Saint Seiya: New World escrita por Fernando


Capítulo 10
O Santuário




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535874/chapter/10

Os dias começaram a seguir uma rotina: Eu acordava antes do sol nascer e ficava recitando o alfabeto de trás para frente algumas vezes, só pra ajudar a manter minha sanidade. Logo Maya, a garota que estava cuidando dos meus ferimentos, aparecia e me trazia algo para comer, era quase sempre pão e agua mesmo. Depois disso, ela usava as garras e a eletricidade para acelerar minha recuperação e então ela sumia novamente até, mais ou menos, meio dia.

Isso durou por três dias, se não me engano, até que um homem, envolto em uma túnica branca e com um capacete dourado tampando seus olhos, adentrou o templo.

– Bom dia, Pégaso. – A voz do homem, apesar de calma, era direta e forte. Ele deveria ser um ótimo orador. – Sente-se melhor?

– Sim. – Respondi. – Mas quem é você?

– Idiota. – Ouvi Maya dizer ao fundo.

O homem sorriu.

– Você já me conhece, ou conheceu Pégaso. Sou um amigo de Seiya, seu antecessor, e atual mestre do Santuário de Atena.

– O Grande Mestre? – Perguntei.

– Sim. – Ele respondeu.

– Então o senhor sabe onde está Carmen? Quero muito vê-la.

– Ela está bem, André. – Como ele sabe meu nome? – Atena está em seu templo, acima das Doze Casas.

– Pode me levar até ela?

– Claro, consegue andar?

Me levantei rapidamente. Minhas pernas estavam normais e meu braço esquerdo já havia recuperado o movimento, apenas minhas costelas ainda me faziam sentir alguma dor, mas nada que eu não pudesse aguentar.

– Posso.

Ele sorriu.

– Ótimo trabalho, Maya. – Ele agradeceu a garota. – Obrigado, criança.

– Só cumpri minhas ordens, Grande Mestre. – Maya respondeu e se ajoelhou, levando o punho direito ao peito, em sinal de respeito.

O Grande Mestre virou-se novamente em minha direção.

– Vamos, siga-me. – Disse ele.

– Ei! Idiota! – Ouvi Maya me chamar, quando eu já estava quase fora do templo. – Se cuide, não quero ter que ficar curando suas feridas o tempo todo.

Ela não é um doce?

Assenti com a cabeça e passei pela lona que cobria a lateral do templo. A luz do sol me forçou a cerrar os olhos, não estava mais acostumado com aquela claridade.

– Está tudo bem? – O Grande Mestre perguntou.

– Sim, eu só... – Fiquei sem palavras no exato momento em que minha visão retornou.

O Santuário era incrível! O lugar era enorme e completamente branco. Colunas e mais colunas gregas se estendiam por todos os lados, fosse sustentado templos, destruídas, ou simplesmente colocadas a esmo em algum lugar. À minha direita, um caminho se estendia e levava a doze gigantescos templos, que eu presumi que fossem as doze casas que tanto falam. Na minha esquerda o mesmo caminho descia e se estendia muito mais para baixo, levando a algo que parecia ser um coliseu, mas isso não era possível... Era? Enfim, vários pequenos templos e escadarias seguiam à minha frente. E, em minhas costas, uma grande torre branca, com os doze símbolos do zodíaco dispostos como se formassem uma espécie de relógio, era visível de qualquer lugar do Santuário. O lugar era enorme e repleto de pessoas, homens em roupas simples de algodão e com armaduras de couro e mulheres com máscaras, como a de Maya, e as mesmas vestes e proteções de couro, passavam em todas as direções.

– É incrível! – Disse eu, boquiaberto com toda a grandeza que presenciara.

– Carmen, sua amiga, teve a mesma reação – Diz o Grande Mestre.

E ao ouvir o nome de Carmen, fui puxado de volta para a realidade. Eu estava preocupado, queria vê-la o mais depressa possível e não tinha tempo para ficar impressionado com colunas gregas.

– O senhor pode me levar até ela agora?

O Grande Mestre assentiu e começamos a andar.

Seguimos por uma trilha em meio às diversas escadarias e níveis do Santuário. O Grande Mestre me contou que aquela era a trilha principal do Santuário, passando por todos os pontos importantes do local, e acabando por levar a entrada das Doze Casas.

– Grande Mestre. – O chamei enquanto nos aproximávamos do final de trilha e de uma grande sequencia de escadarias. – Oque são as Doze Casas?

– Elas são a defesa final do Santuário, meu jovem. São o lar de nossos mais poderosos combatentes, os cavaleiros de ouro, e o único caminho para se chegar até os templos meu e de Atena, posteriormente. – Explicou o Grande Mestre.

– Então existem doze cavaleiros de ouro, certo?

– Sim, cada cavaleiro corresponde a um dos signos do zodíaco. Você já conheceu Haku de Aries, Prabha de Virgem e Cário de Sagitário. Mas há outros, eles são Bálor de Câncer, Nasir de Leão, Eurin de Libra, Nahor de Escorpião, Iro de Capricórnio, Orion de Aquário e Sieme de Peixes.

– E os cavaleiros de Touro e Gêmeos?

O mestre pareceu hesitar em me responder.

– Gêmeos e Touro ainda não foram convocados, mas acredito que se apresentaram em breve.

Começamos a subir as escadarias, e cara! Como tem escadas nesse Santuário! As Doze Casas foram feitas construídas sobre uma montanha, onde a Casa de Aries, primeira das Doze Casas, fosse feita no pé da montanha e o Templo de Atena ficasse em seu cume. Com isso todo o caminho da Casa de Aries até o Templo de Atena é quase que uma imensa escadaria, as únicas partes planas são as Doze Casas e seus interiores. Mas todas pareciam estar desprotegidas quando passamos por elas.

– Eles vivem nelas, os cavaleiros de ouro? – Perguntei quando atravessamos a casa de Peixes.

– Sim, cada casa tem um pequeno aposento para seu cavaleiro protetor.

Demoramos um pouco para atravessarmos as casas, o sol já estava se pondo agora. Atravessamos mais um templo, o do Grande Mestre, mas esse apenas pela lateral e finalmente chegamos até o Templo de Atena. Um grande templo, maior do que qualquer uma das Doze Casas, ele era praticamente idêntico com o partenon.

Adentramos o grande templo e pude ver seu interior, era enorme, todo sustentado por grandes colunas gregas e um longo tapete vermelho se estendia da entrada até um grande trono branco, onde Carmen estava sentada. Ela vestia um vestido branco sem mangas e que cobria suas pernas até os tornozelos, uma tiara dourada reluzia suavemente em meio a seus longos cabelos, vários braceletes dourados faziam contraste com sua pele cor de canela e ela tinha algo como uma lança nas mãos. Ajoelhados a sua frente dois homens de armaduras douradas estavam ajoelhados, e ela parecia estar ouvindo algo deles.

Eu fiquei paralisado, ela estava linda e parecia imponente de uma maneira que eu nunca sonhei que poderia vê-la. Mas seu semblante sério se desfez no momento em que seus olhos caíram sobre mim. Sua expressão preocupada transformou-se no mesmo sorriso que eu vira todas as manhãs quando Carmen me acordava e íamos para a escola.

– Dé! – Ela exclamou.

Os cavaleiros de ouro olharam para trás, em minha direção, quando ela gritou e saiu correndo para me abraçar. Carmen era pequena e não tinha muita força, mas minhas costelas sentiram quando ela se jogou em mim, ambos caímos e riamos como idiotas.

– Você está bem! – Ela me abraçou novamente, apertando mais dessa vez.

– É eu to, mas se você continuar me apertando minhas costelas se quebram de novo.

Ela me largou e olhou preocupada para meu peito, como se estivesse checando se tinha quebrado algo. Eu apenas ri.

– Senhorita Atena. – O Grande Mestre se aproximou. – Entendo que esteja feliz, mas não acha que devia se levantar e terminar de ouvir o relatório de Eurin e Cário?

O Grande Mestre parecia ser um cara legal, ele realmente havia cumprido oque me prometeu e, nessa situação, ele estava sendo completamente gentil.

– Ah sim, desculpe. – Carmen disse envergonhada.

Nos levantamos e ela fez sinal com a mão me pedindo para esperar, voltou a se aproximar dos dois cavaleiros e então pude reconhecer um deles como Cário, o cavaleiro de ouro de Sagitário.

– Feliz em vê-la? – O Grande Mestre perguntou.

– Sim, muito obrigado, Grande Mestre. – Agradeci.

– Ela havia me dito que você estava tendo problemas para aceitar tudo isso. – Explicou ele. – Achei que vê-la como Atena ajudaria a se acostumar.

– Ainda estou tendo alguns problemas para me adaptar. E ainda preciso de algumas respostas, mas estou bem com isso, só preciso de mais um tempo.

O Grande Mestre assentiu com a cabeça.

– Ficarei feliz em ajuda-lo com as respostas que precisar cavaleiro. – Respondeu ele.

Essa foi a primeira vez que alguém se dirigiu a mim como cavaleiro, pelo menos eu acho que foi... Foi estranho.

– Pégaso.

Virei-me e vi Cário se aproximar.

– Cário. – Coloquei o punho direito sobre o peito, como vi Maya fazer antes, em sinal de respeito.

O cavaleiro de ouro fez o mesmo.

– Precisamos conversar, tem um minuto? – Perguntou ele.

Eu não respondi. Minha vontade era falar com a Carmen, saber onde meus amigos estão.

– Pode ir, ela estará aqui quando você voltar. – Disse o Grande Mestre.

– Tudo bem. – Concordei por fim.

Cário me guiou para fora do templo, já era noite e, sobre a iluminação da lua, a vista do Santuário dali era ainda mais incrível.

– Sobre a ultima missão. – Começou a o cavaleiro. – Desculpe-me. Não fui capaz de proteger Atena ou você, fui incapacitado e me tornei um peso para todos, sinto muito.

Esse era o mesmo Cário de dias atrás? Oque aconteceu?

– Está tudo bem, não foi culpa sua. – Disse sem jeito.

– Se não fosse por mim... Jabul... – Ele não conseguiu terminar.

– Não faça isso. – Disse com raiva e sem encara-lo. – Não tome isso como culpa sua e faça o sacrifício dele parecer em vão!

Cário se surpreendeu, não esperava por essa reação. Nem eu esperava na verdade, não sabia oque estava fazendo, levantando a voz para alguém que poderia me obliterar com apenas um movimento. Mas ele apenas abaixou a cabeça.

– Não foi minha intenção. – Disse ele. – Eu fui um dos discípulos de Jabul e ele sempre contava historias sobre Seiya, o seu antecessor, e de como ele queria poder treinar o novo Pégaso que ainda não nascera.

Tudo aquilo só estava me deixando mais pra baixo. O senhor Jabul sempre soube quem eu era e esperava grandes coisas de mim, mas eu nem pude salva-lo.

– Enfim, não sei se é justo pedir isso a você, mas eu gostaria que me deixasse treina-lo – Cário disse por fim.

Aquilo era uma surpresa. Cário não demonstrava a mínima confiança em mim e agora ele estava ali, se oferecendo para me treinar.

– Por que quer fazer isso? – Minhas palavras devem ter saído mais duras do que eu gostaria.

Ele suspirou.

– É a vontade de Jabul. E, nas duas ultimas Guerras Santas, o cavaleiro de Sagitário era um fiel amigo do Pégaso e por muitas vezes foi em seu auxilio e o mostrou o caminho certo, quase como um mestre.

Pensei por alguns minutos, era uma decisão difícil de tomar. Tudo bem, ter um cavaleiro de ouro como mestre seria uma coisa incrível, mas parece que Cário esta pensando em me ensinar mais por culpa do que por vontade. Mas, ainda assim, algo me dizia para aceitar.

– Se não achar uma boa... – Eu o interrompi.

– Tudo bem. Eu serei seu discípulo.

– Sério?

– Sim. Preciso ficar forte rápido e acho que você é o único que pode me ajudar com isso.

Um pequeno sorriso se formou no rosto de Cário.

– Muito bem então! – Ele estendeu o braço. – Começaremos ao amanhecer.

– Certo. – Estendi meu braço e nos cumprimentamos.

Logo o outro cavaleiro de ouro saiu do Templo de Atena e, ele e Cário, deixaram o local.

Suspirei e continuei olhando para todo o Santuário e pensando no que acabara de fazer. Logo senti braços se envolverem em meu pescoço.

– A vista daqui é linda, né? – Carmen perguntou ao meu lado.

– É sim. – Concordei. – Vai me dizer qual é a dessas roupas?

Ela riu.

– São os trajes de Atena. – Ela respondeu como se aquilo fosse obvio. – Agora que eu estou assumindo o posto, preciso usa-los.

– Como a minha armadura? – Brinquei.

– É mais ou menos isso. – Ela respondeu sorrindo.

– E os outros?

– Estão treinando, todos começaram assim que chegaram... Acho que o senhor Jabul inspirou eles.

Olhei para os céus e senti quase como se ainda pudesse ver o brilho esverdeado do cosmo do senhor Jabul queimando entre as estrelas.

– Acha que ele alcançou os Elíseos? – Perguntei. – Ele falava tanto desse paraíso durante as aulas.

A expressão de Carmen endureceu.

– Acho que não, Dé. Ele não pode.

– Como não? Ele morreu como um verdadeiro herói.

– Essa não é a questão. – Ela retirou os braços ao redor do meu pescoço. – Nenhum cavaleiro pode chegar aos Elíseos mais.

– Como assim? Por quê?

– Os outros deuses. Eles amaldiçoaram todos os cavaleiros, desde a ultima Guerra Santa, nenhum cavaleiro pode descansar em paz ou alcançar o paraíso.

Meu sangue ferveu, até meu cosmo começou a se elevar.

– Só por que contrariaram a vontade deles? – Perguntei sério.

– Dé, calma.

– Isso não é justo, Carmen! Como eles podem brincar assim com o destino das pessoas?

– Sempre foi assim, Dé. Desde as eras mitológicas, não a nada que podemos fazer.

–Não. Eu não vou aceitar isso! Vamos resolver essa guerra com Hades e depois, se eles não nos ouvirem, vamos obriga-los a aceitar o senhor Jabul nos Elíseos!

Carmen parecia estar pasma com as minhas palavras, na verdade até eu estava. Aquele, provavelmente devia ser o “Pégaso” dentro de mim falando, mas ele estava certo. Não era justo, os deuses punirem todos os cavaleiros apenas por tentarem defender seu mundo.

Achei que Carmen iria me reprender por falar aquilo, ou até me dar um sermão sobre como desafiar os deuses pode trazer má sorte, mas não.

– É isso ai. Olimpo nos aguarde! – Ela disse sorrindo e apontando para as estrelas, como se estivesse falando realmente com o Monte Olimpo.

Ambos rimos.

– Vocês deixariam Seiya e Saori orgulhosos.

– Grande Mestre. – Disse Carmen quando nos viramos.

– Desculpe por ouvir a conversa de vocês, mas vocês lembram-me demais deles.

– Saori? – Perguntei.

– Minha ancestral. – Respondeu Carmen. – A Atena do século XX.

O Grande Mestre assentiu.

– Você os conheceu?

– Sim, estive em algumas aventuras ao lado deles.

– Mas eu achei que todos os cavaleiros da época de Seiya estavam mortos. – Disse Carmen.

– Bem. – O Grande Mestre retirou o elmo revelando seu rosto. – Na época eu não era um cavaleiro.

Por um momento eu fiquei paralisado. Eu já conhecia esse homem, de muito tempo atrás, mas conhecia. Foi ele que, no parque, entregou os anéis para mim e para Carmen. O homem de cabelos vermelhos e manchas no rosto, como o cavaleiro de Aries.

– Você... – Tentei falar, mas as palavras não saiam da minha boca. Carmen também não parecia estar menos surpresa.

– Meu nome é Kiki, o antigo cavaleiro de Aries, discípulo de Mu, um dos únicos sobreviventes da Guerra Santa e, mais importante, – Ele abriu um grande sorriso antes de terminar. – amigo de Seiya e Saori.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya: New World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.