Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 6
Kuzco


Notas iniciais do capítulo

Que bom escrever mais um capítulo para vocês. Queria começar o capítulo agradecendo muitíssimo a todos os que comentaram e favoritaram essa história, vocês são incríveis e eu adoro ter pessoas tão inteligentes lendo a minha fic. Bem, é isso, boa leitura.



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– ... Mas senhor, você não pode estar me pedindo isso - O homem patético e grande de aparência pacífica suplicava de joelhos, eu adorava isso - Sair daqui apenas para procurar chocolate é suicídio!

– Você está certo, seja qual for seu nome, eu não estou lhe pedindo nada, estou ordenando - Eu disse, um pouco entediado, enquanto balançava um crânio de esqueleto com as minhas mãos - E você, como um súdito leal e bom, segue as minhas ordens.

– Senhor...

– E considere isso como um ato de caridade meu - Eu olhava para o homem de vestes verdes que estava abaixo de mim - Foi descoberto que você andava bisbilhotando as coisas por aqui, fazendo perguntas... Eu, como imperador, não poderia deixar isso continuar, podia? Você podia estar morto agora, plebeu, devia me agradecer!

– Meu nome é Pacha! - O homem agora gritava, ótimo, mais um rato que não conhece o seu verdadeiro lugar na cadeia alimentar - E se você acha que vai me mandar para o inferno só para conseguir umas porcarias de chocolate, você...

– Eu não acho, Sacha... - Eu disse imponentemente me levantando do meu "trono" e deixando o crânio que eu estava segurando de lado - Eu tenho a certeza que você vai fazer isso. E sabe por que? Porque você é um covarde, você vai fazer tudo o que eu lhe mandar fazer na esperança que vai estar seguro aqui dentro de Kuzcotopia. Novidades, meu amigo, você vai, sim, fazer o que eu estou mandando.

Com um sinal das minhas mãos, dois guardas saíram de trás do meu trono e se prepararam para leva-lo para fora. O homem fez um sinal com a mão indicando que poderia ir sozinho, mas eu disse aos guardas para o carregarem mesmo assim. Fiquei só no meu lugar favorito entre todos, a sala do trono. Antigamente, aqui era uma quadra de basquete, mas retirando as redes e as substituindo pelo meu imponente trono, ainda causava um efeito assustador para quem chegasse ali. Na verdade, quando eu digo trono, eu me refiro ao objeto em formato de poltrona totalmente formado por crânios humanos. A maioria era de pessoas que se transformaram em um daqueles monstros que comem carne humana, mas não todos.

Eu era o imperador de Kuzcotopia, um lugar quase que totalmente ileso ao fim do mundo. Havia sobreviventes, plantações, lugares para se divertir e, o mais importante, eu, o Imperador Kuzco. Na verdade, eu era totalmente agradecido ao destino por ter acontecido esse apocalipse, antes do começo do fim do mundo, eu era apenas um jovem rico e esnobe que cursava ciências políticas e ia para festas ocasionalmente. Agora, eu era um imperador rico e esnobe que havia criado um lugar perfeito para sobreviver e subjugar aqueles que sempre estiveram a baixo de mim. Eu amo tanto a minha vida.

Resolvi me levantar e da um passeio pelo meu império. Saí da quadra e tive um vislumbre de Kuzcotopia. Era um lugar enorme que antes foi o condomínio onde eu morava. Haviam casas de dois andares brancas espalhadas por toda área. Havia também, do lado direto da quadra, uma piscina enorme com um toboágua pequeno que eu adorava escorregar. Avistei muitos homens e mulheres trabalhando no que eu havia os designado para fazer. Plantavam, limpavam e cortavam de acordo com a minha vontade. Obviamente, eles não estavam muito felizes com essa situação, mas eu tinha sob o meu controle vários guardas que asseguravam a ordem no meu grande império. A minha namorada, Malina, já havia me dito mil vezes que o que eu estava fazendo não era moral e ter escravos era algo antiquado, bem, talvez eu seja um homem a moda antiga mesmo.

Caminhava imponentemente por Kuzcotopia quando escuto o som irritante da voz do meu melhor amigo, Kronk, me chamando. Era um homem grande e moreno, seu cabelo era grande e ia até os ombros, mas por trás de seu jeito de brutamontes, era apenas um garoto burro e manipulável que eu gostava de ter por perto. Além de um bom ouvinte, Kronk era um excelente guarda-costas.

– Kuzco! - O jovem gritou enquanto corria para me dar um abraço. Esse era Kronk, um homem irritantemente afetuoso - Que bom ver você! E, aí? Como foram as coisas com o Pacha?

– Ah... Você sabe... - Eu não poderia contar a verdade para ele, tinha um coração muito puro e não poderia desconfiar das minhas verdadeiras intenções - ... Foram ótimas! Sacha é um homem muito bom, ofereceu os seus serviços para encher Kuscotopia de mantimentos, não é incrível?

– Sério?!

– Seríssimo! - Eu disse dando um tapinha nas costas do grandão e o convidando para se juntar a mim no passeio - Eu disse que poderia ser perigoso, mas ele estava tão certo que era a coisa certa a se fazer que eu simplesmente não pude deixar de atender ao seu pedido!

– Isso é incrível, Kuzco! - Kronk afirmou animadamente enquanto saltitava ao meu lado - De qualquer forma, deixa eu lhe contar as novidades por aqui. Bem, Rudy estava sentindo dor nas costas, mas aí eu e a Malina achamos uns remédios em uma das casas e agora já está tudo bem. Além disso, eu encontrei aquele esquilo de novo, estou quase convencido que consegui me comunicar com ele, afinal...

A partir daí parei de prestar atenção no homem grande e moreno que falava ao meu lado. Embora eu gostasse de ter Kronk por perto, eu não poderia deixar de pensar o quão estúpido ele era. Era inacreditável que ele ainda estivesse vivo depois de tanto tempo de apocalipse, ás vezes penso que, se ele não estivesse seguro em Kuzcotopia, era quase certo que ele correria até um Jaguar, que era como nós chamávamos os mortos, e lhe daria um abraço. Se eu era uma pessoa tão horrível como eu ouvia ás vezes, eu pagava todos os meus pecados mantendo Kronk vivo.

– ... E a Yzma está querendo falar com você - Minha atenção voltou para Kronk mais - Kuzco, você está me ouvindo?

– Claro que sim, Kronk! - Eu disse com ironia, mas o meu tom passou despercebido pelo homem musculoso - Dores, esquilos e Yzma, tudo muito interessante. Mas, e então, ela ainda está chateada por ter sido expulsa do conselho?

– Acho que não - Kronk respondeu inocentemente observando uma borboleta que passava por perto - Ela até te convidou para jantar. Bem, eu acho que agora eu tenho que ir! A Yzma me pediu ajuda com a comida e, sinceramente, ela está precisando de muita ajuda! Até mais, Kuzco!

Vi meu amigo desaparecer por uma das ruas do condomínio e dei meia volta em direção a minha própria casa. Logicamente, entre todas as residências de Kuzcotopia, a minha era a maior. Era uma casa de dois andares totalmente branca, mas com o meu símbolo escrito no muro: Uma lhama pintada de vermelho. Subi os dois degraus que separavam a minha porta de vidro do chão e entrei. Ver a minha casa era sempre um espetáculo para os olhos. Por fora, ela era como qualquer outra casa, mas a beleza estava para aqueles que eu considerava dignos de me fazer uma visita. Era uma casa com paredes de mármore e piso de granito, com pinturas raras e vasos de rodeados com pedras preciosas. Parte desse luxo, eu conhecia desde que nasci, mas a maioria foi conquistada após o apocalipse.

Vivia naquela casa, junto comigo, a minha namorada, Malina. Ela estava sentada no sofá branco de veludo que ficava no canto da sala. E estava da forma que eu mais gostava de encontra-la: Completamente nua. Seu cabelo preto estava jogado para trás e seus grandes olhos negros me fitavam a alma. Suas duas pernas morenas estavam abertas e ela me sorria com malicia.

Eu amava a minha vida.

...

O jantar que Yzma e Kronk prepararam estava delicioso, mas eu não quis demonstrar isso e apenas sorria ao provar um dos divinos bolinhos de baunilha que estavam na bandeja a minha frente. A sala de Yzma era um pouco escura já que a maior parte da energia de Kuzcotopia ia para a minha própria casa. A única luz acesa no recinto era a do candelabro de cristal que iluminava a mesa onde eu e minha anfitriã comíamos. A mesa era longa e cada um de nós ocupava uma das cabeceiras de lá. Yzma estava usando um vestido longo roxo e continuava tão horrenda como sempre. Ela era tão velha que sua pele era cinza, tinha olhos estupidamente grandes e as rugas em sua face não ajudavam em nada para a deixar mais bonita. Além disso, era muito magra e parecia inofensiva. Há quem diga que Yzma já foi bonita em sua juventude. Eu, pessoalmente, acredito que sua juventude foi há muito tempo atrás. E como se isso já não fosse o bastante, Yzma fedia. Mas não era um cheiro ruim comum, era um cheiro podre, tão ruim como o de algum jaguar.

– Então... - Eu falei tentando puxar assunto, o jantar estava totalmente constrangedor - ... Você está linda esta noite, Yzma, fez alguma coisa na pele ou o que?

– Ah, que bom que você notou - Ela forçou um sorriso em sua pele enrugada e coçou o seu pescoço - Esfoliei.

– Ah - Eu disse distraidamente - Legal.

– Então... - Yzma disse olhando para uma mancha escura na parede - ... Talvez eu devesse chamar o Kronk para se juntar a nós, ele está lá na cozinha!

– É - Eu disse junto com um suspiro - Pode ser...

A minha anfitriã se levantou e se dirigiu até a cozinha. Eu comecei a encarar uma ervilha que estava no meu prato e comecei a brincar com ela, a ervilha ia de um lado para o outro e os meus olhos a acompanhavam. Ela driblava os pedaços de arroz que também estavam no prato. É, quando se está entediado tudo passa a ser interessante. Ouvi um barulho de porta abrindo e julguei que deveriam ser Yzma e Kronk voltando. Mesmo assim, não os dei atenção e continuei o meu divertidíssimo jogo da ervilha. Os passos de Kronk chegavam cada vez mais perto de mim e eu pensei que ele deveria está querendo um abraço.

– E aí, grandão? - Eu disse, ainda distraído com o meu afazer - Tudo bem?

Porém, pela primeira vez desde sempre, Kronk continuou calado, mas continuava se aproximando. Levantei meu olhar até o meu amigo e fiquei sem ar no mesmo instante. Não era Kronk que estava lá, quer dizer, era, mas não era ao mesmo tempo. A pele bronzeada típica do meu amigo havia sido metamorfoseada em uma carne podre e cinzenta, seus olhos castanhos agora estavam vidrados e ele mordia o ar compulsivamente. Meu amigo havia virado um deles.

– Kronk?! Mas como...?

– Ah, Kuzco... - Yzma, apareceu na porta da cozinha, estava de braços cruzados e a escuridão da sala a rendia um aspecto sombrio - ... Esse idiota sempre foi fiel a você quando vivo não é? Vamos ver se agora, já morto, isso muda!

– Mas... - Eu estava confuso, me levantei rapidamente e não tirava os olhos do Jaguar que queria se alimentar da carne do imperador - ... Por que?

– Por todos, por mim, mas principalmente por você! - Yzma disse em um tom superior - Você tratou mal todos nesse lugar, Kuzco, e deu o golpe final quando me expulsou do cargo no conselho.

– Mas...

– Você não entende, imperador? - Yzma disse com nojo, Kronk tentava me alcançar, mas eu desviava dele sem dificuldades - Eu não sou a vilã aqui... Eu estou libertando esse povo de um tirano como você! Abaixo a Kuzcotopia!

– Quer saber, velha? - Eu gritei chegando perto dela, peguei o seu corpo magrelo e o joguei contra a parede, ela bateu a cabeça e, claramente, sentiu muita dor - Eu não vou ficar aqui vendo você caducar! Amanhã, espere a fúria de seu imperador!

Peguei uma das facas que estavam na mesa e enfiei entre os olhos de quem um dia havia sido o meu melhor amigo. Com passos decididos me dirigi até a porta de vidro. Porém, ao chegar lá notei que os guardas que antes eram fiéis a mim estavam me esperando do lado de fora. Todos eles estavam pintados de azul e de vermelho e me pareciam mais assustadores que qualquer coisa que eu havia visto antes em toda a minha vida. Gritei e tentei fugir, mas eles me capturaram.

Segurando-me pelos braços os guardas me levavam para a saída do que antes era Kuzcotopia. Todos aqueles que antes serviam para mim, saíram de suas casas e aplaudiam enquanto eu passavam. Eu havia construído para eles um lugar seguro e eles me retribuíram com ingratidão. Meus olhos procuraram por Malina por todo o trajeto, mas não tive sucesso. Ao chegar na grande muralha que dividia Kuzcotopia do lado de fora, os guardas me arremessaram com toda a sua força para o outro lado do muro. A dor do impacto foi grande, mas nada comparado a dor que eu senti ao notar que eu não estava sozinho do lado de fora.

O corpo da mulher que eu amava estava lá também. Malina continuava nua, mas seu corpo estava dividido em dois. Sua cabeça estava de um lado e o corpo em outro. Sobre sua pele eu pude sentir o cheiro de urina e esperma. Meus olhos se encheram de lágrimas, Yzma tinha cometido a sua maior maldade ao não ter me matado porque, bem...

... Porque eu odiava a minha vida.


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Notas finais do capítulo

Se tem uma indústria cinematográfica que eu realmente admiro é a Marvel (que faz parte da Disney, olha só que legal), o que ela faz com os seus filmes é realmente interessante. Ela estabelece regras e expande o seu universo, faz referências e junta todos os seus elementos. É mais ou menos isso que eu estou tentando fazer com essa história. A cada capítulo eu estou tentador aumentar esse universo e os rumos que essa história pode tomar me deixam cada vez mais animado. Na próxima semana nós acompanharemos a história de uma personagem bastante conhecida por todos, mas que nessa fic demonstrará um lado até então desconhecido. Quem será ela?
Enfim, por hoje é só pessoal, conto com o seu comentário porque é realmente ele que movimenta a fic e me faz ter mais vontade de continuar.
Abraços, Polo.