Nightmares Come True escrita por Polo


Capítulo 15
Chapeleiro Louco


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo narrado pelo Peter Pan, senhoras e senhores! Mas antes vamos aos agradecimentos especiais.
Começando por Inaah, como foi avisado semana passada, que recomendou a história. É desnecessário dizer o quanto sou grato por isso e o quanto eu gosto de ter você por aqui. Sério, mesmo que sempre comentando pouco, Inaah é o tipo de leitora fiel que sempre vai estar lá. É muito bom ter alguém como você por aqui, muito obrigado.
Também queria agradecer ao Murilo de Lima que também recomendou NCT. Ele mesmo havia dito que começou sendo um leitor fantasma, mas algo mudou dentro dele e ele resolveu voltar a comentar por aqui (desde o princípriom diga-se de passagem), ele sempre tem observações muito interessantes sobre o capítulo e eu adoro saber o que ele achou da história. É uma honra ter você como leitor, Murilo.
Bem, acho que é isso. Próxima semana eu irei homenagear a leitora Ghost Hunther (Sim, mais uma vez kkkk) esperem e verão.
Sem mais delongas, boa leitura!



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Era noite e nós estávamos reunidos em nosso esconderijo: Em volta a uma árvore oca e enorme localizada no centro da ilha. Alguns poderiam dizer que aquele não era o melhor lugar para se esconder, porém havíamos montado tantas armadilhas pelo perímetro que não havia perigo algum ficarmos um pouco relaxados. A verdade era que a Terra do Nunca havia nos deixado distraídos. Sendo totalmente livre de Soldados de Copas, eu e os outros nove sobreviventes nos preocupávamos apenas com possíveis ataques invasores.

Há cerca de duas semanas atrás havíamos sido atacados por um homem chamado John Silver e seus capangas. Graças as nossas engenhosas armadilhas e ao treinamento constante com armas que eu gerenciei aos Meninos Perdidos pudemos nos livrar facilmente dos piratas. Porém agora estávamos sempre revezando a vigia do porto da ilha. Havia apenas uma área ao redor da Terra do Nunca que havia a possibilidade de um navio atracar e isso facilitava bastante para fazer a vigia. Naquele momento, eram os gêmeos que estavam fazendo a guarda, o resto estava no centro da ilha em volta de uma fogueira.

Tod, um garoto loiro e com olhos astutos, estava comendo uma manga ao lado de outros três Meninos Perdidos: Coelho Branco, Kit e Nemo. Desde que vencemos os invasores conseguimos muitos suprimentos, inclusive roupas, e por isso agora os garotos não precisavam mais andar com roupas de animais o tempo todo. Mesmo assim, eles haviam mantido os capuzes de bichos como modo de não esquecer o que havia acontecido no navio de Gepeto.

Eu estava sentado observando as chamas queimarem na fogueira e Sininho estava ao meu lado com a cabeça encostada no meu ombro. Nós havíamos nos tornado bastante próximos com o passar do tempo e eu estava começando a suspeitar que ela pudesse estar desenvolvendo algum tipo de sentimento por mim, vai saber, eu sou um pouco lento quando se trata de garotas.

E falando em garotas, Alice e Wendy se aproximaram bastante nos últimos dias. Elas nunca haviam se gostado muito, mas naquele exato momento elas estavam sentadas um do lado da outra. Alice, aliás, me lançava um olhar fuzilante. Eu simplesmente não conseguia entender o que estava acontecendo.

– Nós devíamos sair dessa ilha maldita de uma vez – Kit Cloudkicker, um garoto rechonchudo com cabelos castanhos e vestindo um capuz de urso, comentou olhando para baixo – Sério, nós estamos sendo caçados, não percebem? Não é seguro ficar aqui.

– Ah, claro, até porque é muito mais seguro do lado de fora, onde Soldados de Copas tentam te devorar e você tem que viver com medo – Respondi com ironia – Grande plano, Kit, mas isso está fora de cogitação.

– Sim, eu sei, mas...

– O Pan já tomou a sua decisão – Tod, o mais velho entre eles e que usava um capuz de Raposa parou de comer sua manga para olhar para o Urso como se o advertisse – E se ele falou, está falado, não se fala mais nisso.

– Sim, todos saúdem o grande Peter Pan – Alice disse claramente com tom de chacota – Ele que é tão sábio e inteligente, não devemos suspeitar dele nem por um momento, viva ao nosso grande líder.

– Escuta aqui, garota – Sininho falou antes de mim, claramente alterada, ela e Alice estavam se estranhando já a algum tempo – Se você tem algum problema com ele pode dizer de uma vez invés de ficar fazendo esses joguinhos.

– Não, com ele está tudo bem, fadinha – Alice disse, referindo-se ao fato de Tinker ser baixinha e ter orelhas pontudas, se levantando e agarrando um abacaxi que estava no chão – Mas, agora, com você eu tenho certos problemas, sim.

– Ah, mas que coincidência, não é? – A outra loira se levantou e se armou com outro abacaxi – Porque eu também estou sentindo uma vontade enorme de resolver esses problemas.

Meu olhar, rapidamente, se encontrou com os olhos azuis de Wendy. Nós concordamos silenciosamente que algo deveria ser feito. Então nos levantamos, empurramos os abacaxis para longe das duas e as seguramos. Alice, como usual, estava enfurecida e queria partir para cima de Tinker que apenas a observava com um olhar desafiador. Os Meninos Perdidos riam da situação.

– Ah, Peter, não vem me dizer que você não está gostando disso – Tod falou em meio a uma exagerada gargalhada – Duas garotas lutando por você, isso é tão...

No mesmo momento que o garoto loiro disse isso, Alice se livrou dos braços de Wendy e partiu para cima dele. Claro que Tod tentava ao máximo não revidar, mas era perceptível que ele estava levando uma surra.

Nemo, um garoto ruivo e que tinha apenas seis anos, agora estava chorando. Isso foi o motivo para Wendy ir até ele para acalma-lo. Enquanto isso, Coelho Branco e Kit Cloudkicker discutiam se a Terra do Nunca era um lugar seguro ou não, com punhos, obviamente. Alice continuava atacando Tod que agora gritava para ela sair de cima dele. Sininho olhou para mim sorrindo e deu de ombros, soltei um supiro, era apenas mais uma noite comum na Terra do Nunca.

– Hã... Desculpa atrapalhar a festa – Uma voz conhecida disse entrando no acampamento e desviando de um soco surpresa de Kit – Mas... Nós temos visita, Pan.

– Silêncio! – Gritei e todos os que estavam a minha volta se calaram – Quem é essa pessoa, Cody?

– Na verdade eu sou o Zack, senhor – O garoto loiro de quatorze anos e capuz de texugo disse revirando os olhos – O Cody está fazendo vigia do prisioneiro. Eu não sei bem o seu nome – E então ele se virou para Alice que estava sentada em cima de Tod – Mas ele diz que conhece essa maluca.

...

Era um sujeito muito esquisito. Para começar o seu cabelo, que ia até o ombro era totalmente branco, mesmo ele sendo apenas um pouco mais velho que eu. Tinha um nariz exageradamente grande e redondo, dentes da frente proeminentes e sardas também. Estava vestindo uma roupa tão esquisita quanto a sua aparência. Usava um colete azul por cima de uma camisa social branca e um blazer laranja por cima desse mesmo colete. Porém o que mais chamava a atenção em sua aparência era um chapéu verde gigantesco que ele usava na cabeça, sem nenhum motivo aparente. Talvez por isso ele se alto intitulasse o “Chapeleiro Louco”.

– Pensei que eu fosse o chapeleiro – Comentei com Alice quando estávamos nós três sozinhos na praia – Quer dizer, você costumava me chamar assim.

– Não, não, não, espera... – O Garoto de cabelos branco se intrometeu se pondo entre mim e Alice que estava muda desde que o viu, até seu jeito de falar era estranho, pois ele desafinava a voz com frequência -... Você é o novo Chapeleiro?

Ele me observou de cima para baixo colocando a mão no seu queixo. A sua expressão revelava que ele estava muito concentrado enquanto me analizava, comecei a me sentir incomodado com isso e o olhei de forma ameaçadora. Porém, ele fez algo muito mais surpreendente que me atacar: Ele veio até mim e me abraçou.

– Obrigado – O Chapeleiro Louco disse com uma voz emocionada – Obrigado por ter cuidado da Alice.

Ao ouvir isso, Alice não se aguentou e começou a chorar. Mas não era um choro silencioso, embora ela tentasse fazer aquilo parar, era um choro exagerado e gritante. Ela, em um momento, não se aguentou mais em pé e se ajoelhou na areia da praia. O Chapeleiro parou de me abraçar e me deu um empurrão fraco e se ajoelhou ao lado de Alice, quem ele passou a abraçar com força. Ela ao receber o abraço chorou ainda mais. Por alguma razão eu desviei o olhar e fiquei a encarar o meu pé até que eles terminassem a cena exagerada.

– E então, amigo? – O Chapeleiro disse ainda sentado e abraçado a Alice no chão da praia, ele apresentava um sorriso enorme no rosto – Onde é o acampamento? Sério, vocês não imaginam o quanto eu estou com vontade de beber chá outra vez.

– Ei, calma, eu ainda tenho algumas perguntas para fazer a você – Eu argumentei de forma nada simpática – E eu não sou seu amigo.

– Peter!

– Mas é a verdade Alice! – Eu disse encarando a loira que havia se levantado e me olhava com olhos azuis e furiosos – Além disso, eu não o conheço.

– Mas eu o conheço! – Alice me encarava de uma forma que me deixava nervoso – O Reginald é alguém que podemos confiar!

– Eu tenho a certeza que sim! – Respondi com um tom de voz imponente – E é por isso que não vai ter problema eu interroga-lo!

– Tenho certeza que não! – Alice gritou para mim e depois se virou em direção a mata apontando o dedo do meio para mim – Onde estão os Soldados de Copas quando a gente precisa de alguém para esmagar a cabeça?

Olhei para Reginald e ele estava me encarando com seus grandes olhos azuis que me fitavam de maneira curiosa. A sua atenção se voltou para a mata que Alice havia sumido e depois para mim mais uma vez. Ele pareceu que ia dizer alguma coisa, mas desistiu por talvez achar que era melhor ficar calado, porém depois ele levantou a mão como que se fizesse uma pergunta.

– Pode falar.

– Você realmente não sabe como tratar uma dama, não é? – O Chapeleiro perguntou se levantando do chão e limpando a areia de sua calça – Então, você quer me interrogar? Pode vir com tudo, detetive, porque hoje eu estou...

– Certo, vamos para onde interessa – O jeito excêntrico do garoto de cabelo branco e chapéu me irritava bastante – Como você sabia que Alice estava aqui?

– Bem, eu... – Ele tirou o chapéu verde e começou a coçar a cabeça - ...Antes de expulsarmos a Rainha de Copas do País das Maravilhas – Ele fez uma pausa quando notou que eu não entendia o que ele estava falando – Que é o manicômio de onde eu e a Alice viemos, caso ela não tenha lhe contado, eu escutei uma conversa entre ela e um homem misterioso. Eles falavam sobre essa ilha e sobre uma de nós ser um dos sobreviventes que estava aqui – E então ele olhou para o reflexo da lua no mar – Quando eu descobri que a Alice estava viva, bem... Eu tinha que ir atrás dela.

– E você está me dizendo que atravessou alguns bons quilômetros com um barco de remo apenas para reencontrar ela?

– Loucura, né? – O Chapeleiro Louco disse rindo – Uma vez eu perguntei para ela se eu era realmente maluco, sabe o que ela me respondeu? – Ele continuou falando como se eu tivesse interessado em saber – Que sim, eu era, mas aqui vai um segredo... – Ele fez uma pausa dramática – Que as melhores pessoas são assim.

...

Já havia se passado uma semana desde a chegada de Reginald a Terra do Nunca. Ele, depois de muita insistência por parte de todos na ilha, tirou a sua espalhafatosa vestimenta para colocar algo mais normal no lugar, embora o seu chapéu continuasse em sua cabeça. Ele havia se integrado ao grupo rapidamente e a única pessoa além de mim que guardava algum tipo de antipatia ao Chapeleiro era Sininho que, por ter o pai que ela teve, queria distância de pessoas loucas.

– Eu tenho um lugar seguro, Pan – O Chapeleiro me disse certa enquanto estávamos procurando por frutas frescas pela mata – Longe dessa ilha insana, nós podíamos ir até lá.

– Quer lugar seria esse, Chapeleiro Louco? O seu manicômio? – Eu perguntei com desdém – Não me parece uma boa ideia. Além disso, o grupo decidiu que aqui é o nosso lugar. Ninguém sai.

– Isso não é verdade – Ele argumentou dando um sorri e se virando em minha direção – As pessoas querem sair daqui. Eu andei conversando com todos aqui e descobri que alguns não acham que esse é o melhor lugar pra ficar.

– Ah, é? – Eu indaguei em tom de desafio – E quem lhe disse isso?

– Kit Cloudkicker, o garoto urso, conhece? – Reginald respondeu estreitando o olhar – Ele já veio me procurar muitas e muitas vezes fazendo perguntas sobre o País das Maravilhas. Além disso, os gêmeos e aquela garota, Wendy, estão tendo certas dúvidas sobre esse lugar. Apenas Tod, Coelho Branco e Sininho não deram opinião, são muito fiéis a você para dizer qualquer coisa.

– E Alice? – Perguntei sério notando que ele, talvez propositalmente, havia se esquecido de falar sobre ela – O que ela disse?

– Bem... – Ele parecia meio constrangido em continuar falando, então deu um sorriso nervoso - ...Ela me disse que iria para qualquer lugar longe de você – E então ao notar a minha expressão, o Chapeleiro pegou o balaio que eu estava levando algumas frutas e deu meia volta – Hã... Talvez eu devesse te deixar sozinho, né? Meus pêsames.

Vi-me sozinho com os meus pensamentos e com muitas plantas úmidas que decoravam a mata da Terra do Nunca. Que tipo de líder eu era? Para começar, eu nunca havia me candidatado para ocupar esse cargo, desde que sobrevivemos à ameaça do Gepeto todos começaram a me tratar como alguma espécie de mentor. Alguém que, por mais que as coisas parecessem sombrias, conseguiria lhes levar a salvação. Eu no começo havia aceitado aquela condição de bom grado, e até me senti orgulhoso por ela, porém o tempo passou e eu vi que tudo aquilo era demais para mim. Todas aquelas vidas estavam em minhas mãos. Ficar naquela Ilha onde poderíamos ser atacados era a melhor opção? Seguir um louco de volta a um mundo onde mortos andam por aí era? Quem era o Chapeleiro Louco e por que eu deveria confiar nele? Pelo que eu sabia, ele havia vindo de um manicômio, tudo o que ele havia dito poderia ser ilusão de sua cabeça.

– Confuso, Peter?

– Ah, Wendy, eu nem percebi você aí – Falei ao notar que a garota com cabelos cor de mel e olhos azuis me observava sentada em uma rocha – Ah... Você nem imagina o quanto.

– Ah, eu imagino sim, Peter – Ela suspirou, seus olhos me revelavam sinceridade – Estou preocupada com você, desde que o Reginald chegou você tem agido diferente.

– Você notou?

– Todo mundo notou.

– Bem, eu não esperava que fosse tão óbvio assim – Eu ri com um tom meio melancólico – Mas é verdade.

– Fico apenas imaginando o motivo – Ela disse revirando os olhos e abrindo um sorriso bobo – Será que tem a ver com certa garota loira e de olhos azuis que anda implicando com você?

– Você está falando da Alice? – Eu ri, mais uma vez, só que mais nervoso. Parei para pensar por um instante, será que a garota tinha a ver com toda a confusão que eu estava sentindo? – Eu não sei, Wendy, o que você acha?

– Eu acho que você está bastante confuso com os seus sentimentos – Wendy falou olhando para a mata – Entre a lunática Alice e a sempre presente Sininho. Talvez até pela perfeitinha Wendy, vai saber.

– O que? – Eu novamente ri – Wendy, eu...

– Eu sei, talvez o nosso tempo já tenha passado – Wendy comentou um pouco triste – Você agora pertence a outro mundo sendo o grande líder da Terra do Nunca e eu... – Ela me deu um sorriso -... Eu não levantei nenhum abacaxi para lutar por você.

– Ah, Wendy, você é incrível – Comentei abraçando a garota – Olha só pra nós, conversando sobre relacionamentos como qualquer adolescente normal, enquanto o inferno acontece lá fora – Fiquei sério – Por isso que eu acredito que esse lugar seja o melhor para se está.

Wendy concordou com a cabeça e nós continuamos sentados na pedra por um bom tempo conversando. Descobri das saudades que ela tinha de toda a família Darling e eu contei sobre o tempo que eu a observava pela janela de seu quarto. Éramos completamente normais naquele momento.

Um movimento se fez ouvir nas folhagens e nós passamos a ficar mais atentos. A tensão estava estabelecida até que um garoto dentuço, de cabelos castanhos claros e com um capuz com orelhas enormes de coelho apareceu na nossa frente, ele parecia aflito e sem fôlego.

– Pan – Ele falou olhando para o chão, claramente nervoso – Problema, Urso, piratas, atacar, agora, minha culpa.

– Acalme-se Coelho Branco – Disse em um tom de voz imponente – Me diga claramente o que aconteceu.

– Eu estava fazendo vigia com o Kit, nós fomos desatentos e saímos do ponto de vigia, estávamos discutindo bastante sobre a segurança da ilha – Coelho disse alarmado – E ele estava certo, aqui não é seguro. Fomos invadidos por homens munidos de facas que vieram em duas lanchas. Eles capturaram o Kit, mas não conseguiram me pegar porque eu fui mais rápido – Ele respirou fundo antes de continuar – Não estão querendo entrar na mata, devem ter medo de armadilhas. – Deu pra notar que o garoto estava pronto para começar a chorar – Eles vão matar o Kit.

– Ninguém vai morrer aqui – Respondi me levantando – Agora vamos, temos que salvar um Menino Perdido.

...

Todos, com exceção de Nemo que, ao ter sido convencido a ficar por Wendy pelo fato dele ser muito pequeno para lutar, vieram para a tentativa de resgate. Todos estavam munidos com lâminas e prontos para fazer o que fosse necessário. O Chapeleiro que caminhava ao meu lado parecia ser o mais nervoso entre todos, embora ele tentasse disfarçar isso fazendo uma piada ou outro pelo caminho.

– Qual é a semelhança entre o corvo e a escrivaninha? – Ele perguntou e não obteve resposta – Não? Ninguém? Tudo bem, eu nem sabia a resposta dessa de qualquer forma.

Porém ao chegarmos perto da praia fizemos silêncio total. Eu e Tod íamos à frente olhando pelas brechas da vegetação. Por alguns buracos pude ver que havia cerca de seis homens adultos munidos com facões por lá. Um deles, pequeno, de meia idade, barrigudo e com um gorro vermelho estava segurando a faca no pescoço de Kit que estava ajoelhado no chão. Eles estavam esperando por nós.

– Qual é o plano, Pan? – Tod perguntou baixinho – O que nós devemos fazer?

O que fazer? Se fossemos lá calmamente para conversar seriamos certamente capturados, afinal, os piratas estavam esperando por nós. Se atacássemos de surpresa haveria o risco de eles cortarem a garganta de Kit bem na nossa frente. Porém, se eles quisessem ver o garoto morto já teriam feito isso. Eu já sabia o que devíamos fazer.

– Meninos Perdidos! – Gritei imponentemente – Atacar!

Todos os que estavam atrás de mim soltaram um grito e, ao mesmo tempo, corremos até a praia segurando as nossas armas. Todos os piratas pareciam surpresos em nos ver, o elemento surpresa havia funcionado com perfeição. Meu olhar se moveu rapidamente até o homem que ameaçava a vida de Kit, ele estava assustado e não havia matado o garoto ainda, perfeito. Zack e Cody pularam na direção de um dos piratas. Wendy e Sininho ficaram com outro que pareceu rir no começo por ter que enfrentar duas garotas, mas logo foi surpreendido com as habilidades das duas. Alice e Coelho Branco se juntaram contra outro. Apenas, eu, Reginald e Tod ficamos sozinhos contra os nossos respectivos adversários.

O meu, no caso, era um homem grande, careca e com uma longa barba negra. A pesar da força de seus golpes, era muito lento, e eu tive confiança que não seria uma batalha de lâminas difícil. Sendo muito ágil, desviei de seus golpes e cravei uma facada em sua coxa direita. O sangue saiu de sua perna e o homem urrou de dor. Isso só fez com que ele se zangasse ainda mais e então, ele se levantou e veio correndo com a faca apontada para mim. Fiquei petrificado por um momento até que o homem caiu de cara com a areia da praia. O Chapeleiro, que havia colocado o pé para que ele caísse sorriu para mim. Enfiei uma facada em seu ombro, inutilizando o seu braço bom. Olhei para os lados e me senti orgulhoso, nós estávamos claramente ganhando. O homem gordo que tinha Kit como refém começou a recuar.

– Se vocês se aproximarem eu juro que corto a garganta dele – Ele disse com a voz trêmula – Vamos sair daqui.

Todos os adultos se levantaram e olharam ressentidos para nós. Eu não sabia o que fazer, eles estavam levando Kit embora, não podíamos ficar parados, mas se nos movêssemos o nosso amigo seria certamente morto. Os bandidos haviam nos dado um xeque-mate.

Todos eles subiram na mesma lancha e calmamente ligaram o motor. Olhei para os que estavam a minha volta e ninguém sabia o que fazer. A embarcação começou a se afastar da praia e o homem com Kit o levou até a parte de trás da lancha para que todos pudessem vê-los.

– Me desculpem por isso, mas ordens são ordens, não são? – E então o pirata fez um movimento rápido com a lâmina e cortou a garganta do garoto que jorravam sangue por todos os lados, em seguida ele jogou o corpo de Kit no mar e sacou uma arma de seu bolso – Viva ao Capitão Gancho!

BANG

Senti a bala na minha perna como a picada de uma cobra. Doía muito, mas eu apenas estava preocupado com o que acabara de ver. Foi tudo tão rápido, havíamos sido enganados, Kit havia sido morto, e os invasores partiram impunes. E agora minha perna sangrava e sangrava bastante. A lancha desapareceu sobre as ondas. Sininho soltou um grito e veio correndo até mim. Ela colocou a minha cabeça, que pesava, em seu colo e começou a mexer no meu cabelo.

– Não fiquem aí parados, idiotas – Ela se rompiam em lágrimas – Vão no esconderijo e peguem algo pra tratar esse ferimento. Oh, Peter Pan...

– Vocês viram o que aconteceu hoje – O Chapeleiro Louco disse se ponde na frente de todos – Eu digo que chegou a hora de abandonarmos essa ilha.

– Reginald – Sininho o olhou com um olhar de repreensão – Não é o momento.

– É exatamente o momento, Tinker Bell! – O garoto de cabelos brancos até o pescoço disse imponente – Nós escolhemos ficar aqui e fomos facilmente invadidos e um de nós foi morto! E sem motivo algum! Eu posso ser um louco, mas o maior louco é aquele que ainda deseja ficar em um canto que pode ser morto a qualquer momento. Eu digo que basta! Eu gosto de verdade de você, Pan, mas não dá mais! Vamos dar o fora da Terra do Nunca!

– Como ousa...

– Não, Sininho, ele está certo – Eu falei, a dor da minha perna continuava me queimando, mas eu iria sobreviver, o que mais me doía era tudo o que havia acontecido – Eu fui um péssimo líder, proibi qualquer um de deixar essa ilha. Kit sempre nos alertou dos perigos que corríamos e eu não lhe dei ouvidos. Sintam-se livres para fazer o que quiserem.

Alice foi a primeira a se movimentar no grupo. Por um momento eu pensei que ela estava andando até o Chapeleiro, mas ela veio se sentar perto de mim, ao lado de Sininho.

– Você está bem, Peter?

– Já estive pior – Respondi fazendo uma careta – Que bom que você ainda se preocupa comigo.

– Claro que eu me preocupo – Ela disse se inclinando para me dar um beijo na testa – Nunca deixei de me preocupar.

Sorri para a garota. Já havíamos passado por muitas coisa. Lembro no dia quando Wendy e eu a encontramos na praça matando Soldados de Copas por diversão. Ela que sempre me fez rir e que trouxe um pouco de insanidade para o meu mundo. Como eu poderia ser egoísta a ponto de não a deixar livre?

– Vá com o Chapeleiro para o País das Maravilhas.

– O que?

– É o que você quer, eu sei disso – Respondi sorrindo para Alice – E eu só quero te ver feliz.

– Mas, Peter...

– Está tudo bem, Alice – A garota chorava um pouco – Pode ir.

O rosto de Alice veio em direção ao meu e me deu um beijo de despedida em minha bochecha, pude sentir as lágrimas quentes que pingaram em me rosto. Alice se afastou e deu um abraço em Sininho, que retribuiu surpresa. A garota se levantou e foi em direção ao garoto de chapéu gigantesco o qual lhe recebeu com um abraço.

Os Meninos Perdidos pareciam sem saber o que fazer, eles se entreolhavam e não pareciam chegar a uma conclusão. Wendy saiu do meio deles, com o vento batendo em seu cabelo cor de mel e foi a vez dela fazer seu discurso.

– Eu fico – Ela começou dizendo – Eu fico porque já sofri demais lá fora. Eu sei que perder um de nós dessa forma é terrível, mas imaginem quantos já estariam mortos se continuássemos lá fora. Eu fico porque acredito que o temos aqui é vida. Eu acredito na Terra do Nunca – E então Wendy me olhou de forma afetuosa – E eu acredito no Peter Pan.

Essas palavras foram o suficiente para Tod, o garoto ruivo com capuz de raposa vir até a minha direção e apertar a minha mão com força.

– Eu estou contigo, Pan, para o que der e vier!

Zack e Cody se entreolharam e os gêmeos vieram em minha direção. Eles sorriam e eu pude saber que podia contar com eles dois, apenas Coelho Branco parecia indeciso. Até que ele, cabisbaixo, foi em direção ao Chapeleiro.

– Nada contra você, Peter – Ele disse, entristecido – Mas eu devo isso ao Kit, ele me avisou e eu não acreditei nele.

– Peter Pan, muito obrigado pela sua hospitalidade – O Chapeleiro Louco disse se dirigindo a lancha acompanhado por Alice e Coelho Branco – Se um dia mudar de ideia, estamos no manicômio em frente a praça vermelha lá em Nova Londres, não é difícil nos achar, até mais!

Observei a lancha deles se distanciando da Terra do Nunca. Eu me sentia morto e com o coração extremamente pesado. A verdade que eu não queria admitir era que eu não queria que eles fossem. Eu não queria que ela fosse. Eu queria nadar até a embarcação dela, abraça-la com força e pedir que ela ficasse.

Invés disso eu fiquei na areia da praia e a minha perna sangrava.


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Notas finais do capítulo

Só queria avisar que a ideia de transformar NCT em uma série está fazendo sucesso e estou em negociações avançadas com várias emissoras para fazer isso acontecer.
Enfim, brincadeiras a parte, vamos continuar com a brincadeira de escolher os atores que intrepertariam os nossos tão queridos personagens?

Hades - Woody Harrelson http://i.usatoday.net/life/_photos/2012/02/10/Woody-Harrelson-is-mesmerizing-in-Rampart-68VID3H-x-large.jpg

Phil - Danny Devito http://pmcdeadline2.files.wordpress.com/2010/04/danny-devito-1.jpg

Cobra Bubbles - Samuel L. Jackson http://www.cinemaemuitomais.com/wp-content/uploads/2014/04/samuel-l-jackson-guns.jpg

Pinoquio (Travis) - David Mazouz http://fanthefiremagazine.com/wp-content/uploads/2014/05/Gotham-TV-2.jpg

Roger - Spike Jonze http://lounge.obviousmag.org/praticando_godot/assets_c/2014/02/capa-thumb-800x533-58833.jpg

Anita - Andrea Riseborough http://www.celebheights.com/pr1/andrea-riseborough.jpg

Gaspar - Hugh Laurie http://www.carolduncan.net/wp-content/uploads/2014/05/Hugh-Laurie-Wallpaper-3.jpg

Sininho - Peyton Roi List http://img005.lazygirls.info/people/peyton_roi_list/peyton_roi_list_mars_needs_moms_premiere_zyO7BYH.sized.jpg

Chapeleiro Louco - Freddie Highmore http://s1.reutersmedia.net/resources/r/?m=02&d=20140304&t=2&i=853252346&w=580&fh=&fw=&ll=&pl=&r=CBREA230FXA00

Zack e Cody (essa foi fácil): Dylan e Cole Sprouse http://cbsmix1065.files.wordpress.com/2012/05/cole-dylan-sprouse-zack-cody-look-like-now-today-recent-photo.png

Eu estou tendo muita dificuldade para escolher uma Lilo, deixem no comentário uma atriz que vier na cabeça de vocês para me ajudar. Bem, acho que é só isso, queria deixar claro que eu realmente gosto muito de receber o comentário de vocês e realmente são eles que me movimentam. Até a próxima semana.
Abraços, Polo.