O que Alice temia que fosse uma das piores torturas de sua vida acabou sendo um jantar animado, salsichas com ovos, simples, porém as melhores que já havia provado. Os outros irmãos de Rony haviam chegado para se juntar ao grande grupo que conversava animado ao redor da fogueira.

— Então você realmente não faz ideia de que família de bruxos pertence?— perguntava Rony a Matthew, a boca cheia como sempre, e Alice se perguntava como o garoto estava conseguindo ter uma conversa normal com seu amigo, ninguém entedia uma palavra do que ele dizia quando sua boca estava cheia. Matthew balançou a cabeça, fitando o fogo que crepitava á sua frente, ele era filho adotado do Sr e Sra. Stroud, dois trouxas. Sua vida desde sempre fora perfeita aos seus olhos, quando fez uma idade que os pais consideravam boa, eles lhes contaram sobre ser adotado, receosos e com medo de sua reação, mas ele não se importava com aquilo, amava-os de qualquer jeito.

Quando fez onze sua família recebeu a visita de um homem, considerado estranho pelo modo como se vestia, ele passou uma tarde na sala da casa dos Stroud contando-lhes sobre o mundo bruxo, de acordo com ele, trouxas não deveriam saber de sua existência, era uma das leis, mas como pais de um bruxo que fora adotado, as medidas tomadas eram diferentes. E ele foi para Instituto de Durmstrang. Sentia-se um peão fora do tabuleiro, não sabia nada sobre o mundo ao qual havia acabado de ser introduzido, mas com sua enorme força de vontade, durante dois anos estudou e se informou sobre tudo que podia, e ele concluirá que, precisava ir para Hogwarts, escola da qual lera tantas vezes, e com uma ajuda de um velho professor com quem tinha uma enorme simpatia ele foi então transferido para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

— Mas, você ao menos sabe se é mestiço, nascido trouxa...— Fred que estava escorado em uma pedra que havia ali por perto, perguntou com curiosidade.

— Sangue puro, é a única coisa que sei.— Alice que ouvia a conversa de todos a uma certa distancia pode perceber que o garoto não estava confortável com o rumo que sua conversa com os ruivos estava tomando, decidiu então que não julgaria Matthew sem antes realmente o conhecer, mas sentia-se atraída a fazer o joguinho de não gostar da companhia do garoto.

Alice levantou-se, andou até Harry e interrompeu a conversa animada dele e de Jorge, ela conseguiu ouvir alguma coisas sobre artigos especiais, mas aquilo não lhe era importante, não naquele momento.

— Harry, poderíamos conversar? — perguntou com calma, sua voz era suave e estivera pensando em falar com Harry desde que chegaram na casa dos Weasley, ou talvez até antes disso.

Harry disse a Jorge que conversavam depois, e levantou olhando para Alice como pergunta, onde iriam, a garota o pegou pela mão e o conduziu até uma pequena arvore que havia perto da barraca, não se afastaram muito, mas ela estava segura de que não os ouviriam.

— Você percebeu que depois que descobrimos que somos irmãos não conversamos sobre? — indagou Alice escorando-se no tronco da pequena arvore, não havia vento, mas o tempo estava agradável naquele fim de tarde.

— Alice— começou Harry, sentia-se inquieto, não havia se preparado para ter “a conversa” com Alice, mas sentia que a garota sabia que ele não estava preparado e talvez isso demorasse e por isso o pegou de surpresa— eu... Poderíamos conversar depois, com mais calma.

— Não, você não vai fugir, devíamos ter feito isso há muito tempo— disse inquieta—como se sente?

— Eu já a amava antes, agora isso só aumentou, não gosto do seu pai, e você não vai me fazer gostar, mas sabe, me sinto feliz, ganhei uma família, você, Sirius. É bom não estar sozinho— o garoto disse tudo um pouco rápido demais, não conseguia se expressar de um modo melhor do que aquele.

— Você nunca esteve sozinho, acredite, Harry, eu... — ela soltou uma risada fraca e olhou para os pés— realmente não sei fazer isso, desculpe.

Harry sentiu-se aliviado, então ela também não sabia o que dizer, mas de certa forma, rir, se desculpar e agir como uma criança tímida dizia tudo, mostrava a verdadeira Alice, e ele estava feliz em saber que ela assim como ele não era preparada para certas emoções.

— Tudo bem! — disse Harry a abraçando, a garota retribuiu, aquele momento sem palavras com apenas um gesto simples, mas que dizia exatamente tudo o que queriam demostrar, era o começo de uma nova vida para os dois.

— Ei— chamou uma voz que estava começando a se tornar conhecida para Alice— seus amigos vão sair para comprar algumas coisas antes do jogo começar, vocês vem? — Matthew perguntou, tinha uma bolsa de dinheiro em uma das mãos e parecia animado agora.

Alice e Harry trocaram olhares, então seguiram em direção à barraca, ao passar por pelo garoto Alice esboçou a sobra de um sorriso, estava feliz demais para qualquer coisa negativa.

Todos estavam vestidos com algo verde o quem tornara o local um mar de verde cintilando, pessoas andavam de um lado para o outro animadas, gritos de vitória, vendedores, compradores, e comemorações enchiam o lugar de vida.

Então um gongo ensurdecedor fora ouvido, anunciando que era chegada a hora, o jogo começaria dentro de pouco tempo, e a atmosfera de felicidade pairava sobre todo o lugar, gargalhadas e canções vinham de todos os lados, senhor Weasley parecia um garoto de tão animado, Alice caminhava ao lado de Harry e de Hermione, Rony ia à frente junto com seus irmãos, e Natalie e Gina conversavam animadas enquanto Gina mostrava alguma coisa para garota.

Alice jogou um braço em volta do pescoço de Harry e ele como se aquilo fosse costumeiro passou seu braço ao redor de sua cintura, caminhando desajeitados, e em ritmos diferentes os dois tropeçavam em quase tudo, rindo de sua idiotice.

Então eles chegaram, um enorme estádio que irradiava uma luz dourada que parecia vir dele próprio, Alice estava maravilhada com a visão, não conseguia imaginar quantos bruxos cabiam no local, milhares de pessoas vestindo verde e algumas vermelho que estavam misturadas começaram a se dissipar para direita e para esquerda, e eles iriam subir, “suba bem alto, Arthur”.

Entraram em um camarote com umas vinte cadeiras distribuídas em duas filas, e a imagem de mais de cem mil bruxos e bruxas nas arquibancadas impressionou tanto Harry quanto Alice.

Harry conversava com um elfo domestico enquanto Alice xingava a si mesma por ter se soltado do irmão na hora da subida, Harry estava o lado do elfo magricelo e esguio, Rony ao seu lado e Hermione ao lado do ruivo, logo depois vinham Gina e Natalie, Senhor Weasley Alice e Matthew, naquela fila, ele fora se sentar justo naquela fila ao seu lado, o que isso importa, estou na Copa Mundial de Quadribol”

— Você esta querendo morrer é?— indagou Alice meio que automaticamente esquecendo-se a quem a pergunta estava sendo dirigida, Matthew diferente de todos, trajava vestes avermelhadas e aquilo não era bom, e se todos que viessem para o camarote fossem torcer pela Irlanda?

— Alguém tinha que torcer para Bulgária não acha, meu apanhador preferido é Búlgaro, é justo— explicou Matthew rindo-se, a garota parecia normal, e aquilo era estranho.

Alice soltou uma risada, garoto idiota, pensou para si mesma. O camarote encheu gradualmente, e Cornélio Fudge apresentou Harry aos demais que o acompanhavam, conversavam sobre algo que Alice era incapaz de escutar quando notou que Harry, Rony e Hermione viraram as cabeças com rapidez para a porta do camarote, e com a imagem de quem viu que estava entrando agarrou-se ao único braço perto do seu, Matthew a olhou meio assustado, sem entender, ela olhava para os Malfoy, Lucius, Draco e uma mulher que deveria ser sua mãe, os olhava com certa raiva, odiava Lucius sem ao menos conhecê-lo e não precisava, depois de tudo que Harry lhe contara, e do que ele fizera com Bicuço.

Havia sido um momento tenso, em que Lucius Malfoy trocou olhares desgostosos com o senhor Weasley e depois fitou por alguns instantes Hermione com desprezo, e Alice sabia o porquê, os Malfoy se orgulhavam do sangue puro, e desprezavam os nascidos trouxas. Mas logo foram acomodar-se em seus lugares.

— Imbecis, nojentos— Alice xingou baixo, já havia soltado o braço do garoto ao seu lado, e sentia-se levemente corada com a situação.

— O que foi aquilo?— perguntou Matthew com curiosidade.

— Aquilo, são idiotas que veneram os puro sangue— disse com nojo— por isso pode ficar calmo, eles o adorariam se não estivesse com a gente, afinal como conseguiu vir para esse camarote?

— O senhor Weasley sabe mexer alguns pauzinhos, agora, calada, já esta quase na hora— o garoto virou-se para frente, sorrindo.