Zorak, Vingança escrita por Semideusa


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
— Platão



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Primeiramente, Cile disse não ao plano, mas depois ela aceitou que eu não iria mudar de ideia e que se ela não me ajudasse, faria eu mesma. Agora, me resta esperar. Eu estou dentro da nossa casa, os garotos e Maby, a espreita do lado de fora. Não vai ser fácil, mais difícil para Maby que para mim. Incrível como é facil nos sacrificar, mas difícil aceitar um sacrifício de quem amamos. Mas o amor exige sacrifício. E é por amor que tudo isso está acontecendo.

Uma pedra acerta a janela, o sinal de que Cile já me denunciou a um dos mandados daquele monstro. Estou pronta para “lutar bravamente” contra um capacho do Ormire e para perder. Isso tem que funcionar e que Skadi[1] me ajude, em nome de Odin. Fico preparada e espero, espero e espero. Passam-se uns quinze minutos e nada de dike ou homem do Ormire. Na verdade, me sentei depois de cinco minutos. Isso está me deixando ainda mais tensa. Pequenos fios de esperança e desespero surgem simultaneamente na minha cabeça. Por um lado espero que tenha desistido de mim e pelo outro, o que ele faria a meu pai? Ah, meus deuses, me ajudem. Outra pedra acerta a porta, fico alerta novamente. Espero que chegue uma pessoa desconhecida, mas quem abre a porta é o monstro em pessoa.

– Ormire, o que você quer aqui?

– Ah, minha querida. Eu não te deixaria aos cuidados de mais ninguém. Soube que você voltou para mim e então vim pessoalmente.

Ele veio andando devagar em minha direção enquanto falava, eu fui me afastando e bati as costas na mesa. Ele continuou vindo...

– Eu não voltei para você! Eu voltei para pegar remédios para minha irmã que ficou doente.

– Que comovente. – ele me irrita imensamente quando diz isso com esse tom nojento de ironia. Ele continua – A fadinha ficou doente de saudades do papai é?

Minha visão fica branca de fúria. Sem pensar, o que não parece ser difícil para mim, arranco a agulha do cabelo que cai solto ao meu lado, e o ataco. Por um segundo ele parece surpreso, mas então ele reage. Pega meu pulso no ato e o torce, resisto a vontade de gritar, por reflexo levanto a perna em direção ao rosto dele. Impacto. Queda. Ele me olha do chão com puro ódio. Meu pulso lateja mas continuo com a agulha. Coloco-a nas costas da jaqueta antes que ele veja que eu ainda a tenho. O sangue que escorre de sua boca não é nem azul como de um dike, nem vermelho como de um humano. Um viscoso roxo escuro escorre e cai em sua versão de “camiseta”. Me sinto enjoada. Ele se levanta e seu rosto está arroxeado, como seu sangue que lateja nas têmporas veiosas. Dou a volta na mesa. Se algum dia você achou que sentiu medo, você com certeza nunca teve sua vida ameaçada por um cara metade homem metade dike cheio de fúria que tem a vida do seu pai nas mãos. Para minha surpresa ele não vem imediatamente em minha direção gritando e tentando me pegar. Ele desamassa a roupa, limpa a boca na manga da camisa e vira a cabeça para o lado, causando uma série de barulhentos estralos. Aperta os olhos e me olha como um cão curioso.

– Você é muito interessante. Talvez eu te mantenha viva para me divertir.

– Se você me quer morta, então por que me quer?

Minha voz sai mais histérica do que eu pretendia, ele sorri.

– Você não faz ideia não é?

– Do que está falando? Você é um sádico maluco!

Minhas mãos deparam com a parede atrás de mim, e nela está pendurada a espada de meu pai, a última que ele usou, a primeira que empunhei. Seguro-a.

– Há ha ha ha ha.... – ele ri de uma maneira psicopata – Você é divertida, meu amor, muito divertida.

Avança em minha direção contornando a mesa. Espero ele se aproximar mais, mesmo que meus instintos me digam para correr o mais rápido que eu possa. Ele está perto, não espero mais. Puxo a espada visando o pescoço mas ele se esquiva de maneira que não é humanamente possível, eu erro meu alvo, mas acerto a sua bochecha que se rasga em uma versão maníaca de sorriso de um lado só. Sangue roxo derrama como gosma sobre tudo. Ele urra. O olhar que ele havia me lançado antes não era ódio. Isso é. E é pior do que eu imaginava. A porta se escancara, e minha irmã e os rapazes entram de espada em punho.

– Ouvimos gritos de um....

Quando Ormire vira a face rasgada para ver quem ousava se intrometer, um dos gêmeos, o que havia falado, corta a frase no meio mas continua depois de ver minha obra de arte.

– Ficou ainda mais feio?

Ormire urra outra vez, mas sua camisa se rasga em função das asas de morcego que ele deixa sair, ele me agarra e explode não sei como o teto e o telhado do cômodo de cima de uma vez, vejo vultos e ouço Maby gritar. Me debato e grito muito alto enquanto ele alcança altitude. Sinto uma pancada forte na cabeça. Escuridão.

[1] Deusa nórdica da justiça, da vingança e da cólera.


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Notas finais do capítulo

Não é que eu tenha medo de morrer. É que eu não quero estar lá na hora que isso acontecer.
— Woody Allen



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