Zorak, Vingança escrita por Semideusa


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

O ódio deixa resíduos até na mais pura das almas, destrói o mais belo dos corações.
— Beatriz Ribeiro



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Maby para ao meu lado, também chorando.

– Onde estamos? – pergunto, contendo soluços.

– Em Dzambar.

– Vou até Zorak. Se eu estiver certa...

Não completo o pensamento, apenas me levanto abro as asas e dou impulso. Ouço minha irmã gritar meu nome e murmúrios das fadas antes que eu suma de vista.

Subo muito alto, além das nuvens. O vento está muito gelado, mas não o suficiente para que eu possa esquecer tudo. Lágrimas caem, mas o vento logo as leva para longe. Por que não leva tudo que sinto também? Grito até minha garganta arder, sabendo que ninguém pode me ouvir. Por que? Por que eu tinha que me apaixonar por ele, meu inimigo? Já ouvi tantas vezes a mesma ladainha de que o coração não escolhe, mas nunca acreditei realmente nisso, e agora... Por que, deuses, as Nornas tinham que ser tão cruéis comigo? O que eu fiz para merecer isso? Meu pai... eu sempre quis me livrar dele, agora tenho o que sempre quis: ele não me dará sermões, não vai me esperar em casa, nem jogar mais responsabilidades do que eu acho que posso aguentar... mas também não ouvirei sua voz, não sentirei seu abraço, não verei seu sorriso ao perceber que eu me tornei alguém melhor... por que eu deveria? Agora, eu só tenho Zorak e Maby. São as únicas coisas que me manterão viva. Capaz de colocar um pé na frente do outro. O único homem que amei é também o assassino de meu pai. Parando para pensar, nenhum dos dois teve culpa. Meu pai cresceu, como eu, matando criaturas das quais, na verdade, temos medo. Cercado de preconceitos que não aceitam diferenças. A culpa não é deles, é de todos os outros...

Começo uma descida, pois sinto Zorak. Eu posso senti-la. Vejo, do alto, a floresta. Desço antes de adentrá-la. Vou correndo em sua direção, mas um sentimento ruim se apodera de mim. Tanta angústia, tanta coisa. Lembro de coisas que eu deveria estar fazendo e sinto vontade de ir embora, mas eu... tenho... necessidade... de ... entrar... Bato de cara em um muro invisível e caio sentada no chão. Meus pés estão sangrando e tem gosma de sneither dos lados. Uma situação realmente assustadora, se não fosse o fato de eu não estar conseguindo entrar. Me levanto do chão e, mesmo com meus pés ardendo, tento me empurrar para dentro, não funciona. Começo a socar seja lá o que for que impede a minha entrada. Há uma energia que me impede de passar e fica levemente visível quando eu a soco. Tento quebrá-la, chutá-la e jogo pedras nela. Maby chega e para ao meu lado me detendo.

– Foram elas, não foram? – pergunto desesperada – Que colocaram isso? – coloco a mão na barreira - O que é isso Maby? Fala pra elas tirarem...

Me sinto desesperada.. fadas começam a chegar e ficam olhando com uma mescla de fascinação, para minhas asas, e pena, para mim. Me encho de raiva.

– Zora... eu não sei como dizer isso...

– Mas eu sei! Eu sei! Eu sei!

Uma fada, menor e mais magra que todas as outras, vem saltitante, de uma forma tão alegre que a sua respiração me irrita. Os outros olham feio para ela. Ela começa pular ao redor de mim e Maby, entrando e saindo da barreira e falando.

– Zorak é uma floresta mágica. Nenhum ser de coração impuro pode entrar. Ela tem a aura que os repele. Você deve estar com uma sensação muito ruim. – realmente, eu começo a ter dor de cabeça – Mas se o ser insiste em entrar, existe uma barreira que impede que eles possam entrar. Eu acho que você está impura, lá-lá-lá-a.

Tenho um ataque de raiva. Pego-a pelo pescoço, quero acabar com sua felicidade. Vejo-a ficando verde e se afogando, mas antes que eu possa fazê-la parar de respirar, Maby me empurra. A fada cai sentada do lado de dentro da barreira e com a mão na garganta, com a voz enjoada rouca diz

– Com certeza está impura.

Tenho impulso de pegá-la de novo, mas Maby me impede.

– Zora, para! O que deu em você? A Zora que eu conhecia jamais machucaria alguém por dizer a verdade.

– Ah, então é isso? Você vai ficar do lado deles ao invés de mim, sua família? A única família que restou?

– Vou ficar do lado de quem está certo. Eles me ajudaram. Zach, Hefrom e Amra também. Estão sendo seriamente cuidados. Ácido de cito. Por você. Para libertar você, nosso pai e todas as províncias que aquele monstro conquistou.

– Não fale assim do Ormire!

– Zora... Zora, você... se apaixonou por ele? – não respondo, ao que ela continua – Eu não te conheço. Você não é a pessoa pela qual eu quase morri. Não mesmo.

– Então é assim? Está “com os seus” não é?

Não sei o que, mas algo me leva a gritar. O som sai agudo e constante, mas não dura mais que alguns segundos. Até os meus tímpanos ardem e não demora muito, tudo está cercado de dikes. Eles parecem não querer chegar perto mas atacam. Atacam todos menos eu e, prestando bem atenção, me protegem...

– Kadara! O que está acontecendo?

Uma fada branca de longos cabelos azul escuro, que está lutando contra um mindra, dike de pelos brancos e dentes afiados, responde.

– Ela matou o antigo líder, e agora tomou seu lugar. Ela os comanda.

Maby olha para mim.

– Faça os parar.

Não sei como, não sei se quero. Isso me deixa ainda pior, mas a Maby me traiu também. Ela dá mais importância para a opinião das fadas, que a abandonaram, do que a minha, que cuidei dela a vida toda. Ela é oficialmente uma fada. E sim, eu a culpo pela morte do Ormire. Se ela não tivesse aparecido, tudo estaria bem. Dou impulso e voo. No alto, dou um grito agudo, que sei que significa retirar. Os dikes os deixarão em paz por hora. Quero ir o mais longe que puder. Mas não vou deixar isso barato. Os que me machucaram e fizeram sofrer, eles vão me pagar. Com certeza vão.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, um próximo livro virá.



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