Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 16
Tio Patinhas


Notas iniciais do capítulo

E eis que estamos de volta.
O agradecimento especial de hoje vai para a Ghost Hunther por causa da sua nova recomendação. Aliás, ela é uma pessoa que dispensa comentários, sério, muito obrigado por tudo, Ghost, vou apoveitar para fazer propaganda da tua fic. O nome é Radioactive, senhoras e senhores, e como essa, tem como foco personagens de animação que devem sobreviver a um apocalípse zumbi. Mesmo assim, vocês verão diferenças visíveis entre as duas histórias, o que é muito legal porque aí você vai ter muitas visões diferentes de um mesmo tema (ainda em tempo, vejam Zombie Apocalypse da Baobei). A história é simplesmente viciante e garanto que vocês não vão se arrepender.
Bem, o capítulo que vocês estão prestes a ler é bem diferente do que vocês estão acostumados, sério. Para começar é bem menor, não quero dar spoilers sobre o que está por vir, mas garanto que é importante.
Sem mais delongas, boa leitura!



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O que os meus já fadados olhos assistiam através da janela de vidro que se estendia por toda a parede de meu escritório me feria a alma. A Caixa Forte ardia em chamas. Todo o meu império estava queimando diante de mim. Meus pensamentos foram levados até o tempo de menino quando eu trabalhava como engraxate para conseguir comprar algum pão para mim. Porém eu não gastava todo o dinheiro, eu economizava. Fui mudando o trabalho com o tempo, mas o meu velho costume de economizar nunca me largou, talvez por isso que eu tenho conseguido fundar o maior banco de toda a Disney Land.

Porém tudo aquilo havia acabado quando o fim do mundo veio à tona, o dinheiro já não importava para quase ninguém. Quase. Consegui encontrar e contratar pessoas que não foram enlouquecidas por causa de alguns mortos que andavam e que ainda viviam em função do maior bem que alguém pode conquistar nessa vida, o dinheiro. Essas pessoas viviam para me proteger e para zelar pela Caixa Forte, um dia o mundo se reergueria dessa crise e nós passaríamos a sermos os mais ricos entre todos.

Parecia um bom plano, de fato. Porém não foi isso o que aconteceu. Sobrevivemos bem por meses até que fomos invadidos hoje de manhã. Fui trancado no meu escritório e fui obrigado a escutar barulhos de tiros durante horas. A única visão que eu tinha era pela janela periférica que me apresentava à cidade de Patópolis, talvez a maior em todo o continente. E entre todos os prédios, o que mais se destacava era a minha maior criação, a Caixa Forte, uma estrutura enorme com um grande cifrão desenhado em relevo. E agora, ela queimava em maldosas labaredas de fogo.

Era triste demais para mim, soltei um suspiro e dei meia volta para me distanciar da janela. Levei um susto a perceber que eu não estava sozinho na sala. Um homem de casaco cinza com capuz e boné estava sentado na minha mesa executiva de braços cruzados. Eu não conseguir identificar o seu rosto de imediato, porém percebi que o homem apresentava uma barba mal feita e segurava uma arma em sua mão direita.

– Bom tarde, Sr. Scrooge – O homem disse dando um sorriso – Eu vim aqui porque acho que nós precisamos conversar.

Em toda a minha vida eu havia sido ameaçado. O homem mais rico de todo o continente é um alvo para qualquer tipo de interesseiro. Algo que eu aprendi em tantos anos de experiência é que eu não podia demonstrar medo, em nenhum momento eu deveria fazer o malfeitor pensar que estava no controle da situação.

– Quem é você? – Perguntei com voz firme enquanto ajeitava a posição dos meus óculos redondos – E o que você quer?

– Nossa, para quê, tanta pressa? Calma, nós viemos conversar aqui como dois homens civilizados – E então o homem musculoso de casaco cinca olhou para a arma e deu uma risada – Ou quase isso.

– Não tenho tempo para esses joguinhos mentais – Avisei – Vá direto ao ponto.

– Vocês sempre gostam de ir direto ao ponto, não gostam, Tio Patinhas? – O homem me chamou pelo apelido que eu fiquei conhecido no mundo dos negócios – Políticos, empresários, magnatas. Todos os que eu visitei até agora me pediram isso, e eu sempre consenti, mas eu acho que posso abrir uma exceção para você.

– O que você veio fazer aqui?

O homem me encarou por de trás do boné e do casaco e deu um longo suspiro como se estivesse decepcionado com algo. Algo em seu semblante me deixava bastante incomodado.

– Já que você insiste tanto em acabar com a diversão – Ele suspirou lentamente – Eu vim aqui para te matar.

– Ah...

– Mas não leve isso para um lado pessoal, claro – Ele disse pondo uma mão em meu ombro como se me consolasse – Eu mataria qualquer um que estivesse em sua posição.

– Bem, eu não quero morrer – Argumentei mantendo a calma – É dinheiro que você quer? Porque se esse for o caso, eu tenho muito, e não apenas na Caixa Forte, há várias contas espalhas por todo...

Antes de eu terminar a frase o homem avançou e deu um pesado soco em meu rosto. Por causa de minha idade, me senti instantaneamente fraco e caí no chão com tudo. Cuspi sangue no carpete e o homem veio em minha direção para me ajudar a levantar. Recusei a ajuda e peguei a minha bengala que estava em cima da minha cadeira de couro. Fazendo força me levantei, o homem apenas me olhava.

– Me desculpa por isso, acho que me excedi – Ele disse fazendo chacota – Mas eu não vim aqui por dinheiro, eu vim aqui com o papel de purificar a sua alma, Scrooge – O homem barbudo fez uma pausa – Sabe, hoje, até a hora de você morrer, você vai ser visitado por três fantasmas.

– Do que você está falando agora? – Eu não tinha mais nenhuma fagulha da paciência com aquele homem – Se vai mesmo me matar, faça isso logo, não quero ouvir o que você tem a dizer.

– O mundo não gira ao seu redor, Tio Patinhas, hoje eu faço as regras por aqui – O homem se levantou da mesa e começou a andar pelo meu escritório olhando as fotos que estavam no recinto – Bela família.

– É apenas o idiota do meu sobrinho – Respondi querendo mudar de assunto – Não vale a pena você gastar o seu tempo procurando-o.

– Ah, não, eu sei quem ele é – O homem disse derrubando a foto no chão e fazendo o mesmo com cada objeto que ele encontrava em seguida – Donald, certo? Ele trabalha para o governo, certo? Ouvi dizer que ele é amigo pessoal do presidente. Mas, calma, tudo ao seu tempo. Não é sobre o seu sobrinho que nós vamos conversar hoje, certo? É sobre você e a sociedade.

– O que você quer dizer com isso?

– Fantasma do Natal Passado – O homem disse ignorando a minha pergunta e derrubando um livro que estava na estante – Vejo um velho que já desaprendeu a ser gente. Que apenas pensa em lucrar e não já deseja mais ajudar os outros. Vejo uma sociedade inteira gritando em busca de querer consumir mais e mais, e vejo os mais puros sofrendo com isso. Vejo rios de dinheiros e mares de sofrimento. Vejo um homem em especial que nada nesses rios e que afunda cada vez mais em sua própria ganância.

– Está falando de mim, não é? – Disse compreendendo em parte o que o homem dizia – Ora, se acha que me assusta com essas dúzias de palavras decoradas está totalmente enganado. Eu ainda...

– Fantasma do Natal Presente – O homem me cortou e agora falava em tom mais alto – Vejo um homem, entre vários, que viu o quanto essa sociedade estava errada. Tudo o que esse homem quer é transformar a humanidade em algo melhor e para isso... – O homem caminhou até o meu lado e fez um movimento para a janela como se apresentasse algo -... Ele teve que criar o caos. Enquanto o mundo está lutando para se reerguer, esse cavaleiro solitário está limpando o mundo da escória que o apodreceu para começo de conversa. Vejo a verdade, vejo que o caos é o estado natural das coisas.

Tentei abrir a minha boca, mas nenhum som saia. Aquele homem era completamente insano, o que ele estava dizendo? Tudo o que eu havia entendido é que ele, de alguma forma, tinha tido alguma responsabilidade pelo que estava acontecendo. Será aquilo verdade? Olhei para a janela e para a Caixa Forte, uma fumaça preta coloria o céu de fim de tarde de Patópolis. Os passos pesados do homem vieram em minha direção, ele ficou atrás de mim, pude ouvir a bala sendo carregada. Continuei olhando para a Caixa Forte.

– Fantasma do Natal Futuro – O homem falou com um tom sombrio – Vejo um mundo lindo onde todas as pessoas, finalmente, são felizes. Mas, engraçado, Tio Patinhas. Eu não vejo você e toda a sua raça de homens gananciosos entre essas pessoas. Ah, já ia me esquecendo, eu também vejo uma lápide com o seu nome escrito. Pena que eu não vejo ninguém chorando por você, Scrooge, você foi esquecido. Como um homem solitário viveu e como um homem solitário vai morrer, é triste, mas é verdade. Boa noite, Scrooge.

– Espera! – Gritei, eu havia desistido de manter a calma – Quem é você? Por que eu?

– Fico grato que você tenha perguntado, Tio Patinhas. Quem eu sou? Bem, não importa, importa? Eu sou uma ideia, sou a utopia, mas sou um homem enquanto isso. Vocês, homens pequenos, sempre se esconderam da sua verdadeira natureza de animal. Sua verdadeira natureza de lobo. Isso porque você são covardes, vocês tem medo! Mas agora me responda, Tio Patinhas, me responda e terá a sua alma salva! – O homem falava com uma empolgação contagiante, eu me derramava em prantos, eu iria morrer, depois de uma pausa o homem voltou a falar, agora com uma voz pausada e calma – Quem tem medo do Lobo Mau?

...

Bang!


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Notas finais do capítulo

Sem lista de atores hoje, galera, vamos falar de fases. Bem, quando eu penso em NCT eu costumo dividir em fases.
A fase um se iniciou com o começo da história e foi até o capítulo 7 onde Cruella narrou pela primeira vez. Essa fase foi marcada com capítulos mais curtos que buscavam apresentar esse universo e os personagens que lá viviam. Conhecemos os zumbis, os cachorros, o Cobra Bubbles e as bases militares.
Já a fase dois é desde a segunda narração do Peter até esse capítulo que você acabou de ler. Nessa fase a palavra chave é desenvolvimento. Temos mais desevolvimento dos personagens aqui e nós começamos a ter alguma pista do que está por vir.
Agora vamos a fase três pessoal! A palavra chave daqui será respostas e será lançada em breve. Para abrir essa fase teremos uma nova narradora (sim, uma garota, afinal faz tempo que eu só narro como caras) que já apareceu por aqui com um papel menor. Quem será?
Só queria lembrar que o que mais me leva a continuar escrevendo é o comentário de vocês, sério, eles me fazem muito feliz.
Bem, é isso, até próximo capítulo, abraços, Polo!