Watanabe - Interativa escrita por Cloo Muller


Capítulo 5
Aquimia


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso...
Tenho uma bela desculpa para isso (Sempre tenho hehehe)
O cap já estava quase concluído quando peguei ferias do trabalho. E onde estou não tem net em casa, Ai lascou tudinho...
.
Então boa leitura... Nos vemos nas Notas Finais ;)



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— Não tem ninguém. — disse Kelina, num tom baixo enquanto espiava de dentro do quarto, o corredor. — Vamos, Katherine!

Kelina encostou-se na parede do corredor e seguiu escondida por entre as sombras. Pouco depois de ter saído do quarto, uma jovem — pequena de pele e cabelos dourados —, a seguiu silenciosamente.

A lua prateada iluminava quase todo o corredor, deixando apenas uma pequena parte sem iluminação, exatamente onde as meninas esgueiravam-se nas pontas dos pés, quase que unindo-se com a escuridão. Um passo por vez, tendo o máximo de cuidado para não fazer quaisquer ruídos. Ambas ficaram lado a lado de uma porta lilás com uma plaquinha escrito “Irmãs Ddioths”.

— Okay! Eu vigio e você abre. — sussurrou Kelina, indo em direção de uma das janelas. Assim que se posicionou de uma forma quase que oculta, fez um sinal para Katherine adiantar-se.

A pequena ajoelhou-se em frente à porta e com um toque suave, alisou a maçaneta  redonda da mesma. No mesmo instante, a maçaneta preta, ganhou uma cor dourada antes de voltar a cor original, ganhando um rosto desenhado sobre a superfície.

— Quem é você? — perguntou a maçaneta com um tom autoritário. — E porque estou falando?

— Shiiiii! — pediu Katherine, sussurrando ao olhar em volta. — Fala baixo. Meu nome é Katherine Havengreen, sou uma maga portadora da magia “Simpatia”.

— Simpatia? — perguntou a maçaneta sem abaixar o tom da voz. — E porque está sussurrando?

—Shiiiii!!! — Havengreen abanou as mãos implorando para o objeto, que fizesse mais silêncio.

— Anda logo com isso, Kathe. — Kelina ordenou de longe, ainda sussurrando.

Katherine suspirou, olhou fixamente para o rosto desenhado na maçaneta e tentou-lhe explicar — o mais breve possível — Sobre sua magia “simpatia”, na qual lhe concebia habilidades para dar vida à objetos inanimados, também acrescentou que não funcionava com humanos, já que os mesmo, obviamente, já tinham vida.

Conversa vai, conversa vem, Katherine conseguiu convencer a maçaneta destrancar a porta para dar passagem às jovens, que já estavam mais do que impacientes.

— Achei que nunca conseguiria. — disse Kelina, já dentro do quarto das irmãs Ddioth.

— Não tive culpa, a maçaneta é tão teimosa quanto as gêmeas. — Katherine se defendeu enquanto chacoalhava um frasco verde fluorescente, no qual ganhara mais brilho para iluminar o cômodo. Kalina vasculhava de uma gaveta a outra, ansiosa. Com sombras de dúvidas, Kathe pronunciou-se: — O que está procurando?

— Um rolo de teia das aranhas de cristais. — respondeu ao amarrar as madeixas brancas. — Vai ser útil, assim que elas entrarem no quarto, o frasco vai derramar o líquido nas roupas, dentro do guarda roupa. — Kelina respondia, enquanto olhava debaixo de uma escrivaninha. — Achei!

A jovem demorou cerca de dez minutos até terminar de engatilhar a armadilha, então saíram do quarto. Katherine ajoelhou-se novamente agradecendo a maçaneta por ter aberto a porta e pedir para trancá-la novamente, enquanto Kelina vigiava para certificar-se que ninguém as flagrasse.

Quando ambas estavam em frente ao seu dormitórios, Kelina parou.

— Sabe, Kathe? Vamos voltar e desfazer a armadilha? Acho que não foi certo o que fizemos.

— Corrigindo! O que você, me convenceu a fazer. — disse pondo as mãos na cintura. — Bem! Até que enfim, mudou de ideia. Vamos!

Assim que se voltaram em direção ao quarto das irmãs Ddioths, ouviram um par de vozes femininas vindo das escadas.

— Tarde demais! — Katherine puxou a colega pelo braço e entraram juntas no quarto. — E agora? — perguntou afobada.

— Vamos esperar. — Kalina abriu um largo e perverso sorriso. — Mas, dormindo.

***

— Ain! Ele me massacrou. — choramingou Aeleth, massageando o ombro direito.

— Se fosse só você. — resmungou Ann, enquanto massageava as têmporas. — Por um momento, ou vários, tive quase certeza que o professor Zeno queria me atirar janela afora.

— Arminius deve estar furioso conosco, nunca o vi pegar tão pesado em um treinamento.

Ambas bufaram.

Assim que chegaram na porta do quarto, Aeleth retirou uma chave do bolso da bermuda de treinamento, e abriu-a. Ann entrou primeiro, logo se jogando de bruços na cama. Aeleth chacoalhou uma esfera redonda, na qual iluminará o quarto, com uma luz dourada e a jogou para o alto, ficando suspensa no ar, logo após, trancou a porta. Antes de começar a despir-se, olhou ao redor do cômodo.

— Ann!

— Hummm?

— Você está sentindo este cheiro de queimado? — perguntou aproximando-se do guarda-roupa.

— Deve ser meu cérebro. — suspirou, ainda com os olhos fechados — Nunca o forcei a trabalhar tanto.

— Nossas roupas! — Gritou Aeleth, apontando para a fumaça que saía do guarda roupa. — Estão pegando fogo!!!

Mais do que depressa, Ann saltou da cama e correu em direção do banheiro, pegou um jarro de barro vermelho e o encheu de água da banheira. Assim que voltou para o quarto, não tinha mais fumaça, nem mesmo o cheiro de roupas queimando.

— O quê...?

— Ilusão. — respondeu Aeleth. — Aprendemos a fazer essa poção, há três meses. Ela parece ser tão real, que te faz até mesmo sentir o cheiro.

— Como você soube? — perguntou Ann, curiosa. — Como desfez?

— A poção deixa uma mancha preta na onde é derramada. — disse apontando para um espartilho branco, com uma mancha escura. — Água purificada desfaz o efeito. — Aeleth piscou duas vezes seguida, antes de bocejar e coçar os olhos. — Aposto que é obra da Kelina.

— Quer queira ou não, ela manchou meu espartilho. — Ann sentou-se na cama, com os braços cruzados. — Ela me paga!

— Se liga, Ann. Você nem gostava dele. — A ruiva deu de ombros. — Vamos nos banhar. Estou tão cansada, que sou bem capaz de cochilar na banheira.

***

A brisa da manhã era suave, o ar trazia o aroma da floresta, no qual, também despertava uma paz inabalável, capaz de durar até o pôr do sol, ou mais.

Kaoru suspirava profundamente enquanto dormia, apesar de estar em um sono pesado. Seu corpo estava completamente aconchegado aos lençóis finos onde descansava. Uma leve curva se fez em seu rosto — involuntariamente — quando os primeiros raios de sol tocaram sua face.

— Hey! — Deborah, exclamou animada — Vai perder seu primeiro dia de aula, se continuar dormindo. — Num sobressalto, Kaoru tentou colocar-se de pé, mas acabara caindo sentada no chão, provocando risos na colega de quarto. — Calma! Deixa para se machucar depois, nas aulas do professor Arminius.

— Desculpe! — pediu sorrindo. Deborah estendeu a mão para a jovem Walker para ajudá-la a ficar de pé. — Bem! Faz um bom tempo que não durmo tão bem, assim.

Ambas arrumaram-se, vestindo o uniforme escolar. Mas antes, tomaram um belo banho. A água gelada da banheira, revigorava cada células da pele, cada músculos e nervos. Kaoru sentia-se reabastecida e muito animada, talvez fosse a ansiedade para aprender, o desejo de conhecer melhor o mundo de onde também fazia parte, e o que mais a mantinha motivada: saber sobre si mesma, como nunca soubera antes. Descobrir de até onde ela seria capaz de ir, descobrir o poder… Não! A magia. Descobrir a magia que corria em seu corpo ou sangue — Ela não sabia como funcionava, mas queria acionar o botão de ligar, o mais breve possível.

O dia seria longo. Kaoru mal esperava para saciar sua curiosidade.

Após arrumar-se junto de Deborah, seguiu ao refeitório. Lá, conheceu alguns alunos, mas não vira sua irmã. Na noite anterior ela também não havia aparecido para o jantar, então não pode conhecê-la.

A cabeça da ruiva, naquele café da manhã, só girava em torno da tal irmã, chamada Yuki.  Kaoru sentia muita curiosidade em saber como é quem seria ela. Lembrava-se de quando era criança e sempre pedia a sua mãe uma irmã mais nova.

Antes de sair do refeitório, Gyo apresentou Frederika Kyotsuki — Conhecida apenas como Rika —, uma menina simpática e entusiasmada.

Frederika Kyotsuki tinha um par de olhos tão vermelhos quanto sangue vivo. De baixa estatura e magra, além do rosto angelical, aparentava ter três anos a menos que seus dezesseis.

— Rika vai te levar para a sala da professora de alquimia, Zia Ein. Nos falamos mais tarde.  — Gyo distanciou-se das meninas, seguindo para outra direção.

***

Antes de entrar na sala, Kaoru, acidentalmente esbarrou em uma jovem, também ruiva chamada Ako Saotome.

Antes que Kaoru se desculpasse. Ako a fitou furiosa, com seus os olhos bicolores — azul-claro e verde-esmeralda.

— Você é cega? Não olha por onde anda? — urrou, atraindo olhares dos alunos que estavam por perto, inclusive Nice que estava com o braço por cima do ombro de Mariana.

— Abaixa esse…

— Foi sem querer, Ako. — Rika interrompeu Kaoru entrando em sua frente. Segurou o braço de Saotome, mas a mesma livrou-se bruscamente no mesmo instante.

— O que está acontecendo aqui!? — Uma voz serena, porém firme, fizera com que Ako paralisara no mesmo instante. Zia aproximou-se das alunas, olhando atentamente para cada uma. Como professora, já conhecia o temperamento explosivo da pequena Saotome, mas antes de lhe dizer algo, seus olhos pararam novamente sobre Walker, a fitou por um segundo antes de lhe dizer algo. — Bem-vinda a Academia, novata! Você irá sentar-se com as senhoritas Kyotsuki e Saotome. — Sem coragem de protestar, Ako apenas fechou os punhos. — Espero que mostre seu desempenho em minhas aulas. — deu uma breve pausa voltando-se para Ako. — Senhorita Saotome, poderia dizer à sua colega, a principal regra das nossas aulas?

— Jamais por os sentimentos acima da razão ou dos deveres. — respondeu de cabeça baixa e com o cenho franzido. — Será imperdoável o descumprimento desta regra.

Sem dizer nada, a professora adentrou a sala, seguida pelos alunos.

Kaoru não sabia se admirava as vestes de Ein e as oito esferas que flutuavam ao seu redor, ou a sala — sem se conter em compará-la com as salas de química e biologia, de sua antiga escola —. Nas paredes, várias prateleiras com tubos de ensaios, algumas plantas peculiares e potes de vidro com pós coloridos. Também continha alguns armários e vários livros empilhados sobre uma mesinha no canto da sala.Seis mesas largas, cada uma com três bancos grandes, eram organizadas em duas fileiras. Kaoru sentou-se na última, entre as meninas, Rika e Ako.

Zia começou a lecionar.

Primeiro, dera uma introdução sobre alguns perigos e formas de fugir ou pedir socorro, e principalmente as porções que poderiam ser usadas — citando nomes e funções de cada.

Muitas vezes, Kaoru sentia-se boiando num mar de informações e porções, que nunca imaginara ser possível ou real. Tentava entender, como uma “simples” mistura iria resultar em um alarme de perigo. Ela não queria duvidar de nada, mas também era difícil acreditar que existia uma flor chamada “Badaladas da meia-noite” — Uma espécie de orquídea mágica, sua cor variava do amarelo intenso ao amarelo bebê. Segundo Zia, quando a lua atingia seu ponto máximo, a flor emitia um som parecido às badaladas de um sino —, caso fizesse uma mistura de vários pós, líquidos e um botão da flor amarela, uma porção chamada “Alerta de Perigo” estaria pronta para o uso, mas somente em caso de apuros.

Duas horas passaram voando, sem que os alunos percebesse. E de alquimia, Kaoru migrou para História.

Enquanto os alunos retiraram-se, Zia chamou Ako:

— Senhorita Saotome. — esperou até que a jovem chegasse a sua mesa para continuar — Após a refeição noturna, gostaria que se juntasse a mim para uma meditação.

— Ah! Não vai dar. Desculpe. — disse se virando para a porta.

— Não é um convite. — interrompeu a professora. — A meditação é uma ótima maneira de canalizar seu potencial, e principalmente, ter um controle sobre os sentimentos inquietos e os que desequilibram a harmonia. — Zia levantou-se da cadeira. Com passos tranquilos, posicionou-se na frente de Ako. — Me dê sua mão. — Zia segurou a mão da jovem e a observou. — O fogo não serve apenas para a destruição, ela também serve para iluminar a escuridão e aquecer os que sentem frio. Sua balança é como o fogo, sem equilíbrio algum. Você queima ao ferir os sentimentos de alguém, mas não aquece com um pedido de desculpas.

— Eu não feri os sentimentos de ninguém. — Ako franziu o cenho. E dentro dos seus olhos coloridos, Zia pode ver o fogo arder.

— Você não percebe que sua raiva desequilibra, não só seu interior, como a magia que lhe foi entregue pela natureza. — antes de a mão da ruiva, lhe entregou um frasco pequeno e redondo contendo um líquido azul claro. — Me encontre na sala de meditação após a janta.

***

Já era a terceira vez que Kaoru passava pela biblioteca, estava completamente perdida. Frederika tinha lhe explicado onde ficava a sala do professor de História,  era só virar a esquerda, descer um andar, virar a direita, seguir reto e a sala estaria no final do corredor à esquerda. Mas não acertou de primeira, tentou refazer o caminho e acabou perdida de vez.

Sentada numa escadaria qualquer, estava se segurando para não gritar de ódio e desespero. Ficou ali por — no mínimo — cinco minutos, antes de ouvir passos de alguém.

— O que está fazendo, aqui? — perguntou Eduardo. Kaoru levantou rapidamente para abraçar o irmão.

— Onde esteve, idiota? — se não fosse pelas gargalhadas de Eduardo, a menina teria deixado lágrimas cair.

— O que aconteceu com você? Parece uma criança frágil e chorona.

— Estou perdida. Não sei onde fica a sala de história.  — soltou o irmão para cruzar os braços. — Não estou frágil, muito menos estou chorando. E não sei se você percebeu, aqui é tudo muito estranho, diferente e sem noção. As vezes parece que estou tendo um sonho ou pesadelo. Esses poderes…

— Magia. — corrigiu Edu.

— Sério?! Cadê o meu irmão cético? — zombou, achando graça por ser corrigida.

— Deve ter sido abduzido por ETs.

— Ou magos. — Christopher apareceu no pé da escada, com um sorriso largo. — Desculpe-me, não foi minha intenção ouvir a conversa. Mas, você está perdida? Posso te acompanhar até a sala do professor, Tatsuo Kudo.


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Notas finais do capítulo

Oiiieee, de novo!!!
O que acharam???
Se tiverem uma crítica construtiva, podem mandar. ^^
.
Próximo encontro será nas respostas dos teus comentários ^^
ou próximo no capitulo :♥