O Preço da Honra escrita por Julia Nery


Capítulo 5
Os Ladrões da Fronteira




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A luz do sol entrou pelas janelas do quarto, acordando Emma quase imediatamente. Ela se esquecera de fechar as cortinas pesadas antes de se deitar, e foi tirada da cama mais cedo do que pretendia. Mas ela já ouvia barulhos no primeiro andar, e se apressou a se preparar para o que quer que aquele dia estivesse reservando para ela.

Prendeu de volta o cinto com a bainha de sua espada e seus alforjes, e queria prender o cabelo longo novamente em uma trança, mas não havia nada com que pudesse amarrar então simplesmente deixou as madeixas marrom-avermelhadas soltas. Amarrou o corpete de volta à cintura, calçou as botas e desceu as escadas para investigar o barulho que ouvira.

Emma descobriu que havia alguém na cozinha, e esperou ver Connor ou Achilles, e se perguntou onde eles estariam, mas ao invés disso, uma mulher mexia nas panelas e nos ingredientes dispostos no balcão. Ela usava uma touca branca de renda e um vestido verde-oliva coberto por um sujo avental. Ela se virou quando Emma entrou, revelando algumas mechas loiras emoldurando seu rosto.

— Oh, bom dia – disse em uma voz suave e maternal. – Você deve ser Emma.

Emma piscou algumas vezes, e assentiu.

— Uh, sim. Quem é você?

— Meu nome é Diana – Revelou, pegando um prato na mesa de madeira no centro da cozinha, e virou-se novamente para o forno a lenha. – Estava por perto, e Achilles pediu para que eu colocasse alguma comida em seu estômago, e também checasse seu ombro. Sente-se.

Emma ergueu as sobrancelhas e suspirou, sentindo o cheiro delicioso que se espalhava pela cozinha. Ela não havia reparado como estava faminta. Sentiu-se lisonjeada por Diana fazer aquilo. Elas nem se conheciam.

— Não tinha que se dar ao trabalho – Emma murmurou, sentando-se à mesa.

— Não se preocupe – Ela abanou a mão alegremente. – Qualquer amigo de Achilles é meu amigo. E ele disse que você vai ajudar Connor a acabar com todos esses problemas. Então não queremos que você esteja tão vazia quanto um saco de juta. Não com um rostinho bonito como esse – Diana se aproximou com um prato, colocando-o à frente de Emma e acariciou o rosto dela com os dedos longos e macios. Emma corou, deixando suas bochechas muito rosadas. – Deve atrair os olhares de muitos cavalheiros.

Emma apenas fitou seu prato, repleto de ovos mexidos e alguns legumes. Ela não tinha uma resposta para aquilo.

Ela comeu em silêncio enquanto Diana examinava as bandagens que Emma havia enrolado em seu ombro esquerdo na noite anterior. Tinha mãos muito delicadas, e se esforçava para garantir que não a machucasse.

— Você fez um bom trabalho – Diana elogiou, colocando a manga de Emma de volta à sua posição original. – Se não se esforçar demais com o braço esquerdo, ficará tudo bem... O que é isso?

Emma olhou, enquanto mastigava um pedaço de pepino. Diana olhava uma pequena mancha vermelha em seu braço direito, onde a bala havia passado de raspão na luta com os casacas-vermelhas.

— Ah – Emma virou-se novamente para seus ovos mexidos, que estavam divinos. – Não é nada

— Não parece nada. Posso?

Diana limpou o arranhão com álcool, o que fez Emma encolher-se com o leve ardor, mas logo cessou, e a mulher enrolou o machucado com bandagens novas e limpas.

— Obrigada, Diana – Emma sorriu para a mulher. – Por tudo. A refeição estava deliciosa.

— Foi um prazer, querida. E obrigada – Diana pegou o prato e o depositou na pia. – Aproveite enquanto tem. Com tudo que vem acontecendo, pode não durar muito.

Emma, que se levantava da mesa, pronta para sair, parou, fitando as costas de Diana, que lavava a louça. Notou que o tom de voz dela de repente ficara desesperançoso e triste.

— O que quer dizer? – Emma perguntou. – Há algum problema com a comida?

— Não, não com a comida – Diana deu um pequeno sorriso e continuou a lavar a louça. – Bom, de certa forma sim. Somos uma pequena comunidade, e produzimos nossos próprios mantimentos. Na verdade, Warren produz a maior parte do alimento, e ele compra o que precisa em Boston. Mas os comboios, tanto os que trazem o que adquirimos, tanto os que levam nossas mercadorias vem sendo roubados por ladrões na fronteira faz alguns dias. Os condutores conseguiram voltar, mas nunca com o dinheiro que recebemos, ou com toda a mercadoria que compramos.

— Isso é terrível – Emma franziu as sobrancelhas. Se todas as pessoas que moravam ali eram como Diana, como alguém poderia desejar causar algum mal a elas? – Alguma providencia foi tomada?

— Um dos moradores, Warren, se ofereceu para ir com o próximo comboio para averiguar a situação, já que dá ultima vez, o comboio de ida simplesmente sumiu. Por isso Connor saiu mais cedo hoje, para conversar com as pessoas na vila. Não podemos nos dar ao luxo de dar produtos de graça. Temos crianças para alimentar, certo?

O coração de Emma de repente parecia mais pesado, e ela suspirou, tentando aliviá-lo. Com tudo o que estava acontecendo nas colônias, Emma deduziu que tal tipo de acontecimentos deveria ser comum por parte de aproveitadores. E, mesmo após falar sobre algo triste, Diana simplesmente se virou para Emma e sorriu singelamente.

— Por que não vai procurar Connor? – sugeriu, secando as mãos no avental e cruzando os braços. – Ele deve estar na vila, ao sul, e pode precisar de ajuda, e é um pouco... Impulsivo. Uma intuição feminina pode ser útil.

Emma deu uma risadinha, e percebeu algo na voz de Diana, um tom peculiar, mas deixou para lá quando não conseguiu detectar o que era. Agradeceu-a mais uma vez e disse que faria aquilo, saindo pela porta da frente da mansão.

As terras de Achilles eram incrivelmente vastas. Dezenas de hectares de terrenos irregulares e florestas se estendiam até onde a visão alcançava. As matas eram muito mais bonitas e verdes sob a luz do sol que entrava timidamente pelas nuvens de uma manhã gelada e nevoenta de outono. Ela aproveitou para desfrutar da paisagem enquanto procurava indefinidamente por Connor.

Ela decidira ir a pé mesmo, desejando ter dez olhos para apreciar cada detalhe do caminho, registrar cada canto. Mesmo não tão longe das construções, a vida selvagem estava presente. Ela viu cervos e coelhos por toda parte, correndo assustados pela presença humana. A brisa fria chacoalhava as copas das arvores, deixando o sussurro das folhas ecoarem pela floresta. Era um bom lugar para uma sede da Ordem; nunca tinha estado em um lugar tão harmonioso.

Emma conseguiu encontrar o caminho que levava até a vila que Diana mencionara. Não era muito longe, e quando ela se aproximou o suficiente, ela ouviu vozes altas, indicando algum conflito. Conseguiu ver algumas pessoas, talvez quatorze ou quinze, reunidas à volta de um único homem de pele morena e usando um chapéu de palha cuja sombra cobria um olho roxo e um lábio cortado. As roupas de fazendeiro estavam sujas, e por sua expressão e de seus ouvintes enquanto contava sua história, não parecia ser nada agradável. Emma deduziu que era Warren, citado por Diana na mansão.

Connor estava presente também, mas se não houvesse se virado para Emma quando ela se aproximou, ela não o teria reconhecido. Usava agora o que pareciam ser seus robes de Assassino, brancos com detalhes em azul. Uma aljava e um arco pendiam de suas costas, e um tacape interessante estava preso ao seu cinto.

Emma esperou de longe, de braços cruzados.

—... Então consegui fugir, roubei um cavalo e voltei para casa, de mãos vazias – terminou o fazendeiro, cabisbaixo.

Connor virou-se para o fazendeiro novamente colocando sua mão amigavelmente no ombro do homem.

— Não se preocupe, Warren – disse ele em um tom calmo e simpatizante. – O importante é que você está bem – Então olhou para as outras pessoas. – Todos podem ficar tranquilos. Eu vou dar um jeito nisso, de uma vez por todas.

Dito isso, se virou e se afastou do grupo, passando por Emma, que o seguiu em passos rápidos, tentando acompanhar com dificuldades enquanto ele andava, já que suas pernas eram muito mais longas que as dela.

— Com licença – Emma pediu, entrando na frente dele e erguendo a mão, querendo que ele parasse, e ele o fez. – Diana me contou sobre os comboios.

Ele olhou para a mão estendida que quase o tocava, e depois voltou os olhos cor-de-café para ela.

— Não precisa fingir que se importa, mulher – disse, passando por ela, que desviou de um empurrão iminente. – Quando eu voltar, iremos para Boston. Não posso permitir que aqueles produtos continuem sendo roubados, ou mais pessoas acabem feridas. Aquela mercadoria os pertence.

Emma suspirou enquanto Connor andava para longe dela, depois de poucos segundos de reflexão, ela andou rapidamente até ele.

Connor parou quando ela começou a caminhar ao seu lado.

— O que está fazendo, mulher?

— Vou ajudar – Ela cruzou os braços e continuou a andar. – Não posso deixar você morrer. Ainda tem que me levar a Boston, e comigo junto vamos muito mais rápido – Ela parou e olhou para um Connor parado no meio da estrada, encarando-a com confusão. – Pode ser interessante. E o nome é Emma.

Ele estreitou os olhos e andou lentamente até Emma, como se esperasse que ela lhe desse um susto de repente. Emma na verdade pensara no que Diana havia falado mais cedo, e odiava se sentir inútil, especialmente quando tinha certeza de que poderia fazer algo para ajudar. E Connor parecia bem decidido, e Emma não o convenceria a ir para Boston antes de resolver aquilo, mesmo se quisesse.

Ele não pareceu acreditar muito nela, mas, assim como Emma, não deveria ter fé de que conseguiria impedi-la de qualquer forma. Então, suspirou e andou até ela, tomando a dianteira e guiando-os de volta à casa.

Já nos estábulos, Emma ajudou Connor a selar dois cavalos. Um deles tinha o pelo tão preto que parecia refletir um sutil arco-íris, como as asas de um corvo, e a lembrou de Prince, então montou nele enquanto Connor subia no outro, um animal branco e altivo, assumindo uma pose imponente.

Em um galope rápido e ritmado, logo estavam na fronteira novamente, cavalgando pelas estreitas estradas de terra. Emma apenas seguia Connor de perto, e se ele sabia onde estava indo, não compartilhava a informação, o que fez Emma se sentir como apenas um acessório que ele estava carregando consigo. Ele apenas demonstrou algum sinal de vida quando haviam chegado ao coração da fronteira.

Ele disse que parassem, e ambos pararam os cavalos. Ele pulou para fora de sua montaria e entregou as rédeas a Emma, abaixando-se na estrada, parecendo interessado na terra e no cascalho.

Emma se esticou para frente na sala, tentando ver o que chamava tanto a atenção de Connor ali, na poeira.

— O que é? – Ela ousou perguntar.

Connor olhou para ela por baixo de capuz por uns dois segundos, então pediu que ela fosse até lá. Emma teve certo trabalho em descer com apenas uma mão de seu cavalo, devido ao mau jeito no ombro, e ela também não era tão alta, então Connor simplesmente se levantou com um suspiro impaciente e passou o braço pelas costas dela, e Emma se apoiou em seus ombros para descer.

— Obrigada – murmurou ela

— Vê aqui? – Ele apontou para o chão, e Emma se abaixou ao lado dele para ver uma marca de rodas que não havia notado antes. – Warren conseguiu vir até aqui antes de ser atacado. As segui desde a fazenda.

Então era aquilo que ele vira. Emma passou os dedos ali. Era larga e funda.

— Como sabe que é seu comboio? – Ela indagou.

— Pela largura das rodas. Pedi que fossem feitas maiores que o comum – Connor olhou em volta. – Mas as marcas acabam aqui. É como se tivessem desaparecido de repente.

— Não – Emma discordou, levantando-se. – Olhe.

Ela saiu da estrada, entrando na floresta. Algo em uma das árvores chamou a atenção de sua visão aquilina, e Emma chegou perto, analisando a casca da árvore. Havia um grande arranhão no caule.

Connor observava por trás dela.

— Parece que entraram na floresta – comentou, se abaixando para tocar a grama.

— Aparentemente sim.

— O que já é muito útil saber – Ele levantou-se novamente. De fato, era gritante a diferença de altura entre ambos. Emma tinha de inclinar a cabeça levemente para olhar Connor nos olhos. Ele continuou: – Há uma espécie de acampamento a alguns quilômetros daqui. Não é a primeira que algo assim acontece. Há alguns anos, os patriotas americanos estavam tendo suas provisões roubadas, e eu estive lá com... meu pai, para tentar impedi-los.

Emma suspirou, surpresa pelo modo como ele mencionava seu pai com falta de qualquer emoção. Nem mesmo raiva, ou desgosto, apenas com imparcialidade, como se estivesse falando apenas de um próximo alvo, que precisava ser eliminado de jogo. Talvez fosse um bom sentimento, que deveria estar presente em um Assassino, mas Emma vira mais cedo como ele se importava com as pessoas na fazenda, e duvidava que ele não possuísse sentimento algum em relação à sua missão; Achilles dissera que ele estava hesitante, então somente Connor parecia querer esconder.

— Achilles me contou sobre sua missão – Emma comentou, sem saber se deveria ter dito isso ou não. – Eu... sinto muito.

Connor, que tinha começado a andar de volta para a estrada, parou e depois de alguns segundos olhou para Emma de esguelho, por cima do ombro.

— Não sente não.

Connor e Emma montaram de volta em seus cavalos e não trocaram palavras durante a curta jornada até o acampamento. Emma sabia que não deveria ter mencionado o pai de Connor, quem quer que fosse, mas, novamente ela fora movida por curiosidade e... pena? Emma dizia a si mesma que apenas sentira a vontade de dizer qualquer coisa, sem saber se era realmente o caso.

Apenas quando viram, ao longe, uma coluna fraca de fumaça se erguendo atrás de uma colina, Connor se manifestou e disse que deveriam continuar a pé, então amarraram os cavalos longe da estrada e seguiram em frente.

O acampamento não era muito grande. Consistia em algumas barracas, fogueiras e, ao fundo, mais afastado, um grande e velho galpão de madeira sem janelas, sendo sua aparente única entrada duas enormes portas na frente. Os ocupantes do lugar se resumiam a nada mais que mercenários que provavelmente haviam recebido algumas moedas para roubar o comboio.

— Seu comboio deve estar ali – Emma indicou o galpão enquanto eles observavam de trás de uma árvore.

— Está bem guardado – ressaltou ele.

— Sim. Então vá escondido, pelo meio, vê? – Emma indicou uma espécie de passagem principal cujas laterais estavam ocupadas pelas barracas e por alguns barris de cerveja. – Elimine quem precisar, vou cuidar das patrulhas. Pode se esconder nos arbustos, e...

— Não precisa me ensinar como fazer as coisas – resmungou, interrompendo-a, e avançou.

Emma revirou os olhos. Às vezes ela sentia que aquilo realmente não tinha como dar certo. Ele era tão... rude. Mas Emma não queria, ou iria culpa-lo. Ela entendia, de certa forma.

Acabou não sendo tão complicado, uma vez que não havia muitos homens circulando, e os que estavam parados se encontravam tão bêbados que não viam mais que um vulto ou dois se esgueirando silenciosamente. Alguns Connor nem precisaria remover de seu caminho.

Emma eliminou qualquer mercenário que estivesse indo em direção a Connor, cuja posição ela tentava acompanhar circulando o perímetro exterior do acampamento, de olhos atentos, garantindo que, se alguém o detectasse, essa pessoa sucumbiria rápida e silenciosamente às lâminas de Emma. De uma forma sucinta, ela o estava dando cobertura.

Quando Connor atingiu o galpão, Emma estava logo atrás, e encontraram as portas fechadas com um grande cadeado enferrujado.

— Com toda essa ferrugem – Connor disse, tirando duas ferramentas de seus alforjes. Emma deduziu que eram para arrombar o mecanismo. – isso vai demorar um tempo.

Emma olhou para o telhado.

— Deve ter outra entrada – deduziu, e começou a escalar até o topo.

Emma ficou abaixada. Lá de cima ela conseguia ver o acampamento com clareza, e se ela não tomasse cuidado, eles a veriam também. De fato, havia uma porta de alçapão, mas também estava trancada com um cadeado. Um pequeno alvoroço no acampamento atraiu a atenção dos olhos de Emma. Pelo que ela viu e conseguiu entender, um dos homens havia achado um corpo e correra para alertar os outros. Emma não teria tempo de impedi-lo.

Ela olhou para baixo, para calcular um salto, e viu um homem se aproximando silenciosamente de Connor, que ainda tentava abrir o cadeado, pretendendo ataca-lo pelas costas.

Imediatamente, Emma pulou do telhado direto para cima do homem, matando-o com suas adagas. Ela respirou fundo e olhou para Connor, repreendendo-o com grandes olhos caramelo. Ele se virou para ela lentamente e sem expressão.

— Eu o tinha visto – disse, apenas.

— Claro que tinha – Emma se levantou, revirando os olhos e puxando a espada do cinto. – Eles sabem que estamos aqui. Não temos tempo. Saia da frente.

Connor se afastou e Emma enfiou a espada na alça do cadeado e a empurrou fortemente para baixo com o pé. O cadeado, já comprometido e instável, se quebrou, e Connor ajudou Emma a empurrar as portas e fechá-las de volta antes que os mercenários pudessem chegar.

O lugar era espaçoso e cheirava a madeira podre, mofo e estrume de cavalo, e lá dentro não encontraram apenas um comboio, mas dois, cada um preso a um único cavalo. Mas no transporte da esquerda havia algo que não se esperava; um homem estava algemado à roda de madeira, inconsciente.

— Quem é ele? – Emma indagou, se aproximando devagar enquanto Connor posicionava um barril cheio na porta, evitando sua abertura. Ela tocou o homem no ombro e o chacoalhou, na expectativa de que ele despertasse. – Olá?

Mas o sujeito não respondeu, apenas continuou sentado e parado, com a cabeça pendendo para frente.

— Ele está morto? – Connor se aproximou, acariciando a cabeça do cavalo que puxava a carroça.

Emma chegou o ouvido perto do peito do homem, e detectou as batidas de seu coração, indicando sinal de vida.

— Não – Emma se levantou.

— Não podemos sair com ele preso.

— A chave deve estar em algum lugar.

Ambos varreram o lugar sujo em busca de algo, e acabaram encontrando um baú de tamanho médio escondido em um canto do galpão. Connor abriu-o e encontraram uma quantidade absurda de papéis. Emma observou um pano que parecia conter um mapa pintado, e Connor analisava uma carta. Enquanto ele lia o verso da carta, Emma olhou de relance, e um nome chamou sua atenção.

— Deixe-me ver isso – Ela tirou a carta das mãos dele e leu. Ergueu as sobrancelhas, um tanto chocada. – É de Rufus Mason.

— Quem?

— Ele é o braço direito de Eberus. Deve ter ordenado o roubo dos comboios.

Emma estava prestes a abrir o envelope para descobrir mais, com o selo da cruz Templária já quebrado, mas batidas desesperadas e agressivas ecoaram pelo galpão. Os Assassinos olharam para as portas, que oscilavam pela força que estava sendo imposta a elas. Connor correu e colocou as costas contra a madeira, fincando os pés no chão, tentando segurá-las.

— Eu sei que está aí! – berrou alguém lá fora, nem um pouco feliz. – Homens, aqui!

— A chave! – exclamou Connor para Emma.

Emma enfiou o pedaço de mapa e a carta de Mason na bolsa no cinto e apalpou freneticamente os papéis dentro do baú, procurando algo sólido. Batidas de mais de um par de mãos começaram a soar da entrada.

— Emma, rápido! – Connor apressou-a. Ela não deixou de notar que ele a chamara pelo nome.

— Achei – Emma puxou um molho de chaves do fundo do baú.

Ela correu para o homem e derrapou quando se abaixou para rapidamente para destrancar as algemas. Ela puxou-o pelos braços para trás do comboio.

— O que está fazendo?! – Connor gritou, repreendendo-a com a voz, quase sendo superado pelos homens do outro lado.

— Não podemos deixa-lo aqui – Emma usou todas as suas forças para colocar o homem na traseira da carroça, junto com os produtos encaixotados. – Vão mata-lo.

— Nem sabe se ele é inocente, ou por que estava aí – Connor discordou. Seus pés estavam começando a derrapar na terra. – Você não precisa salvar todos!

— Preciso sim – Emma murmurou com os dentes cerrados, dando um ultimo empurrão que lançou o homem para dentro, baixo demais para que Connor a ouvisse. Seu ombro a estava matando; ela ignorara as recomendações de Diana completamente.

Quando terminou, deu um suspiro profundo e pulou para o assento do comboio.

— Solte! – gritou ela.

Connor soltou as portas e os homens explodiram para dentro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são muito apreciados ♥



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