Minha Namorada Contratada escrita por pequenaapaixonadaporletras


Capítulo 12
Finalmente.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo para a adorável SesshyAndKag, que favoritou a história e vem acompanhando com entusiasmo. Espero que todas gostem.



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– Eu ainda não acredito que nosso chefe tão severo vai nos proporcionar um fim de semana no SPA. – disse Priscila, surpresa.

– É o que ele diz. Não me surpreenderia se, ao chegarmos lá, fosse uma base militar. – riu Kagome, arrumando a bolsa para ir para casa.

– Verdade. Eu não havia considerado isso! – disse Priscila, abanando as mãos no ar, nervosa.

Eu ia falar com Kagome sobre o fim de semana que Jakotsu havia proposto quando seu telefone tocou. Ela o levou ao ouvido, após um franzir de testa.

– Higurashi. – anunciou majestosamente.

– Opa. – murmurou Priscila, vindo para perto de mim – É ligação de negócios.

– Não, eu ainda não traduzi... Vou sim. Claro que sim... Mas você precisa disso para hoje? Tudo bem, então... Não se preocupe Kouga. – eu cerrei os olhos – Sim, vou trabalhar nisso. Não se preocupe... Ela é muito fofoqueira. – Kagome lançou um olhar de repreensão para Priscila, que foi assobiando para perto do meu meio-irmão – Sim, estou bem... Claro que não! – ela corou – Até mais.

– Era o Kouga? – perguntei, minha voz vazando um pouco da raiva que eu sentia.

Maldito ciúmes!

– Sim, ele está trabalhando num negócio com a gente e eu estou encarregada como advogada e representante. – ela revelou, suspirando – Tenho que ir para casa, preciso terminar uma pilha de papéis hoje.

– Pode deixar que hoje eu ajudo Rin a começar sua coreografia original. – disse Priscila, sorrindo.

– Quer ajuda com os papéis? – perguntei.

Ela olhou para mim, surpresa por um momento. E então, se recompôs e sorriu.

– Claro que quero, Sho. Vamos? – ela pegou a bolsa e segurou minha mão.

– Vamos. – falei, puxando-a pela mão até o meu carro.

Após um tempo, Kagome já havia se acostumado com a minha casa, embora eu realmente não visse o que tinha para se acostumar ali. Era só uma casa um tanto maior, afinal. Acho que ela não queria se sentir no meio de ricos mimados, por isso resistiu no começo a se acostumar. Mas, agora que conhecera todos, ela estava até a vontade no lugar que antes lhe era estranho.

– Sem querer me intrometer... – ela começou, hesitante, quando entrávamos no carro – Onde você vai depois que me deixar em casa?

– Lhe ajudar com os papéis. – respondi simplesmente, dando a ré no carro.

– Eu achei que tinha dito aquilo só para manter as aparências. – murmurou ela.

Eu virei para observá-la e pude ver que ela corava. Provavelmente, não era acostumada a ter ajuda de ninguém. Ela abriu e fechou a boca várias vezes, então me concentrei em dirigir.

– Onde é sua casa, mesmo? – perguntei, ao me dar conta que estava dirigindo para o centro.

Ela me respondeu num murmúrio e eu passei a me concentrar em lembrar onde era e dirigir até lá. O silêncio no carro não era exatamente desagradável, mas eu gostava do tom de sua voz. Queria que ela falasse. Porém, sabia que pressioná-la não ia ajudar muito, então permaneci quieto.

– Obrigada. – falou ela, de repente – Sei que não é sua obrigação.

– Eu quero retribuir o favor que está fazendo à minha irmã. – respondi.

E estar perto de você, cuidando de você, pensei. Mas não admiti, claro. Ela ainda estava na fase em que decidia se confiava ou não em mim, portanto, se eu a pressionasse, sei que ela fugiria. Concentrei-me em dirigir, mas pude notar que ela suspirou, parecendo triste. Provavelmente, coisa da minha imaginação. Ou talvez cansaço. Concentrei-me em ir mais rápido, para levá-la logo para casa. Assim que chegamos, eu desci do carro e abri a porta para ela, que desceu e encarou o lugar por um momento.

Não era exatamente o que eu estava acostumado. Era uma simples casa sem nenhum andar além do térreo, com uma porta ocidental. Kagome vasculhava a bolsa, provavelmente atrás de uma chave. Não tinha janelas e a pintura da fachada era de um bege desgastado. Apesar disso, era limpa e bem-conservada. Kagome abriu a porta enquanto eu trancava o carro e pediu que eu entrasse. Eu parei antes do pequeno degrau, lembrando que em casas tradicionais japonesas, deveria se tirar o sapato. Kagome fechou a porta e tirou o sapato, colocando os pés numa pantufa.

– Não precisa ficar descalço se não quiser. O chão está frio. – ela murmurou.

– Eu fico de meia. – falei, tirando o sapato.

A sala da casa tinha um kotatsu um tanto grande, com duas almofadas. Um vaso com uma rosa pousava ali, solitário. A rosa estava murchando. Kagome se desculpou pela bagunça enquanto eu observava a porta de correr que havia na sala. Ela me informou que era de seu quarto. Sem porta, pude observar também a cozinha, que era simples, com uma geladeira, um fogão e uma bancada com uma pia. Além do pequeno armário acima da pia. Alguns pratos estavam no escorredor, um pano perto deles. Pude ver que era tudo limpo, embora um tanto desorganizado.

– Perdoe-me pela bagunça. Ando um tanto ocupada. – ela disse – Pode sentar, já volto com os papéis.

– Ok. – falei, me sentando numa das almofadas.

Ela voltou um pouco depois, e pude ver porque Priscila estava tão preocupada. Não era uma simples pilha de papéis: ela ultrapassava trinta centímetros de altura. Kagome pousou os papéis na mesa com cuidado, me olhando quando eu ergui uma sobrancelha. Ela deu de ombros. Incrível como conseguíamos nos comunicar sem dizer nada. Então, ela simplesmente puxou algumas folhas para si, e começou a ler. Após alguns segundos a observando, comecei a trabalhar também.

Descobri algumas coisas sobre a empresa de Kagome. Primeiro: ela estava falindo. Desfalque. Ambos sabíamos que era Naraku, mas ela não podia colocá-lo na justiça. Tinha medo dele. Segundo: se a empresa não estivesse sofrendo desfalque, seria muito maior e melhor do que a companhia de meu pai. Tinha potencial, um enorme número de clientes fiéis, um bom número de investidores, e suas ações estavam estáveis num ponto agradável. Terceiro: a empresa tem uma dona realmente competente. Claro, eu já havia visto Kagome apresentar negócios uma vez, porém, agora era diferente. Eu via o seu trabalho. Ela conseguia superar o desfalque de Naraku e manter a empresa em pé com um jogo de cintura que eu realmente admirei.

Após horas vendo documentos, traduzindo, fazendo novos contratos, observando balanceamentos da empresa e outras coisas, Kagome se espreguiçou e se levantou. Não entendi de começo, estava absorto em minha leitura. Porém, um tanto depois, minha barriga roncou. Eu a encarei, um tanto sem jeito. Não queria incomodá-la. Porém, ela foi para a cozinha sem dizer uma palavra. Eu resolvi voltar a ajudá-la e me concentrei nos papéis.

– Onigiris. – ela anunciou simplesmente, colocando um prato perto de mim.

Pude ver que ela havia feito bolinhos de arroz tradicionais japoneses. Ela realmente era uma japonesa com orgulho de suas tradições. Por fim, peguei um, a agradeci e comi enquanto lia. Ela me imitou, após trazer dois copos com chá. Ficamos assim por muito mais tempo ainda, até que eu finalmente estendi a mão para pegar outros papéis e vi que já havia acabado. Olhei para Kagome, que acabava de depositar outra tradução na pilha de contratos traduzidos e estendia a mão para pegar outro. Ao segurar minha mão, ela me olhou, surpresa.

– Acabamos. – falei, simplesmente.

Ela sorriu. Respirou fundo e, por fim, apertou minha mão antes de soltá-la.

– Perdão pelo incômodo. – ela disse.

– Foi um prazer ajudar. – eu me levantei.

Porém, quando eu estava quase saindo, senti um puxão na minha manga. Kagome me encarava, corada. Eu ergui uma sobrancelha para ela. O que ela queria, afinal?

– Fique. – pediu em um sussurro – Está tarde. Eu faço jantar para você e você pode dormir aqui.

Eu a encarei surpreso por um momento, me fazendo de frio logo em seguida. Ela estava finalmente cedendo aos meus charmes, era isso? Porque sim, eu nunca havia me empenhado tanto em conquistar alguém e sim, estou feliz que esteja funcionando.

– Não pense besteira! – ela advertiu, ainda mais corada – Só quero agradecer.

– Tudo bem. – falei, colocando as mãos no bolso da calça.

Ela foi para a cozinha, então. Depois de preparar um jantar composto de peixe e arroz, ela guardou todos os papéis no canto da sala e serviu mais chá. Como sempre, estava delicioso. Comemos em silêncio, ela provavelmente constrangida, e eu, profundamente otimista. Por fim, ela se levantou e foi lavar os pratos. Eu me pus ao seu lado, encostado na parede, observando-a trabalhar com precisão. Depois de alguns minutos, com todos os pratos, copos e panelas todos limpos, ela enxugou as mãos.

– Esse é o meu quarto. – ela anunciou, puxando a porta de correr.

Não era grande coisa. Um futon, um guarda-roupa, uma mesa de escritório e uma cadeira giratória. Acima da mesa, além de papéis, estavam discos e um som portátil. Pude ver que ela conseguia conciliar suas identidades com certo esforço. Uma sapatilha estava num dos cantos do quarto, oposto ao futon. Havia outra porta de correr que ela me indicou como o banheiro. Assenti em reconhecimento, mas não tinha roupas para me trocar. Então, ela vasculhou o guarda-roupa e me ofereceu uma bermuda de pijama.

– É minha. – ela revelou enquanto eu a media – Eu uso como calça e provavelmente vai ficar justa, mas é de algodão e a cintura tem um elástico.

Ela também me deu uma toalha. Eu assenti, agradecendo, e fui tomar um banho. O banheiro era igualmente modesto e um tanto feminino, com produtos para pele, cabelo e etc. Após meu banho, vesti a calça que ficou justa e curta, porém um tanto confortável e saí. Ela já estava à minha espera. Então, entrou no banheiro. Observei o futon, vendo que era de uma pessoa, e me perguntei se ela me pediria para dormir no kotatsu. Porém, ao sair vestindo um vestido de pijama preto, ela simplesmente não pareceu se incomodar com o pouco espaço.

– Droga. – ela murmurou consigo mesma quando ambos sentamos no futon, balançando a cabeça.

– Algo de errado? – perguntei.

– Não. – ela corou e se deitou.

Eu deitei ao seu lado, praticamente grudado nela. Puxei o edredom e virei para ela, fechando os olhos. Pude sentir sua respiração, em alguns momentos mais rápida, em outros, mais leve. Por fim, ela suspirou e tocou meu rosto. Eu abri os olhos e ela corou.

– Sim? – perguntei, um tanto rouco.

– Obrigada novamente. – ela murmurou, sem parar de acariciar meu rosto.

– Tudo bem. – murmurei de volta, colocando minha mão por cima da sua e fechando os olhos.

Que merda é essa? Por que isso é tão bom? É uma simples carícia no rosto, que ódio. Maldita.

– Sabe... – Kagome murmurou – Sinto que estou prestes a cometer o maior erro da minha vida.

Eu ia abrir os olhos e perguntar qual quando seus lábios se juntaram aos meus, num beijo nem um pouco doce. A voracidade e o desejo dela me surpreenderam, mas logo eu a puxei para perto de mim, retribuindo o beijo com entusiasmo e começando a acariciá-la. Sorri quando ela se arrepiou. Depois de alguns momentos nos beijando, eu mudei de posição, cobrindo seu corpo com o meu.

Alguma parte da minha consciência parecia aliviada e senti um peso que eu nem sabia que estava ali indo embora. E alguma voz realmente irritante, porém inconfundivelmente certa, disse em minha cabeça: Finalmente.


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Notas finais do capítulo

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