Zorak, Vingança escrita por Semideusa


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.
— Orson Welles



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529655/chapter/6

Maby tem um ótimo poder de persuasão. Troquei o vestido pelo uniforme e estamos cavalgando para Starmith, a cidade mais próxima. Na verdade, Cratem é mais uma vila grande. Uma espécie de aldeia, mas que ainda está no território de Starmith. Quem vem para Cratem, geralmente está falindo ou a ponto de falir e quem nasce aqui, como eu e Maby. Meu pai não veio de Starmith, mas nunca nos disse onde nasceu. De acordo com ele isso não importa.
Chegamos na cidade. Tudo está calmo. Já vim aqui duas vezes e nunca foi assim. Todos de cabeça baixa. Abordo um senhor.
– Com licença, o senhor pod...
– Nãoo, eu não fiz nada!
Ele se assusta e sai correndo, como se eu fosse algum tipo de dike. eu troco um olhar com Maby. Descemos dos cavalos e continuamos a pé. Todos se escondem ou abaixam a cabeça enquanto passamos.
– Tem alguma coisa errada.
– Ah, sério Maby? Eu nem percebi.
Ela me olha feio. Um homem vem na nossa direção. Moreno do tipo forte e queimado pelo sol. Tem uma cicatriz na bochecha esquerda e olhos estranhos. Os dois castanhos, mas de tons diferentes. Queixo delineado, não quadrado, mas percebe-se que é um homem de uns vinte e dois anos.
– Vocês estão a mando dele?
– Dele quem? – pergunto.
– Não sejam sínicas! Se estão a mando do Ormire falem logo!
Mais uma vez eu e Maby trocamos um olhar.
– Você conhece Ormire? – Maby fala.
– Vocês não sabem?
– Não. O que?
Ele parece avaliar o quanto é verdade. Meneia a cabeça para o lado e só então diz:
– Venham comigo. Não é seguro tratar de certos assuntos aqui.
Ele sai andando e nossa única saída é segui-lo. Levo a mão ao cabo da adaga, por puro instinto e vejo que Maby faz o mesmo. Ele vai passando pelas poucas pessoas na rua, que da útima vez que vi, ficava cheia de gente em função do comércio, mas agora... ele para perto de um beco e olha para nós, para os lados, e então acena com a cabeça para que a gente o siga. Eu e Maby nos olhamos e acenamos em sinal afirmativo. O beco é escuro apesar de estar dia e ele nos espera no final, faz gesto para que a gente continue e some na parede. Andamos rapidamente e no fim, há uma porta que dá para uma escada fracamente iluminada. Tiro a adaga da bainha. Minha agulha continua no cabelo em um coque bem feito. Descemos. Há uma sala estranhamente iluminada a tochas com uma mesa e cadeiras no centro. Ele sai por uma porta atrás da mesa, paralela a escada.
– Calma. Não vou te fazer mal.
Coloca uma faca em cima da mesa e completa.
– Não se vocês fizerem o mesmo.
Nos olhamos novamente. Estamos fazendo muito isso. E simultaneamente colocamos as armas na mesa. A maior parte pelo menos. O arco, a espada e a adaga. Continuo com a aljava de flechas, pra qual ele acena não haver importância e a agulha no cabelo, por precaução.
– Então. O que vocês sabem? – ele começa.
– Ormire é metade dike, invadiu Cratem e sequestrou nosso pai. Queremos ele de volta. É tudo.
– O que ele quer com o pai de vocês? – perguntou confuso e curioso.
– Nossa vez de perguntar. – diz Maby – Qual é o problema?
– Tudo bem. Ormire invadiu a cidade e dominou tudo. Muitos lutaram, mas ele tinha “amigos”. Agora ou obedecem ou ele mata. Manda seus cobaias causarem “acidentes”.
– Mas como assim? O que el...
– Minha vez de perguntar. – ele a interrompe – O que ele quer com o pai de vocês?
– Nada da sua cont...
– Ele tem o direito de saber. Principalmente se queremos a ajuda dele. – digo a Maby. Ele me olha assustado como se achasse que eu não soubesse falar. Então continuo para ele. – Ele foi até a vila e disse a meu pai que desejava se casar comigo e meu pai aceitou sem que eu soubesse, pois eu já ia fazer dezoito. Ele anunciou na minha festa de aniversário e eu fugi. Quando voltei no outro dia, ele me agrediu e a minha irmã. Meu pai foi em nosso auxílio e então ele se revelou. Disse que se eu quisesse nosso pai vivo, aceitaria me casar com ele. Levou meu pai e voltaria em três dias para saber minha resposta. Ele disse que iria dominar o mundo, um pouco por vez, e precisava de uma rainha.
– E então saímos para procurar ajuda. Guerreiros e todos que quiserem lutar. – Maby completa.
Mais uma vez ele parece avaliar o quanto é verdade.
– Não tem como lutar. Não há nada que possamos fazer. Ele tem habilidades que nossos guerreiros não tem. Vários morrerão.
– Qual o preço da liberdade. Com ou sem a ajuda de qualquer um de seus guerreiros ainda vamos lutar. Lute pela sua liberdade, ou morra escravo de seus medos, e de Ormire.
Pego o arco e a adaga e levanto de supetão. Maby me segue. Ao chegar aos pés da escada, ele se pronuncia.
– Esperem. Isso foi um teste. Queria ver o quanto estavam dispostas a lutar.
– E o que achou? – Maby pergunta.
– Nunca vi tanta força de vontade em alguém. Principalmente em mulheres.
– Homens – murmura minha irmã.
– Podem pegar suas armas e me sigam.
Pegamos nossas coisas da mesa e ele atravessa a porta. O seguimos. Agora não há volta. Haverá guerra e não existe nada que me impeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zorak, Vingança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.