Watanabe - Interativa escrita por Cloo Muller


Capítulo 6
Mestiça


Notas iniciais do capítulo

Não me matem...
Sei bem que me atrasei desta vez. (Quando é que eu não atraso?)
Era para ter postado semana passada, mas tive que trabalhar na minha folga. >
Agradeço a paciência e os puxões de orelhas ♥
Chega de enrolação...
Boa leitura, minna!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535208/chapter/6

Sentada em uma das escadarias da escola, uma jovem de longos cabelos ruivos bagunçados, fitava um ponto fixo na parede. Apesar do corpo estar presente naquele espaço, sua mente vagava muito longe, tanto que nem percebera os olhares dos alunos em sua direção, nem mesmo notou quando alguém sentara ao seu lado.

— O tempo está se formando, aposto minha magia que irá chover. — Iryiost comentou, passando seu braço em torno da pequena menina, que teve um leve susto, mas logo voltara a se perder em seus pensamentos. — Vamos nos banhar na chuva, como fazíamos quando pequenos? — perguntou o rapaz, observando os olhos azuis intensos da jovem, ainda perdida. — Yuki? — insistiu.

— Oi? Ah, Desculpe-me! — suspirou profundamente. — Estava pensativa.

— Bem! Isto, eu percebi. — Worthurk acariciou as madeixas da jovem. — Por isso não apareceu no refeitório? Está preocupada com seu pai? — Perguntou já sabendo da resposta.

— É tanta coisa. — reclamou, encaixando a cabeça no ombro do rapaz, que lhe depositou um beijo na testa. — Estou com medo de perder ele também e ficar sozinha.

— Não se preocupe, ele logo voltará para casa. E você sabe que não está sozinha, estou aqui e sempre estarei! — Yuki sorriu fraco, fechando os olhos. — Fiquei sabendo que você não é mais filha única. Já foi falar com ela?

— O que vocês dois estão fazendo, aí? E agarradinhos, assim? — Mariana perguntou com um sorriso malicioso, arqueando uma das sobrancelhas. Ao seu lado Nice e Stacey se divertiam ao ver Oono e Worthurk corarem no mesmo instante. — Sempre desconfiei dessa amizade.

Yuki levantou-se rapidamente, limpando a parte de trás do vestido, a fim de remover a sujeira da escadaria, deixando Oliver, ainda mais animada e curiosa. Antes que a jovem ensinasse algo a mais, Nice pronunciou-se sorridente.

— Acho que Iryios, estava apenas consolando ela. — deu uma breve pausa, para abraçar a cintura de Mariana — Até eu ficaria desapontado com meu pai, em saber que ele foi capaz de me dar um irmão ou irmã mestiça. Imagino que seja vergonhoso para a filha de um dos Guardiões.

As três meninas e Iryiost, encararam Uzumaki com desaprovação, mesmo sabendo sobre o feito do Guardião dos Raios.

Desde o início, uma regra era bem clara "Nenhum portador de magia, poderia ir a dimensão humana, muito menos relacionar-se com as pessoas daquele lugar, tanto é que, somente os Guardiões tinham acesso aos portais." Kaoru era a prova viva de uma regra quebrada, uma mestiça interdimensional — filha de um mago com uma humana —, algo proibido pelos Guardiões fundadores.

Mesmo assim, entre os cincos alunos, somente Nice era contra uma mestiça em Watanabe, principalmente na Academia. Mas, ele não era o único que pensava desta forma.

— Nice, você é um babaca! — disse Yuki, retirando-se da roda de amigos. Mariana se desvencilhou com brutalidade dos braços de Uzumaki para ir atrás Yuki, assim como Stacey.

— Mariana! — chamou o rapaz.

— Pra você é, Ne-vas-ca! — Oliver o corrigiu num tom alto e claro.

— O quê foi que eu disse? — perguntou confuso.

— Nada… que preste. — Iryios respondeu dando-lhe um tapa de leve na cabeça, fazendo Nice franzir o cenho. — Yuki estava preocupada com o desaparecimento do pai dela. E por ter magoado a ruivinha, acabou afetando as amigas também. Quer mais explicações? — deixando Nice sozinho na escadaria, Iryiost voara em direção das meninas.

***

Do alto de uma torre, um sino soou treze vezes. Neste exato momento, vários alunos estariam adentrando suas respectivas salas de aula. Exceto uma turma que seguiam para a arena de treinamentos, que localizava-se há um quilômetro da academia.

Pela rigidez da direção e dos professores, raramente ocorriam atrasos da parte dos alunos, sempre entrando em sala adiantados ou exatamente ao som das badaladas. Mas…

— Céus! Estou atrasada, de novo! — Evelynne esperneava-se tentando arrancar o vestido às pressas. Assim que se livrou do uniforme, abriu uma das portas do guarda roupa, retirando de dentro dele uma bermuda e uma regata preta, uniformes utilizados na aula do professor Arminius, na arena. Em cinco minutos já estava pronta para retirar-se do quarto, mas antes, pegara uma esfera metálica, mau cabendo em suas delicadas mãos. — Você consegue. — suspirou profundamente antes de colocar a esfera no chão. — Você consegue… Eu consigo. — repetia para si mesma.

Esticou o braço direito em direção do objeto com o punho cerrado, acompanhando o movimento da mão de Evelynne. A esfera começou a se contorcer e, como cera quente, espalhava-se pelo chão até ganhar o formato de uma prancha oval. Feliz com o resultado, a pequena correu para a janela do quarto e abriu-a. Com as janelas abertas, Metallics ficou de pé na prancha, respirou fundo mais umas vezes, antes de conseguir fazer o objeto metálico flutuar e sair janela a fora. Apesar de ser a primeira vez que usará sua magia para locomover-se, Evelynne estava amando a adrenalina. Então seguiu rumo em direção à aulas de Arminius.

***

No caminho para a arena, Kaoru se esforçava para ignorar os olhares de alguns alunos, várias vezes pode perceber uma menina morena cochichar no ouvido de um rapaz, após reparar-lhe dos pés à cabeça. Por mais que sua vontade fosse puxar a garota pelos cabelos — Já que odiava a forma que a jovem abservava-a —, não tinha coragem o suficiente: “Primeiro dia de aula e já indo para a diretoria? Lindo!”, pensou sarcástica.

Para esconder a sensação de desconforto e estresse repentino, decidiu concentrar-se em contar à Deborah, sobre seu primeiro dia de aula na academia. Elogiava tudo, a beleza estonteante do lugar, a calma da professora de alquimia, a simpatia de Rika e também questionou o fato de Ako ser tão arrogante, em sua opinião a menina parecia ser uma encrenqueira de carteirinha.

— O quê você acha, Deborah? — perguntou já avistando a entrada de um edifício, que por fora, lhe fazia lembrar do Coliseu de Roma, mas, em perfeito estado.

— Talvez… Talvez as cores sejam diferente. — respondeu sem tirar os olhos do céu azul sendo tomado pelas nuvens cinzas.

— Cores? —  Walker, perguntou confusa.

— Sim! Do céu. Na sua dimensão o céu também é azul? E nas outras? Será existe um céu roxo ou laranja? — A jovem perguntava eufórica, fixando seus olhos castanhos nos de Kaoru, fazendo-a recuar um pouco, assustada.

— Estava me referindo a outra coisa. — comentou a ruiva.

— Você é a mais nova colega de quarto dela. — Klaus Otsuki, surgiu entre as meninas com um sorriso contagiante no rosto. — Terá que se acostumar com essa avoada. — esquecendo de se apresentar, continuou: — Bem, falando em pessoas distraídas, será que a Lynne vai se atrasar novamente? — perguntou olhando por cima do ombro, a pequena ponte que dividia a estrada de pedras encaixadas, por onde passaram a poucos,  e por onde Evelynne deveria já ter atravessado.

— Já estou vendo mais um surto da Janne, quando ficar sabendo deste atraso.  Ela é igualzinha a mamãe. — Deborah esticou um pouco o corpo e empinou o nariz, forçando uma voz aguda. — “Se vocês tem hora para entrar, cheguem adiantados. Atraso é característica de pessoas irresponsáveis”, mas, sabe? A Evelynne é mais responsável que muitas garotas pontuais. Ela só é esquecida.

— Por este motivo, vocês duas fazem uma dupla em tanto. — cantarolou o moreno.

Os três riram.

Após entrarem na arena, Kaoru ficará admirada com o tamanho, sentia-se vivenciando as aulas de história sobre os gladiadores de roma. Por um instante perguntou a si mesma, o motivo de ter um lugar como aquele apenas para fazer alguns exercícios.

Enquanto a jovem Walker observava cada canto daquele espaço, Evelynne tentava manter o equilíbrio da pequena peça plana. Por não saber controlar sua magia direito, acabou desequilibrando-se.

— Kaoru! Cuidado! — Metallics, gritou caindo da prancha e chocando-se contra Klaus, levando-o também ao chão.

Assim que Walker virou-se, ficou paralisada vendo o objeto metálico voando em sua direção. Faltando alguns segundos para atingi-la, a prancha parou segundo antes de cair próximo aos seus pés.

Quase desmaiando por conta do susto, Kaoru procurou por Evelynne nos rosto dos quase cinquenta alunos presentes, mas o rosto que vira, era de um rapaz parecido com a da jovem, logo deduzira que fossem irmãos.

— Steffan! Obrigada! — Evelynne agradeceu eufórica, envergonhada pelo quase acidente.

— Isso já era de se esperar, vindo de você. — Steffan fitou a menina com desprezo no olhar. — O fracasso da família, não acredito que é minha prima. — O rapaz referia-se a magia da moça. A família Metallics era a linhagem de um dos Guardiões Fundadores. Em todas as gerações, um membro da família sempre conseguira o título de Guardião Metálico, ou Guardiã. — Tenho certeza que seu pai ficaria desapontado com você. Além de não ser forte o suficiente, fica andando com essa mestiça, aí. — Acrescentou apontando para Walker.

Evelynne estava pronta para dizer algo, quando Deborah andou em direção de Steffan com passos fortes e firmes. Seu semblante estava completamente obscuro, algo que raramente acontecia. — Qual o teu problema, magrelo? — perguntou, apontando o dedo indicador no rosto do rapaz. Fazendo vários dos alunos olharem para ela, a maioria assustados com a situação. Deborah nunca alterara a voz, nem mesmo mostrara qualquer comportamento agressivo, sempre pacífica.

— O meu problema? Temos uma mestiça interdimensional nesta academia, e o problema é meu? — Alguns alunos aproximaram-se de Steffan, com o intuito de apoiarem sua opinião. — A principal regra é bem clara. Somos completamente proibidos de nós relacionamos com os humanos. Eles são uma ameaça.

— Ela é uma de nós, quer queira ou não. — Klaus pronunciou-se, terminando de tirar a areia branca dos braços. — De qualquer modo, devemos aceitar as diferenças.

— Mas é claro que você aceita as diferenças. É um homossexual de quinta, prefere homens do que mulheres. E divide o quarto com um usuário de magia negra.

O silêncio tornou-se pior do que a discussão. Steffan tinha um péssimo costume de tocar na ferida das pessoas, eu então, humilha-las.

— Posso saber o quê está acontecendo aqui? — perguntou Arminius, deparando-se com Kaoru, mas logo desviou os olhos para Steffan e Deborah, ambos mantinham uma expressão de fúria. — Fiz uma pergunta. Não me façam repeti-la. — brandou.

— Esse… rapaz. — Kaoru apontou para Steffan, tentando processar o quê acabara de ouvir. No fim, acabou abaixando o braço, sem dizer nada. Confusa.

Deborah não aguentou o silêncio e contou-lhe tudo, sem poupar detalhes.

— Se tem algum problema na gestão da academia, deveria falar com a diretora e não, fazer bagunça nas minhas aulas, caro Metallics. — referiu-se a Steffan — Estou aqui para ensiná-los as técnicas de combate com e sem magia e, não para resolver problemas pessoais. — uma pausa. — Vinte voltas na arena, sem perder o ritmo. Agora! — ordenou dando-lhes as costas.

No mesmo instante, todos os alunos começaram uma corrida lenta. Evelynne puxou Kaoru pelo antebraço para correrem juntas, Deborah às seguiu, antes, olhou para Steffan ainda com raiva.

primeira, segunda… quinta… Na décima volta, Kaoru já estava quase sem ar, suas pernas quase não resistia aos movimentos da corrida. Quando Walker decidiu que iria parar de correr e desistir do treino — ou seja lá o quê viria depois —, percebeu os mesmos olhares de antes, os mesmos olhos curiosos e atentos, esperando algo interessante. Ela não queria demonstrar fraqueza, pelo que entendera, alguns alunos eram contra sua presença na academia.

“Quero conhecer meu pai. Quero saber o quê e quem eu sou. Preciso aguentar!”, pensou.

Na décima quinta volta, as nuvens deixaram as gotículas de águas caírem, regando as plantas e molhando a areia branca da arena. Na última volta, todos os alunos já estavam todos molhados, tanto de suor quanto do banho recebido pela chuva que começara a engrossar.

Mesmo na chuva, Arminius fizera com que os alunos colocassem em prática tudo adquirido em suas aulas, fazendo duplas. Por estarem em número ímpar, o professor resolver ensinar algumas coisas para a jovem Walker.

— Me acerta. — ordenou o professor, retirando sua capa, deixando amostra uma espécie de tatuagem no braço direito, um círculo era conectado na vertical, por duas setas apontadas para baixo, desenhada entre o ombro e o cotovelo, tinha uma coloração verde, assim como seus olhos. Kaoru raramente deixava algo passar despercebido, principalmente quando tratava-se de cicatrizes, e Arminius tinha muitas delas. — Me ouviu? — perguntou à jovem.

— Nunca lutei na minha vida, o máximo que sei fazer é puxar o cabelo de alguém. — brincou, mas a reação do professor, foi apenas semicerrar os olhos, tirando o sorriso dos lábios da jovem. — Me ensine do começo, por favor!

Arminius sabia o quê deveria fazer. Primeiro, o professor ensinara a ruiva dar socos e, depois desviar-se deles. Até que Walker pegasse o jeito em acertar e defender, levou quase duas horas sem descanso, a não ser por uma hora que quase desmaiara com um erro de defesa, sendo acertada em cheio na mandíbula.

Na volta para os dormitórios, Klaus teve que carregar a menina nas costas até a entrada da ala feminina, pois estava fraca demais para se manter de pé sozinha. Para uma sedentária, Kaoru estava indo bem.

Deborah e Evelynne ajudaram a amiga chegar até o terceiro andar. Graças a uma porção entregue por Klaus, o rosto de Kaoru já estava desinchado e sem nenhum hematoma do treino.

Da arena até a ala feminina, nenhum dos três diziam algo. Klaus parecia mais desligado do que Deborah e, Evelynne, parecia arrasada. O silêncio era incômodo, Kaoru apenas se fundiu à ele. 

Assim que chegaram próximo do quarto, Deborah soltou Walker para destrancar a porta. Pouco antes de adentrarem, uma menina aproximou-se do trio.

— Kaoru Walker, não é mesmo? — Yuki sorriu fraco, quando Kaoru confirmou em um aceno de cabeça. — Sou Oono, Yuki Oono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? gostaram do capitulo? Odiaram? Criticas construtivas?
Bem, já vou informando que a partir daqui, os capítulos passam a serem mais interessantes e com um pouco mais de ação.
Peço desculpas por três personagem novos, não terem entrado em cena, hoje.
Gomen! Não achei oportunidade.
Prometo que apareceram no próximo, sem faltas.
Agora vou dormir, tenho que ir trabalhar daqui três horas e estou quase tombando de sono... >

PS: Amo vocês ♥
Aguardo os reviews! ^^