Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 51
Destino | Ophelia e Aline


Notas iniciais do capítulo

Oioi, gente! Hhoje não é quinta, não é dia de RDC, mas aqui estou eu! Depois de mais um mês sem postar (atraso mais uma vez, semana de provas vulgo inferno mais uma vez), resolvi que deveria postar logo que terminasse de escrever. Sei também que muitas de vocês estão de férias (as minhas começaram só essa semana), então queria dar uma alegria, mesmo que seja a última semana.
Ah, provavelmente essa semana também irei postar — finalmente — a matéria sobre a Luísa e o Império Latino-Americano. Já tenho todas as imagens, a árvore genealógica e até um mapa hahaha. Assim que estiver pronta, colocarei o link ou aqui, ou nas notas finais, mas, mesmo assim, fiquem ligadas, pois posso postar a qualquer momento :D
Vou parar de tagarelar e deixar vocês com o capítulo, que trata de um assunto (dentro de todas as tretas da história) muito enigmático para mim, que é o destino.
xoxo ♥ ACE



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“Nada adianta querer apressar as coisas, tudo vem ao seu tempo. O destino vai se encarregar de colocar você no lugar certo, na hora certa. ”

Autor Desconhecido

 

Aqueles sentimentos eram tão estranhos para Ophelia, ela não sabia lidar com aquilo. Pensava no que devia fazer e como devia reagir, como tocar e falar com a pessoa que estava deitada logo em sua frente. Um menino tão poderoso — talvez o mais poderoso do país — havia se apaixonado por ela, uma simples imigrante que trabalhava como criada e que mal sabia falar dinamarquês. A qualquer momento, ele poderia se afastar e deixá-la totalmente sozinha, como se aquele amor que tinha já mais tivesse existido. E ela, apesar de ainda não entender bem a letra da canção que seu coração cantava, não poderia deixar isso acontecer.

— Seus olhos se iluminam tanto à luz das estrelas, ficam quase mais brilhantes que elas — disse Alexander, quase em um murmúrio, com a costumeira timidez, que parecia nunca deixar seu corpo. — Gostaria de saber como eles ficam sob a palidez do primeiro raio de sol da manhã, se eu fosse um artista, tenho certeza que poderia pintar apenas o seu olhar e ficar mundialmente famoso.

— Alexei… — falou ela em um sussurro, esticando o braço para tocar o seu rosto com delicadeza, passando os dedos pela bochecha dele com muito afeto. — Tudo que acontece entre nós deve ser às escuras, não podemos correr o risco de sermos descobertos. Eu seria mandada para longe, talvez nunca mais nos víssemos. Sua mãe...

— Ela não faria nada se eu finalmente revelasse o que temos — afirmou ele, fechando os olhos para aproveitar o carinho da garota. — Já está na hora mesmo…

— Você não sabe qual seria a reação dos seus pais ou, pior, do povo — lembrou ela. — Você é o futuro governante deles, não pode se esquecer disso. Um país depende de você, o futuro da sua família depende de você. Apesar de eu querer muito que nossos encontros passem a ser às claras, não seria capaz de arruinar todo o seu futuro.

O menino não respondeu, apenas suspirou, ainda de olhos fechados. Somente a luz fraca do luar iluminava seu rosto, tornando sua aparência quase que fantasmagórica, mas que, mesmo assim, fazia Ophelia desejá-lo cada vez. Sua expressão estava tão suave, a boca tão relaxada. Por mais que ela soubesse que tinha de ser cuidadosa quando se tratava da relação deles, o momento não permitiu que ela se contivesse. Antes que pudesse parar para pensar em seus atos, ela o puxou para mais perto, juntando seus lábios em um beijo profundo. Estando mais próximos, ela conseguia sentir o calor do corpo do amado, que praticamente se fundia com o dela e, de maneira estranha, ela parecia estar segura.

Diferente das outras tantas vezes que eles se beijavam, ele não parou. O ar nos pulmões da criada não era mais suficiente para aguentar toda a paixão presente naquele pequeno local e, de súbito, o espaço entre eles foi extinto. Os braços dele colaram nos dela, assim como todas as outras partes de seu corpo, como se eles se tivessem se tornado um só corpo. A timidez não estava mais presente, apenas estava ali o desejo e a angústia que sempre precisavam ser ocultos. E, pela primeira vez, ela não quis que aqueles sentimentos extrapolados se escondessem, não quis fugir. Ele era totalmente dela, ela era totalmente dele. Pelo menos naquele momento.

O ranger da porta se abrindo acordou Ophelia de seus pensamentos nostálgicos e, ao mesmo tempo, assustou-a. Isabella, a sempre alegre menina de cabelos castanhos claros, então, entrou quarto a dentro, colorindo o local de cores tão opacas com seu vestido florido. A criada levantou-se, indo cumprimentar a nobre, porém foi logo interrompida. Assim que viu a inconfundível figura, Esmeralda, que estava totalmente entretida com a tinta que recebera de aniversário, correu até ela, os pezinhos descalços quase voando pelo chão. Logo os bracinhos já estavam envolvendo o pescoço da maior, que beijava sua pequena bochecha enquanto era praticamente estrangulada pelo abraço.
            — A titia estava com muitas saudades de você, Esmie — a Princesa girou, fazendo a pequena soltar sua risada que tinha o poder de derreter o coração de qualquer um. — Culpa de sua mamãe que não me deixa descer aqui para vê-la.
            Ophelia sorriu para a garota, que sentou ao seu lado em uma das pequenas camas, ainda abraçando a sobrinha. O amor que ela tinha por aquela criança era maior do que Lia jamais poderia imaginar. Alguns anos antes, quando a decisão foi de contar toda a situação para a jovem nobre, de então quase 14 anos, ela não previu aquilo, não previu todos os abraços, os beijos, o carinho, a atenção, nada. Isabella era tão pequena. Seu corpo ainda magro da infância, as ideias tão pouco evoluídas — diferentemente das de Ingrid, dita a mais sensata das gêmeas —, mas uma alma tão bondosa, que apoiou de todas as maneiras possíveis a criada tão amada pelo irmão mais velho. Ela era o único membro da Família Real que sabia da existência da bastarda e, olhando como naquele momento a pequena mostrava suas pinturas com tanta admiração para a tia, Ophelia percebia que não poderia ter escolhido uma confidente melhor. 
            — Então, você sabe se Alicia já está vindo? — questionou a garota, terminando de olhar as obras de arte da sobrinha. — Não posso demorar muito, porque meus pais podem desconfiar.
            — Ela afirmou que estaria aqui o mais cedo possível, dependendo da duração da eliminação — respondeu a criada.
            — Eliminação? Mas já? — ela estava claramente indignada com a falta de informação, já que era sabido que ela apreciava muito acompanhar cada etapa da competição. — Por que eu não fui avisada?
            — Seu irmão teve de marcar de última hora, mas também não sei o motivo dessa pressa....
            — Sinto muito, mas acho que ele já achou uma substituta para você — anunciou a nobre, em uma mistura de sarcasmo e tristeza.
            Ophelia iria falar uma coisa, mas antes que pudesse começar, a porta foi aberta novamente, revelando mais duas figuras. Uma era muito conhecida por todo o palácio, com seus longos cabelo dourados, seu sorriso encantador que conquistava a todos e seus olhos, que apesar de parecerem doces, tinham o ar de determinação de toda mulher ambiciosa. Alicia, a bela vice-embaixatriz dinamarquesa no Reino Ibérico. Já a outra, Laryssa, estava de cabeça baixa e feições cobertas pelos fios cor de fogo, com muito menos animação que todas as outras visitas naquele pequeno cômodo. Apesar disso, diferente de todos outros dias que a vira, naquele momento ela parecia, em termos de saúde, muito melhor. Ophelia não pôde deixar de olhar para sua barriga, que crescera pouco, porém visivelmente, desde a última vez, mas nada que ainda não pudesse ser escondido pelas roupas ou ser interpretado como alguns quilos a mais ocasionados pela qualidade da alimentação recebida pelo Palácio. Uma desculpa que iria convencer a todos, porém não por muito tempo.

— Boa tarde — a loira falou, colocando as mãos nas costas da ruiva ao conduzi-la para dentro do quarto. — Eis aqui o nosso objeto de discussão.

Ophelia imaginou que a jovem Selecionada falaria algo, mas ela não o fez. Apenas ficou calada observando tudo. A que mais demonstrou espanto foi Isabella, que quase deixou a sobrinha cair no chão assim que descobriu a identidade da tão falada competidora grávida — toda a situação já fora explicada por Lia a ela alguns dias antes, mas sem a revelação de nomes já que, se ela não concordasse em ajudar, poderia revelar ao irmão, estragando tudo. Por sua vez, Esmeralda ficou alternando o olhar entre a tia e a ruiva, provavelmente tentando lembrar dos breves momentos anteriores nos quais a vira enquanto as duas recém-chegadas sentavam na cama em sua frente.

— Como já esclareci a vocês, Isabella e Alicia, Laryssa logo não poderá estar participando da competição — a criada disse e, de canto de olho, viu a menina em questão encolhendo os ombros, triste. — Minha primeira sugestão seria que ela pedisse para sair…

— Assim como fez Maeli hoje mesmo — interrompeu Alicia. — Acredito que a Família Real não irá negar esse pedido…

— A escolha de estar aqui ou não é dela — concordou Isabella. — Apesar de ter tanto poder nesse momento, Alexei não pode obrigar alguém a competir.

A criada percebeu que Laryssa se encolheu ainda mais. Abaixou mais a cabeça. Mordeu os lábios. Lia sabia que o problema todo não era sair ou não da competição — por mais que suspeitasse, pela reação de Isabella, que algo estava acontecendo entre ela e o Príncipe — e, sim, sua família, sua vida antiga. Como explicar para todos o que ocorrera? Pensariam eles que alguém da Família Real se aproveitara de sua inocência? Poderiam eles aceitá-la de volta mesmo com toda a desonra que ela carregava? Ophelia passara pela mesma situação, as mesmas perguntas passaram por sua cabeça e, naquele momento, ela compreendia todo o desespero da garota a sua frente.

— Eu não posso — a Selecionada finalmente se manifestou, se erguendo um pouco e revelando seus olhos marejados. — Eu não posso voltar. O que me levou a estar nessa situação foi algo horrível, algo que eu terei de lembrar toda vez que eu olhar para meu quarto, minha casa, minha rua ou até mesmo minha cidade… Não posso...

Mesmo com a tentativa da garota de esconder as lágrimas, Lia sabia que logo ela não seria mais capaz de conter. Seu rosto estava vermelho, típico de alguém prestes a chorar e seus braços envolviam seu corpo como se quisesse de proteger de algo. As outras três que estavam simplesmente não tiveram reação a tão triste cena que ocorria logo abaixo de seus narizes, a única coisa que conseguiam fazer era observar com as expressões cheias de pena. Elas não sabiam — e se soubessem, não entenderiam — os acontecimentos levaram Laryssa àquela situação. Entretanto uma das presentes não precisava entender nada, apenas sentir a melancolia com sua percepção tão pura de criannça. Esmeralda. Com a simplicidade de uma menininha de um pouco mais 2 anos, ela saiu do colo de Isabella e foi até a ruiva, deitando a cabecinha nas pernas da mesma.

— Você não precisa ficar triste — afirmou ela, com muita sinceridade. — Papai do céu está cuidando de você.

Laryssa pegou a menina e colocou em seu colo. Antes de fazer qualquer coisa, ela olhou para Ophelia, que só confirma com a cabeça, simbolizando o quando, mesmo em pouco tempo, ela já confiava na competidora, a ponto de deixar sua jovem filha a seus cuidados. A adolescente, então, envolveu a criança com seus braços, com tanta afinidade que parecia que elas se conheciam desde sempre, como se fossem parentes. Os cabelos vermelhos cobriam boa parte do corpinho magro da pequena, que parecia totalmente à vontade e segura naquele cobertor de fios.

— Nós podemos levá-la para o Reino Ibérico como fizemos com você, Ophelia. Além de ser um local seguro, há a possibilidade de mentir para a família dizendo que ela conseguiu um emprego, ahm, na embaixada em Madri — sugeriu Alicia, observando a cena tão doce que acontecia logo a seu lado. — Eu já levaria a Esmeralda mesmo….

— Você diria para a Família Real que gostou muito dela e por isso a quer como ajudante ou… — Ophelia perguntou, erguendo as sobrancelhas, sabendo que a ideia da embaixatriz não era nada viável.

— Ela pode simplesmente sair da competição e ir comigo — a loira falou, recebendo um olhar apreensivo da criada em sua frente.

— As eliminadas são divulgadas em todos os lugares do país. Minha mãe deve estar acompanhando tudo, ela irá descobrir de uma maneira ou outra — a Selecionada voltou sua atenção da criança em seu colo para as outras três garotas do cômodo. — Não tem necessidade de vocês se estressarem com isso…. Não há escapatória.

— Eu entendo sua situação e é justamente por isso que não posso deixar você — Lia olhou diretamente para os olhos assustados da ruiva, lembrando-se de como ela era assim 3 anos antes. — Nós daremos um jeito nisso sem sair do solo dinamarquês.

— Quando Ophelia ficou grávida de Esmeralda, ela passou um ano comigo. A divulgação da minha vaga na Embaixada no Reino Ibérico acabara de ser divulgada e era a primeira vez que eu saía do país sem a supervisão dos meus pais — contou Alicia, com seriedade. — Nós tivemos algumas dificuldades, mas tudo deu certo no final.

— Sorte que você tem um talento excepcional em retórica e também que Alexander confia cegamente em você, sem isso com certeza teríamos sido descobertas — a criada pensou nas aventuras que as duas tiveram em Madri, como Alicia, apesar de ser muito madura para sua idade, era atrapalhada e quase revelou a situação de Lia para o Embaixador e outras autoridades mais de dez vezes.

— Nada disso teria acontecido se você tivesse simplesmente condado a meu irmão. Tudo teria sido diferente e até melhor — Isabella afirmou, se voltando para Laryssa. — Mas você não cometerá esse mesmo erro.

— Não, nunca! — a garota balançou a cabeça em desespero. — Ele irá me odiar para sempre!

— Alexander pode não mostrar muito da personalidade dele para vocês, entretanto eu o conheço desde sempre e sei como ele realmente é… Ele nunca odiaria alguém, nunca mesmo, acredite — declarou a Princesa. — Ele entende ou, pelo menos, tenta. E, além do mais, ele…

A menina de cabelos castanhos claros interrompeu sua própria fala enigmaticamente. Seus olhos extremamente azuis percorreram o cômodo, encarando cada uma das garotas, prona para revelar algo. Porém ela apenas soltou o ar de seus pulmões, instalando um silêncio não programado no pequeno local.

— Ele o quê? — questionou Alicia, desconfiando da apreensão da amiga.

— Nada. A melhor opção é você falar a verdade — a morena se inclinou para pegar a mão da Selecionada que não segurava Esmeralda. — Se ele fizer algum mau a você, nós estaremos aqui para defendê-la.

— Se ele perder a cabeça e quiser eliminá-la e humilhá-la em público, o que acho pouco provável, nós duas simplesmente saímos daqui e vamos ao Reino Ibérico — ela encarou Ophelia, esperando sua aprovação. — É o melhor que podemos fazer, nesse caso.

Ophelia suspirou e olhou para Laryssa, que sorriu um pouco amedrontada. Ela já se apegara tanto a menina, com sua humildade e, em alguns sentidos, força por aguentar tudo aquilo sem se desesperar.  Era lamentável o que o destino tinha feito a ela, entretanto fora esse mesmo destino que mudou a vida da própria criada ao trazer Esmeralda ao mundo. Sem isso, tudo teria sido diferente. Apesar de ser difícil, depois olhar para a filha, que brincava com o cabelo cor de fogo da Selecionada, ela percebeu que a alegria de ter um ser tão puro como uma criança em sua volta era maior.

— Tudo dará certo, eu tenho certeza — Lia finalmente sorriu Lary e afagou seu braço com afeto.

***

Todas as Selecionadas estavam se divertindo ao conversar em paz e comer os deliciosos doces especialmente preparados — mesmo que às pressas — para a ocasião. O clima do Salão estava mais leve do que em todos os outros dias e isso deixava Aline muito feliz, mesmo sem admitir. Ela adorava passar o tempo com as possíveis futuras esposas do primo, conversando, trocando ideias e descobrindo suas histórias tão diferenciadas de vida. Cada uma era especial a sua maneira, ela não poderia negar. Tinham uma delicadeza escondida e, àquela altura da competição, todas poderiam ser ótimas esposas para Alexander.

            Apesar de apreciar muito a companhia das demais garotas, o dever exigia que ela se concentrasse em uma. E esta, que fora o assunto das conversas da britânica e de suas amigas desde o início da Seleção, estava mais ao cato, trajando um vestido verde opaco com pequenos detalhes dourados e conversando com outra menina. Layla e Maeli, belas e elegantes.  Ambas riam com graciosidade, parecendo se dar muito bem e Aline não conseguia conter o sorriso enquanto se aproximava delas.

— Boa tarde, garotas — a Princesa olhou para Layla. — Sei que já falei com a senhorita e a abandonei, mas resolvi voltar, espero que não se importe.

— É um prazer conversar com a senhorita, Alteza — a garota morena riu com toda sua graciosidade. — Além do mais, acredito que Sua Alteza ainda não tenha trocado palavras com Maeli.

— Justamente — a nobre sorriu para as duas. — E sei que é uma honra conversar com uma tão fiel combatente. Alexander, todos nós, na verdade, estamos impressionados com sua atitude. Parabéns.

— Obrigada, Alteza — disse a militar, curvando a cabeça quase que em uma reverência. — Gostaria muito de poder continuar na competição, mas o dever me chama e eu não posso ignorá-lo.

— Você está completamente correta, minha querida. Creio que, se tudo fosse diferente, você seria uma ótima Princesa — contou Aline, com uma real admiração pela plebeia, que, se toda a pressão do povo, conseguia ter a responsabilidade que muitos membros na realeza não conseguiam ter, mesmo em idade avançada. — Na realeza, muitas vezes temos de largar tudo apenas para cumprir nossas obrigações, que não são muitas. Você estaria preparada, é uma pena que teve de abandonar a competição.

— Verdade. Mas as coisas são como são, não podemos mudar o cenário político atual — admitiu a garota de cabelos castanhos claros. — Às vezes eu imagino como seria tudo se a guerra nunca tivesse sido declarada ou como eu poderia evitar que essa situação acontecesse…

— Se fosse assim tão simples… — Layla apontou, fazendo com que a britânica se alegrasse, pois sabia a que ponto ela estava chegando. — Para isso, teríamos de voltar muitos anos no tempo, para o período em que a Turquia ainda possuía territórios na Grécia, ou, se precisássemos voltar um pouco menos, para o dia em que a Princesa Eris morreu. Assim, nada teria acontecido a Werner e Freya e Luther não estaria no poder. Pelo menos foi isso que me disseram...

Era justamente àquele assunto que Aline esperava chegar. A Realeza Germânica, assunto com o qual mais lidara nos últimos temos e sobre o qual tinha muitas informações confidenciais. Porém, a partir daquele momento, tinha de ter muito cuidado com as palavras que saiam de seus lábios. Qualquer erro poderia significar o fim de todo o plano, porque ou assustaria as garotas ou revelaria para as pessoas erradas segredos que nem os maiores chefes de estado sabiam.

— Exatamente — complementou a nobre, com cautela. — Mas muitos não sabem de um detalhe…

— Que tudo pode não ter passado de um golpe militar por parte do atual Rei que queria subir ao trono a todo custo? — questionou Maeli, quase em um a afirmação. — Quarteis conversam entre si e, na época de recruta de meus pais, era tudo que era falado. Nunca acreditei muito nisso, porque é quase impossível que o amor não exista em uma família.

— No mundo dos nobres não se pode duvidar de nada. Todos querem o poder e o dinheiro que um título nobiliárquico oferece — explicou a Princesa. — Esse caso foi inacreditável, pois envolveu até uma criança…

— Se há rumores que os Reis ainda estejam vivos… — a Selecionada de cabelos negros pensou um pouco, arregalando seus belos olhos verdes. — Então quer dizer que ela também pode estar viva?

— Sim, entretanto não se sabe para onde ela foi enviada ou se está sendo mantida em cativeiro — a verdade era que ela sabia, porém não poderia arriscar revelar algo tão importante. — É muito complicado, pois devemos investigar sem a ciência de Luther, temos de ter muita cautela.

— Mas, se vocês a encontrassem, tudo estaria resolvido? Já que ela é a verdadeira herdeira, ela tomaria sua posição no governo Germânico e declararia paz — concluiu a militar.

— De fato, com a Princesa viva, seria mais simples. Mas também temos de considerar a vida que ela possivelmente teve fora da corte, a educação que recebeu. Nunca se sabe, ela poderia ser totalmente despreparada, tornando-se inútil na solução do problema — esclareceu a nobre, passando a mão pelo vestido azul marinho com pequenos detalhes em branco. — Além do mais, coloquem-se no lugar dela: O que vocês fariam se tivessem que salvar um país, mas se, para isso, tivessem de deixar tudo que uma vez conheciam para trás?

— Isso seria como tomar uma decisão como a que tomei hoje. O bem comum é mais importante que meu bem, assim como o dever — a militar falou, exatamente como Aline esperava aquela resposta, tendo em vista todo o seu histórico.

— Bom, acho que eu não seria tão responsável assim — respondeu Layla, apreensiva. — Eu demoraria um tempo para aceitar, mas minha parte bondosa sempre viria à tona depois de um tempo, até porque não sei o que o destino reserva para mim.

A garota, com o nervosismo aparente, mexeu nos cabelos longos e escuros, afastando-os de seus ombros elegantes. Com essa ação, mesmo que sem querer, ela deixou à mostra uma marca de nascença que Aline conhecia muito bem. A Princesa sorriu e olha para Alexander, que conversava com algumas Selecionadas mais ao canto, agradecendo por ele existir, porque, sem ele, ela não teria chances de resolver o que estava prestes a resolver.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que gostaram? O que fariam se estivessem no lugar de Laryssa? Sse desesperariam? Acreditariam em Isabella e Alicia? Contariam para o Príncipe?
E sobre a pergunta de Aline: o que vocês responderiam?Seriam mais como Layla ou mais como Maeli? E o que a Princesa britânica vai resolver?
Muitos questionamentos...
Até o próximo capítulo, prometo não demorar tanto assim haha
xoxo ♥ ACE
PS: Falta menos de um mês para o aniversário de 2 anos de RDC. Sugestões para um especial ou matéria?



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