Parte de mim. Metade de mim. escrita por Larian Gonzales


Capítulo 6
Dando a partida.




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Sua mão já havia soltado a de Bonnie, mas ele sabia que ela ali estava. O lugar estava completamente opaco e estável. Não sentiam frio, nem calor, nem dor. Era estranho. Seus corpos estavam amortecidos. Era uma sensação boa, porém ao mesmo tempo tenebrosa. Ficava um pouco difícil de respirar, pois era quase como se estivessem flutuando no vácuo. Não era possível ouvir nem enxergar nada. Um silêncio nato.

–Não suporto mais isso Bonnie! - confessou Damon exausto, seguido de uma tosse que quase o sufocou.

Ele pensava nela. Era o que o fazia suportar as diversas e inquietantes questões que viam em sua mente a cada dez segundos. Era o que o impedia de ir ao delírio com Bonnie.

Bonnie... A mesma sabia que deveria agir. Sua preocupação com Jeremy a tirava a paz. Ela e Damon tinham apenas uma motivação para lutar. Mas antes de dar a última palavra, uma questão tinha de ser respondida a qualquer custo!

Onde estavam?

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Já era de manhã, após aquela noite desesperadora. Elena entrou em seu quarto sem dizer nada.

– Stefan eu não sei o que está acontecendo com ela. Eu nunca pensei que ela fosse matar um dia sem misericórdia. Ou pior, matar como ele! – Caroline surpresa cochichava na sala.

Jeremy, Alaric, Tyler e Stefan estavam na sala e discutiam sobre o que aconteceu com Elena na noite anterior. Foi quando Matt chegou.

– Acabei de levar a Monique pra casa. Ela está arrasada pelo Brian. Nem consigo imaginar como ficou o diretor.

– Ouvi falar que ele vai sair Matt! É bem possível mesmo, ele já tem idade para se aposentar. E o que aconteceu com o filho dele deve estar acabando com o coitado. – Afirmou Alaric.

– Ah, meu Deus! Vocês não param para pensar no motivo de tudo isso? É a Elena, a minha irmã! Isso não é do feitio dela. Não acham possível que ela tenha mesmo desligado? E se ela desligou não terá como ligá-la! – Disse Jeremy sem esperança.

– Talvez eu possa ajudar... – disse Enzo invadindo a casa.

– Não sabíamos que estava na cidade! – Disse Caroline se levantando do sofá.

– Era pra ser uma surpresa, linda! – Disse Enzo com uma piscadela.

– Saia daqui, ninguém o convidou!

– Espere Caroline! Enzo, como disse que pode ajudar? – Interrompeu Stefan.

– Que cheiro é esse? – Disse Enzo, ignorando a pergunta.

Ele se aproximou de Jeremy e aspirou o aroma envolta dele.

– Oh, oh... – Jeremy se levantou rapidamente do sofá.

– Você andou fumando, Jeremy? – Perguntou Alaric.

– Isso não vem ao caso!

– Vem sim! – interviu Tyler.

– Jeremy, as coisas já não estão boas, como você pode... – Matt falava indignado.

Sem hesitar, começaram a falar uns encima dos outros, discutindo todos ao mesmo tempo.

– Chega! – ordenou Elena, saindo do seu quarto batendo a porta e conquistando a atenção de todos com o barulho e seu berro.

– Eu não estou desligada! E também não sou a única que está passando por esse luto, vejam o Jeremy! Essa discussão não vai trazer a Bonnie e muito menos o Damon de volta! Vocês acham mesmo que eu desligaria, sabendo que foi ele quem me ensinou, sabendo que foi ele quem me colocou no lugar, sabendo que foi ele quem me trouxe de volta, e sabendo que foi ele... quem me ensinou o que era emoção. Humanidade!

Elena já estava com os olhos lacrimejados, o que provou a todos que ela estava ligada.

– Faço isso porque eu quero! É o que eu quero!

Todos estavam em silêncio. Ela, então entrou em seu quarto e fechou-se lá.

– Talvez eu possa falar com ela! – Disse Jeremy.

– Isso Jer! Vá lá. – Pediu Stefan.

– Drogado como está? – provocou Enzo.

– Cala a boca! Se não vai ajudar, vá embora! – disse Jeremy entrando no quarto de Elena.

Quando ele entrou, os outros ficaram na sala esperando.

Elena estava sentada na penteadeira se olhando fixamente no espelho. Ela não se movia. Estava completamente concentrada em seu reflexo. Vidrada em seus próprios olhos.

– Elena?! – Chamou Jeremy, tocando seu ombro. Foi quando ela deu um pulo e se virou para ele. E em sua velocidade sobrenatural, mostrou seu caninos à ele e avançou, porém não o atacou.

Jeremy rapidamente segurou os braços de Elena e a imobilizou prendendo seus pulsos para trás com as mãos e segurando seu seus ombros com o braço. Elena lutava para se soltar, mas não podia.

– Sabe quem me ensinou isso? Foi ele. O Damon! Eu posso não estar em meu melhor estado, mas ainda sou um caçador e você é minha irmã, Elena. Então não tente me atacar!

Foi quando Alaric, Stefan e Caroline entraram no quarto.

Elena se soltou do Jeremy e se afastou. Nesse momento ela caiu sentada na cama se dando conta do que acabara de fazer.

– Meu Deus! Jeremy me desculpa, eu sinto muito. Não foi minha intenção, eu...

– Olha querem saber, eu já vi demais. – Disse Tyler se retirando.

– É eu também to caindo fora. A não ser que alguém me peça para ficar! – Disse Enzo, querendo se mostrar á Caroline.

Sem resposta ele se retirou com um sorriso irônico.

– Eu prometi que ia seguir em frente, prometi que ia viver por você Jeremy!

– Aham, e há menos de um minuto você quase me ataca?

– Eu me assustei Jeremy, eu entrei em transe. Me desculpa, por favor!

– Me deixem sozinho com ela! – Pediu Alaric aos outros. – Depois quero falar com você Jeremy. Não pense que vai escapar!

Jeremy revirou os olhos e saiu atrás dos outros que fecharam a porta. Stefan foi para seu quarto passando a mão pelos cabelos. Caroline sabia que algo o preocupava e que ele não estava bem. A mesma foi até o quarto.

– Stefan?! Ta tudo bem?

– É tudo culpa minha Caroline! – Stefan estava chorando. – Eu voltei antes dele. Não era pra mim ter voltado antes de ter certeza que ele também voltaria...

– Stefan, por favor, isso não foi culpa sua! Simplesmente aconteceu... Não foi sua intenção. – Caroline se sentou ao lado de Stefan.

– Mesmo assim, Care... Foi minha culpa! Não era pra mim estar aqui agora. Eu morri. Ele estava lá só por que eu morri. Porque ele queria me trazer de volta nem que ele precisasse morrer!

– Ele era seu irmão, Stefan. Tenho certeza que você faria o mesmo por ele!

– Esse é o problema Caroline! Ele morre pra me salvar, e é assim que eu retribuo? Permaneço vivo sem merecer, em troca da morte dele? Eu não consigo viver com essa culpa. Estão todos sofrendo, eu estou sofrendo! E o pior de tudo, é que não posso fazer nada, absolutamente nada pra mudar tudo isso! Nada! – o rosto de Stefan estava úmido. Ele colocou as mãos na cabeça e os cotovelos sob os joelhos afastados.

Caroline ficou totalmente comovida ao vê-lo daquela forma. A dor realmente era muito maior do que ele. E a culpa. Ah, a culpa já fazia parte do seu cotidiano, mas esburacava seu peito como se fosse à primeira vez.

– Stefan, Stefan... hei, olha pra mim! – Caroline se colocou na frente dele tirando as mãos dele do rosto e erguendo o mesmo. Stefan levantou os olhos inchados para ela. – Olha, do jeito que o Damon era, eu tenho certeza que ele acabava com você se você não voltasse, e ficasse procurando por ele! Damon era impulsivo, ele não se importava com o que os outros sentiam. Ele simplesmente fazia! Eu tenho certeza que ele , mesmo dizendo que te odiava ou sei lá... nunca, nunca permitiria que você morresse!

– Mas Caroline o que eu fiz? Ele morreu por mim, se sacrificou por mim... E eu estou aqui sentado, sem fazer nada, vendo meus amigos sofrendo, principalmente a Elena e o Jeremy! E a Bonnie, ah meu Deus, a Bonnie...

– Sim, ele se sacrificou por você, e fez isso pra que estivesse vivo e em pé agora! Se o outro lado ainda existisse e ele estivesse te observando agora, te acharia um idiota por chorar desse jeito. E a Bonnie com certeza não iria querer isso de nós... Eu também estou sofrendo por ela Stefan... Mas se nós não nos mantermos firmes, pelo menos pelos outros... então estaremos todos acabados!

– Não há mais o que fazer Caroline... Eu odeio meu irmão por isso!

– “Você está vivo para me odiar” – relembrou Caroline com um sorriso forçado.

Stefan ficou em silêncio. Então Caroline o abraçou. Ele retribuiu em profunda dor.

– Stefan, por que não tenta se lembrar de alguns momentos com o Damon? Eu gosto de me lembrar dos bons momentos com a Bonnie, por exemplo, quando posávamos umas nas casas das outras, “a noite das amigas”. E também na faculdade, nossas risadas, as provas de roupas. Era incrível! – Caroline riu e sorriu. Mas logo voltou a assumir a expressão árdua do luto. – E Damon, argh... Eu não gosto de lembrar, mas... há um momento que por um segundo foi bom... Mas nem tão bom assim!

Stefan escutava pensativo. – Que momento Caroline?

– Quando ele me levava ao colégio no carro dele. Tenho que admitir que aquele carro era maravilhoso! Claro, eu estava hipnotizada... Eu o odiava! Mas teve um dia que...

– Espere, espere, espere!

– O que foi?

– É isso!

Caroline o olhava com um olhar interrogativo.

– Caroline, obrigado! Isso vai ser bom para a Elena, pro Ric, pra mim... e até pra você se duvidar. – Stefan se levantou, segurou as mãos de Caroline e beijou sua face. Em seguida saiu rapidamente do quarto.

A loira não prestou a mínima atenção em suas palavras. Ficou ali, parada no mesmo lugar em que ele a deixara.

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– Tyler, o que houve com você? Você estava determinado a ajudar Elena e Jeremy... de repente seu humor mudou totalmente! – Matt falava com Tyler pelo celular.

– Matt, eu não sou mais um híbrido, eu simplesmente voltei a ser humano! Minha maldição pode ser reativada novamente, mas eu não quero isso. Eu não quero isso pra mim!

– Mas como vai fazer pra se controlar? Hoje você ficou a ponto de explodir, e as coisas já não estão boas.

– O que você quer que eu faça Matt? Me isole num canil?

– Me desculpa, ta? Só estou tentando ajudar meu amigo! Mas eu não posso ajudar quem não quer ser ajudado!

Matt desligou o celular na cara de Tyler.

– Alô? Alô? Droga!

Tyler lançou o celular no asfalto espatifando-o. Ele estava próximo ao condomínio no qual estava hospedado. Foi quando Enzo apareceu ao seu lado andando na mesma velocidade.

– E aí? Tyler! Escutei o que estava dizendo. Me desculpe o intrometimento! – Enzo piscou.

– O que você quer?

– Saber que tipo de cara você é, e como foi que conquistou a loirinha! Fiquei sabendo que ela adorava você!

– Escuta aqui, Lorenzo, eu sou um lobsomem e estou me controlando ao máximo pra não arrancar a cabeça de alguém! A Caroline não me adorava, ela me amava, pelo menos até certo ponto. Foi aí que um híbrido hipócrita e psicopata apareceu oferecendo o mundo à ela.

– Perdeu ela pra esse tal híbrido? Como assim a deixou escapar? – Enzo o provocava.

– Não tente me testar, tá bom? A Caroline não é pra você! Ela transou com meu pior inimigo mas eu ainda vou protegê-la de otários como você!

– Uooou... Espera aí cachorrinho, só por que a Penélope trocou você por um vestido de luxo, não quer dizer que vá ser a mesma coisa comigo!

– Cachorrinho? Que eu me lembre foi você quem ficou preso numa jaula!

– Fala sério. Como ela pôde gostar de você?

– Bom sou diferente de você, porque de você ela nunca vai gostar!

– Tem razão! Você fede. Mamãe não dava banho direito é? Ah, é mesmo... ela morreu! – Enzo deu um sorriso sarcástico.

Tyler se virou, e com muita força tentou acertar um soco na cara de Enzo, que segurou o punho dele com força virando-o, causando-lhe dor.

– Não seja ridículo! – Disse Enzo o derrubando na calçada.

– Fica longe da Caroline, ta me ouvindo?

– Me obrigue lobinho!

Lorenzo sumiu da frente Tyler o deixando ali na frente do estacionamento do condomínio.

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Sentada no sofá, comendo amendoins, Elena assistia TV e fingia estar concentrada. Foi quando Caroline entrou na sala e se sentou ao lado dela observando-a.

– Você ta melhor?

Elena não respondeu e continuava concentrada na TV. Caroline a desligou pelo controle.

– Elena, você desligou a humanidade?

Ela olhou para a loira com um ar de tédio e respondeu-lhe:

– Não! Eu não desliguei... Acha que eu desligaria perdendo então todo o respeito, consideração e carinho pelo que ele me ensinou? Ele me ensinou o que era humanidade e emoção, Caroline... Acha que eu faria? Não! De jeito nenhum

– Tá, ta já entendi! E o que vai fazer?

Elena se levantou do sofá e andou pelo carpete contornando as estampas rústicas com o pé.

– Vou seguir em frente... – Ela dizia com total indiferença.

– E vai deixar toda essa coisa que ver o Damon em outros garotos para trás não vai?

– Vou.

– E não vai mais armar escândalos, e nem matar?

– Não...

– Graças a Deus... Eu realmente não aguentava mais isso! – Caroline soltou uma risadinha de empolgação. – Acredite. Você realmente fez muito drama por causa de uma jaqueta, e vamos combinar Elena, ela está podre! Sem falar que era ridícula. E sobre seduzir e matar por causa disso... Ah, meu Deus Elena, isso não se faz. Espero que agora, mesmo sem a Bonnie, você volte a ser aquela garota extrovertida. Ela iria querer nos ver assim!

Caroline sorria e espalhava alegria, mas ficava sentida por Bonnie ao mesmo tempo. A garota não perdia tempo, estava mesmo empolgada com uma coisa “besta” e mal interpretada.

– Agora, por favor, diga-me que iremos em festas, conhecer gente. Porque olha, sinceramente, você estava parecendo uma desequilibrada, obcecada por um homem! – Caroline sorria, e então a abraçou.

Elena não respondeu ao abraço. Ficou com os braços abaixados.

– Ai, fico tão feliz que você vá seguir em frente e esquecer tudo isso que te mudou tanto, que te transformou no que é agora. Fico feliz que agora você vá ser a Elena de sempre! Deixar todas essas trevas que vieram dele para trás é a melhor escolha Elena! Não sabe como me orgulha!

– Obrigada Caroline! – Elena assentiu, deu as costas e saiu andando.

– Só mais uma coisa! – Disse Elena parando.

– O que?

Ela em um milésimo de segundo se virou com toda a velocidade e acertou Caroline com um tabefe usando a parte superior da mão. O tapa foi tão forte que Caroline se esborrachou no chão caindo sentada.

A moça apenas a olhou assustada. No fundo ela sabia que era merecedora. Elena não expressou qualquer reação.

– Que barulho é esse? – Perguntou Caroline ainda sentada no chão. Ela nem ao menos questionou. Afinal não era necessário, ela sabia muito bem o motivo daquela punição.

– Eu sei lá!

Elena afastou um pouco a cortina branca de renda. Ao visualizar o que havia lá fora, seus olhos lacrimejaram e ela abriu um sorriso emocionado. Ela então correu para fora da pensão, seguida por Caroline.


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Notas finais do capítulo

Como recomeçar? Bom, a primeira tentativa pudemos ver de longe que não deu certo. A segunda começa agora. Daremos a partida nesse processamento doloroso para todos, começando com um gesto inimaginável vindo de Stefan. Qual será? Que lembranças trará? Qual o objetivo dele?
Lembremos que Jeremy está em sua pior fase, e colocá-lo na linha é uma tarefa difícil. Ninguém melhor para assumir essa missão do que o nosso amado professor Saltzman?
***Lembrando... Não tenho certeza.. Mas eu sinto... Que nossos heróis deram sinal de vida! Por favor.... Voltem para nós!