Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 25
Capitulo 24 - Pactos


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 16/03/2021.
Tive que trazer um novo conceito subentendido pra não alterar o título, já que os acontecimentos desse oficialmente foram para o próximo capitulo hahah mas confesso que amei essa nova versão ♥
Bem, espero que gostem.
Boa leitura,



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Pacto

 

— Não estrague tudo. – Mebuki disse enquanto ajeitava os colares no pescoço da filha de cabelos róseos. – Seja a pretendente mais bonita que aquele Akasuna verá em toda a vida.

— Achei que nosso noivado já estava garantido. – Sakura murmurou sentindo as pontas dos dedos gelados da mãe passando por todo seu cabelo. – Quer dizer que há esperanças disso não acontecer?

— Não se apegue nisso, querida. – Mebuki avisou com seriedade, os olhos vermelhos fitaram a filha através do reflexo do espelho. – Quando você se transformar no pacto de Sasori, o futuro de nossa família estará garantido para sempre.

— Não estamos ameaçados. – Sakura tentou manter o tom natural em sua voz, mas o incomodo era evidente. – E temos um exército de cem mil guerreiros para nos proteger.

— Não. – A repreensão fora acompanhada de um leve aperto em seus ombros. – Sabe o que Fugaku faria conosco? Ele tem poder para dizimar o clã Haruno por inteiro. – O desespero nas palavras da mãe não a atingiram, Sakura não via todo o perigo que Mebuki tentava deixar explícito. – Com a proteção dos lobos, teríamos onde recorrer.

— Acha que Karin deixaria que eles nos fizessem mal? – Sakura afastou os dedos da mãe de seus cabelos e olhou para a trança que estava sendo feita nos fios rosados. – Sasuke não deixaria...

— Não estou interessada em suposições. – Mebuki rebateu severamente. – Não envergonhe nossa família, Sakura. Se o fizer, eu te deserdarei.

— Mamãe, a riqueza pode ser acumulada com o passar dos anos. – Sakura não aparentava preocupação. Aquele tipo de ameaça seria mais efetivo em Karin. – Até mesmo nosso alimento se tornou facilitado depois que chegamos aqui. A realeza possui um estoque infindável de sangue fresco, os tomam como vinho.

— Está me dizendo que prefere caçar humanos para sobreviver?

— Os príncipes saem em caçadas ao menos duas vezes por semana. – Ela pontuou com clareza. – Mas eles não matam suas presas.

— Seres humanos servem apenas para alimento. – Mebuki não parecia irritada com as observações da filha, mas seus olhos estavam carregados por desprezo. – Alguns são bons criados, é claro. Mas você não devia sentir compaixão por eles. – Ela voltou a trançar o cabelo de Sakura, mesmo contra a vontade da mesma. – Ir contra a sua natureza não te fará melhor do que os outros.

— Não estou tentando ser melhor do que ninguém.

— Deveria. – Mebuki estava séria e concentrada, mas suas palavras eram carregadas por amargura. – Quando você não é a melhor, está fadada ao fracasso. E não precisamos de falhas por aqui.

— Está insinuando algo sobre o casamento com o príncipe, mamãe?

Mebuki não respondeu. O maxilar estava trincado e seus olhos aos poucos adquiriam o verde musgo que Sakura havia herdado. O cabelo loiro estava preso em um coque ornamentado, mas alguns fios desprendiam-se em cachos pelas laterais de seu rosto delicadamente.

— Não falhe hoje. – Mebuki avisou com seriedade. – O casamento com Sasori deve acontecer.

— Estou cansada de me dizerem o que devo fazer.

— Ninguém liga para o que você pensa, querida. – Mebuki tocou o rosto de Sakura com firmeza, virando-o em sua própria direção. – Pare de nadar contra a correnteza.

Quando Mebuki finalmente saiu do quarto, Sakura fechou os olhos e mergulhou em um mar de frustrações. Ela sabia que não havia escolha, a menos que um verdadeiro milagre acontecesse.

Três batidas na porta a lembraram que Naruto apareceria. A ligação entre eles era diferente da que existia entre um pacto, mas Sakura suspeitava que o Uzumaki fosse capaz de pressentir a tristeza que habitava em seu coração.

— Com licença, senhorita Haruno. – A voz feminina não era reconhecível. – Fecharei a porta para termos mais privacidade. – A mulher havia trancado a porta e Sakura jurou que a ouviu murmurar algo incompreensível.

— Quem é você?

Ela retirou o capuz e exibiu longos cabelos castanhos, que perdiam-se entre suas roupas. Os olhos eram da mesma tonalidade, lembravam chocolate e brilhavam em expectativa, mesmo que o sorriso em seus lábios fosse gentil.

— Meu nome é Midori Mitsashi. – A mulher apresentou-se pouco antes de despir a capa marrom que cobria seu corpo. Ela trajava um vestido vermelho simples, com alguns cordões dourados que lembravam ouro. – Vim aqui para conhece-la.

— Por quê? – Sakura franziu o cenho e levantou-se da cadeira que ficava em frente a penteadeira. – Por que quer me conhecer?

— Porque nossos destinos estão entrelaçados. – Midori explicou pacientemente. – Senti que precisava de uma palavra amiga, então estou aqui. – Ela ousou fazer uma leve reverência, que foi dispensada por Sakura no mesmo instante.

— Você é o milagre que eu estive pedindo aos deuses? – As palavras de Sakura eram pausadas e seus orbes esmeraldinos repletos de desconfiança. – Por quê?

— Não existem milagres, Sakura. – Midori entrelaçou os próprios dedos e só então, Sakura foi capaz de notar o colar que parecia brilhar em seu pescoço. – Mas o seu futuro não é com aquele que sua mãe pretende lhe casar. Isso eu posso garantir.

— Você é uma cigana. – Sakura atestou apenas para a própria compreensão. – Por que veio me dizer isso?

— Senti que nós seremos amigas. – Em momento algum Sakura cogitou que tais palavras pudessem ser mentira. – Por isso estou aqui.

X-X-X

Sasori era galante.

Ele tinha belos olhos acinzentados e cabelos ruivos brilhantes que sacudiam-se conforme o vento. Seu cheiro era inebriante e a forma mansa com que ele costumava falar podia prender qualquer um que ousasse escutá-lo por mais do que um mero segundo.

— Tem olhos muito bonitos, senhorita Haruno. – Ele disse certa vez, fazendo com que Sakura, que nunca tivera pretensão de se envolver com ele, sentisse suas bochechas corarem. – Parecem com as antigas joias protegidas pelos dragões. Pedras preciosas, devo dizer.

— Acredita na existência de dragões, senhor Akasuna? – A Haruno que caminhava pelo jardim ao lado do homem parou para observá-lo. Sasori era um pouco maior do que ela, com ombros largos que ficavam ressaltados pela camisa que ele usava. O brasão prateado da família Akasuna era um lobo.

— Eu diria que os vi com meus próprios olhos, senhorita Haruno. – Sasori sorriu para ela. Encantador. – Mas estaria mentindo. E mentiras são as últimas coisas que eu ousaria contar para a senhorita.

— Galante. – Sakura murmurou alto o suficiente para que ele a escutasse. – Conversa assim com todas as damas que corteja?

— Apenas com a que me interesso. – Sasori estendeu o braço para que ela o enlaçasse. – E a senhorita, é sempre bem humorada?

— Apenas quando o assunto me interessa. – Sakura envolveu seu braço ao de Sasori e ambos recomeçaram a andar. – Mas me pergunto o que pode ter atiçado o seu interesse.

— Jazidas de esmeraldas.

Sakura riu e aguardou até que ele prosseguisse em silêncio.

— Estou falando sério, senhorita Haruno. – Sasori deu continuidade ao assunto com naturalidade. – Havia algo nos seus olhos que lhe diferenciaram de todas aquelas moças.

— Sempre disseram que meu cabelo é o que se destaca em mim.

— Não posso discordar disso.

Eles haviam percorrido boa parte do percurso que envolvia ao jardim, quando Sakura os conduziu para rodearem a fonte de mármore brilhante. Ao fazer isso, eles estavam a caminho de retornar para o castelo.

Sasori havia notado as intenções da Haruno, mas não protestou. Ele ainda mantinha o sorriso discreto em seus lábios e um olhar admirado para a paisagem.

— Você tem uma companhia agradável, senhor Akasuna. – Sakura murmurou com os olhos distantes. O vento havia lhe trazido um cheiro familiar...Sasuke. – Por que não o vemos em nossos bailes?

— Aparecerei no próximo, se desejar minha companhia, senhorita Haruno. – Sasori disse de imediato. Sakura sorriu para ele com constrangimento, mas seus olhos estavam surpresos. – O que houve?

— O príncipe está vindo em nossa direção. – Os lábios de Sakura mal se moveram ao pronunciar tais palavras. – Mas sua presença seria bem vista, senhor Akasuna.

— Então prometa que me concederá uma dança. – Sasori olhou na direção de Sasuke, que estava acompanhado do irmão e de Karin, que destacava-se em meio aos homens com um vestido vermelho e chamativo. – Olá, senhores e senhorita. – Ele fez uma leve mesura, o braço ainda enlaçado ao de Sakura.

— Majestades. – Sakura inclinou a cabeça e conteve um sorriso mínimo ao notar o olhar irritado de Sasuke, embora ele mantivesse a expressão tranquila. – Estávamos conversando sobre bailes.

— Sakura gosta de dançar. – Itachi aceitara o assunto com maestria. Ao contrário do irmão, este tinha um sorriso em seus lábios e parecia entusiasmado com o pequeno encontro nos jardins. – Não encontrei melhor companheira até hoje.

— Fico feliz em ouvir isso, Itachi. – Sakura sorriu para o Uchiha que evitava a todo custo olhar para o irmão. A expressão desgostosa de Sasuke era terrível. – Sempre terei tempo para reservar uma dança à você.

— Ficarei enciumado em ouvir isso. – Sasori ousou brincar, atraindo a atenção de Sakura para si. – Mas me contentarei com uma dança.

— Oras, assim... – Sakura começou a dizer com bom humor, mas foi interrompida por uma única frase ácida:

— Então se contentará com muito pouco, Akasuna.

— O que quer dizer com isso, Majestade? – A voz de Sasori era carregada de ironia, embora ele mantivesse o sorriso nos lábios.

— Uma única dança é muito...Pouco. – Sasuke mau piscava e era possível notar o desconforto de Karin ao seu lado. – A senhorita Haruno é uma ótima dançarina, não seria capaz de vislumbrar suas habilidades dessa forma. – O sorriso simpático que surgiu em seus lábios assustou Itachi e até mesmo a própria Sakura.

— Vamos parar de falar sobre os dotes de minha irmã. – Karin interveio antes que Sasori pudesse responde-lo. – De qualquer maneira, o senhor Akasuna poderá acompanha-la em quantas danças quiser, visto que nós estamos ansiosas pelo pedido de casamento. – Ela olhou para a irmã e arqueou as sobrancelhas esperando que houvesse concordância.

— Oh, Naruto. – Sakura apontou para o loiro que caminhava em direção ao castelo, acompanhado de uma moça com cabelos escuros que a própria Sakura não conhecia. – Podem me dar licença, por favor? Pedi que Naruto me trouxesse algumas coisas da cidade, estou ansiosa para vê-las. – A Haruno olhava diretamente para Sasori esperando que ele não notasse sua mentira.

— Obrigado pelo passeio, senhorita. – Sasori a puxou delicadamente pela mão para depositar um único beijo sobre ela. – Nós vemos em breve.

Sakura aquiesceu, despediu-se dos demais e correu na direção de Naruto, agradecendo-o diversas vezes por ser sua salvação para tal situação desconfortável.

X-X-X

Sasuke não passava de uma nuvem negra de irritação.

Seus olhos acompanhavam todo movimento de Sakura pelo quarto, enquanto ela organizava os itens sob a penteadeira e desembaraçava o cabelo com paciência. Ela trajava uma camisola perolada e um robe da mesma tonalidade que não cobria muito de seu corpo.

— Qual é o problema? – Ela esbravejou antes de sentar sobre a cadeira que ficava de frente para a penteadeira. – Por que está com essa expressão?

— Do que está falando? – Sasuke tinha os olhos estreitos e o tom de voz baixo. – Está falando sobre meu humor? – Ele questionou com certa inocência.

— Se pretende ficar assim, é melhor ir para o seu próprio quarto. – Sakura murmurou enquanto aplicava uma loção perfumada em sua pele.

— Agora minha companhia não é boa o suficiente? – Sasuke arqueou as sobrancelhas. – Me perdoe por isso, senhorita Haruno.

Sakura observou o Uchiha em silêncio. Ao ouvir aquelas palavras tudo havia ficado claro, Sasuke estava com ciúmes.

— Desde quando voltamos a falar formalmente?

— Desde que eu percebi que você parece gostar. – Sasuke deitou-se na cama e manteve os olhos fixos no teto. – Por que nunca segurou meu braço daquela maneira? — O resmungo baixo e quase infantil fez com que ela risse.

— Sasuke, nós dormimos juntos quase todos os dias. – A resposta não parecia o suficiente para o Uchiha. – Nós estamos juntos há quase quatro anos.

— As escondidas. – Sasuke reclamou e logo sentou-se novamente. – Estou cansado de vê-los lhe cortejando. Todos eles. Eu gostaria de mata-los se fosse possível.

— Você não pode fazer isso. – Sakura revirou os olhos e aplicou um hidratante em sua pele com delicadeza. – Por que está me olhando assim?

— Está defendendo Sasori Akasuna diante dos meus olhos? – Sasuke levantou-se da cama e caminhou na direção dela. – É por isso que não quer que eu o mate? Pretende mesmo se casar com ele?

— Você fica uma graça quando está enciumado. – Sakura sorriu para ele através do reflexo. – Mas se você, que é o príncipe, não conseguiu interromper seu noivado, quem dirá eu.

— Você ainda não está noiva.

— E nós só temos mais alguns meses até que você também não seja. – Desta vez, as palavras de Sakura eram duras. – Se casará com a minha irmã.

— Não. – Sasuke tocou o ombro de Sakura com delicadeza. – Não me casarei com ela. Não posso.

— Seu dever como príncipe é maior do que o que nós sentimos.

— Não diga algo como isso. – Sasuke a repreendeu, abaixando-se até ficar em uma altura próxima a dela. – Não diga isso como se estivesse disposta a desistir.

— Chegará um momento em que não poderemos ignorar isso.

— Não vamos nos preocupar com isso.

— Então por que está com tanto ciúme? – O sorriso que surgiu nos lábios de Sakura deixavam claro que ela não estava disposta a continuar aquela outra conversa. – Eu só passeei com o Senhor Akasuna.

— Não quero falar sobre ele. – Sasuke revirou os olhos. – Não confio nele.

— Ah, então sobre o que quer falar? – Os olhos de Sasuke brilhavam em malícia quando ele agarrou a Haruno pela cintura e a puxou em direção ao seu próprio corpo antes de beijá-la com urgência. – Esse não é uma conversa.

— Então você me entendeu. – Sasuke sorriu de canto pouco antes de beijá-la novamente. – Não estou interessado em conversar...Não hoje.

Logo ambos estavam sobre a cama de Sakura, amando-se como a primeira vez, demonstrando toda a emoção que exalava de seus corpos com intensidade.

Todo o corpo de Sakura queimava por onde os lábios de Sasuke passeavam. Ela sentia que seu coração estava prestes a explodir antes que um novo sopro de vida a fizesse ofegar. Aquele era o amor. Tão intenso e forte que chegava a doer.

E mesmo diante de toda intensidade, eles ainda eram capazes de permanecer deitados juntos em silêncio.

O dedo indicador de Sasuke fazia pequenos círculos contra a pele de Sakura, enquanto ela ainda mantinha uma das pernas sobre o tronco dele. Os olhos nunca se desgrudavam. Em momento algum.

— Terminei de escrever meus votos. – Sasuke murmurou ao sentir o toque da Haruno em seu rosto. – Quer ouvi-los? – Ela aquiesceu e ele sorriu, pouco antes de beijá-la calidamente.

— Ficarei com você enquanto precisar de mim. – Sakura sorriu e o Uchiha sentiu seu coração palpitar. Uma parte sua estava apegada ao constrangimento, mas não era a primeira vez que ele se abria sobre o que sentia para ela. Apenas para ela. – Ficarei enquanto o sol brilhar e enquanto a lua permanecer sobre o céu para iluminar o caminho dos viajantes.

Ele depositou um novo beijo no rosto de Sakura e ela suspirou extasiada.

— Ficarei enquanto as ondas existirem no mar, mesmo que a maré desista de existir. – Murmurou acariciando os fios rosados com as pontas dos dedos. -  Ficarei...Mesmo que sejamos nós dois contra a correnteza...Mesmo que não consiga controlar o tempo. – Sasuke se afastou para observá-la com cuidado antes de proferir as últimas palavras: - Ficarei enquanto for eterno o meu amor.

Os olhos de Sakura estavam marejados e a única resposta para o que ele havia dito, foi beijá-lo com tamanha intensidade para que ele pudesse sentir o seu amor.

Era eterno, mesmo que não existisse uma ligação de sangue para os unir.

X-X-X

O povo vinha até o castelo trajando suas melhores vestes, prontos para a maior comemoração anual de todo o ano. A comemoração pelo Reino dos Vampiros, pela força, pelo poder.

O salão principal estava abarrotado, o salão de bailes estava semelhante. Riqueza e simplicidade contrastando. Sakura queria se esconder, embora seus lábios refletissem um belo sorriso enquanto entrava desacompanhada pelo salão.

Ora ou outra, era cumprimentada pro duques, duquesas e membros importantes de toda a realeza. Todos faziam questão de elogiar suas vestes. “Tão simplistas” - Pensava ela enquanto agradecia, lembrava-se dos comentários de sua irmã, que devia estar recheando os convidados de comentários maldosos, mesmo que internamente.

— Até que enfim você está aqui, querida. – Mikoto disse assim que ela se aproximou. – Aguardávamos ansiosos por sua presença. – Disse animada, lançando um olhar cumplice para Mebuki, que não reprimiu um sorriso satisfeito.

Fugaku e seu pai estavam mais afastados, em uma roda de homens importantes e – com todas as certezas – influentes. Itachi não estava em seu campo de visão, sua irmã estava com o braço entrelaçado ao de Sasuke, que por sua vez a observava com atenção.

Aquele era o primeiro evento. O aniversário do Reino que precederia a comemoração da união de um Uchiha e uma Haruno.

Sasuke e Sakura mal tinham tempo. Os meses passavam com uma velocidade absurda.

— Sakura, querida? Está tudo bem? – Mikoto perguntou preocupada, segurando as mãos gélidas da moça. – Suas mãos estão frias...

— Talvez seja falta de alimento. – Balbuciou desconcentrada. – Mas estou bem.

— Posso encontrar uma refeição para você se quiser. – Mikoto propôs e ela arregalou os olhos, balançando a cabeça negativamente. Mikoto era gentil, mas ela sabia que a natureza vampiresca dominava essa qualidade. – Tem certeza? Temos sangue fresco.

— Não se preocupe. – Garantiu dando um sorriso. – Por que estavam tão ansiosas pela minha presença, majestade?

— Venha comigo, venha. – Mikoto puxou a garota pelo salão, eufórica, embora tentasse controlar isso.

Sakura sentia o peso do olhar de Sasuke em suas costas. Estava incomodada. Não só com isso, mas com as caricias que ele notava pela parte de sua irmã.

Sasuke não parecia se esforçar para afastá-la, mesmo que os olhares dele e de Sakura estivessem conectados por mais tempo do que era indicado.

— Com licença. – Mikoto disse educadamente, entrando em uma roda, enquanto puxava Sakura pela mão. – Sasori Akasuna? – Um ruivo alto, com os olhos acinzentados e um sorriso contagioso virou-se para Mikoto. Em suas mãos estava um cálice de vinho que ele e seu olhar passou de Mikoto e focou-se em Sakura. –Estava procurando por Sakura, não é?

Sasori parecia ainda mais atraente trajando negro. Ele curvou-se em uma reverência rápida para a rainha e ousou puxar a mão de Sakura para depositar um novo beijo, como havia feito da última vez.

— É um prazer revê-la, senhorita Haruno.

— Igualmente, senhor Akasuna. – Ela murmurou ciente de que haviam muitos olhos atentos aquela situação. – Como está?

— Estou melhor agora, devo admitir. - Os olhos cinzentos não desgrudaram dos esverdeados em momento algum. – E a senhorita? Devo dizer, se me permite, que este vestido lhe cai muito bem.

— Obrigada. – Sakura agradeceu sem maiores constrangimentos. Ela sabia do poder que suas vestes haviam causado, principalmente em um certo alguém que não podia se aproximar. – Pedi para que o fizessem para mim. – A Haruno riu quando foi rodopiada levemente por Sasori.

O vestido esverdeado deixava-lhe os ombros desnudos e destacava levemente o relevo dos seios, o corpete afunilava sua cintura, enquanto a saia volumosa dava um ar de elegância. Também usava uma tiara de esmeraldas que se emaranhavam por seu cabelo, preso em uma trança escamosa que fora jogada por cima de um dos ombros. Seus olhos estavam destacados por uma pintura preta e os lábios com um batom rosado, quase invisível.

— Um belo casal. – Sakura parou de sorrir ao ouvir a voz de sua própria mãe. – Por que não dançam, queridos? Tenho certeza de que os maestros podem providenciar uma boa música. – Mebuki olhou para Mikoto que concordou de imediato.

— Eu não...

— Me prometeu uma dança, senhorita Haruno. – Sasori sussurrou para ela como velhos cumplices. – Apenas uma e me contentarei...Por enquanto. – Ele estendeu a mão para ela e toda comoção causada nas pessoas ao redor tornou impossível para que Sakura o dispensasse sem causar maiores constrangimentos. – Permita-me conduzi-la por essa adorável melodia.

— Uma dança. – Ela aceitou a mão que lhe era estendida e por um instante, procurou Sasuke com o olhar enquanto era conduzida para o centro do salão.

Educadamente, Sasori fez uma reverencia e ela a retribuiu, segurando a saia do vestido. A mão direita continuava segurando um dos lados da saia do vestido, enquanto a outra fora depositada no ombro direito de Sasori. As mãos masculinas estavam prostradas na cintura fina da mulher. Ele a conduzia com firmeza e ela deixou-se conduzir com graça. Rodopiaram pelo salão, que inconvenientemente pareceu parar para observa-los.

Era uma cena bonita.

Incomoda.

Sasuke observava tudo com extrema descrição. Os olhos gélidos, a expressão indiferente. A noiva estava o irritando. Naquele momento, pareceu-lhe que a voz da mulher estava mais aguda. Parecia furar-lhe os tímpanos.

— Precisamos dançar. – Karin insistia ao seu lado. – Vão começar a se perguntar porque não o fazemos.

— Não estou interessado, Karin.

— Deve ao menos fingir que está. – Karin apertara o maxilar ao pronunciar tais palavras. – Não estou disposta a ser envergonhada porque você...

— Não estou interessado. – Sasuke a interrompeu novamente. Seus olhos estavam fixos em um único ponto. – Dance com qualquer um. Eu não me importo.

— Está me tratando mal por causa dela, não é? – A mulher disse com rancor, segurando-o pelo braço e ficando de costas para que ninguém pudesse ler seus lábios. – Eu sou sua noiva, Sasuke! Futura rainha! Não admito que você faça isso comigo. – Falou autoritária, as unhas cravadas na camisa preta que ele vestia. – Exijo que me dê atenção, exijo que me ame!

— E eu exijo que tire suas mãos de mim. – Sasuke respondeu-a friamente. Seus olhos estavam vermelhos, o maxilar trincado. Mesmo assustador, não deixava de ser belo. – Não aja como se tivesse um pingo de autoridade sobre mim, Karin. Eu não me importo com esta maldita dança. – As palavras de Sasuke eram cruéis.

— Você não pode fazer isso comigo. – Os olhos dela também haviam ficado vermelhos. – Sou sua princesa, sua noiva! Seremos um pacto, Uchiha! Não admito ser trocada pela minha irmã!

— Não mencionei o nome de Sakura.

— E acha que eu sou estúpida ao ponto de não notar o seu interesse? – Karin cuspia as palavras com os olhos brilhando em rancor. – Sasuke, eu...

— Já disse que chega, Karin. – Sasuke puxou seu braço com um solavanco e afastou-se da mulher sem ao menos olhar para trás.

Ela ficou parada, com os lábios entreabertos. Os olhos estavam lacrimejando, a raiva crescendo em seu peito. Aquilo não ficaria assim. Não iria. Passou a mão por baixo dos olhos, respirou fundo e seguiu para onde estavam as demais daas do reino.

O trono era dela, logo ela teria o poder e seria respeitada. A irmã pagaria... Com a própria vida.

No centro do salão, Sakura ainda rodopiava.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Favoritos? Críticas?
O que vocês acharam?
Me digam qual foi a parte favorita de vocês haha é a enquete da semana.
Até a próxima,
Beijão ♥