Mistérios? escrita por Smile Angel


Capítulo 9
Convidados e Venenos


Notas iniciais do capítulo

Hey, tem personagem novo por aí. Espero que gostem do capítulo. Boa leitura :)



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–Amy-

Acordei com batidas na porta. Era Constance, hora do café da manhã! Me levantei, tomei um banho rápido e desci. Kyouta não havia descido, tomei meu lugar de costume e esperei. Logo, ele chegou e comecei minha refeição. A partir daí foi um dia calmo... até que alguém bateu à porta do pequeno castelo. “Quem será?” Como estava na sala, olhei em direção à porta enquanto Constance foi atender. A pessoa entrou devagar na casa depois de cumprimentar a senhorinha e veio até mim. Me levantei educadamente e aceitei a mão a qual me foi estendida.

– Oh, você é mais bonita do que pensei. Prazer, sou Kai. – disse beijando minha mão. Acho que fiquei vermelha na hora. – Você deve ser Amelie. Ouvi muito sobre você. Kyouta está?

– Estou. Você por aqui? – ele apareceu de repente. Algo na sua voz indicava desconforto, desagrado... não sei. Mas de qualquer forma, eles eram parecidos. A diferença era que enquanto Kyouta tinha cabelos castanho escuro, Kai tinha cabelos prateados, levemente esverdeados. Nunca tinha visto nada igual. Os dois compartilhavam a mesma cor dos olhos, quase a mesma altura, mas personalidades que divergiam. Fiquei olhando os dois por um tempo. Quando Kyouta me tirou do meu devaneio.

– Amelie, este é Kai. Ele é meu irmão. – “Pera aí... irmão?”

– Sério? – eu perguntei.

– Sim, somos gêmeos. – Depois dessa devo ter feito uma cara medonha, porque Kai começou a rir. – Ela não sabia? Você não contou? Que malvado.

– Não tinha necessidade. Afinal, por que está aqui?

– Me enviaram para ajudar a treinar e proteger Amelie, agora que os ghouls já começaram a atacar, e além disso ela tem que conviver com mais da nossa espécie, ou ela nunca vai chegar no “nível máster”.

Kyouta apenas encarou Kai. Estava claro que algo o desagradava.

– Bom, vou subir para o meu quarto – disse se dirigindo à escada – qualquer coisa é só chamar.

Só sobrou eu e Kyouta na sala. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Não vamos treinar hoje? – perguntei simplesmente.

– Vamos. – e nos dirigimos até o jardim.

Ele me disse para começar a correr e me alongar, como no primeiro treino. Não disse nada, Kai chegou de surpresa, e isso com certeza mexeu com ele. Não queria força-lo, então apenas segui o que me dizia para fazer. Não demorou muito até que algo se mexesse em um arbusto perto do corredor que levava ao jardim norte. Outro ghoul saiu de lá e veio em minha direção. Me transformei rapidamente em yokai e defendi com minha katana. Não era tão forte quanto o do banheiro, mas ainda assim exigia esforço. A criatura conseguiu me arranhar na perna, tropecei e caí, quase batendo a cabeça na quina do degrau de entrada, me levantei desviando por pouco de outro ataque, então fui voando em sua direção e acertei onde seria o coração. Ele apenas se desmaterializou deixando um musgo preto onde estava.

Olhei em volta e percebi que Kyouta não estava lá. Entrei rápido no castelo a fim de limpar meu ferimento, que sangrava e doía muito, apesar de ser um arranhão. Subi até meu quarto e enchi a banheira. Tive que tomar um banho. Afundei em minha banheira, quando ouvi um barulho na porta do banheiro. Afundei mais ainda a fim de não ser vista, quando ouço a voz de Kyouta um tanto baixa.

– Está trancada... deve estar no banho.

Ouço passos... ele se foi. Por um momento senti o rosto arder tanto que acho que podiam me comparar a um tomate. Quase que acontece um acidente “ainda bem que tranquei” disse aliviada. Saí da banheira, fiz um curativo, me vesti e fui pra cama. Tinha que tirar pelo menos uma soneca. Uma soneca... que durou até o dia seguinte.

Olhei para o relógio e vi que horas eram... nossa, dormi demais! Era quase hora do Sol nascer, e vi que tinha uma bandeja com biscoitos e algo que parecia ser chá... ainda estava quente. Comi rapidamente, estava com muita fome. Depois de terminar reparei em minha perna, estava inchada. O ferimento de Kyouta não havia ficado daquele jeito, já o meu devia ter infeccionado. Fui ao banheiro trocar o curativo mas eu não conseguia tocar o corte. Doía muito, porém não estava sujo nem saia nada de dentro, a não ser musgo de ghoul. Musgo de ghoul... devia ser isso que estava irritando o machucado. Tentei tirar de todo o jeito, e voltei a me sentir sonolenta. Dormi por mais uma hora. Acordei com Constance me chamando.

Me limpei e desci. Estava com a perna coberta. Dessa vez não havia somente duas cadeiras, mas sim três. Fui ao meu lugar de costume e logo os irmãos chegaram. Depois de terminado, fui até Kyouta, andando com dificuldade.

– Posso fazer uma pergunta?

– Pode.

– Musgo de ghoul é venenoso?

– Sim, se entrar em contato com sangue humano não acontece muita coisa, no máximo uma febre. Mas com sangue yokai é diferente, faz querer dormir, a pessoa fica fora de si, talvez louca, com instinto assassino, age como uma droga. Em certa quantidade pode matar. – ele parou por um instante e olhou em meus olhos. – Veio outro, não veio? Você não entrou em contato com o musgo dele, entrou?

– Bem eu... – eu estava tonta, já queria dormir novamente. De repente, desmaiei.

–Kyouta-

Amelie caiu diante de mim. Não percebi, mas usava um pano cobrindo uma das pernas. Eu a peguei no colo e corri para as escadas. Kai estava no caminho.

– Hm, pervertido, em plena luz do dia?

– Não, idiota! Musgo de ghoul. – Kai parou e correu na minha frente, abrindo a porta do quarto de Amelie já no andar de cima. Eu a deitei e descobri sua perna. Não era um corte profundo, porém estava saindo musgo dele. “Ela com certeza deve ter tentado limpar e não conseguiu.” Peguei uma caixa com algumas ervas especiais. Amassei uma delas e a misturei com um líquido desinfetante. Peguei um fio de cabelo dela e adicionei. Coloquei tudo em uma seringa e injetei no ferimento. Ela abriu os olhos e gritou. Sabia como ela se sentia, seus olhos não estavam amigáveis como sempre, adquiriram um aspecto selvagem durante o tratamento. Uma vez aconteceu comigo, era eu ou... não gostava de lembrar. Coisas do passado. Me curei com a ajuda de Kai. A partir daí que meu destino mudou, para sempre. Voltei à realidade e Amelie já estava adormecida novamente, o semblante dolorido, como se ainda estivesse sofrendo, e de fato estava. Retirar musgo de ghoul do organismo é um processo difícil, por se tratar de um veneno forte. Com o fio de cabelo, certamente conseguiria restaurar o que ela poderia perder ou ter perdido, como poderes.

– Você gosta dela. – disse Kai de repente.

– Quem te deu liberdade pra falar assim?

– Eu me dou liberdade. Você gosta dela. Mesmo não podendo, mas...

– Não é da sua conta.

– Ah, é, sim. Também tenho que protege-la, tenho que te ajudar. Sabe que ela foi escolhida por ter uma força grande espiritualmente. Um humano, fêmea que suporte sangue yokai é raro. Ela vai ser possivelmente sucessora do...

– Não fale o nome dele. Não o considero líder. Não mais.

– E por que está fazendo isso?

– Ela não aceita isso. Não quer isso. Estou apoiando ela, e você não vai me impedir.

– Se é assim.... você pode fazer o que quiser, vou ajudar vocês, mesmo sendo contra. Você é meu irmão. Mas, na boa – disse abrindo um sorriso inapropriado para a ocasião... um sorriso malicioso – ela é linda. Se você não agir depressa, posso seguir o seu exemplo e....

– Idiota!

– ... e roubá-la de você. Então se decide logo, lerdo! Irmãozinho...- disse me dando um tapa na cabeça. Foi embora. Me sentei ao lado de Amelie e esperei. Adormeci à luz do luar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo o/



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