Ah, o doce aroma de café que vinha do refeitório era, definitivamente uma coisa magnifica. Ali, havia alguns professores que gostavam de saborear esta maravilha quente logo de manhã. E também, havia um garoto de 16 anos que gostava de tomar café com estes professores. Gostava trocar palavras com eles, gostava da presença deles. Era um belo garoto com palavras mansas. Uma pequena estatura, mas um enorme coração. Era simples. E esse simples havia conquistado o coração de alguém. Logo assim de cara. Não era alguém popular. Era apenas o garoto que gostava de tomar café com os professores.

– Onde ele está?

– Quem você está procurando?

Eram quatro garotas. As quatro aproveitavam as sombras de algumas árvores agrupadas no pátio de entrada. Era comum que as pessoas ficassem naquele espaço. Grama, sombra fresca. O vermelho que antes predominava agora já dava espaço para o branco da camisa social. O dia estava limpo. O céu sem nuvens. Uma brisa calma e refrescante, quase acolhedora. Era verdade que aquele era um lugar incrível. E apenas aquelas pessoas ali é que sabiam disso.

– É o Tony? – perguntou Suzanna Block.

– É claro que sim. Teria mais alguém que eu iria querer ver?

Era uma garota que só se importava com ela. Pelo menos por um tempo. Era Hilary Mc’Bleiy. Era alguém que era conhecida por muitas coisas. Mas tem algumas que são incrivelmente obvias. Sua beleza. Sua personalidade azeda. E o fato de que perseguia um garoto que, pelo seu status social na escola, não deveria sequer estar nos pensamentos dela.

– Eu nunca vou entender o motivo de você querer tanto ele pra você. Tantos homens aos seus pés... E você querendo alguém que toma café com os professores.

– É, e eu sei o quanto você gostaria de tomar café com o Jon-ah. Não é? – Era uma provocação, mas logo elas começaram a rir.

Era tão obvio o quanto a jovem Rose Dalasco era completamente maluca para ‘experimentar o sabor’ de Jon Woo. Era um professor bem famoso. Isso era muito mais óbvio do que o fato de Hillary ser bonita. Mas o Jon Woo fica pra depois.

– Enfim. Eu quero ver o Tony. Vamos procurar ele.

– Ah, por favor, não! Eu quero ficar aqui. Aqui está bom, além disso, eu quero aproveitar o tempo que resta antes da cerimonia. Vá você e corra atrás dele sozinha hoje.

Basicamente, nenhuma das duas quis acompanha-la. Afinal, nunca iriam entender o motivo dessa paixão doentia que ela começou a desenvolver por ele desde o fundamental. Hillary apenas deixou as duas sozinhas, revirou os olhos e as abandonou ali, enquanto caminhava com os olhos atentos a qualquer sinal de cabelos e óculos negros.

– Ele nem é tão bonito assim – Suzanna começou a expressar sua opinião assim que viu sua amiga virar num corredor distante.

– Eu me pergunto o motivo. Deve ser pelo fato de ele não gostar dela. Deve ser o único garoto da escola que nunca pensou em estar com ela.

Suzanna Block e Rose Dalasco são amigas desde o fundamental. Rose sempre se mostrou uma garota fútil. Apesar de que, no fundo, ela não era assim de verdade. No fundo, ela era apenas mais uma pessoa a espera de alguém que aqueça seu coração. Ela era alguém tão encantadoramente simpática... Apenas não demonstrava tanto.

Bem, talvez esse fosse o ano em que Rose Dalasco finalmente tivesse algo que pudesse esquentar seu coração e trazer novamente o conforto e a segurança. Apesar de ter, assim como sua amiga Hilary, todos os homens aos seus pés, ela so queria o abraço de um deles. Ela só precisava abrir os olhos deles. Afinal, era o ultimo ano dela no ensino médio. Pode ser que os outros considerem seus sentimentos como apenas simples diversão... Mas ela sabe muito bem o que sente. E no fundo, estava certa de que iria lutar por isso.

– Eu vou dar uma volta.

Sua amiga apenas acenou a cabeça. Rose levantou-se e pôs-se a andar, procurando dois olhos gentis e um tanto inchados. Ela adorava aqueles olhos como ninguém.

Enquanto andava pelos corredores lotados de gente e barulho, alguns garotos paravam para olhá-la e ‘saborearem’ a visão. Era algo que, por vezes, incomodava muito. De longe, ela viu um par de olhos inchados. Mas estes vinham acompanhados de um par de óculos. Rose andou em direção a eles.

– Corra. – Ela disse assim que se aproximou dele. – Ela está te procurando...

Tony fez uma cara de tédio e deu meia volta. E sem querer esbarrou em alguém. Geralmente é do tipo de garoto que pede desculpas até ter certeza de que foi perdoado. Mas do jeito que ficou, pediu apenas uma vez e saiu. Mas Ninally não ligou. Apenas continuou seu caminho. O lugar onde estava era um cruzamento. Logo atrás dela, Rose caminhava para frente, até dobrar no próximo corredor. Ninally seguiu no corredor do meio, até que percebeu os cadarços desamarrados.

– Oh.

Ah, doce e irônico destino. Como você é grandioso.

Ninally levantou de uma vez. Ora, não é isso que você faz assim que termina de amarrar seus sapatos? A diferença é que, geralmente, quando você levanta, não acerta sua cabeça no queixo de outra pessoa.

Ah, doce e irônico destino. Como você me atrai.

Ninally reclamou de dor, virando-se para saber quem tinha acertado.

– Ah, por que você estava atrás de mim desse jeito, não me viu?

– Ah, garota, como eu poderia te ver? Sabe o quão baixa você é? Isso aqui está doendo!

– Ah, você tem que olhar em todas as direções, idiota!

Ele não usava um uniforme como os outros.

– Garota, é assim que você fala com um professor no primeiro dia de aula? E ainda ataca ele?

Ninally recuou três passos e os belos olhos acinzentados, antes enraivecidos agora estavam espantados.

– Sim, eu sou um professor! Você é novata por acaso?

– Por favor, me perdoe! – Tratou logo de pedir perdão ao homem a sua frente. Até que percebeu seu crachá pendurado na roupa.

Jon Woo.

– Jon Woo – ela sussurrou. – Professor Woo? Meu nome é Ninally Chase Mc’Bleiy. Eu recebi orientações do direto para encontrar o senhor.

O suposto Jon Woo apenas continuou a olhar para Ninally como se estivesse querendo perguntar algo. Então, de forma extrovertida e divertida, ele abaixou-se e olhou diretamente nos olhos da jovem, que recuou um pouco mais.

– Então você é a garota que passou em primeiro lugar? Oh, que honra. Eu estava te esperando, estava ansioso pra te encontrar. Quem diria que a garota que conseguiu a pontuação mais alta me daria uma cabeçada – então, ele abriu um sorriso brincalhão. – Será o destino?

E então algo estranho começou a acontecer.