Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 38
Diplomacia | Katarina


Notas iniciais do capítulo

52 DIAS! 52 DIAS! ESTOU TREMANDAMENTE ENVERGHADA POR APARECER AQUI DEPOIS DE TANTO TEMPO! SÉRIO, DESCULPAS ETERNAS!!!!
Várias coisas aconteceram nesses dias... Desde provas até, bom, provas... ahsuahsuasuah Mas o bom é que agora só falta um diazinho para eu me juntar à Elsa a cantoria do "Livre Estou, livre estoooou" e entrar de férias!
Estou até preparando uma surpresinha com meus amigos para vocês para compensar tanta demora... Aguardem!
Sem mais delongas, fiquem com esse capítulo que foi tão difícil para mim que tive de pedir ajuda à linda Ket (vulgo B Angel que fez a capa hu3)
xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539155/chapter/38

Quando Katarina chegou à Sala de Reuniões, ela já estava lotada. Todos os nobres maiores de 14 anos do Palácio — porque as princesinhas não entendiam nada de política — se encontravam ali, conversando. A mesa de carvalho no meio da sala, porém, permanecia vazia. Parecia que alguma força cósmica mantinha todos longe. Bom, não era algo tão surreal. Era a exaustão.

Era a segunda vez naquela semana que eles estavam naquela sala, encarando as grandes janelas que mostravam uma Copenhague ainda feliz. Eles, entretanto, programavam o fim dos tempos de glória, já que discutiam — ou melhor, ou outros discutiam, não Kiki — toda a situação da Guerra cada vez mais próxima. E isso irritava muito a herdeira Siberiana.

Não conseguia pensar na ideia de destruir toda a vida tranquila da população. Odiava perceber que ela tinha o poder de impedir aquilo. Tinha vergonha de si mesma por não tentar. Mesmo se quisesse, na verdade, não teria sequer permissão de fazer isso. Havia tantas coisas que poderia perder enfrentando o maluco presidente da Turquia ou o rei absolutista da Germânia… Sua família, sua casa, seu país…

Era tanta pressão...

Ela não sabia como a mãe aguentara isso tudo aquilo na juventude, quando ainda estava na transição entre uma simples plebeia para uma nobre. Ainda mais porque, no meio de todo o tumulto, ela casara e engravidara — de gêmeas, por sinal, o que deveria ser bem desgastante. A força que a então garota frágil e pálida tivera era exemplar. Katarina nunca pensava sobre isso, mas Odelle era uma mulher forte.

Ah se ela fosse assim também. Seria tudo diferente…

Para começar, ela não simplesmente encararia a mesa, sem comentar nada sobre o assunto. Ela enfrentaria a Rainha da Dinamarca, que sempre sentava à ponta da mesa com seu marido, como se fosse igual a ela na hierarquia. Traria ideias estupendas com que todos se impressionariam. Entenderia os motivos da guerra melhor que qualquer um. Seria uma herdeira perfeita.

Mas ela não era.

Na verdade, ela ainda era apenas uma garota. Apesar de já estar noiva, — o que, aparentemente, a tornava uma adulta — ela era a mesma criança que corria pelos corredores com o irmão mais novo, rindo como se o mundo fosse feito de flores. Eles apenas tentavam evitar o inevitável.

— Antes de mais nada, bom dia. Agradeço a presença de todos — disse Juliane, muito rápido, acordando Katarina de seus devaneios. — Vamos direto ao ponto. O aniversário de Henrik.

— Como todos sabem, uma festa está sendo organizada para o Príncipe Henrik. Primeiramente, pensamos em fazer algo pequeno, só para as Selecionadas e para a família, devido às circunstâncias. Porém, após muito conversar com minha esposa e até com meus filhos, as ideias mudaram — disse o Rei, com sua voz profunda e calma. — Concluímos que a comemoração é uma desculpa perfeita para fazermos uma grande reunião para alianças.

Como se fossem as ingênuas Selecionadas, os nobres cochicharam uns com os outros. Até mesmo os mais velhos, como Arthur e Aline, que geralmente se encontravam em silêncio, cochicharam um no ouvido do outro, comentando baixinho e compartilhando ideias sobre a noite que estava por vir. Aparentemente seria muito mais interessante do que um simples aniversário.

— Muitos países pareceram interessados a se juntar a nós — Juliane se pronunciou. — Nossos vizinhos, Suécia e Noruega, são nossos parceiros sempre, logo temos o apoio e presença deles garantidos. Como já era de se esperar, também, o Príncipe Augusto do Reino Ibérico, logo mandou um recado dizendo que nos apoiava. Não só por causa do parentesco que tem conosco, mas também pela insistência de uma certa jovem embaixatriz…

O olhar de Alexander vagou por alguns instantes, era quase possível ver o brilho do passado em seus olhos.

— Alícia é realmente bastante persuasiva — ele disse enfim.

Juliane assentiu, concordando com o primogênito.

— Uma amizade que adiantou alguma coisa, afinal — ela sorriu suavemente para o filho — A Rainha de Marrocos também está em nosso lado, o que é bom, por causa de seu vasto exército.

A tia de Kiki se remexeu em seu assento, parecendo incomodada com algo.

— O problema é que nossos inimigos também têm um provável aliado bastante forte na área militar, ainda que tenha se mostrado um tanto instável nos últimos tempos: o Império Soviético.

Henrik engoliu em seco, aparentava estar nervoso com algo.

— Na verdade… — ele começou hesitante.

A Rainha, sem paciência para qualquer tipo de enrolação, foi direta:

— O que você fez, Henrik? — indagou ela, erguendo as sobrancelhas.

— Bom… — disse o menino, olhando para baixo timidamente. — Eu enviei uma carta para Lara convidando ela e toda sua família para minha festa.

A Rainha Juliane suspirou levemente.

— Alícia é uma benção de Deus, quando se trata de amigas de vocês dois — seu olhar vagou entre os dois filhos e em seguida voltou a focar-se em Henrik. — Quantas vezes eu tenho de dizer que você não pode fazer nada antes de consultar a mim ou a seu pai, ainda mais quando se trata de diplomacia?

Henrik, um tanto quanto embaraçado, voltou a erguer os olhos para a mãe, tentando justificar-se.

— Mas é meu aniversário — exclamou ele, indignado, quase se levantando. — A presença dela é importante para mim!

Yelizaveta resolveu entrar na conversa, tentando acalmar tudo e voltar ao foco original:

— Temos que ver pelo lado bom. Temos a chance de ter o Império Soviético do nosso lado.

— Concordo — o Rei Christian falou, olhando para o filho carinhosamente. — E temos de deixar o menino escolher um pouco também.

Henrik sorriu para o pai, claramente agradecido e animado por ter seu apoio. Juliane, entretanto, ainda não parecia feliz com a decisão antecipada do filho. A Rainha olhou para o marido, os olhos fixos.

— Ele logo vai mudar de ideia sobre essa nortista quando vir a preciosa joia das Américas, aquela que…

Antes de terminar, porém, a Rainha foi interrompida pelo ranger da porta, que se abria para duas pequenas figuras apressadas. Saphira, a princesa dinamarquesa mais nova, e Sybil, a futura rainha da Grécia, que segurava um telefone perto do ouvido, como se sua vida dependesse daquilo. Crianças adoráveis, mas que corriam como adultos preocupados. Era o que a Guerra fazia com as pessoas.

— Γιαγιά, η μαμά είναι στο τηλέφωνο — disse a grega depressa, com sua voz fina, voltando seus olhos azul-esverdeados para a xará.

[Vovó, mamãe está no telefone]

— Δώσε μου το τηλέφωνο, παρακαλώ — disse a avó, que Katarina, mesmo não entendendo a língua, concluiu estar bastante preocupada.

[ Dê-me o telefone, por favor]

— Γιαγιά θα σου μιλήσω τώρα. Μου λείπεις — disse a garotinha, com a voz trêmula como se estivesse prestes a chorar. — Σ 'αγαπώ

[Vovó vai falar agora. Estou com saudades. Eu te amo]

— Και εγω σε αγαπω. — falou uma voz suave de mulher vinda do telefone — Φροντίστε την αδερφή σου.

[ Eu também ao você. Cuide de sua irmã]

— Σας ευχαριστώ, Sybbie — a senhora olhou com carinho para a herdeira. — Vocês podem ir agora.

[ Obrigada, Sybbie]

Com a ordem, as duas meninas fizeram seu caminho para fora. A dinamarquesa com o braço em volta dos ombros da grega, como se quisesse protegê-la. Os cabelos dourados de uma quase se fundiam com os acobreados da outra, de tão próximas que estavam. O exemplo perfeito do ditado “A união faz a força”, porque, de fato, o que elas mais precisavam no momento era isso. Afinal, totalmente sozinhas, elas nunca sobreviveriam aos terrores da Guerra, ainda mais sendo crianças.

Na verdade, Katarina não sabia nem se os adultos aguentavam tanta pressão.

Todos na sala, sem exceções, traziam em seus rostos, normalmente cheios de alegria, uma expressão de extrema preocupação e angústia. Até mesmo a velha Sybil, que já vivera mais tristeza do que todos os presentes somados, estava assim. Ao conversar ao telefone com sua bisneta, encarava o vazio do horizonte na janela em sua frente, que tinha uma bela vista para a parte antiga de Copenhague. Como todos os outros, queria afastar seus problemas, a feiura de sua vida, com algo bonito. Mas, aparentemente, não conseguia. Sua face, já enrugada, se franzia ainda mais. Suas mãos delicadas apertavam o telefone com força.

Kiki gostaria tanto de saber grego naquele momento para entender a conversa…

Por sorte, porém, a conversa logo terminou e ela finalmente poderia entender alguma coisa.

— A situação está feia na Grécia. A Germânia acabou de anunciar oficialmente sua aliança com a Turquia e suas tropas já estão se aproximando da fronteira dos eslavos meridionais. Os croatas, como são neutros em toda essa confusão, provavelmente não fecharão seus portos — anunciou a idosa, com os olhos ainda fixos na janela, como se tentasse imaginar como estaria seu país. — É bom que essa festa aconteça logo.

***

Em uma fila organizada e com passos suaves, as Selecionadas adentraram o salão da eliminação. Posturas impecáveis e expressões de pura apreensão eram dominantes em cada uma delas. Katarina, todavia, encaminha-se para a frente com Hannah e Serena, sentando-se confiante esperando que as outras se sentassem. Quando o silêncio reinou e os passos já não eram mais ouvidos, Katarina se levantou, preparando sua voz mentalmente e tomando cuidado com o sotaque.

— Bom dia, senhoritas. Primeiramente, gostaria de parabeniza-las pelos ótimos projetos para a festa do Príncipe Henrik — ela sorriu de forma aprovadora para as meninas. — Para um primeiro contato com esse tipo de tarefa, todas foram muito bem. Com algumas exceções, é claro — o sorriso se tornou maroto quando falou a última parte, apreciando todos os olhares preocupados que as Selecionadas trocaram após sua fala. — Mas eu não estou aqui para eliminar ninguém — o alívio era iminente entre as garotas, algumas soltaram suspiros consideravelmente altos — Estou aqui para prepará-las para mais um desafio que está por vir.

Tomando a fala de Katarina como sua deixa, Hannah se coloca de pé ao lado da ruiva, limpando a garganta brevemente antes de começar a falar:

— Como vocês já foram avisadas, várias famílias reais visitarão a Dinamarca por conta do aniversário de Henrik. Arábia Saudita, Império Soviético, Reino Ibérico, Marrocos, Suécia, Noruega e Império Latino-Americano — ela tomou ar após dizer tantos nomes, como se lhe fosse cansativo. — Países diferentes e culturas diferentes com que vocês terão de lidar.

Katarina assentiu suavemente, os cabelos ruivos dançaram em volta de seu rosto com o leve movimento.

— Por isso mesmo hoje faremos uma aula preparatória de boas maneiras diplomáticas, que vocês teriam de aprender em um momento ou outro, já que visam a ser a futura Rainha. — ela deu uma breve pausa, os olhos cor de âmbar vagaram para cada um dos assentos, como se tentasse ver mais sobre as meninas. — Para começar, alguém fala árabe?

Ninguém levantou a mão ou se pronunciou, Katarina e Hannah se entreolharam, ambas frustradas internamente.

— Era de se imaginar. Ninguém mais aprende aquela língua infernal nos dias de hoje… A não ser minha avó maluca, que parece saber todas as línguas… Mas enfim, suponho que muitas falem francês — disse a Lady germânica.

Cinco meninas levantam a mão, a ruiva sorriu sutilmente para elas, como se as parabenizando. As reconhecera, ou tinha quase certeza de que o havia feito. Seus nomes não foram difíceis... Laryssa Rockwell Mercer, Mabelle Dumont, Solaria Luana Gray, Rosaly Müller, Ulrika Amelie Senger. Logo se colocou a explicar:

— Francês é a segunda língua oficial do Império Soviético e da Sibéria. Diferente de mim e de minhas primas, muitos integrantes das famílias reais de lá não falam dinamarquês, já que ela não é uma língua tão conhecida.

Serena, ainda em seu lugar, suspirou e compartilhou sua frustração:

— Não sei até hoje porque tivemos de aprendê-la.

— A Dinamarca foi um grande parceiro na guerra da independência, logo continua sendo uma aliança forte e precisa para a sobrevivência de nosso país — Katarina respondeu olhando para Serena com desgosto, antes de desviar o olhar de volta para as Selecionadas a ignorando novamente. — Continuando. Vocês darão as boas-vindas aos soviéticos.

Em seguida, a siberiana repassou todos os países que estariam presentes, com todas as línguas que eles falavam. Uma menina falava norueguês, outra falava sueco e seis falavam espanhol, como era de se esperar. Todas aquelas garotas teriam de dividir a atenção da Princesa Luísa do Império Latino-Americano. Quem se beneficiaria com aquilo, afinal, seriam as que se esforçaram para aprender línguas menos conhecidas.

— Agora que todas vocês sabem com quem terão de lidar, é hora de todas aprenderem como se portar na frente de seus convidados.

Quando Katarina ligou sua apresentação em slides, ela lamentou que a prima, Yelizaveta não estava ali. Como participava de eventos desde criança, ela saberia dar uma explicação muito melhor, sem contar que ela deixaria as Selecionadas hipnotizadas com sua maneira cativante de falar. Mas, infelizmente, ela não estava ali; estava divulgando sua nova ONG — como se já não coordenasse muitas. A Princesa Herdeira teria de fazer aquilo sozinha.

Katarina tomou ar, recuperando a postura e começando a falar. Manteve o tom como imaginava que Yelizaveta manteria: firme, convicto, contudo suave e delicado. Ela mostrou fotos dos monarcas de cada país, indicando cuidadosamente quem estaria e quem não estaria presente no evento. Ela também mostrou os herdeiros, as Selecionadas pareceram — não surpreendentemente — interessadas em Augusto e no Príncipe Herdeiro Said. Katarina também as lembrou das reverências e de como um vocabulário adequado seria importante, as repreendeu sobre comentários ambíguos e ressaltou os sorrisos e a tática de mostrar inteligência, mas nunca falar em demasiado. Não deveriam abordar ninguém. A ruiva também mostrou como se portar com as várias crianças, que, apesar de tudo, também são nobres. Em seguida falou sobre as boas maneiras ao comer e beber, algo com o que as Selecionadas deveriam estar acostumadas devido ao tempo no Castelo. Com isso, ela terminou sua apresentação, contente consigo mesma.

Serena, ainda em seu lugar, olha para Katarina com um ar maroto.

— Você esqueceu o mais importante, cara prima. Vocês, queridas Selecionadas, também devem parecer bonitas — ela fez uma pausa, seu tom de voz ao continuar exalava orgulho — Então minha amiga, Camille, a Condessa de Madrid, se ofereceu para trazer o desfile da sua mais nova coleção a Amalienbourg, para que vocês usem belos vestidos nas comemorações.

Imediatamente o salão foi preenchido com cochichos ansiosos e animados, as Selecionadas estavam claramente surtando com a ideia de provar roupas novas. Katarina não pôde evitar rir da empolgação iminente no local, afinal, Serena de uma forma ou de outra sempre encontrava uma maneira especial de enlouquecer todas elas. Katarina não sabia se aquilo era porque ela estava protegendo Alexander ou se era porque gostava mesmo de fazer isso.

Serena sorriu torto e de forma particularmente convencida:

— De nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Valeu a espera?
Só sei que muitas tretas estão por vir!!! E a Camille vai divar com seus lindos vestidos (preparem-se para uma matéria no blog sobre isso) (não posto no blog desde maio, mds)
Ah, e pra quem não sabe: a fanfic tem uma página no Facebook e nesse tempo que foi para o Submundo e voltei, tirei um tempo para postar algumas coisas lá. Isso pode acontecer mais vezes, então: https://www.facebook.com/rainhadoscoracoesoficial/?fref=ts
Até a próxima!
PROMETO DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO QUE NÃO VOU DEMORAR TANTO (até já fiz um capítulo bônus de emergência)
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rainha dos Corações" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.