– Ollie! – Escutei o grito de Thea e tirei rapidamente os fones de ouvidos que haviam me impedido de escuta-la antes, vire-me observando ela apressar os passos e me alcançar. Eu estava há apenas alguns metros da minha casa, estava voltando do supermercado com algumas sacolas cheias de ingredientes que ela havia pedido que eu comprasse para o jantar de hoje. – Você sabe do que se trata isso? – Perguntou mostrando-me a tela do celular, me aproximei mais e li a mensagem em questão.

– “Jantar em família hoje, por favor, nada de desmarcar.” - Li em voz alta e a encarei. – É de Felicity.

– Eu sei que é de Felicity. – Retrucou. – Eu quero saber o que é tão importante, e a cima de tudo quem vai cozinhar...

– Eu não sei o que significa. Talvez ela esteja com saudades. – Dei de ombros. – Ela tem estado emotiva, o que me faz lembrar... Nada de piadas sobre sua comida. – Alertei.

– Como assim emotiva? – Franziu o cenho enquanto andava junto comigo. – Ela pode estar de TPM ou... Grávida? – Dei um passo em falso com sua última sugestão e quase derrubo todas as sacolas. – E como assim sem piadas sobre sua comida? Você não vai deixar ela cozinhar né? – Perguntou alheia ao fato de que eu não estava mais acompanhando-a, quando deu-se conta voltou para o meu lado me lançando um olhar interrogativo. – Ollie?

– Ela não pode estar grávida. – Comentei por fim.

– Segundo a biologia é totalmente possível. – Riu. – Relaxe Ollie eu estava brincando, somos mulheres, ficamos emotivas com filmes infantis, séries dramáticas e animais morrendo em filmes...

– Ela me contaria antes. – Falei encarando-a, mas ainda assim não a vendo. – Ela me contaria antes não é mesmo? – Finalmente focalizei seu rosto.

– Ollie você está pálido. – Exclamou admirada.

– Claro que estou, você disse que minha namorada está grávida! – Falei.

– Não. – Negou segurando um sorriso. – Eu fiz uma brincadeira e agora eu queria muito que ela estivesse por que se você tem essa reação com uma brincadeira, Deus eu preciso estar em sua frente quando ela realmente estiver e te contar.

– Não é engraçado. – Comentei voltando a andar, agora eu havia superado o choque e estava aborrecido com minha irmã.

– Eu acho que você vai chorar. – Continuou me provocando. – Vai fazer aquele lance de se ajoelhar e tocar na barriga ainda plana e vai chorar.

– Você está sendo ridícula. – Falei parando em frente à porta. Enquanto buscava minhas chaves entreguei algumas sacolas para ela.

– Eu acho que vou andar com uma câmera de agora em diante. – Prosseguiu. – E não largarei do pé de Felicity, por que preciso filmar esse momento...

– Thea... – Murmurei seu nome entredentes, dando passagem para que ela entrasse, a segui pelo corredor já que ela ignorou a sala e foi direto para a cozinha. – Pare.

– Desculpe Ollie, mas agora eu não posso tirar isso da cabeça. – “Nem eu”, pensei enquanto colocava algumas sacolas no balcão.

– O que você não pode tirar da cabeça? – Felicity perguntou entrando na cozinha, lancei um olhar de advertência para Thea que apenas deu de ombros. – O quê? Vocês vão realmente manter segredo? – Perguntou incrédula. - De mim. – Completou.

– Não é nada. – Thea comentou em tom desinteressado.

– Vocês sabem que eu vou descobrir... – Ri de sua expressão ameaçadora e me aproximei envolvendo suas mãos e a segurando em um abraço.

– Não está online. – Brinquei. – Você não pode encontrar. – Ela me lançou um olhar exasperado antes que eu me inclinasse e a beijasse sua raiva indo embora, eu podia sentir seu sorriso quando torne a beija-la.

– Hum hum. – Escutei o pigarro forçado de Thea e me afastei.

– Oi Thea. – Felicity murmurou se afastando de mim. – O que você está fazendo aqui? – Perguntou estranhando. – Não que eu não quisesse você aqui agora...

– É uma boa pergunta. – Comentei lançando um olhar divertido a Thea que apenas revirou os seus como resposta. Ri de sua atitude infantil e passei a tirar as coisas das sacolas, Felicity se apoiou ao balcão enquanto me observava, mas passou a encarar quando ela começou a falar.

– Eu vim ver vocês. – Respondeu com um dar de ombros. – Eu já estava no meu caminho quando recebi a mensagem. Com jantar em família você quer dizer todo mundo? – Perguntou curiosa.

– Sim. – Concordou. – Fora você eu também chamei: Diggle, Layla e a pequena Sara, assim como a outra Sara, Laurel e... – Encarou-me hesitante parei por um momento inquieto por sua atitude receosa. – Minha mãe. – Completou.

– Sua mãe está na cidade? – Perguntei surpreso. Ela assentiu.

– Por que você não me contou? Ela poderia ficar aqui. – Sugeri.

– Oh não ela vai embora logo. – Respondeu. – Depois do jantar.

– Esse jantar parece sério. – Thea comentou, ela me encarou e imaginei que me lançaria mais um olhar carregado de deboche, mas dessa vez ela parecia curiosa e séria ao mesmo tempo. – Do que se trata esse jantar Felicity?

– Como assim? – Perguntou confusa. Thea voltou a me encarar e cruzou os braços, esperando que eu falasse algo, ela realmente estava pensando numa possível gravidez?

– Felicity você precisa me contar alguma coisa em particular? – Perguntei a encarando.

– Ok. Vocês dois estão muito estranhos. – Comentou se afastando e abrindo as portas dos armários pegando algumas panelas. – Eu não tenho nada importante para contar, eu queria apenas reunir todos juntos, por que ultimamente não conseguimos, exceto quando estamos em alguma missão, eu venho percebido que estamos cada vez mais focados nas missões e esquecendo que não somos apenas um time, somos uma família. O que há de errado nisso? – Perguntou exasperada.

– Nada. – Eu e a Thea falamos juntos. – Um jantar em família soa excepcional. – Thea continuou. Assenti concordando com ela. Felicity nos avaliou em atenção e passou a ela mesma terminar de esvaziar as sacolas ficando de costas para nós dois.

– Já que você está aqui Thea, gostaria de ficar para almoçar? – Perguntou ainda concentrada na tarefa. – Eu vou tentar uma nova receita que... – Virou-se no exato momento em que eu e Thea nos encaramos cada qual fazendo uma careta em conjunto. – Eu vi isso! – Apontou. Tomamos o cuidado de parecermos envergonhados. – Quer saber? Você... – Apontou para mim. –... Vai fazer o almoço e você... – Encarou Thea que estremeceu com o tom irritado. Então suspirou. – Eu não tenho uma tarefa para você. – Comentou desanimada.

– Eu posso ajudar ele. – Thea sugeriu. – E encomendar uma comida incrível para o jantar! – Sorriu tentando conquista-la.

– Eu cozinho tão mal assim? – Felicity perguntou decepcionada, meneei de forma automática minha cabeça em negativa.

– Sim. – Thea falou. Lancei um ilhar zangado para ela. – O quê? Você não quer perder a parte do sexo, mas como cunhada eu preciso alerta-la.

– Não pode ser tão ruim assim... – Meneou a cabeça incrédula. Segurei sua mão e voltei a abraça-la.

– Não se preocupe, você compensa no resto. – Brinquei beijando a lateral de sua cabeça.

– Com sexo. – Escutei Thea brincar. Mas a ignorei concentrado em continuar abraçando Felicity que erguia a cabeça para beijar meu queixo.

– Por que vocês estavam tão inquietos com o jantar? – Perguntou. – Apenas por que não cozinho bem?

– Pensávamos que você estava tentando dizer algo importante. – Falei ocultando o que era.

– Importante? – Repetiu confusa.

– Isso. – Thea falou atraindo nossa atenção. – Algo como “Estou carregando um pequeno Queen”. – Suspirei com a falta de tato de Thea. Mas em vez de ficar aborrecida Felicity riu.

– Isso é ridículo. – Comentou.

– Não de acordo com a biologia. – Thea brincou.

– Não, não a gravidez. – Meneou a cabeça e voltou a me encarar sério. – No dia que eu estiver grávida, quando estivermos prontos para isso, eu não vou dizer a você em um jantar em família, eu vou dizer a você, somente a você. – Prisquei emocionado com o que dizia. – E então juntos vamos decidir quando e como contaremos a nossa família. – Voltou a me beijar em um ponto mais próximo a boca. – Não estamos prontos para um bebê agora Oliver, mas estaremos. Um dia e quando acontecer será incrível.

– Será. – Concordei. Eu tinha certeza que quando acontecesse, o dia em que ela me contasse... Esse seria o melhor dia da minha vida. E foi.