Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 39
No Topo da Torre


Notas iniciais do capítulo

Oioi, gente!! Hoje é quinta, hoje é dia de RDC! Bom, na verdade, já é sexta no horário de Brasília, mas em tantos outros lugares ainda é quinta... Vamos fingir que estamos em Manaus para eu ficar feliz por ter postado no dia certo pela primeira vez em muito tempo. #FaçamUmaEscritoraFeliz
Bom, sobre o capítulo: eu sei que estão tod@s louc@s para a festa do Henrik (inclusive eu u.u #Larink), mas que tal dar uma olhada no que está acontecendo no inimigo, a Germânia? Tenho certeza que essa treta, que já está sedno explicada aos poucos pelos personagens dinamarqueses, vai interessar vocês!
O banner foi feito, como de costume, pela linda B Angel (que agora mudou o nome para Mrs Trent). Nele estão retratados quatro membros da família real, não posso dizer muito porque vou acabar soltando spoiler!
Aproveitem!



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Os raios fortes de final de tarde iluminavam os belos jardins do antigo Palácio Imperial Schönbrunn da Áustria — agora o Palácio Ivor I —, somando seus tons alaranjados às folhas secas que se encontravam no chão. As flores, quase inexistentes naquela época do ano, faziam o contraste com o rosa, o roxo, o amarelo e o azul de suas pétalas. Tudo isso envolta de uma grande fonte de mármore, construída pelo primeiro Manteuffel reinante, que retratava anjos, na borda da qual um gracioso homem se sentava.

Era o Rei Luther, usando um de seus melhores trajes monárquicos, uma capa de veludo bordada com fios de prata, complementada por belos sapatos de couro brilhante, trazidos especialmente para ele da Turquia. Toda essa produção fora feita para observar as belas mulheres em sua frente. O tecido leve de suas roupas balançava com os movimentos da complicada dança do ventre, mostrando, por vezes, partes sensuais de seus corpos. Suas expressões, muito parecidas umas com as outras, por serem descendentes de um único sultão, muito agradavam o soberano, porém uma o fazia mais.

Azra bin Hassan, a mais nova amante real, sorria mais que as outras. Tentava mostrar suas pernas de maneira proposita, diferentemente de suas colegas, voltando as atenções de Luther totalmente para ela. Com sua ousadia, se atrevia até a se aproximar dele e provocá-lo, passando seus lábios carnudos pelos dele. No ato, os dedos grossos dele tentavam segurá-la, para prolongar os beijos, porém ela simplesmente se afastava, incorporando-se à coreografia novamente.

Apesar de ser uma cena pouco adequada para uma corte tão respeitada — e que fora julgada ruim, inclusive, para a economia do país, por razão dos altíssimos valores pagos para trazer as moças das mais longínquas partes do mundo —, era o agrado do Rei. Se ele apreciava algo, todos deveriam apreciar. Os criados, secretários e familiares tinham a permissão apenas de observar a vulgaridade pelas grandes janelas vitorianas do palácio. Pelos grandes corredores, inclusive corria a lenda de que a Rainha Morgana morrera de desgosto, por ser tão insignificante na vida amorosa de seu marido.

— Tantos anos e ele ainda leva as concubinas para o espetáculo diário no jardim — comentou o conselheiro real, aproximando-se da janela do gabinete com um olhar de desgosto direcionado à cena logo abaixo dele. — Era pior ainda quando ele permitia nudez.

— Não se preocupe, Ludwig, você conhece o plano — afirmou a garota loura a seu lado, cruzando os braços para a janela. — Logo, logo Eris estará aqui e colocará esse asqueroso no lugar onde estão os pais dela.

Antes que ele pudesse se pronunciar novamente, ela saiu de seu lado, indo até a mesa. Um envelope cor-de-rosa, com um grande selo dinamarquês no verso encontrava-se ali, destacando-se na decoração escura. A escrita ao lado do brasão vermelho indicava que ela vinha do coração do país escandinavo: o Palácio de Amalienborg. E, pelo jeito como os grandes e brilhantes olhos azuis da garota se fixavam àquilo, já era possível saber que seu conteúdo era algo bom.

— É de Helga, chegou hoje pela manhã — disse ela, pegando a carta e entregando para o rapaz. — Parece que ela tem boas notícias.

— E você já leu? — perguntou ele, levantando as sobrancelhas.

Ao invés de responder, ela apenas deu um sorriso, que era uma mistura de meiguice e perversidade.

— Você sabe o que fazer.

***

O garoto de cabelos cor de fogo chegou ao jardim apenas para acabar com a paz de Luther. Ele estava se divertindo tanto com suas concubinas que, por um momento, pensou que fora tirado de seu posto de Rei. Não que quisesse isso, é claro, mas às vezes ele cansava de fazer tudo sozinho, visto a incapacidade de seus funcionários. Queria poder, apenas em um dia de sua vida, poder aproveitar os pecados da vida. Mas era melhor deixar os afazeres do reino em suas mãos mesmo, ainda que isso significasse ter de expulsar suas concubinas do local.

Ler as cartas da filha estava se tornando uma tradição. A cada três dias, os correios traziam o delicado papel cor de rosa — que não era nada que a princesa mandaria se estivesse em solo Germânico — e o entregavam a Luther, depois, é claro, de passar por uma verificação dos guardas, para evitar bombas e veneno.

Geralmente, eram apenas devaneios juvenis, falando da beleza da corte e da estupidez das aspirantes à princesa. Nada muito interessante, o que fazia o soberano deixar o conteúdo ao encargo da sobrinha, Elisabeth. Porém naquele dia, sentado à borda do seu amado chafariz, ele leu algo que realmente importava.

Além de um recado com o belo manuscrito de Helga, que contava tudo sobre as visitas disfarçadas para o aniversário do príncipe mais novo, e do mapa detalhadíssimo do Palácio de Amalienborg, estava ali anexada uma reportagem de uma revista dinamarquesa. Fotos de diversas Selecionadas eram colocadas ao lado de comentários — às vezes bastante maldosos — sobre as mesmas. A grande maioria delas era inútil para ele. Mas uma conseguiu conquistar seu olhar tão nobre.

Era uma garota no canto da página, avaliada com quatro estrelas. O rosto, com formato alongado, porém levemente arredondado era típico de uma aristocrata. Seus belos cabelos escuros e ondulados caiam como cascatas em seus ombros. Os hipnotizantes olhos azuis como o mar brilhavam tal qual dois imensos diamantes. Não era a beleza, porém, que o chamava a atenção e, sim, a semelhança dela com outra mulher bastante conhecida por ele.

Freya.

Elas eram tão parecidas que poderiam passar como a mesma pessoa. Os mesmos fios negros, os mesmos olhos e até a mesma boca rosada. A única diferença era que a mais velha estava na escuridão a tanto tempo que suas feições estavam deterioradas. Ou teria ela fugido 18 anos antes, colocando uma simples plebeia em seu lugar? Pouco provável, mas, ainda assim, possível. Verificar não custaria nada — não verificar custaria seu governo.

Em passos apressados, o Rei subiu as escadarias principais do Palácio. Passou por quadros dos governantes antigos, por tapeçarias de todas as partes do mundo e por belos vitrais retratando a coragem dos germânicos em todas as guerras. Entretanto, ele nem sequer olhou ao seu redor. Apenas procurou com seus belhos olhos azul-claros a solitária porta de carvalho no fim do corredor, onde se encontrava seu escritório.

Sua ideia inicial era apenas guardar a carta com todas as outras na primeira gaveta de sua mesa, saindo rapidamente. Porém, ao chegar lá, constatou que uma garota de cabelos dourados presos em um rabo de cavalo atrapalharia seus planos.

Ela se sentava em uma das poltronas cor de terra no canto do local, parecendo muito entretida com um livro em uma língua estranha — provavelmente tailandês ou coisa parecida. Ela passava sua mão delicada pela testa branca, como se o conteúdo de sua leitura fosse complicado. Naquela posição, ela lembrava ainda mais sua mãe morta alguns anos antes, a Lady Johanna, filha de Frederich, irmão mais novo de Luther. A semelhança das duas era quase tão absoluta quanto à de Freya e da Selecionada. Mas enquanto uma era um segredo, a outra, nem tanto.

Elisabeth era muito conhecida pela corte. Tanto por sua beleza estonteante, quanto pela habilidade de derreter o coração gelado do Rei. Era impossível esquecer o dia que a garotinha órfã de 6 anos cruzou os portões do palácio com seu irmão ainda bebê. Desde então, ela encantava a todos com sua simpatia e beleza, ofuscando até mesmo a Princesa Herdeira. Isso era o que o lado de fora da corte considerava a razão pela qual Luther a adorava tanto. Poucos, porém, sabiam o real motivo.

Nada podia ser escondido dela. Todos os segredos da corte e de fora dela passavam por seus ouvidos de fada — como foram apelidados pelos criados. Às vezes, ela possuía informações que nem mesmo o soberano tinha. Não levou muito tempo para ser constatado que ela seria uma arma valiosa para o vasto império.

Mas, em alguns momentos, aquela benção poderia ser uma maldição, pois haviam segredos que nem os ouvidos de fada deveriam ouvir.

— Tio, o senhor recebeu notícias de Helga? — questionou a garota, assim que viu o Rei, sem tirar a atenção de seu livro.

— Sim, meu doce. Sua prima está fazendo muito progresso — respondeu ele, se aproximando dela e sentando na outra poltrona. —Já temos várias informações que serão futuramente necessárias.

— Pela primeira vez a antipatia dela com a mídia serviu para algo — comentou ela, com um pequeno sorriso no rosto, finalmente fechando o livro. — Nem mesmo o Rei Christian, que parece conhecer todos os nobres, reconheceu-a.

—Você já deve saber que famílias reais de todas as partes do mundo se reunirão em Amalienborg para comemorar o aniversário do outro príncipe, cujo nome não me recordo de tão insignificante que o garoto é.

— Henrik — respondeu ela, rapidamente, com certa dor em sua voz.

— Sim, muito bem — parabenizou ele, sem muito entusiasmo, pois a corte de dinamarquesa o irritava profundamente. —Helga conhece muitos desses nobres, como diz a sua carta. Augusto do Reino Ibérico, por exemplo, foi, inclusive, prometido a ela na primeira infância.

— Fui informada disso, lembro-me muito bem dos problemas que aconteceram com o fim do acordo. Por isso, já entrei em contato com uma das assessoras mais próximas dele, que é minha amiga — contou ela, orgulhosa de seu feito. — Ela garantiu que, se ele a reconhecer, não comentará nada.

— Muito bem pensado. Fiz muito bem em trazê-la para a corte — ele elogiou, sorrindo para a sobrinha neta. — Mas outras cortes ainda me preocupam.

— Sobre isso, creio que precisemos de mais um representante lá — sugeriu ela com muita firmeza, levantando-se, como se fosse dar uma grande palestra. — Alguém conhecido e confiado pela corte dinamarquesa. Alguém próximo à família deles.

— Você não vai, Elisabeth — afirmou ele, da mesma maneira.

— Eles nunca desconfiariam de mim. Tia Juliane me adora, assim como seus filhos — disse ela, em uma súplica sutil. — Seria fácil me infiltrar lá e ajudar Helga.

Luther, então, se levantou, ficando de frente para a garota. Os olhos azuis de ambos, herança da linhagem Manteuffel, se encontraram. Da maneira mais delicada possível, ele direcionou uma de suas grandes mãos ao pescoço da loura, envolvendo com ela um fino colar com um pingente retangular. Ao abri-lô, três fotos poderiam ser vistas: uma da mãe, a Lady Johanna jovem; outra do irmão, Andreas, um garotinho moreno olhando para o nada; e por fim a de cinco crianças, os herdeiros dinamarqueses.

— Você não faria mal a nenhum deles — comentou ele, ainda encarando as fotos. — Eles são sua família.

— Como se isso importasse para você — falou ela, trazendo o colar novamente junto a seu corpo.

Sem dizer mais nada e praticamente ignorando o comentário da sobrinha-neta, ele deixou o recinto, indo em direção à torre.

***

As escadarias que levavam até o ponto mais alto do Palácio eram longas e suas pedras, perigosamente úmidas. A cada passo dado, mais a sensação de que o fim nunca estaria próximo aumentava. A cada passo dado, a luz diminuía, dando espaço, aos poucos, para a solidão profunda. Nem mesmo o mais sujo dos prisioneiros se atrevia a percorrer esse caminho. Apenas um casal o fizera, 17 anos antes, sem a esperança de voltar.

Luther, porém, era o Rei e não tinha nada a temer. Ele apreciava o sofrimento do homem que por tanto tempo o humilhara — pelo menos em sua cabeça infantil. Gostava de ver sua morte lenta. Gostava de vê-lo com frio, com fome, com medo. Gostava de ver como abraçava a esposa em seu sono, como se pudesse protege-la de algo. Gostava de ver como o amor poderia ser impotente, como ele poderia entregar tudo.

Isso porque, apenas observando a maneira como os braços do homem envolviam a mulher, tudo pôde ser compreendido. Werner não era igual ao irmão, que tinha a capacidade de amar — ou pelo menos fingir amar — várias mulheres. Ele era eterna e completamente devoto a uma só. Nem em outras vidas, encostaria em outra como encostava nela.

E aquela mulher era Freya.

Ela não escapara.

Quem estava viva era sua filha, com quem uma das amantes reais, Úrsula, escapara sorrateiramente enquanto o Golpe acontecia.

Luther finalmente a achara. Ela estava logo ali, embaixo do seu nariz. Embaixo do nariz de Helga. Por fim, ele poderia ser um rei completo, sem nenhuma menina idiota tentando reclamar seu trono. A Germânia seria inteiramente dele.

— Amado irmão, amada cunhada. Vocês sobreviveram por tanto tempo — ele falou, encostando-se à grade da cela. — É uma pena que não irão aguentar até eu jogar sua filha na escuridão onde vivem.


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Notas finais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOUU! O que acharam dessa treta cabulosa? Luther fez golpe, prendeu o próprio irmão e a cunhada, mas agora a Elisabeth quer fazer golpe também e prender o tio-avô. Muito amor essa família! Tudo parente da tia Jujuba... Aiaiai
O que acharam desses "novos" personagens? Elisabeth muito ozada por querer tirar o Rei todo poderoso do poder. Luther muito ozado por, bem, tudo (incluindo as concubinas [insira aqui uma lua do Whatsapp])
Bom, discutimos isso nos comentários!
Até mais!
xoxo



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