Saint Seiya: New World escrita por Fernando


Capítulo 9
A Ala Médica




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Não sei direito quando foi que eu apaguei, mas sei que foi logo que chegamos ao “Santuário”. Mas também né? Se alguém ficou surpreso em eu desmaiar no estado em que meu corpo estava, meu amigo... Acho que você precisa redefinir seus conceitos de limites. De qualquer modo, eu apaguei e tive um sonho, um pesadelo na verdade. Eu vi incontáveis cenas de batalhas entre cavaleiros e espectros, mas uma delas foi a mais assustadora. Um cavaleiro, de armadura dourada, e outro, com a mesma armadura que vi em meu sonho, há dias atrás, estavam enfrentando um homem com a armadura repleta de asas, e escuridão, que eu também havia visto em meu sonho.

– Saia daqui, Tenma. – Disse o cavaleiro de ouro. – Eu ganharei todo o tempo que puder.

– Não! – Esbravejou o outro cavaleiro, o qual acabou de ter sua armadura reduzida à destroços de uma versão mais simples da mesma. – Não deixarei o senhor pra trás, mestre Dohko!

Dohko tinha pele levemente mais escura, cabelos curtos, um palmo acima dos ombros, e marrons, quase avermelhados, assim como seus olhos. Ele estava sem as peças do peitoral de sua armadura, oque mostrava uma grande tatuagem de tigre em suas costas.

O cavaleiro de ouro sorriu e, num rápido movimento, desferiu um soco no estomago de seu discípulo. Discípulo esse que eu reconheci como Tenma de Pégaso, meu ancestral e o cavaleiro que viera me ajudar na luta que tive mais cedo.

– Mes... – Foi tudo que Tenma pode dizer antes de perder a consciência e começar a cair para trás.

Outro cavaleiro de ouro, com a armadura que eu reconheci como sendo a de Aries, amparou o meu ancestral.

– Dohko... – Disse o cavaleiro de Aries.

– O deixe em segurança, Shion. Eu ganharei algum tempo aqui, mas me prometa que deixara Tenma em segurança... Depois do que vimos aqui, ele é nossa única esperança.

Shion tinha a pele branca e um longo cabelo arrepiado e levemente esverdeado, assim como a cor de seus olhos. E, assim como Haku, ele não tinha sobrancelhas, mas sim duas manchas acima dos olhos.

– Como me pede isso? – Perguntou Shion. – Abandonar meu melhor amigo... Fugir! Fugir e deixar meu melhor amigo as portas da morte! Como me pede isso, Dohko?!

Dohko sorriu, mas manteve seu olhar sério e fixado em seu oponente.

– Meu melhor amigo. – Disse mais para si mesmo do que para que qualquer outro ouvisse. – É por isso, Shion, e apenas por isso que tenho coragem pra te fazer tal pedido.

Shion iria protestar, mas suspirou e se levantou. Ele carregava Tenma sobre o ombro direito, como se ele não pesasse nada.

– Sabe que ele vai ficar furioso quando acordar, não sabe? – Perguntou o cavaleiro de Aries, referindo-se a Tenma. – Por você fazer isso e ele não poder fazer nada para impedir.

Dohko riu.

– Estou contando com isso. Ele fica muito mais focado quando está com raiva.

Shion olhou mais uma vez para o amigo e então, com Tenma nos ombros, deu as costas para Dohko e foi em direção a uma garota, que tambem vestia uma armadura, mas essa com um tom de prata, e um cachecol vermelho.

– Tenma! – Exclamou a garota quando Shion se aproximou. – Senhor Shion, ele está bem? Oque o senhor Dohko está fazendo?

Shion parou. Lágrimas ameaçaram brotar de seus olhos, mas ele as conteve.

– Está sendo um cavaleiro. – Respondeu como se tentasse explicar mais para si mesmo do que para a garota. – Está cumprindo com seu dever.

Logo a imagem de tudo isso se desfez e eu acordei, mas pude ver uma aura verde e luminosa tomando o corpo de Dohko enquanto ele se lançava contra o homem de armadura negra.

Assim que essas imagens se desfizeram da minha mente eu abri os olhos. Eu estava em um lugar escuro, todo aberto em suas laterais, mas completamente coberto para impedir a luz do sol de entrar. O lugar era sustentado por grandes colunas gregas e eu não era o único em seu interior. Camas e mais camas, que mais pareciam leitos de um hospital, podiam ser vistos por toda a extensão desse local.

Tentei me levantar, mas uma dor agonizante, como mil agulhas quentes penetrando um único ponto no meu peito, fez eu me jogar na cama novamente. Ah e eu soltei um grito muito alto de dor, é claro. Segundos depois uma garota apareceu, seus cabelos eram longos, indo até a metade de suas costas, sua pele era um pouco mais bronzeada, mas ela ainda era caucasiana, e tinha uma mascara cobrindo todo seu rosto. Quando digo: “cobrindo todo seu tosto.” É todo seu rosto mesmo! Não era possível ver nem mesmo seus olhos! Não faço ideia como ela enxergava com aquela coisa.

– Ah idiota! – Exclamou a “gentil” garota que veio em meu socorro.

– Também é um prazer. – Me esforcei pra dizer isso da maneira mais sarcástica que já foi dita por um humano, cavaleiro, espectro ou deus.

– Quem disse que podia se levantar? – Perguntou ela, sem se importar muito com oque eu disse.

– Esse é problema. – Respondi. – Não tinha ninguém para me dizer nada.

– E você, com um braço enfaixado, uma tala em seu tornozelo direto e quatro costelas fraturadas, concluiu que se levantar séria uma boa ideia? – Admito... Ela me venceu...

– Mas...

– Mas nada! – Esbravejou ela. – Já não basta me deixarem presa aqui, longe de qualquer ação, ainda me mandam o imigrante idiota e esperam que eu vire sua babá! Por Zeus! Como isso é injusto!

– Hã... Eu, o “imigrante idiota”, ainda estou bem aqui, tá?

Ela suspirou.

– Que seja. Oque foi? As costelas doem?

Ela estava me tratando como se eu fosse um fardo, mas eu não estava em posição de discutir nada até essa dor parar.

– É. – respondi. – Tem certeza que estão fraturadas? Eu juro que as senti se quebrando.

Ela se ajoelhou ao lado da cama.

– E sentiu. – Respondeu ela. – Eu consegui acelerar seu processo de cura, mas não foi o suficiente ainda, você estava muito ferido.

– Acelerar meu processo de cura? – Perguntei. – Espera... Tipo um fator de cura?!

– Não. – Ela foi muito seca na resposta. – Você não vai se autorregenerar ou nada do tipo. Eu apenas consigo estimular seu corpo a se curar mais depressa, mas não é nada que te de qualquer tipo de regeneração espontânea.

– Sério? Você consegue fazer isso? Como? – Eu realmente estava curioso.

Ela suspirou novamente e levantou uma das mãos até a altura em que seu rosto estava. A sua mão se abriu e suas unhas começaram a crescer rapidamente, como se fossem garras.

– Estímulos elétricos intramusculares. – Ela respondeu e um pequeno raio tremeluziu entre suas, recém-adquiridas, garras.

– Hã... Você quer dizer... Como se fossem injeções? – O pânico na minha voz era real.

– É quase isso.

Eu sei que é ridículo, tipo, MUITO ridículo... Mas eu tenho pavor de injeções! Eu faço qualquer coisa, luto com quem quer que seja, mas eu não consigo ver uma agulha sem ficar apavorado. Já bati em médico uma vez, quando tinha dez anos, por que não queria tomar injeção... e essa garota, que eu mal conheço, está com cinco unhas/garras elétricas e diz que vai enfiar isso nos meus músculos... Eu acho que não.

Ela colocou a mão sem as garras no meu peito e começou a tatear a procura de algo. Parou a mão um pouco abaixo das faixas que colocaram em meu peito, sobre as costelas.

– É aqui. – Disse ela e aproximou a mão direita e as garras do meu abdômen.

Involuntariamente meu corpo se afastou. Joguei-me para o lado esquerdo da cama e acabei caindo da mesma.

– Oque você pensa que tá fazendo?

– Nada. Eu só... É que eu não gosto muito de injeções. – Respondi cabisbaixo.

Era impossível ver a expressão dela por de trás daquela mascara, mas eu nem precisei ver. Ela começou a rir, rir não, gargalhar do que eu havia dito.

– Você tá brincando? Por favor, fala que você tá brincando! – A cada frase ela ria mais, provavelmente ela estava chorando de tanto que ria. – Um cavaleiro... Não! O PÉGASO tem medo de injeção?! Por Zeus! Você enfrentou um dos três juízes de frente e tem medo de agulhas?

Sou ridículo, eu admito, mas também não é pra tanto.

– É, é, tudo bem. – Eu respondi enquanto tentava me levantar. As costelas ainda doíam, mas meu tornozelo sustentava meu peso normalmente.

Como minha perna estava boa de novo, decidi sair dali.

– Onde pensa que vai? – A garota perguntou. Sua voz ainda diferente pela crise de risos.

– Atrás dos meus amigos. – Respondi.

– Você não pode. O Grande Mestre deu a ordem, você está proibido de sair daqui enquanto não se recuperar. – Explicou a garota. – Agora volta pra sua cama e me deixa cuidar logo das suas costelas, eu tenho mais oque fazer.

É sério isso?

– Me prenderam aqui? É isso?

– É até você se recuperar, idiota.

– Qual é o seu problema comigo? – perguntei.

Ela virou o rosto para mim e, por mais que a mascara cobrisse seus olhos, posso jurar que ela me lançou um olhar de ódio.

– Nenhum, Pégaso. Você é o herói do Santuário, sábia? Todos fizeram a maior festa quando o Grande Mestre apresentou Atena e disse que você chegou.

Carmen... Eu tenho que achar ela.

– Você nunca tinha lutado antes, não é? – Continuou a garota. – Aposto que nunca deve ter ao menos feito algum dos treinamentos impostos aos cavaleiros, mas sabe qual é a graça? Você não precisa. Você é o Pégaso! A encarnação de Seiya! O Matador de Deuses!

– É isso? Você tem raiva de mim porque eu ganhei a armadura?

– Ah não seja ridículo! Você não ganhou a armadura, ela simplesmente foi até você. Nem disputa-la, como nós, você precisou. Sabe por quê? Por que você é o Pégaso. Você não tem que fazer nada e ganha tudo oque nós sempre sonhamos.

– “Você.” – Respondi.

– Oque?

– Você disse: “Você não tem que fazer nada e ganha tudo oque nós sempre sonhamos.”. Mas não quis dizer “nós”, quis dizer “você”.

E dessa vez eu tive certeza que ela estava pronta pra arrancar minha cabeça.

– Você nem ao menos merece essa armadura. – Ela respondeu.

– Ótimo. Você me odeia e eu te odeio ótimo! Posso ir agora, assim nós dois ficamos felizes?

– Não. O Grande Mestre...

Eu a interrompi.

– Eu não ligo para oque o “Grande Mestre” diz. Me deixa sair daqui e depois eu resolvo com esse tal mestre.

Ela se moveu tão rápido que foi quase impossível de se ver e logo as suas garras estavam em minha garganta.

– Nunca mais desrespeite o Grande Mestre na minha frente. – A voz dela estava calma e fria, apesar de, com meus “novos” olhos, poder ver que sua aura, levemente roxa, estava tão furiosa quanto à de Radamanthys.

E foi quando eu lembrei: Radamanthys... Senhor Jabul... Ele morreu por que eu fui fraco. Isso despertou a raiva dentro de mim e meu cosmo acendeu como resposta.

– Me larga. – Eu disse, no tom mais ameaçador que consegui.

Ela riu.

– Volta pra cama, idiota. Não quero te bater nesse estado.

Usando oque Tenma me ensinou, consegui explodir meu cosmo e expandir minha aura, forçando ela a afrouxar os dedos ao redor do meu pescoço. Me movi o mais rápido que pude, assim como antes entrei em um estado de anestesia minhas costelas não doíam, então me curvei, passando a cabeça por baixo de seu braço estendido e corri para uma das laterais do templo.

– Idiota. – Ouvi pouco antes de sentir algo me acertar no estomago.

Ela me acertou com o punho. Foi mais rápida do que eu jamais sonhei em ser, se moveu em um piscar de olhos e me derrotou por completo com apenas um soco. No exato momento em que senti o golpe, senti minhas costelas explodirem em dor novamente, minha visão ficou negra e senti meu corpo despencar.

Ela suspirou. Se aproximou e me levantou, com extrema facilidade, me colocando em seu ombro.

– Na próxima me ouve, idiota. – Ela disse enquanto me carregava.

Fui posto, novamente, na cama. Ela preparou suas garras novamente, em ambas as mãos dessa vez, e as dirigiu ao meu abdômen. Eu a agarrei uma de suas mãos com a minha mão direita e tentei pronunciar “não”.

– Você até que é resistente. – Ela riu. – Achei que estava inconsciente.

Ela então cravou as unhas em minha carne e eu senti um choque percorrer cada centímetro do meu corpo. O primeiro choque foi doloroso e incomodo, mas aos poucos eles foram se amenizando juntamente com a dor.

– Eu ainda não sei. – Ela disse quando já haviam se passado uns dez minutos. – Qual seu nome?

Eu não queria responder, não depois de toda a raiva que essa garota descontou em mim, mas eu também estava curioso para saber o dela e, sabe-se deus por que, ela parecia estar me tratando melhor depois que bateu.

– André. – Consegui dizer.

– Hum, pelo menos seu nome tem alguma origem grega. – Ponderou ela.

– E o seu é...? – Perguntei.

Ela me olhou por mais alguns instantes, retirou as garras e se levantou.

– Maya. – Ela disse e começou a caminhar para longe de mim.

A vi deixando o templo e, por um único instante, senti como se mais um choque percorresse meu corpo, mas não um choque doloroso ou incomodo, um choque bom como se acariciasse todo meu corpo. Ela olhou para trás e então saiu depressa pela lateral.

– Maya... – disse por fim, antes de fechar os olhos e tentar adormecer novamente.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, faz um tempo.



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