Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 17
Jane, Arquimedes e Clayton


Notas iniciais do capítulo

Eu estou ocupado, muito ocupado mesmo. A escola está nas retas finais e eu não estou encontrando muito tempo aqui. Por isso que eu estou demorando (muito) para responder os seus comentários e para ler as histórias que eu acompanho aqui. Isso não é, de nenhuma forma algo que representa certo afastamento da minha parte ou algo do tipo, é apenas a falta de tempo. Em especial, queria dizer a Snow Winter que você não está no vácuo. Eu vi o seu comentário incrível no último capítulo e a sua recomendação também, quando eu tiver tempo eu farei sua homenagem.
Quero agradecer por todos vocês continuarem firmes e fortes aqui e comentando toda a semana. Também queria dizer que vai demorar até que eu consiga postar novamente, mas eu não abandonei NCT, sério, não se preocupem.
Sem mais delongas, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526851/chapter/17

O ar puro do bosque entrava em meus pulmões e eu finalmente estava tendo todo o contato com a natureza que eu almejava desde pequena. Porém, a realidade era que eu não estava nem um pouco adaptada a esse ambiente. Sempre fui uma garota tola e urbana, uma verdadeira filha de Nova Londres, era bem verdade que eu estudava para um dia ser uma bióloga, mas eu não podia negar que o calor estava insuportável e a presença irritante dos mosquitos a minha volta estavam começando a me incomodar. Entretanto, evitei reclamar ao máximo por causa do meu pai que estava bastante animado com aquela expedição para estudar os Gorilas, o nome que nós demos para aqueles que voltavam dos mortos, e eu não podia estragar o seu momento.

– Olhe, Jane! Não é extraordinário? – Meu pai, um homem baixo e de poucos cabelos brancos, devaneava empolgado – Pai e filha, e Sr. Clayton , juntos em uma missão para buscar uma cura para o fim do mundo. Compreende o que viemos fazer aqui? Nós podemos ajudar toda a humanidade.

– Viva! – Sr. Clayton, um homem musculoso que ia a frente com uma arma para nos proteger em nossa missão comentou sem nenhuma empolgação – Mal posso esperar.

– Eu não entendi o que você quis dizer com isso...

– Não dê ouvidos para ele, pai – Eu disse dando abraço no homem que havia me criado sozinho desde a morte de minha mãe – O Sr. Clayton só está sendo mal humorado como sempre.

O caçador me fitou com um olhar ameaçador, o qual respondi com um sorriso seguido de uma careta. Nós três continuamos seguindo o caminho por entre as árvores. Há poucas horas atrás havíamos deixado nossa antiga companheira de viagem, Ariel, no meio da estrada e agora adentrávamos cada vez mais no coração da mata. Depois de mais alguns minutos de caminhada chegamos a uma clareira que parecia o lugar ideal para acamparmos.

– Vamos acampar aqui – Sr. Clayton anunciou retirando a sua mochila e observando atentamente o perímetro – De acordo, professor?

– Oh, mas com toda a certeza! – Meu pai comentou animado olhando algumas briófitas que ele encontrou no local – Mas que belo lugar que você escolheu, Sr. Clayton, veja esse belo exemplar de Bryopsida aqui nessa rocha. Por deus, a fauna desse local deve ser exuberante, Oh Sr. Clayton, eu não sabia que você tinha um conhecimento científico tão apurado.

– E nem eu – O homem de cabelos castanhos comentou rindo começando a arma uma barraca – Bem, vai demorar um pouco até que o acampamento esteja pronto. Sintam-se livres para dar uma volta por aí.

– Ah, eu dispenso. Estou atrasado na leitura de um ensaio feito pelo Dr. Milo James a cerca de civilizações antigas, não posso perder essa chance – Arquimedes Porter, meu pai, frisou enquanto retirava um livro azul de sua mochila – Você me acompanha, Jane?

– Oh não, papai – Respondi, não estava muito interessada em leitura naquele momento – Eu estava pensando em seguir o conselho do Sr. Clayton e dar uma volta por aí.

– Ah... – Meu pai parecia um pouco desapontado – Mas tome cuidado, sim? Nessas matas podem haver Gorilas e eu odiaria começar o meu sobre mortos sem a minha filha.

– Eu vou me esforçar ao máximo para ficar viva, papai – Respondi rindo – Mas não precisa se preocupar, eu sei me virar sozinha.

Sorri para ele e me dirigi em direção a mata, sem antes me munir de uma peixeira, é óbvio. A verdade é que eu nunca fui muito boa em matar Gorilas, mas eu era esperta e sempre conseguia despistá-los. Eu não estava nem minimamente assustada. Depois de andar por alguns poucos minutos eu observei um mico que estava calmamente mastigando uma manga em cima de uma pedra. O sol da tarde acrescentava uma beleza ímpar aquela paisagem. Olhei mais atentamente para o animal e descobri que se tratava de um Saimiri Sciureus, eu precisava desenha-lo. Tirei o meu caderno de desenho da bolsa que eu carregava e comecei a trabalhar.

Tentei copiar cada detalhe do animal na gravura, tendo muito cuidado com qualquer ameaça exterior que eu poderia sofrer. Depois de mais algum tempo ilustrando, o meu desenho estava completo. Fiquei tão contente com o resultado que fui mostrar para o “modelo” como ele havia ficado na gravura.

– Está vendo, Saimiri Sciureus? – Sorri para o macaco que olhava curioso para o meu desenho – Não, ficou bom? O que você acha?

O espécime pareceu estar contente de início, o que me deixou bastante satisfeita. Porém de repente, ele tirou o caderno de desenhos da minha mão e começou a correr em direção à floresta. Por um momento eu fiquei confusa com o que havia acabado de ver, mas comecei a correr atrás do primata.

– Devolve o meu desenho, peste! – Eu gritei inutilmente procurando o mico por todos os lados enquanto corria – Isso não lhe pertence, seu maldito! Se queria o seu desenho deveria ter pedido!

Eu corria com toda a ferocidade de um leão procurando uma presa para predar. Porém, a cada momento que passava eu sentia que aquela busca estava se tornando inútil, afinal, era só um caderno com desenhos, não me ajudaria a matar ou estudar os Gorilas. Eu estava totalmente perdida em meus pensamentos quando senti minha bota prender em algo no chão. Olhei para baixo e notei que meu pé estava enroscado entre as raízes de um grande árvore, comecei a puxar a minha perna com força. Meu esforço deu resultado e consegui me soltar da árvore, não sem antes cair com tudo no chão. A queda havia me machucado um pouco, mas minha atenção foi desviada totalmente para os sons que eu escutava a minha volta. Eram eles. Eram os Gorilas. Puxei a minha peixeira rapidamente e me pus em pé. De repente apareceram no meu campo de visão o que me pareciam ser mais de duas dezenas de mortos, eu seria uma presa fácil.

Porém, um deles, que era alto e que não vestia nada, a não ser uma tanga (algo que eu achei bastante indecente) saiu do meio deles. O homem tinha pele morena e músculos bem definidos. Seu cabelo castanho era todo composto por dreads e seus olhos azuis e selvagens me analisavam por completo. Ele veio em minha direção e eu apenas parei a minha respiração. Então, o homem misterioso se virou em direção aos Gorilas e disse algo que me parecia ser incompreensível. Todos os mortos pareciam ter entendido o que ele disse e se afastaram de mim, voltando para o meio da floresta. O homem de tanga pareceu que ia segui-los, mas antes de se afastar se virou em minha direção.

– Nos falamos depois.

– O que você.... Quem... – Eu disse ainda sem palavras sobre o que acabara de testemunhar – Quem é você?

– Eu me chamo Tarzan – O homem com dreads disse sério – E você?

– Jane – Eu disse automaticamente – Eu me chamo Jane.

– Tarzan – Ele apontou para si mesmo e depois para mim – Jane.

– Isso...

Antes que eu pudesse continuar a falar qualquer besteira o homem começou a se movimentar para dentro da mata como se fosse um deles. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu precisava contar para o meu pai o que havia descoberto. Corri de volta para o acampamento completamente esquecida que o meu caderno de desenhos continuava desaparecido.

...

– Estou lhe dizendo papai, era incrível – Eu disse enquanto desenhava o homem que eu havia visto em um quadro negro com giz – Era como se ele pudesse realmente se comunicar com eles.

– Ah, é? Mas isso é incrível, Jane! – Meu pai se juntou a minha animação batendo palmas – Já imaginou o que podemos aprender com esse homem?

– Eu sei! isso é bestial! – Eu o abracei com força – Pai, nós vamos salvar o mundo!

– Hã... Sem querer atrapalhar a comemoração nerd nem nada – A voz de Clayton fez se ouvir pelo o acampamento. O homem estava sentado no chão fumando um charuto – Mas do que vocês estão falando?

– Jane encontrou em seu passeio um homem que, possivelmente, sabe se comunicar com os Gorilas – Meu pai respondeu dando um sorriso – Isso pode mudar muito a nossa concepção sobre tudo nesse mundo.

– Espera, e o senhor realmente acredita nisso?

– Ora, Sr. Clayton, estou lhe dizendo – Eu disse afetada por ele não acreditar na minha palavra – Eu o vi, o Tarzan é real.

– Professor, viemos aqui para estudar os Gorilas – O caçador relembrou – E não para alimentar o fetiche de uma menina por homens de tanguinha.

– Fetiche? – Eu engasguei com a saliva – Ora, mas que absurdo, como já disse antes, o Tarzan é...

Então, antes que eu pudesse terminar a frase a minha visão pousou no homem moreno e quase sem roupas que adentrou o acampamento saindo do meio das árvores. Ele levantava os braços para cima para mostrar que não carregava nenhum tipo de arma e se aproximava com passos calculados. Cruzei os braços e sorri para o caçador que encarava Tarzan de boca aberta. Meu pai foi o primeiro a se adiantar e dar um caloroso aperto de mão no visitante.

– Oh, Tarzan, ouvi muito sobre você, que bom que você é... Bem... – Papai parecia um pouco tímido -... Real.

– Hã... Obrigado – O homem disse sorrindo e meio confuso – Eu acho.

– Oi Tarzan.

– Jane – Ele disse correndo em minha direção e me dando um abraço, o que eu achei estranho porque só havíamos nos encontrado uma vez, mas quem sou eu para reclamar não é mesmo? – Que bom te ver.

Eu me afastei do homem que me envolvia em seus braços e tropecei em algum galho solto no chão. Equilibrei-me rapidamente e dei um sorriso meio tímido para o visitante.

– Ah, oi Tarzan – Por Deus, eu estava parecendo uma tola – É bom te ver também.

Tarzan foi então à direção de Clayton que ainda o olhava incrédulo. Porém, quando viu que o homem selvagem se aproximava ele recobrou a postura e deu um forte aperto de mão no moreno que devolveu com força equivalente. Os dois ficaram naquela posição por algum tempo medindo forças. Por alguma estranha razão, eu estava achando aquilo muito bom de assistir.

– Prazer, eu me chamo Clayton – O caçador se anunciou finalmente – E você deve ser Tarzan, um passarinho me contou que você fala com os mortos.

– Bem, ouvi dizer que é um passarinho muito bonito – Soltei uma risada, olhei para o meu pai preocupada com a sua reação, mas ele não parecia compreender as indiretas de Tarzan – Mas temo que isso não seja verdade.

– O que? – Papai estava abismado – Você não fala com os Gorilas?

– Que nome estranho de se dar a eles – Tarzan se afastou de Clayton e falou em tom casual – Eu já ouvi muitos nomes para os mortos. Vocês os chamam de Gorilas, um garoto de cabelos brancos que passou por aqui os chamava de Soldados de Copas, eu, bem, eu os chamo de família.

Eu e meus companheiros de viagem nos entreolhamos, eles pareciam tão confusos quanto eu. Eu entendia que quando alguém perdia um ente querido e esse passasse por uma transformação era difícil aceitar que ele já não estava mais presente, mas considerar um daqueles selvagens como “família” me parecia um conceito um tanto que invertido.

– Eu entendo a confusão de vocês, eu mesmo reavalio a minha sanidade várias vezes quando penso com quem eu vivo todos os dias – Tarzan encarava o chão – Mas essa é a verdade, eles são a minha família e, na minha concepção, estão vivos.

– O que?

– O que é estar vivo? – Tarzan nos explicava, pela maneira que ele se portava passou pela minha mente que ele podia ser um acadêmico antes do fim do mundo – Biologicamente, falando, claro. É ter metabolismo, é precisar se alimentar e lutar pela sobrevivência. Os Gorilas, como vocês chamam, por mais que sejam uma ameaça, bem... Estão vivos.

Eu não sabia o que dizer. Tudo o que ele falava parecia um absurdo, mas estranhamente fazia total sentido. O que é estar vivo, afinal? Comecei a roer as unhas, um costume que eu tenho quando me sinto confusa.

– Eu fui adotado ainda pequeno por uma grande família que sempre me acolheu nas dificuldades – Notei em seu tom de voz uma dor que eu nunca havia presenciado antes – E todos se transformaram, Eram agora eles que estavam com dificuldades, minha obrigação era estar lá por eles.

– É uma bela história, mas não muito esclarecedora – Sr. Clayton cruzou os braços – Como você consegue ter controle e passar ileso por entre as feras?

– Minha família me perseguiu por muito tempo e acabamos chegando nesse bosque, no primeiro dia eu tive que escalar em uma árvore se queria ficar ileso a eles – Tarzan respondeu, seus olhos azuis pareciam um pouco distraídos – Só Deus sabe o que passou pela minha cabeça naquele instante. O que importa era que havia uma fruta naquela árvore, uma que eu nunca havia visto em toda a minha vida. Eu sei que poderia ser venenosa, mas estava faminto, eu tinha que comer.

– E depois?

– E depois, Jane, no outro dia, quando eu finalmente decidi descer da árvore, eles não estavam mais interessados em mim, era como se eu fosse um deles – Tarzan falou como se também não acreditasse nisso – Aliás, mais que isso, era como se eu fosse algum tipo de líder para eles, eles me seguiam para onde eu fosse. Eu só preciso comer aquela fruta uma vez por semana. Eu sei, é difícil de acreditar...

– Muito.

– Sim, eu sei, Clayton, muito difícil de acreditar – Tarzan continuou – Mas foi o que aconteceu, e eu agradeço muito aos céus por isso. Eu continuou com a minha mãe. Com o Kerchak, o Tantor, a Terk. Pode ser doentio, mas eu estou com eles, eu estou com a minha família.

– Tarzan... – Eu disse cautelosa me aproximando dele, ninguém deveria passar por o que esse homem passou. Perdeu todos aqueles que foram importante para ele alguma vez na vida e para continuar com os fantasmas daqueles que já foram quem ele tanto amor tinha que ingerir algo que nem mesmo ele compreendia, larguei a minha timidez e dei um abraço nele - ...Eu sinto muitíssimo.

Olhei para o meu pai que andava de um lado para olho encarando o chão. Havia algo perturbando a sua mente, só eu sabia o quanto aquele homem era genial, ele estava planejando algo importante. Ás vezes ele olhava para as árvores e depois para Tarzan, um sorriso se iluminou em sua fase.

– Meu jovem, eu já sei como vamos conseguir parar esse apocalipse – Meu pai sorriu por trás de seu grande bigode branco – Nós vamos trazer sua família de volta a vida.

...

Um mês havia se passado e havíamos trabalhado muito no estudo da fruta que havia sido apelidada de simplesmente “Fruta” e em como utiliza-la para trazer os mortos de volta a vida, aparentemente estávamos prontos para o primeiro teste do soro que o meu pai havia criado. Tarzan estava muito animado por isso e eu ficava contente em vê-lo assim.

Havíamos ficado muito próximos nos dias que se passaram. Eu contava sobre todas as aventuras que eu havia vivido na estrada acompanhada do meu pai, do Clayton e da Ariel. E ele me contava como era a sua família para mim. Kala, a sua mãe adotiva, segundo Tarzan, era a melhor mulher do mundo. Isso me fazia pensar na minha mãe, que havia morrido ainda quando eu era pequena, mas eu não me sentia mal, eu me sentia feliz que o Tarzan pôde ser cuidado por alguém tão boa quanto a Kala. Seu pai adotivo, Kerchak era um homem violento, mas Tarzan disse que sabia que no fundo ele o amava, também disse que foi graças a ele que ele havia se tornado forte. Já Terk e Tantor eram seus primos e melhores amigos, ri muito das histórias que ele me contou sobre eles.

Era extraordinário o quanto o Tarzan era extraordinário. Ele era engraçado, gentil, profundo, corajoso e, por mais que eu detestasse admitir que notava isso, dono de um corpo moreno e sarado que eu era obrigada a olhar sempre que ele chegava perto de mim.

No momento eu estava de mãos dadas com ele, olhando o Gorila que um dia foi Kala sentada em uma cadeira, com suas mãos e pernas amarradas. Dava para notar que ela devia ter sido uma mulher muito linda quando viva. Sua pele negra e corpo cheio de curvas, somado com seu cabelo volumoso dava certa sensualidade à mulher, o que era completamente estranho, vindo do fato dela já está com a carne um pouco podre e com um fedor notável. Meu pai estava com uma seringa pronto para injetar o soro na mãe de Tarzan. E Clayton estava com uma arma apontada no caso de acontecer qualquer coisa. O homem que infelizmente não usava mais tanguinha estava claramente nervoso com aquela situação, mas havia concordado com o procedimento.

– Tarzan, você sabe que esse soro pode não funcionar, certo? É difícil prever o que vai acontecer quando eu ejetar a mistura na sua mãe – Meu pai disse em um dos raros momentos que estava sério – Precisa se despedir agora.

– Mãe... – Tarzan se ajoelhou aos pés da Gorila que mordia o ar - ... Eu não sei se você consegue me escutar, eu não sei se você consegue entender o que eu estou dizendo. Mas o que eu estou fazendo agora é algo bom, algo que vai lhe tirar deste estado triste... Eu te amo tanto, Dona Kala, eu só quero te abraçar mais uma vez – E então ele olhou para o meu pai e fez sim com a cabeça - Pronto, Professor Porter, pode continuar.

Meu pai assentiu e enfiou a agulha no braço da mulher e colocou o soro no organismo dela. De imediato nada aconteceu, mas depois de algum tempo o Gorila começou a gritar. A mulher parecia desesperada como se algo estive machucando. Por alguma razão eu não conseguia assistir aquela visão. Soltei a mão de Tarzan e me virei para vomitar. Porém a cobaia não parava de sofrer convulsões, até que depois de alguns segundos finalmente parou. Ela não se movia, estava finalmente morta. Tarzan se ajoelhou e pude notar que uma lágrima descia por sua face. Tive vontade de ficar ao lado dele e dizer que tudo ia ficar bem, mas eu sabia que deveria deixa-lo sozinho naquele momento, ele finalmente teria o luto que o fora roubado antes. Porém algo incrível aconteceu em seguida.

– Tarzan...

Bang!

Uma bala fora cravada na cabeça de Kala. Olhei assustada para o Sr. Clayton que havia disparado. O homem parecia tão surpreso quanto eu sobre o que acabara de ouvir, mas não parecia realmente arrependido. Tarzan o olhou com fúria e pela primeira vez eu não via mais um humano nele, e sim uma fera, e pulou em cima de Clayton. Eu estava muito confusa para entender qualquer coisa que estava acontecendo. Meu pai veio até mim e me abraçou, disse que deveríamos sair daquele lugar, acho. Mas eu não me mexia. Minha visão só estava focada na luta selvagem entre Tarzan e Clayton, os dois estavam com a clara intensão de matar o outro.

Tarzan o esmurrava e o mordia com velocidade, seus olhos ferozes estavam lacrimejando. Clayton tentava se livrar dele, mas parecia ser inútil. O moreno começou a esmurrar a cabeça do caçador repetidas vezes até que a cabeça dele começou a sangrar.

– Tarzan! – Gritei como um bicho – Pare! Você vai mata-lo!

O homem olhou para mim e isso foi o bastante para que a sua atenção fosse roubada. Clayton retirou uma faca do bolsou e enfiou na perna de Tarzan. E então segurou sua espingarda e mirou no homem selvagem.

Bang!

O corpo de Tarzan cai no chão, seu sangue foi espalhado pelo chão em volta. Eu dei um grito de horror e me assustei ainda mais quando vi que Clayton vinha se aproximando de mim. Com passos fortes e pesados ele veio até onde eu estava e com uma força enorme que eu desconhecia me arremessou no chão com toda a força. Virei-me para trás e vi que agora ele tinha meu pai nas mãos. O caçador me olhou por completa e então apontou a espingarda para mim. Um calafrio passou pela minha espinha.

– Por favor, não faça isso, Sr. Clayton – Meu pai suplicava com toda a sua força – Eu faço tudo o que for necessário para cooperar. Mas por favor, não mate a minha filha.

– Temos um acordo então, Professor – Clayton disse pegando no braço do meu pai e o carregando por entre a mata – O homem que me contratou quer conversar com você. – O caçador parecia se divertir com a situação – Ah, Sr. Porter, você vai descobrir quem tem medo do lobo mau.

...

Ele estava respirando. Por deus, Tarzan estava respirando. Um suspiro de alívio tomou conta de todo o meu ser. Eu não era uma estudante de medicina, mas na faculdade de biologia tínhamos aula de anatomia, eu iria conseguir retirar a bala dele. Olhei para trás e pensei em tudo o que eu havia passado naquele momento.

Eu vi um Gorila voltar de volta à vida, mesmo que por um breve minuto. Eu havia visto alguém que eu confiava me trair de forma tão inesperada e sequestrar o meu pai em nome de alguém que usava um codinome ridículo como Lobo Mau. Eu vi uma das poucas pessoas que eu me importava levar um tiro.

E, mesmo assim, eu estava em paz. Não estava assustada, estava pronta para encontrar o Sr. Clayton mais uma vez. Estava pronta para caçar o Lobo Mau e esse passaria a ser o meu objetivo naquele momento.

“É” Pensei “Nada mal para uma garota tola de Nova Londres”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como eu disse antes, vai demorar até que eu poste de novo, mas eu irei postar. E quando isso acontecer, meus amigos, algo novo vai acontecer. O próximo narrador não será um personagem da Disney, e sim da Dreamworks, quem será?
Preciso ir agora, preciso estudar química e física,
Abraços, Polo.