Zorak, Vingança escrita por Semideusa


Capítulo 19
Capítulo 19-


Notas iniciais do capítulo

O mundo é como um camponês embriagado; basta ajudá-lo a montar sobre a sela de um lado para ele cair do outro logo em seguida.
— Martinho Lutero



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Sinto ele sendo arrancado de mim. Abro os olhos assustada, caindo de bunda no chão de pedra. Maby está montada em Cavalo com a espada na garganta de Ormire. Vejo mais pessoas, ou melhor, seres, chegando. Fadas. Elas vem com suas armas apostas. Meu pai! Meu pai montado em Fúria. Me levanto e começo a correr, as pedras mais pontiagudas machucando a sola dos meus pés descalços. Meu pai desce do cavalo e me abraça. Ouço Maby gritando alguma coisa que não faz muito sentido para mim, junto com as lágrimas, as lembranças voltam em flashes. Tudo, tudo e como eu fui capaz de me esquecer. Que raiva de mim mesma. Meu pai caminha, comigo do lado, até parar no mesmo lugar em que eu estava antes da correria. Olho para Ormire e ele olha para mim, mas se foca em meu pai. Estrala os olhos e começa a ficar arroxeado.

– Seu maldito nojento! – ele fala para meu pai – Yanom, você vai me pagar!

Ele levanta um pouco a cabeça e sangue roxo escorre.

– Quem vai pagar é você Ormire. Não sei como fui tolo o suficiente para não te reconhecer, mas não achei que estaria com a mesma aparência, ou mesmo vivo. Mas não vai mais enganar e controlar as pessoas. Não vai.

As fadas entram em alvoroço, mas eu não viro a cabeça para olhá-las, com a nítida impressão de que vão poder ler minha mente, ou pior, meu coração. Tenho medo do vou encontrar lá e não quero que mais ninguém saiba.

– Hahahaha – ele ri. – Enganar? Tenho certeza como pretende contar a verdade para ela.

Franzo as sobrancelha, me livro dos braços do meu pai.

– Que verdade? – ele não responde – Pai, me fala que verdade?

– Eu disse, Bela Dama! Ele não vai falar que eu o libertei, que dei a ele o raro antídoto para o meu veneno. Não vai te contar que o deixei ir e que a única condição era nos deixar em paz, e deixar você escolher onde queria ficar. Que independente da sua escolha eu libertaria a todos que fiz reféns. Eu só queria uma chance e mais uma vez ele me negou. E mais uma vez... eu sou apenas o vilão... e vilões, não têm finais felizes.

Ele gira muito rápido, saindo debaixo da lâmina da Maby, a uma certa distância ele dá um grito que faz as fadas que já estavam começando a tomar a dianteira no ataque parar. O grito faz meus tímpanos doerem. As fadas se recuperam do choque, mas antes que haja tempo de chegar a ele, muitos dikes aparecem. E quando eu digo muitos, quero dizer muitos. Sou empurrada, puxada e apertada entre os pequenos corpos de um máximo de 1,50 de altura. Fadas são pequenas, mas feitas para guerra. Dikes de todos os tipos atacam, sneithers, citos, skins, katolis, rinads... quase todos os dikes que eu conheço atacam. Vejo fadas caído de um lado e dikes caindo do outro em questão de segundos. Ácido, gosma, sangue, tudo se misturando aos poderes lançados pelas fadas. Vejo Maby levantar as mãos e raízes prenderem um sneither ao chão e o esmagar até o sangue azul voar. Ela não fazia isso antes. Fazia? Tudo isso acontecendo e eu aqui, sem armas e descalça. Pego a primeira faca que encontro no chão, não penso em quem a perdeu. Isso é uma guerra e não há tempo para compaixão. Enfrento um sneither. Ele me dá um pouco de trabalho, mas logo parto para o próximo, e o próximo, e o próximo. Esfaqueio, defendo, ataco, rolo. O vestido atrapalha. Esfaqueio, defendo, ataco, rolo. Faço isso mecanicamente. Meus joelhos estão ralados como queijo. No meio de um ataque, me distraio, Ormire está lutando com meu pai perto de um despenhadeiro não tão distante. Ahh, que nojo! Gosma de sneither. Não consigo me livrar. Ele me ataca e eu fico balançando minha faca de um lado para o outro. O dike é atropelado por patas ao mesmo tempo em que algo me puxa para cima. Quando me dou conta estou em cima de Cavalo, atrás da Maby. Minha faca caiu, mas eu não posso deixar meu pai sozinho com Ormire. Pulo do cavalo e corro. Meus pés vão grudando no chão, o que me torna mais lenta. Eles estão lutando. Me desespero, emprego todas as minhas forças para vencer essa coisa nojenta. Estou chegando perto, muito perto. Só mais um pouco...

– NÃÃÃÃO!!

Eu grito, com toda força que tenho. Ormire enfiou a espada no coração de meu pai. Ele cai, de joelhos frente ao Ormire e eu ouço dizer.

– Eu disse, Yanom. Você acabaria ajoelhado perante mim. De uma forma, ou de outra...

Ele ainda não percebeu que estou aqui, a agulha machuca minha perna. Pego-a. Ele tem que pagar. Levanto do chão e vou em direção a ele. A agulha apontada diretamente para seu coração. Hesito. Fecho os olhos. Minha mão desce de uma só vez, com força. Sinto-a carne cedendo. Ouço o suspiro de Ormire. Ele se vira para mim e dá dois passos para trás, mais perto da beirada. Eu me aproximo dele. Recebo um olhar ferido, mas um pequeno sorriso se forma em seus lábios.

– Você sempre me balançou, Bela Dama... e agora eu vou cair.

Ele pega minha mão e, ao que parece seu último resquício de força, sou puxada. Meu coração bate forte, lágrimas escorrem dos meus olhos e dos dele. Ele toca seus lábios nos meus e por um instante não há mais nada no mundo. Sou dele, eu o amo. Digo nos lábios dele a verdade que não queria admitir nem para mim mesma

– Eu te amo.

Sinto-o sorrir em meus lábios. Ele se afasta, de braços abertos, e cai no infinito abaixo. Me ajoelho na beirada.

– ORMIREEEE!!!!

Grito desesperada seu nome e o vejo cair nas ondas abaixo que quebram nas rochas da falésia. Ele não tem chance. Meu pai está caído ao meu lado. Me sinto uma traidora. Ele está morto, mas com um sorriso nos lábios. Provavelmente, me viu apenas atacá-lo pelas costas.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem, não de verdade, mas mesmo assim... Boa leitura!



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