O despertar do Apocalipse escrita por AHSfan


Capítulo 7
Você não entenderia se soubesse -


Notas iniciais do capítulo

Maior capítulo até agora, espero que sejam pacientes na leitura e que o ritmo esteja bom!
Confesso que eu realmente queria entregar pra vocês uma experiência completa do que nós teremos pela frente. Ação, mistério e muito mais... Drama.
Quero agradecer em especial a todos que chegaram até o episódio numero 7 da saga e que leram os 6 capítulos de uma tacada só, ou aos poucos, mas que enfim chegaram aqui e deixaram comentários encantadores.
Essas pessoas lindas são: Lynn Fernandes, Fran Carvalho, Lady00Blue, Nêmesis, Nalani Cummings e Chrys Monroe!
Muito obrigada pela atenção de vocês e boa leitura!
Ps: Espero ansiosamente a opinião de vcs neste capítulo



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MAYA HARRISON

Um pouco antes de chegar ao prédio abandonado -

“Você sempre estará sozinha, Maya.”

Relembrar a frase proferida pelo garoto ruivo trouxe um mal-estar amargo ao coração de Maya. Ela prometera a si mesma que não deixaria essa ofensa idiota assusta-la e agora que Stella e Atlas a cercavam, ela sabia que tinha de dar o melhor de si.

Não estou mais só, ela pensou com firmeza.

Maya andava a frente dos outros dois, com sua jaqueta de animadora de torcida vermelha e laço amarelo prendendo os cabelos loiros em uma elaborada trança embutida. Ela observou a neve cair brandamente dos céus, derretendo ao tocar sua jaqueta e prontamente outra lembrança do garoto ruivo quis invadir sua mente, mas Maya se proibiu de pensar sobre ele. Ela tinha que prestar atenção ao que estava se dando naquele instante. Seu rosto ficou alerta e as sobrancelhas franziram repentinamente. Maya sentiu a áurea da bruxa tornando-se mais forte a cada passo que dava e olhou lentamente para o prédio abandonado a sua frente. A temperatura pareceu diminuir uns cinco graus e um murmúrio se fez ouvir. Ela esforçou-se para escutar melhor a lamúria infeliz que se repetia como um mantra.

Maya conseguiu distinguir as palavras “Nada...” e “Sem sentido”.

Ela adaptou seus olhos a escuridão e enfim avistou uma mulher, mais ou menos 3 metros de distancia da entrada. Ela estava vestida como uma executiva, segurando acima da cabeça um galão vermelho, deixando que o conteúdo fluísse por todo o seu corpo. O líquido escorria veloz em um fluxo rápido e impiedoso, simultaneamente espalhando o distinto odor de gasolina pelo ar. A mulher lançou um olhar vazio, rumo ao fio de gasolina que seguia uma linha reta até os pés de Atlas.

“O que é isso?” Maya ouviu Atlas questionar ao longe, soando distraído.

“Enfim, estou livre.” Sussurrou a mulher pegando um isqueiro azul do bolso do blazer preto e deixando que o galão vermelho escorregasse da outra mão. Ela estava prestes a empurrar o polegar contra a pequena engrenagem do isqueiro, ativando-o. Neste momento, a garota dos fios loiros notou que a mulher sorria um riso débil.

“Cuidado!” Maya gritou alertando os colegas com a voz imperativa enquanto Kyubey pulava de seu ombro numa velocidade impressionante.

O isqueiro que estava na mão da mulher fragmentos de segundos antes, caia vagarosamente rolando pelo ar, demorando-se para chegar ao chão. Entretanto Maya sabia que, sem dúvidas, tudo que estivesse ao alcance do pequeno objeto iria entrar em combustão. Logo, os joelhos da garota loira se flexionaram e ela se deixou levar pela adrenalina. Maya invocou seus poderes mágicos para que duas fitas douradas tomassem forma em suas mãos, direita e esquerda. Ela envolveu o corpo da mulher com as fitas até o pescoço e afastou-a o mais distante possível da trilha de fogo que surgiu no momento em que o isqueiro atingiu o solo.

Em seguida Maya virou-se em direção a Atlas e viu que precisava agir com urgência, pois as chamas velozes estavam prestes a alcança-lo. O coração dela bateu com força, Maya pôde sentir seu sangue ser bombeado velozmente, como se o órgão involuntário estivesse batendo contra suas costelas. Se ela vacilasse por um minuto que fosse o garoto, cujo potencial mágico superava o de todos os contratantes de Nova York, estaria morto. Então, Maya usou seus poderes para criar uma grande barreira de fitas diante de Atlas, segundos antes das labaredas de fogo poderem atingi-lo. Ela sabia, porém que a barreira não iria durar muito tempo, afinal mesmo a magia mais poderosa não seria capaz de resistir a chamas daquela magnitude.

“Atlas, saia daí!” Gritou Maya sentindo dentro de si a certeza que o labirinto da bruxa estava prestes a se manifestar, agora que o sacrifício humano tinha dado errado.

STELLA LANCASTER

Rápido demais, Stella pensou quando viu as línguas de chamas fazendo seu caminho em direção a Atlas. Tudo que ela teve tempo de sentir foi a horrenda onda de calor aquecer-lhe o corpo, fazendo-a cobrir o rosto com os braços. A temperatura desagradável à fez lembrar-se da viagem em família que fizera para conhecer os vulcões ativos do Havaí quando ela tinha 14 anos.

“Não é incrível Stella?!” Simon perguntara olhando maravilhado para a lava que escorria preguiçosamente como pasta de dente sendo espremida de seu tubo recipiente. Stella tentara falar, mas a sensação do calor era nauseante demais. E mesmo sendo o Havaí o destino turístico mais seguro para visitar e conhecer, Stella tinha certeza que poderia morrer desidratada a qualquer momento.

“Atlas saia daí!” A exclamação de Maya, cujo tom segurava uma nota de desespero, foi o suficiente para trazer Stella de volta a realidade. Era isso que ela precisava para agir. Stella correu, contornando as chamas e ignorando o calor, até alcançar a parte detrás da barreira de fitas onde Atlas deveria estar. Deveria estar, porque quando Stella finalmente alcançou o local ela não viu o melhor amigo e seu rosto começou a contorcer-se de preocupação.

“Atlas?” Ela chamou receosa, seu coração partindo-se ao mero pensamento de perder o melhor amigo.

Logo, porém Stella escutou a voz assustada de Atlas vindo detrás dela.

“E- Eu estou bem! Maya, eu estou bem!”

“Seu idiota!” Stella virou-se e o abraçou fortemente, sem hesitar. Ela não sabia como Atlas tinha conseguido sair dali, mas realmente não importava.

Stella estava grata demais para pensar sobre isso.

ATLAS YOUNGBLOOD

As chamas estavam prestes a toca-lo. Atlas arregalou os olhos com horror diante da possibilidade tão iminente de enfrentar a morte. Ele imaginou seu corpo ser rapidamente consumido pelas chamas e sua pele sendo derretida somente pela proximidade do fogo. Naturalmente, o pequeno incêndio se alastraria pelos pés dele e então a combustão iria empurra-lo para trás de forma que Atlas provavelmente chegaria ao chão já desacordado ou pior, morto. Ele praguejou mentalmente culpando-se por ser tão distraído, pois se não o fosse não teria pisado na trilha de gasolina e não estaria face a face com o ceifador. Atlas não veria mais a garota dos seus sonhos.

Era isso, não haveria tempo para despedidas, nem para arrependimentos.

Atlas semicerrou os olhos e sentiu a temperatura atroz do fogo, segundos antes que a barreira de fitas amarelas se fizesse diante dele. A princípio Atlas não conseguiu entender o que estava acontecendo, só havia a certeza incompreensível de que ele estava vivo. Então, ele finalmente se deu conta que Maya o salvara, novamente, utilizando sua magia.

“Atlas, saia daí!” Maya gritou distante.

Nesse momento Atlas notou que a voz dela não carregava a habitual sutileza, ao contrario, transbordava ali um tom incontido de urgência e preocupação. Talvez tenha sido essa percepção que o fez engolir em seco e piscar, uma única vez.

Todavia, ao abrir os olhos Atlas se viu em um local distinto. Ainda era o mesmo prédio abandonado e a mesma temperatura beirando o insuportável graças às chamas, porém ele não se encontrava mais atrás da barreira de fitas. Atlas estava do lado direito do fogaréu, onde ele avistou Stella de costas.

“Atlas?” Stella chamou-o baixinho soando insegura pela primeira vez em muitos anos. Atlas estendeu um braço e estava prestes a toca-la, mas então ele deliberou que deveria primeiramente avisar que estava a salvo.

“E- Eu estou bem! Maya, eu estou bem!” Atlas logrou gritar de volta, assim que conseguiu encontrar a própria voz.

“Seu idiota!” Stella falou chorosa virando-se e antes que Atlas pudesse pensar em qualquer coisa, foi logo surpreendido com um abraço apertado dela. Depois recuperar uma parte do equilíbrio ele riu brevemente abraçando-a de volta.

Após recolher as fitas mágicas, Maya sorriu consigo mesma ao ver os novos amigos abraçados, unidos. Ela estava feliz como não se sentia em muito tempo e seu espírito se encheu de esperança.

“Essa foi por pouco, hein?” Maya foi achegando-se e seu rosto projetava a alegria que sentia ao ver que seus amigos estavam bem.

“Você me salvou de novo Maya. Obrigado.” Atlas disse sorrindo enquanto Stella o soltava. Ele abraçou Maya que ficou imóvel apenas por um pequeno segundo antes de retribuir o gesto. Ao observar a cena desenrolando-se a sua frente Stella teve um pensamento fugaz, veloz como um relâmpago.

“Não há de que. Agora, prestem atenção, nós estamos só começando. O labirinto da bruxa vai se manifestar a qualquer momento.” Ela disse afastando-se e olhando de Atlas para Stella.

Entretanto, antes mesmo que Maya unisse os lábios ao final da última palavra, a mesma densa névoa do dia anterior sobreveio sobre os três jovens, como uma enorme avalanche branca.

“Fiquem perto!” Maya comandou enquanto o cenário ao redor dos jovens ia se transformando diante de seus olhos. As paredes do prédio abandonado pareciam se mexer indo e vindo para perto do trio. O chão sob os pés de Atlas tremia violentamente, desestabilizando-o. Ele respirou fundo, incerto do que viria a seguir, mas determinado a ficar para enfrentar o que fosse.

Atlas observou a mudança final acontecer quando as paredes finalmente tomaram uma posição, desfazendo-se até se tornarem grades avermelhadas e sujas, próximas do trio, apertando-os como em um corredor. O piso do prédio também se transformou em uma sequencia assimétrica de ladrilhos que poderiam ter sido brancos algum dia, pois se via ali uma cor indistinta entre marrom e vermelho. O local todo tinha ar de imundícia.

“Nossa missão será adentrar até o local mais profundo do labirinto e encontrar o coração da bruxa, para então destruí-la.” Maya falou com tranquilidade.

“Não se preocupem quanto ao incêndio lá fora. O labirinto deu um jeito nisso. Então vocês provavelmente não terão problemas com a polícia, os bombeiros ou os pais de vocês. Não hoje.” Ela completou piscando e dando as costas para andar à frente com Stella em seu enlaço. Vê-las se afastando foi o que levou Atlas a se apressar para não ser deixado para trás. Ele sentiu então Kyubey saltando em seus ombros e só aí se deu conta que por alguns minutos tinha se esquecido do animal misterioso. As luzes do teto piscavam no alongado corredor, elevando a atmosfera esquisita do local e fazendo com que Atlas sentisse bem cada batida de seu coração. Não demorou muito mais que quinze minutos de uma silenciosa caminhada para que o longo corredor fosse substituído por uma escada em espiral cujas voltas em torno de si deixariam qualquer um tonto. O corrimão das escadas era feito de arame farpado enrolado e acima das cabeças dos jovens via-se apenas um enorme abismo, mais escuro do que os olhos de Morfeu.

“Estão com medo?” Maya perguntou com um sorriso nos lábios rosados.

“Nem pensar.” Stella respondeu na lata. Ela realmente não parecia assustada, apenas cautelosa. Em comparação, Atlas ainda estava tentando decidir como se sentia. Ele sabia que não poderia afirmar com todas as letras que não estava assustado, mas ao mesmo tempo existia dentro dele uma crescente empolgação distinta de tudo que tinha experimentado antes.

Estar perto de Maya é contemplar em primeira mão como age um super-herói, Altas pensou.

Maya começou a descer as escadas, segurando a espingarda rente ao corpo e os outros dois a seguiram. O único barulho audível era o som dos passos apressados dos três, ecoando, repetitivos quase como uma canção. Isso foi até o momento do primeiro pássaro aparecer. Branco como um manequim de loja e com um aspecto plástico, a criatura do tamanho de uma águia literalmente veio debaixo. Fez um trajeto rasante e veloz passando por um dos degraus da escada o destruindo, para em seguida voar certeiro na direção da garota mágica.

“E aqui a diversão começa.” A voz afável de Maya quase fazia a situação toda menos aterrorizante...

Maya apontou a espingarda apenas uma vez e atirou, acertando a criatura alada com excelência. Ela começou a correr mais rápido e solicitou que os outros dois fizessem o mesmo. No início, Altas não tinha entendido o porquê de tal pedido, mas então ele viu vários pontos brancos voando, subindo a escuridão do abismo embaixo deles. Se cada um daqueles pontos fossem pássaros como o que Maya tinha acabado de aniquilar, eles estariam em reais problemas. Apesar dos três correrem velozmente, os seres alados conseguiram ser mais rápidos e alcançaram o local onde eles estavam com facilidade, quebrando a parte de cima da escada pela qual os jovens tinham vindo e tornando impossível algum tipo de retorno pelo mesmo caminho.

“Mantenham a calma, vocês estão próximos!” Kyubey alertou com seu timbre inumano.

Maya atirava rápidos disparos contra os outros pássaros que tentavam interferir no caminho e ao observa-la Atlas imaginou que a destreza dela impressionaria até a Magdalena. Em seguida ele se perguntou onde a garota de esvoaçantes cabelos crespos poderia estar, mas o som irritante do arame farpado se retorcendo ao cair era insuportável demais e Atlas olhou para trás preocupado. Três pássaros plásticos estavam voando em sua direção um pouco próximos demais, mas eles se desfizeram no ar aos disparos de Maya.

Ao voltar o rosto para frente Atlas percebeu que não faltava muito para que eles chegassem ao último degrau, levando-o a agradecer mentalmente aos céus, pois somente neste momento o cansaço o atingiu. Atlas sentiu os músculos das pernas se arderem e ele podia ver que Stella estava provavelmente da mesma forma, pois a respiração dela também era incoerente. Todavia, Maya não parecia nem um pouco enfastiada, ela diferentemente dos outros dois aparentava estar em seu ápice e sua pele emitia uma áurea dourada.

“Chegamos!” Maya avisou pondo um dos pés em um conjunto de ladrilhos que estava flutuando no meio da mais completa escuridão. A garota mágica deu um passo adiante, uma porta de madeira escura se materializou a sua frente.

“A bruxa está atrás dessa porta.” Ela anunciou pressentindo a força da energia maléfica concentrada naquele local. Em seguida Maya envolveu seus dedos finos na maçaneta e abriu a porta de madeira marrom, porém ao fazê-lo ela viu outra porta redonda, de marfim. Como em um cartoon antigo Maya abriu uma, duas, três portas, uma atrás da outra, a próxima mais espalhafatosa que a anterior. Até que uma porta branca se fez surgir com um aviso que parecia escrito no mais puro sangue carmim, em grandes letras maiúsculas.

“Mantenha-se longe”

Dessa vez a garota loira não falou mais nada, ela apenas destravou um ferrolho da porta e abriu-a com cuidado. Imediatamente os três estudantes foram trazidos à frente como se estivessem em uma esteira e um clarão de luz os deixou momentaneamente cegos.

“O-O que é isso?” Perguntou Stella estupefata.

Ela tinha sido a primeira cujos olhos se adaptaram a claridade. A divergência discrepante entre onde se encontravam e o local de onde estiveram minutos antes era perturbadora. Atlas abriu os olhos lentamente para não receber toda a claridade de uma só vez e sentiu o ar lhe escapar dos pulmões quando viu o que o cercava. Eles estavam nas arquibancadas de um coliseu. As bancadas eram feitas do mesmo ladrilho vagabundo de antes enquanto pedaços de manequins amputados, braços, torsos e pernas formavam as cadeiras para o espetáculo que se seguiria. Mais abaixo dois enormes holofotes iluminavam o que parecia ser a atração principal no centro do coliseu: uma enorme árvore, que se assemelhava a um salgueiro, mas era feita de arame farpado. A árvore, da altura de prédio de seis andares, repentinamente começou a se mexer e um som ensurdecedor, como um rugido foi ouvido pelos três jovens.

“Vejam. Aquela é a bruxa.” Maya disse com a voz firme.

“Você vai lutar com aquilo?” Atlas perguntou alarmado, verdadeiramente desejando poder ajuda-la de qualquer forma possível.

“Vai dar tudo certo.” Maya respondeu sorrindo calmamente. Com a mão que não segurava a espingarda ela pegou um cantil de uísque do bolso da jaqueta e deu um longo gole na bebida. Em seguida, Maya deixou o cantil no chão e dele inúmeras fitas amarelas surgiram, magicamente. As fitas criaram uma barreira esférica ao redor de Atlas, Stella e Kyubey.

“Não saiam daí!” Ela ordenou saltando magistralmente até o centro do coliseu onde a árvore estava.

MAYA HARRISON

O tórax dela estava quente, afinal o uísque tinha descido bem como era de se esperar. Desde o ano passado quando Maya começara a beber ela percebeu o quão relaxante era fazê-lo antes de uma batalha. Ela sentia-se pronta como nunca. Maya deixou a ponta da espingarda apoiada no chão de areia batida e estalou os dedos da mão, todos de uma vez. A bruxa rugiu novamente e Maya sabia que estava na hora de finalizar o que ela tinha dado inicio no dia anterior.

O primeiro ataque veio de um dos galhos superiores da bruxa, o som do arame - irritante até aos ouvidos menos sensíveis - deixou Maya ciente da direção do golpe. Ela desviou-se facilmente dessa investida, rolando para a direita e levantando-se com sua espingarda em mãos apoiou o rosto na lateral da arma encolhendo um pouco o ombro direito. Maya atirou destruindo instantaneamente um dos galhos de arame que se desfez em uma poça de sangue.

“Ewww!” Ela escutou Stella manifestar-se distante e isso a fez rir.

Contudo, Maya sabia que deveria permanecer atenta somente a batalha, pois a árvore estava novamente mexendo seus galhos e dessa vez ela se retorcia de forma a lançar um ataque triplo. Maya mudou de postura e flexionou os joelhos pressentindo que precisaria saltar e correr. Em questão de segundos uma sequencia de galhos atingiu vorazmente o local onde Maya estava e ela se destacou a correr e saltar com agilidade, fugindo elegantemente, dando ocasionais tiros quando conseguia estabilizar-se e derrubando três galhos. Maya era veloz como um tigre, em menos de um minuto ela deu a volta pela enorme árvore e - com maestria - apertou o gatilho novamente, fazendo com que o último galho de arames desvanecesse em sangue.

A verdade é que Maya acreditava legitimamente que já tinha essa batalha nas mãos e por isso ela não notou quando a poça de sangue da árvore se refez em correntes vermelhas, semelhantes a raízes, enlaçando-a pelos pés pernas e então cintura. Ao dar-se conta de que algo estava errado já era tarde demais para fazer algo e seu corpo foi bruscamente arremessado em uma das bancadas próximas a Atlas e Stella.

“Maya!!” O grito aflito dos dois amigos trouxe a jovem loira de volta a consciência.

Maya fez uma careta ao abrir os olhos e arquejou um pouco, tocando nas arquibancadas tentando apoiar-se para se levantar. Entretanto, as correntes vermelhas tinham outros planos para a jovem, puxando-a repentinamente. Ela tentou segurar-se em alguma das cadeiras, porém as correntes de sangue foram mais ágeis suspendendo-a no ar de cabeça pra baixo. A árvore de arame farpado deu outro rosnado, permitindo que Maya visse onde se localizava o coração da bruxa: dentro de seu tronco.

“Droga! Nós deveríamos ajudá-la!” Atlas exclamou angustiado.

Se vocês quiserem podemos fechar o contrato agora.” Kyubey comentou.

Nesse momento Maya olhou diretamente para seus novos amigos e sorriu.

“Como se eu fosse passar vergonha na frente dos meus pupilos!” Ela alcançou a fita amarela que prendia seus cabelos loiros e puxando-a, utilizou sua magia para que ela cortasse as correntes que a suspendiam. Ainda em pleno ar, Maya reuniu todo seu poder mágico nas duas mãos, pois após ver o coração da bruxa ela sentiu-se perfeitamente confiante para dar o golpe de misericórdia. Maya invocou seus poderes para criar um gigantesco canhão, no mínimo três vezes maior que ela mesma e apoiando-se no meio do canhão ela nomeou seu golpe, ativando-o.

“Tiro Finale!”

Maya sorriu ao sentir cada terminação nervosa de seu corpo agir em confluência com o canhão embaixo de si, como se seus poderes e ela fossem um só. O tiro de luz dourada que deixou o canhão acertou o coração da bruxa, envolvendo toda a árvore em uma explosão de energia amarela, até que ela sumisse por completo diante dos olhos de todos.

Simultaneamente a derrota da bruxa, o labirinto e o canhão de Maya foram se desfazendo acompanhando a desfragmentação do macabro coliseu. E aos poucos o casal de melhores amigos foi levado para perto de Maya, pois agora estavam todos na mesma dimensão: de volta ao prédio abandonado.

Maya sorriu e tomou em suas mãos o pequeno objeto preto deixado para trás pela bruxa, aquilo era prova de que a maldade dela tinha sido erradicada.

“Incrível Maya!” Stella falou animada “O que você fez ali, foi realmente incrível!”

“Obrigada, Stella” Maya sorriu cordialmente e em seguida usou um tom mais sério de voz. “Esse objeto se chama semente da angústia.”

Maya estendeu a mão e em sua palma encontrava-se um pequeno objeto cuja base fina lembrava uma agulha acinzentada e essa base por sua vez sustentava uma pedra ônix adornada por minúsculos desenhos acinzentados cujo topo lembrava o de um pingente.

“As sementes da angústia são algumas das recompensas que nós obtemos enquanto jovens magi. Essa semente é o coração da bruxa.” Maya informou.

“Não se preocupem, pois estamos seguros quando a semente da angústia está nesse formato. E elas também têm uma utilidade bem interessante.” Completou Kyubey ainda apoiado no ombro de Atlas.

“Vejam que a minha joia da alma está um pouco mais opaca agora do que mais cedo, correto?” Maya estendeu a outra mão contendo sua joia da alma dourada. De fato, a pedra âmbar perdera um pouco do brilho.

“Porém se eu aproximar minha joia dessa semente da angústia que capturamos hoje... Ta-dá! Meus poderes são restaurados e a joia fica cintilante de novo.”

Maya sentiu sob si os olhares admirados e atentos de Stella e Atlas e permaneceu em silêncio por um minuto, observando outra coisa...

“Ainda dá pra usar mais uma vez se você estiver interessada.” Ela jogou um braço para trás, pegando impulso, e arremessou a semente da angústia em um corredor sombrio do prédio abandonado.

Assim como Maya suspeitava a semente não caiu no chão, mas foi pega no ar pelos braços de outro alguém.

MAGDALENA NORTHUP

“Pode ficar com essa, Magdalena Northup” Maya falou com um pequeno sorriso gentil.

Nesse instante, Lena saiu das sombras que a acobertavam e tornou seu semblante conhecido e visto por todos os presentes. Ela notou o choque atravessar rapidamente o rosto de Stella e Atlas. Porém a expressão que se assentou em Stella foi a mais profunda desconfiança, já Atlas em comparação, fixou seu olhar turvo e acinzentado na face de Lena.

“Eu não quero.” Magdalena respondeu com a frieza habitual. “A caçada foi sua, portanto você é única merecedora dessa semente de angústia.” Lena replicou jogando a semente de volta nãos mãos de Maya.

“O que você quer aqui?! Veio para terminar o que começou ontem?” Stella perguntou-lhe agressiva recordando-se de quando viu Lena apontar uma semiautomática na direção de Atlas e Kyubey.

“Também não pretendo fazer isso, eu queria eliminar Kyubey antes dele encontrar Atlas Youngblood, mas já é tarde demais para este intento. Gostaria apenas de conversar com você Atlas.” Então ela acrescentou “A sós.”.

“Só pode ser piada garota... Você não tem o direito de pedir coisa alguma!” Stella vociferou visivelmente irritada.

“Stella...” Atlas pediu pondo uma mão no ombro da melhor amiga então prosseguiu escolhendo as palavras. “Escute Lena, estamos entre pessoas de confiança aqui. O que quer que você queira falar pode dizer na frente delas.”

Magdalena abaixou a cabeça e deixou que seus volumosos cabelos crespos caíssem em seu rosto. Então ela inspirou profundamente uma vez e aproximou-se de Atlas encarando-o, segurando o olhar dele.

“Você lembra-se do conselho que lhe dei ontem?”

“Sim, Lena.” Atlas respondeu abaixando a cabeça para observa-la mais de perto e sustentando o intenso olhar de Magdalena pela primeira vez.

“Que bom... Espero que você considere meu aviso antes de tomar qualquer decisão precipitada.” Lena respondeu virando os calcanhares e dando as costas.

Atlas desgrudou o olhar dela e piscou tentando entender o que significava tudo aquilo. Ele não podia acreditar que suas interações com Magdalena estivessem sempre destinadas a deixa-lo submerso em seu oceano de profundos mistérios e , portanto Atlas se via cada vez mais perdido em devaneios sobre ela. Mas não, dessa vez, Atlas estava determinado a conseguir ao menos uma resposta. Então, antes que Lena estivesse longe demais ele clamou o nome dela.

“Lena! Espere!”

Ela parou de caminhar, atraída pela súplica na voz do rapaz de olhar turbulento. Magdalena se virou novamente e o encarou esperando que ele continuasse.

“O que você pediu quando se tornou uma Jovem Magi?”

Magdalena foi pega de surpresa, pela primeira vez. Ela ficou estática por um minuto encarando-o e repetindo a indagação dele mentalmente.

Lena realmente não sabia o que responder, ali diante de todos. Então ela apenas suspirou e sorriu um riso que não lhe tocava os olhos. E foi ali que também pela primeira vez Atlas conseguiu obter dela uma resposta. Ele foi capaz de ler um pouco da indecifrável expressão facial de Lena.

E o sorriso dela dizia “É segredo, Atlas. E você não entenderia se soubesse”.

O que Atlas e Lena não poderiam de forma alguma antecipar é que aquela seria a última vez que os quatro jovens estariam todos juntos.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam desse capítulo maior do universo? Deixe-me saber com um comentário!

Sei que eu poderia ter partido em dois e me perguntei se essa não seria a melhor decisão diversas vezes ao pensar em como iria escrever, porém só Deus e eu sabemos o quanto eu estou atrasada em relação ao plot original então, foi preciso um capítulo maiorzinho pra que a gente possa finalmente chegar as partes mais... sangrentas da coisa.
Enfim, até a próxima e abraços!