Zorak, Vingança escrita por Semideusa


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

"Até uma pessoa encarar a morte, é impossível dizer se ela tem o necessário para sobreviver."
— Jogos Mortais.



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Me sento. Minha cabeça lateja. Levo minha mão a base da cabeça e ela retorna cheia de sangue quase seco, grudento. Fico olhando o sangue em minha mão por alguns segundos e então as memórias voltam em torrente. Cile, o plano, a espada, Ormire raivoso, Maby gritando e escuridão.
Estou em uma cama com docel branco e lençóis brancos. O travesseiro, outrora branco também, está agora manchado de sangue. O meu sangue. Afasto o véu que cobre a cama e me deparo com um quarto completamente branco, com um armário e um criado mudo apenas, tudo branco. O quarto não tem janelas nem portas. Apenas luminárias. O que não faz nenhum sentido. Se eu entrei, pelo mesmo lugar eu posso sair. Cambaleio e me encosto na parede. Vou tateando, um pouco em razão da tontura, mas mais para encontrar uma maçaneta, uma fenda, alguma coisa... Não que eu reclame de estar em um assustador quarto agradável, mas esperava algo mais como uma masmorra, um calabouço. Minhas mãos encontram algo. Uma maçaneta, branca como todo o quarto, o que explica eu não tê-la visto antes. Mesmo agora tenho que forçar a vista para identificar os contornos da porta. Forço-a para dentro e para fora com toda a força. Minha cabeça dói ainda mais pelo esforço. Ótimo. Um calabouço de luxo. A porta nem se mexe, nem um rangido se quer. Chuto-a mas ela se recusa a abrir. Vou devagar até o criado mudo ao lado da cama. Há um jarro de água com um copo ao lado e uma vela, nas gavetas, um caderno e um lápis, nada mais. Abro o armário. Muitos vestidos, talvez as únicas coisas com alguma cor em todo quarto. Há ainda um vestido, provavelmente o mais simples, mas que é o mais lindo de todos e, apesar da cor, que é branca, ele é perfeito. Parece que tudo aqui foi preparado para que alguém não fugisse e talvez até, não quisesse fugir. Se pelo menos houvesse uma janela, eu poderia quebrá-la e voar pra fora daqui, mas não, uma princesa indefesa numa torre sem porta nem janelas.
Pego a água e arranco a fronha do travesseiro mais limpo, umedeço o pano e limpo o sangue que há em mim. Isso também alivia a dor de cabeça. O silêncio aqui dentro é opressor. Vou até o armário e pego o vestido branco. Estranhamente simples e maravilhoso. Ele não tem alças e tem uma fenda ao lado da perna. Nada mais. Diferente dos outros, rosas, verdes, pretos, azuis, vermelhos e lilases. Cheios de pedras, flores, bordados, babados, rendas e decotes. Ormire tem sérios probleminhas. Coloco o vestido branco em seu lugar e continuo olhando os outros, um mais extravagante que o outro. Mas no fim, há também um outro vestido, idêntico ao branco, mas vermelho, com a ponta do decote dourada. Ele me dá arrepios apesar de igualmente lindo. Guardo-o também. Abro a primeira de três gavetas que há no armário. Fronhas. A do meio, lenços. A última tinha chaves. Muitas chaves. Ormire quer que eu saia, ou é uma pegadinha de muito mal gosto. Mas, se ele quer que eu saia, por que? Sair seria entrar no jogo dele, mas não sair significa ficar aqui, presa. Pego uma fronha da primeira gaveta e coloco todas as chaves dentro. Pego uma segunda fronha também, só por precaução. Tudo bem. Agora, onde está a porta? Pego também o lápis e o caderninho. Começo a procurar a porta mais uma vez, mas rápido a encontro. Não é difícil achar quando você sabe onde procurar.
Começo a testar as chaves, uma por uma. Com a minha sorte não duvido que seja a última chave a abrir a porta. Claro que estou enganada. Assim que este pensamento aparece a porta se abre. Não sei se devo levar as outras chaves comigo. Elas devem pertencer a algum lugar, mas eu tenho a impressão de que vou me arrepender quer eu as leve quer não, então prefiro não carregar este peso a mais. Antes de sair pego também a vela. Sempre carrego alguns fósforos comigo. Agora serão úteis.
Abro a porta. Mais um corredor. Estou cheia de corredores. Muitas portas. Também estou cheia delas. Ok.


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Notas finais do capítulo

Demorei um pouco para postar mas espero que estejam gostando, deixem suas opiniões



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