cumprido, visto que todas sorriam de forma verdadeira. Até mesmo as que se mostravam sempre mais retraídas agora estavam radiantes. Esse fato, sem dúvidas, deixava o herdeiro à Coroa Dinamarquesa contente, porém ele não conseguia deixar de notar as garotas que continuavam sentadas. Laryssa, Rosaly, Solaria, Mayrelles, Cassiopeia e Ferissa. Ele simplesmente não conseguia imaginar o Palácio sem a presença delas, mesmo que não convivessem muito.

— Às que ainda permanecem sentadas peço que não se desesperem, pois meu amado sobrinho ainda tem o direito de tomar uma decisão — disse Hannah, olhando para o Príncipe. — Você sabe o que fazer, Alex.

— Eu tenho permissão de resgatar duas garotas do grupo perdedor e eliminar duas do grupo ganhador. E elas serão... — ele pensou em silêncio por alguns segundos, tornando o ambiente muito tenso. — Laryssa e Mayrelles ficam e Isabelle Valência e Victoria saem.

As duas eliminadas voltaram a seus lugares nas cadeiras, com a típica expressão de alguém que acabara de perder algo muito importante — o que realmente havia acontecido. Em contrapartida, as duas que se salvaram irradiavam alegria e, Alexander não podia deixar de notar, a ruiva sorria com uma veracidade jamais vista por ele. Ele gostaria de ter mais tempo para observar aquela cena, já que se tratava de uma garota que ele admirava muito, porém logo se lembrou da outra competidora, a qual precisava muito de sua ajuda no momento. E, como imaginava, Maeli o estava encarando, os olhos azuis repletos de preocupação.

— Com licença, Alteza e senhoras. Eu tenho algo a dizer — disse ela ao receber uma balançada de cabeça encorajadora do herdeiro ao Trono. — Se me permitirem, é claro.

— Príncipe? — a coordenadora das Selecionadas franziu a testa, mas, quando o rapaz afirmou, ela sorriu. — Continue.

— Serei direta: quero deixar a competição — explicou a moça, suspirando. — Com a Guerra, sinto que não devo permanecer aqui. Meu lugar é ao lado de minha família e de meus amigos, defendendo algo que realmente amo.

Um breve silêncio se instalou no recinto, sem nenhuma conversa paralela ou risada. Era fato que Maeli era muito adorada por todas as suas concorrentes, que sentiriam muito a sua falta. Porém, alguns minutos depois, Alexander decidiu tomar uma iniciativa, andando em direção à moça.

— Fico feliz por você estar seguindo seu coração — ele pegou a mão dela e beijou, em um ato de cordialidade. — Foi uma honra ter alguém como você em minha Seleção.

O que antes era tomado pelo vazio da quietude, agora se enchia de palmas animadas. Em meio àquilo tudo, Maeli agradeceu o Príncipe silenciosamente, com uma cumplicidade que ele jamais imaginaria receber de uma daquelas garotas. Os poucos momentos que os olhares dos dois se cruzaram daquela maneira tão profunda, porém, foram curtos, já que logo as outras Selecionadas já se aproximaram para abraçar a combatente tão fiel das forças armadas com muita emoção. Toda a euforia acabou apenas quando a Senhora Gillies chamou a atenção de todos novamente.

— Antes de as eliminadas realmente se despedirem do Palácio, teremos alguns doces, que já estão sendo trazidos  — todas olharam para trás, onde algumas mesas, que o Príncipe não havia percebido, estavam postas.  — Espero que todas aproveitem.

As Selecionadas, quase que imediatamente após a fala da coordenadora, se dirigiram ao local onde os comes, simples porém deliciosos, estavam sendo servidos. Apesar dos momentos de tensão que haviam ocorrido segundos antes, competidoras e eliminadas conversavam amigavelmente, sem nenhum remorso. As risadas, como de costume, estavam presentes, animando o ambiente de forma suave.  E, meio a tanto entusiasmo estava Aline, trocando palavras polidas com Layla, que estava muito à vontade com a presença da Princesa, como se a conhecesse há anos. Contemplando tal empatia inexplicável entre as duas garotas, Alexander nem percebeu a chegada de uma outra figura ao seu lado.

— Você foi melhor que eu imaginava, querido — admitiu Alicia, colocando uma de suas delicadas mãos no ombro do rapaz. — Na minha cabeça, você deixava sua mãe com essa função toda.

— Eu cresci muito desde que você me abandonou e foi para o Reino Ibérico — ele respondeu, fazendo uma careta. — Foi uma experiência traumática, sabe?

— Sei, é muito difícil sobreviver sem essa pessoa maravilhosa que sou — ela balançou os cabelos dourados de forma dramática. — Ainda bem que estou de volta, não é?

— Muita sorte minha — ele falou, dando um passo para trás e abraçando-a pelos ombros.

— Realmente — ela se afastou um pouco, se desvinculando dos braços dele. — Mas agora preciso falar com aquela ruivinha ali.

— Quem? Laryssa? — ele franziu as sobrancelhas ao receber um aceno afirmativo de cabeça como resposta. — Por quê?

— Não posso nem conhecer as meninas que disputam o lugar especial em seu coração comigo que você já fica com ciúme? — ela se virou para ele e riu, colocando as mãos em seu rosto, como sempre fazia para irritá-lo ainda nos tempos de colégio. — Eu, hein, acalme os ânimos.

— Não estou com ciúme, só tenho curiosidade…

— Vou fingir que acredito — ela se aproximou e beijou a bochecha do amigo carinhosamente. — Adeus, meu caro.

— Até breve — o rapaz riu enquanto a garota se afastava.

Ele observou com atenção a conversa da jovem embaixatriz dinamarquesa com a tão doce Selecionada, como se, a qualquer momento, pudesse parar tudo para protegê-la. Mesmo que Alicia fosse sua melhor amiga, ele sabia que ela poderia ser bem dura e cruel quando queria. E, em hipótese alguma, deixaria que sua face cruel se rebelasse contra Laryssa. Ao perceber que nada de ruim aconteceria e que a situação estava tranquila, ele finalmente se juntou às outras competidoras. Assim, tão envolvido com os mais variados assuntos que elas traziam, ele nem sequer percebeu que a cabeleira ruiva e a loura deixaram o Salão.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram??? Mais algumas eliminadas e a competição está aos poucos terminando. Temos agora 16 Selecionadas. Para aquelas que foram eliminadas (provavelmente nem comentam mais, mas ainda tenho um amorzinho por todas), continuem aqui que ninguém vai ser esquecido (spoiler cofcofmaelicofcof).
Até o próximo (e até as repostas dos comentários, as quais farei no fim de semana)
xoxo ♥ ACE



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