Parte de mim. Metade de mim. escrita por Larian Gonzales


Capítulo 5
Onde está o meu chão?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528042/chapter/5

Ela se soltou imediatamente de Caroline. Despertou completamente de sua zonzeira no momento em que seus olhos visualizaram Damon. A moça saiu correndo em direção à multidão de jovens que se encontravam em todos os cantos do Campus. Caroline viu, mas sem entender mais a amiga, não insistiu, e deixou que a garota seguisse seu objetivo desconhecido ao correr pelo Campus feito uma louca.

Damon permanecia parado, vidrado nos olhos de Elena. Ela estranhou o fato de ele estar no meio de um grupo de estudantes como se fizesse parte do círculo de amizade.

Ela corria em sua direção sem enxergar mais nada a sua volta. Corria feito louca, seus olhos lacrimejavam. Não podia ser... Não era possível. – Damon?!... – Era perturbador. Mais perturbador foi o momento em que, ainda correndo, ela ficou ha menos de três metros dele. Ele desviou o olhar, se virou de costa para ela, e a ignorou como se não a conhecesse.

Elena não entendeu, porém mesmo assim pulou encima dele.

– Meu Deus... Meu Deus! É você... Está vivo! – ela abraçava-o envolvendo as pernas nas costas dele, chorando. – Eu te amo! Você cumpriu! Damon, você cumpriu... Voltou pra mim! Finalmente!

O Campus inteiro ficou em silêncio assistindo a cena arrebatadora e ao mesmo tempo engraçada. Aquilo realmente chamou atenção de todos que ali estavam.

Ela o apertava com todas as forças para si. Elena não sabia o que fazia, Não sabia se o beijava, se o agarrava, se gritava, se chorava, se se jogava no chão, se pulava. A única coisa que sabia, era que ele estava ali. E ela abraçava as costas dele, enroscando suas penas na cintura de Damon.

Elena estava tão envolvida e tão eufórica, que seu coração podia ser ouvido por um coiote a quilômetros de distância. A Luz havia se acendido para ela outra vez. Mas a mesma se apagou, escurecendo o mundo de Elena como um curto no cérebro dela, dando um choque emocional no momento em que a mesma olhou nos olhos dele. – Olhos castanhos.

Ela deu um salto para trás, caindo sentada sobre a grama. Um rapaz encorpado de cabelos ondulados, também castanhos a fitava. Ele se perguntando por que uma estudante como ela havia se atirado encima dele sem mais nem menos e o chamado de “Damon”. O mesmo não usava nenhuma roupa preta, mas sim uma camiseta simples azul e uma calça Jeans O pobrezinho estava assustado com os olhos arregalados sem entender nada. Caroline procurava um buraco para esconder a cabeça de tanta vergonha.

– Você é retardada, garota? – Perguntou o rapaz abrindo os braços, indignado.

Ao ver a amiga jogada ao chão, sendo humilhada pelas risadas alheiras e sem conseguir tirar os olhos do estudante no qual havia se atirado, Caroline se aproximou rapidamente de Elena. A garota estava arrasada e decepcionada. Caroline levantou Elena pelos braços sem dó.

– A desculpem por isso, ela é minha amiga. Deve ter te confundido com outra pessoa.

Então Caroline guiou Elena pelo braço para fora do Campus. Em meio às risadas e murmurinhos da galera, Elena olhava para trás em direção ao garoto, que por sua vez não olhava de volta, mas manifestava expressão de fúria pelo vexame. Os estudantes riam e comentavam: “Garota louca!”

Enquanto Caroline arrastava Elena para os dormitórios, ela não disse uma palavra se quer, muito menos Elena. A mesma Jogou a moça para dentro do quarto e trancou a porta.

– O que foi aquilo? Meu Deus! Você perdeu o juízo? – perguntou Caroline espantada.

– Eu... Eu, eu não sei Care... Era o Damon! Eu vi o Damon naquele Campus. Eu poderia jurar que era ele!

– Elena, você está atordoada. Meu Deus, que vergonha! Vão achar que você uma atirada, o Campus inteiro deve estar falando de você agora!

– Caroline, por favor, não exagera! – Elena sentou-se na cama e pôs as mãos sob o rosto.

– Isso é exagero pra você? Elena perceba o que você fez! Você se jogou encima de um dos jogadores da universidade. Achou que era o Damon?

– Eu não achei. Eu vi o Damon!

– Legal, está vendo o Damon nos estudantes de Whitmore? Poupe-me Elena. Nem eu quando achei que tinha perdido o Tyler me comportei assim como você. Você está escandalizando!

– Eu não to nem aí Caroline, sabe por quê? Por que você jamais sentiu o que eu estou sentindo, ou amou como eu amei o Damon. Então enquanto não puder compreender a dor que eu estou sentindo, eu sugiro que cale a boca! E deixe-me cuidar da minha vida. Não preciso de seus comentários fúteis.

– Você não tem mais noção do que diz ou do que faz Elena. Por favor, não deixe que isso vá à diante! – Insistiu Caroline

Elena entrou para um banho, ignorando Caroline. Ela não dava a mínima importância para a preocupação da amiga, estava decidida a seguir em frente com seu estado psicótico e complexo.

Ao sair do banho, Elena se arrumou e junto com Caroline, se dirigiram ao salão de festa da faculdade.

Havia música alta, bebida, luzes piscando, luzes negras e muitos estudantes. Ali se esqueciam de seus estudos, de seus problemas, e se entupiam de energético junto à sua cabeça latejando junto às eletrônicas.

No meio daquela multidão toda numa pista de dança, as meninas se depararam com Tyler.

– E aí, Elena? Está melhor? – Perguntou Tyler se dirigindo diretamente para a Elena, ignorando totalmente Caroline.

– Estou sim, Tyler! Obrigada por perguntar!

– Nossa, achei que demoraria mais para se recuperar. Aliás, foi do nada, não foi?

– Prefiro não comentar, Tyler. Obrigada!

– Não se esqueça que a Bonnie também se foi, Tyler! E que se não fosse por ela... você talvez nem estivesse aqui agora! – Intrometeu Caroline, expondo Bonnie para chamar a atenção de Tyler.

– Não preciso que me lembre Caroline! E você, Elena, está muito bonita hoje! – Retrucou Tyler se retirando da presença das meninas, enquanto se dirigia para o mini bar no salão.

– Não precisava meter a Bonnie nisso! – Murmurou Elena.

Quando Caroline abriu a boca para se justificar, as duas meninas que as cumprimentaram no mesmo dia, apareceram em frente delas.

– Estávamos esperando vocês! – disse Gabriele se aproximando das garotas junto á Morgan. – Morgan tem uma coisa para dizer a você, Elena!

– Olha, eu... – gaguejou sem graça. – gostaria de me desculpar pela indelicadeza mais cedo. Sei que é uma ferida completamente recém aberta. E eu realmente reconheço que sou uma completa desconhecida para tocá-la. Perdoe-me Elena! Por favor...

Elena não prestou atenção em uma palavra se quer que a pobre moça dirigiu a ela. Estava completamente concentrada e distraída no que seus olhos haviam localizado. Uma das jaquetas de Damon. Não! A jaqueta preferida de Damon. Vestida por um rapaz alto, loiro e de boa aparência.

Ela estava completamente congelada e sua pele estava arrepiada. Seus olhos brilhavam, pareciam que iam abrir um buraco no casaco. Completamente enfeitiçada pelo mesmo, Elena apenas disse:

– Eu já volto! – E saiu da presença das meninas com os passos acelerados.

– Ela está um pouco emotiva hoje! – Justificou Caroline às garotas, sem graça.

Elena se aproximou do rapaz em menos de cinco segundos. Cutucou-o com o dedo indicador, chamando sua atenção.

– Oi! Posso te pagar uma bebida? – Ofereceu-se Elena, sem perda de tempo. Um sorriso simpático e convidador abriu-se nos lábios da mesma.

– Eu tenho namorada! – Cortou o rapaz.

– Não tem mais! – Hipnotizou Elena.

O rapaz imediatamente saiu da roda de seus amigos. Os outros meninos estranharam aquele comportamento, mas como estavam numa festa, aquilo foi visto como algo normal. Aliás, o sobrenatural não estava no alcance de sua psique para que percebessem que algo terrível estava para acontecer.

Depois de beberem três copos de tequila, os dois se dirigiram para a pista de dança e dançaram colados. Durante a dança, ela conversava a ria com o rapaz. A mesma encostou a cabeça sob o ombro do loiro, como se dançasse... Como se dançasse com ele. – Damon!

Matt, que estava com sua namorada, não demorou mais de três minutos para perceber que era Elena quem estava no controle daquilo. E rapidamente recorreu à Caroline que ficasse atenta.

– Ela não perde tempo, não é? – Disse Morgan para Gabriele, enquanto observavam Elena dançando com o rapaz.

– Qual o seu nome? – Indagou Elena.

– Brian!

– Diga-me, Brian... Onde conseguiu essa jaqueta? – Elena o seduzia com o olhar.

– Ela estava na organização da Instituição de caridade do colégio. Tinham coisas em ótimo estado lá! E eu e meus amigos fomos lá para catar algumas coisas, apenas para zoarmos com as roupas velhas. Porém achei essa jaqueta, está nova. É descolada. Então peguei pra mim!

Elena sorriu. Caroline observava tudo atentamente, até que um jovem tapasse sua visão enquanto a convidava para dançar.

– Não. Obrigada! – Negou rapidamente.

Quando voltou a procurar Elena, percebeu que a havia perdido de vista. E o pior, o rapaz também.

Elena o pressionou contra a parede perto dos banheiros. Lascando-lhe um beijo. O rapaz retribuía com total rendição a ela. Ela puxava seus cabelos e mordiscava seus lábios. Ninguém estava ali, apenas os dois. Maldita hora em que os banheiros ficaram vazios.

– Agora me responda Brian! – ordenou Elena controlando-o enquanto passava as unhas pelos lábios do garoto impotente à sedução e controle da mesma. – Onde fica a sala da organização dessa tal Instituição de roupas usadas para caridade?

– Por que quer saber isso? Você não precisa disso! É linda! – elogiou Brian, ao tentar beijá-la novamente.

– Me responda Brian! – Ordenou Elena desviando seus lábios dele. De uma hora pra outra ficou furiosa com a interrupção. – Onde ela fica e como faço para entrar lá?

– No final do corredor, depois da sala dos professores à esquerda. Você vai encontrar outro corredor onde tem duas portas. A da direta é a dispensa. A da esquerda é uma grande sala cheia de roupas semi-novas, usadas e outras completamente velhas. Você não consegue entrar lá antes da uma da manhã, pois os organizadores ficam lá separando as peças. E as chaves ficam da sala das zeladoras. É uma verdinha com um sapinho de chaveiro!

Ela se aproximou do pescoço do rapaz. Cheirou o pescoço dele pulsando de desejo, mas não em busca de sentir o perfume de Brian, mas sim de absorver o cheiro da gola da jaqueta de Damon, que Brian vestia.

– Quero sua jaqueta Brian!

Ele tirou a jaqueta e vestiu Elena, que se afagou na mesma. Ela deu uma voltinha para ele.

– Como estou? – perguntou Elena com um sorriso conquistador no rosto.

– Belíssima!

– Ótimo Brian... Então você não me serve mais!

Elena atacou-o ferozmente, dilacerando o pescoço do garoto. Ela empurrava o corpo dele contra a parede que não se defendia, apenas fechava os punhos com força pela tamanha dor. Quando tirou os caninos do pescoço do menino, Elena observou a ferida gigantesca e grande quantidade de sangue. Estava morto. – Que bagunça, Elena! – Pensava.

Ela fechou a porta do banheiro masculino depois de arrastar o corpo de Brian para dentro do mesmo e fechá-lo lá.

– Elena, meu Deus... Eu estava te procurando! – disse Caroline preocupada. – Eu vi você com aquele rapaz e de repente vocês sumiram. E de onde você tirou essa... – A loira congelou ao se tocar quando seus olhos fitaram o casaco de couro que ficava gigante para Elena. Sua expressão piorou ao ver os lábios dela sujos de sangue.

Elena não demonstrou qualquer expressão ao ver a preocupação de Caroline. Apenas deu as costas para a amiga e saiu. Ao observar os passos dela, Caroline se lembrou exatamente de como Damon andava. – Joelhos separados, peito estufado, braços e punhos firmes, nariz empinado, postura reta. Andava com autoridade e com confiança no solo em que seus pés pisavam. O mesmo parecia temer á quem por ele andava.

– Eu vou falar com ela! – Disse Matt, sem escolha.

– Não! Não, é perigoso, Matt! Eu desconfio que ela esteja desligada!

Caroline correu para o banheiro de onde viu Elena sair. Ao abrir a porta, o susto.

– Tyler, Matt... Ajudem-me! – Chamou ela, com discrição para não chamar atenção dos outros estudantes da pista de dança.

Depois de limpar a sujeira no banheiro, Matt saiu do banheiro com Tyler. A única saída foi deixar o corpo onde estava. Seria uma tragédia em plena terça de manhã. Mais um garoto morto com o pescoço dilacerado.

– Vou ligar para o Ric... Ela está descontrolada. Não consigo mantê-la na linha! – Apelou Caroline.

– Não, Care! Ligue para o Stefan. Provavelmente o Jer já deve ter voltado e está na nova casa de vocês aqui em Whitmore. – Pediu inteligentemente Matt.

– Eu vou chamar o Alaric! – Disse Tyler se retirando do salão.

Caroline ligou para o celular de Stefan.

– Caroline Forbes! O que te leva a me ligar às duas e meia da manhã? – disse Stefan atendendo com voz de sono.

– Desculpe se te acordei! É urgente... O Jeremy já chegou?

– Sim, Caroline ele está dormindo feito uma pedra! O que houve, hem? – indagou Stefan impaciente com sono.

– Preciso que você venha pra cá quando amanhecer! Traga o Jeremy. É a Elena... Ela saiu dos trilhos! Temos que tirá-la daqui. Amanhã o colégio entra em luto!

– Por quê? Como assim? – Estranhou Stefan acendendo o abajur e se levantando.

– Ela matou ninguém mais, ninguém menos do que o filho do diretor! Brian Brave. Tinha vinte e um anos e já estava em seu quarto período em medicina.

Caroline olhava pela janela do salão de festas enquanto dizia isso a Stefan. Elena já não estava mais ali. Mas lá fora, de alguma forma, não se sabe como, o nevoeiro cobria a grama. Não só a grama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ela está descontrolada. Prometeu seguir em frente, porém exatamente como ele fazia... Ela quer ele a qualquer custo... Ela precisa dele. Jeremy, Stefan, Alaric e nossos heróis farão o possível e o impossível para livrá-la desse abismo.
O empenho em tentar manter Elena na linha, não adiantará de nada se o esforço não vier da mesma. Ela necessita da presença e da essência dele nela, nem que para isso a garota precise se tornar como ele.
Até onde nossa Elena irá para ter o impossível para si? Lembrando que seus amigos estão seguindo em frente e já não podem desperdiçar seu tempo tentando lutando pela recuperação de quem não quer se recuperar.
Eles precisam seguir em frente, e Elena também... Mas infelizmente ela não consegue... Ela não pode... Damon era a sua vida
"Não posso viver sem ele!"