Mistérios? escrita por Smile Angel


Capítulo 10
A primavera chega, trazendo o passado.


Notas iniciais do capítulo

Hey o/ aqui está mais um capítulo. Estava um pouco sem ideias, mas tem mais revelações por aí. Por favor, se a história estiver ficando muito melosa, me avisem! Obrigada desde já e boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/524761/chapter/10

–Amy-

Acordei sozinha e tonta naquela manhã. Minha perna parecia melhor, mas a minha cabeça latejava. Fechei os olhos por um momento e de repente ouço a porta abrir.

– Acordou. – olhei na direção da voz com os olhos semiabertos, era Kai, sabia pelos cabelos prateados. Se aproximou. – Você não está desperta, está? – muito perto... passou a mão pelos meus cabelos.

– Kai! – era Kyouta – o que está fazendo aqui?

– Nada, irmãozinho. – disse se afastando novamente – só vim ver Amelie.

– Tão bonzinho... agora saia! Ela tem que descansar, ainda não se recuperou, tem veneno no sangue dela ainda.

– Ok então, até mais Amelie, melhoras. – e saiu.

– Precisa de alguma coisa?

– Não, estou bem. Só um pouco sonolenta – respondi.

– Então durma mais um pouco, logo você estará melhor. – De repente tudo começou a girar, voltei a dormir.

–Kai-

É, ajudar a cuidar de Amelie poderia ser até que... interessante. E com certeza seria, meu irmãozinho não gostou de como eu apareci... tudo bem. Primeiro porque ele teria de aceitar a minha presença aqui, ele sabe que precisa de mim. E depois, irritá-lo um pouco pode ser divertido. É.... estou no lugar certo!

–Narradora-

O clima na casa era o de sempre, quieto, os dias monótonos, as tardes preguiçosas, a neve caindo levemente e ajudando a manter a paisagem sempre branca. Não haviam tantas palavras nem tanto calor com a nossa Amy adormecida. O tempo passou. Musgo de ghoul era um veneno poderoso, levava tempo até a pessoa estar totalmente livre dele. Amelie acordava eventualmente, se levantava tonta e tentava caminhar devagar ao banheiro, tentava comer comidas leves, mas a maior parte do tempo dormia, sendo cuidada por Constance e outros criados a mando de Kyouta. Estava pálida, seu rosto não era mais tão corado como antes, mas ao passo que os dias corriam, ela se recuperava. No último dia de inverno, ela finalmente acordou.

–Amy-

Acordei dessa vez com o Sol em meu rosto. Abri levemente os olhos e vi o céu pela janela... estava mais claro. Nossa, por quanto tempo dormi? O inverno estava para acabar ou já teria acabado. Os pássaros cantando denunciavam isso. Me levantei, mas estava fraca. Andei até o banheiro e enchi a banheira. Me virei em direção à pia e segurei um grito. O que eu via no espelho não era eu... uma espécie de múmia, talvez, exagerando um pouco. Meu Deus, eu precisava de um banho e de uma refeição de verdade. Mergulhei na água morna e submergi. Senti falta daquilo. Terminei de me lavar, me vesti. Arrumei minha cama rapidamente e desci.

– Amelie! – era Kai. Veio em minha direção tão rápido que esbarrou em mim, quase me derrubando. – Me desculpe. Você deve estar com fome, venha por favor- Sentei-me à mesa posta fiz minha refeição. Desde pão a caldos leves que me fortaleceriam. Comi tudo muito devagar, e depois de terminar, agradeci aos criados pela ajuda que me deram durante o período em que dormi. Ajudei-os a tirar a mesa, porém não me deixaram lavar os pratos. Tentei contestar mas não deu. Fui ao jardim... As roseiras estavam quase criando botões, e eu não tinha reparado que além do grande carvalho, havia um pé de cerejeiras que logo dariam flores. Eu pensava que aquele lugar era lindo no inverno... na primavera era estonteante. Fui ao meu lugar de costume e deitei na grama, agora verde novamente. Fiquei olhando o céu azul.

–Kyouta-

Já era primavera novamente, a neve havia ficado para trás. Olhei pela janela e vi Amelie debaixo do grande carvalho. Meu peito aqueceu, ela acordou. Desci as escadas, quando avistei Kai.

– Amelie ac....

– Eu sei que ela acordou, idiota!

– Nossa, já tá assim, irmãozinho? – disse ele com tom de deboche.

– Por favor, não quero discutir. Quero ver como ela está.

– Sei...- disse mirando o teto, parado na minha frente no meio do corredor.

– Sai da frente, muro.

– Me obrigue – ele falou isso com a mesma convicção de quando éramos crianças. Queria uma briga. – se tiver coragem.

– Posso te obrigar... você estava esperando isso, certo?

– Você ainda acha?

Nós nos transformamos em yokais ao mesmo tempo. – Se quisermos brigar, Kai, que seja fora de casa, no jardim leste.

– Por que não no sul?

– Porque ela está lá.

– Se é assim, te espero no jardim sul. – disse saindo correndo. Moleque! Como uma criatura dessa pode ser meu irmão mais velho? Eu o achei conversando com Amelie debaixo do carvalho. Ele percebeu que eu estava lá. Não dava para esconder nada dele. Não estou falando da minha presença, mas de todos os meus segredos. Fazer o que.... Somos gêmeos.

– Amelie, vamos te mostrar o que é uma batalha de verdade! – disse ele. – Você ainda não está em condições de treinar, então vamos demonstrar.

Ele veio em minha direção e sacou uma espada, idêntica à minha, a não ser por ser mais clara. Começamos a lutar, eu não queria lutar ali.

–Kai-

Ele havia mudado muito e também pouco. Lutava bem desde sempre e continuou assim, mas ele era mais alegre ao meu ver. Às vezes podia rir ou até ser pervertido dependendo da situação, agora ele era tão sério, não sorria nem falava tanto. Achava que tinha uma dívida comigo, por eu ter salvo sua vida. Quando tinha treze anos, sofreu um acidente que quase tirou sua vida.

Toda a nossa família é de espécie yokai, mas o meu irmão nasceu diferente... não tinha todas as informações necessárias... não podia nem se transformar. Mas querendo ou não, tinha o nosso sangue. Crescemos juntos e sempre fomos amigos, eu o ajudava com as lutas, incentivando-o. Aprendemos tudo juntos, mas quando chegou a época de desenvolver os poderes.... Foi quando soubemos desse problema dele. Ele ficou chateado, mas eu consegui colocá-lo pra cima, com esforço, o fazia rir, e evitava me transformar e usar qualquer tipo de poder perto dele, eu treinava sempre quando ele estava longe.

Num certo dia, fomos até uma grande clareira, onde moravam algumas ninfas. Sempre que podíamos íamos fazer nosso trabalho sujo... observá-las. Elas eram lindas, realmente lindas, por isso íamos quase sempre. Em uma dessas idas à clareira, não avistamos ninguém. Nenhum espírito da natureza estava lá. Era engraçado porque ele conseguia vê-los também, o que uma pessoa normal não consegue. Ele sempre conseguiu.

De repente um ghoul apareceu e agarrou a sua perna, arrastando-o. Não tive escolha, me transformei e tentei derrota-lo. A criatura cortou Kyouta na barriga, e quando eu consegui mata-lo, meu irmão entrou em contato com o musgo. Ficou inchado na região do corte, bem pior que o de Amelie. Tive que carrega-lo até em casa porque ele não conseguia andar. Chegando lá, nossos pais o levaram para o quarto deles e cuidaram dele, fazendo o mesmo processo que fizemos com Amelie. E para dar garantia que ele ficaria bem, precisavam restaurar o DNA yokai dele. Como éramos parecidos, pegaram um pouco do meu cabelo, adicionaram à poção e injetaram nele. Demorou muito mais para ele se recuperar, mas essa é a história de como Kyouta conseguiu seus poderes, porque mesmo sendo tão diferentes éramos tão iguais.

Desde então, ele não conseguiu me olhar mais nos olhos. Falava que não era digno de viver em casa, que era fraco, não conseguiu se defender de um ghoul relativamente pequeno. Até que um dia foi embora de casa, se mudou para cá. Já vim uma vez para convencê-lo a voltar, mas não aceitou. Treinou seus poderes sozinhos, se aproveitando da prática de esgrima que aprendemos juntos. Se tornou um grande lutador, na verdade sempre foi. Me orgulho dele. Quero fazê-lo voltar ao que era. Quando soube que estava treinando uma garota, pensei que precisasse de ajuda. Soube pra que era o treino. Resolvi ficar aqui com ele e ajudar.

Perdido no passado, não vi quando ele me acertou no tornozelo. Caí.

– Poxa, doeu, fera!

– Você estava olhando pro nada, mereceu.

– Nossa, que mau. Você não era assim.

– As pessoas mudam, você sabe disso.

Me virei na direção de Amelie que assistia tudo boquiaberta. – Como você aguenta ele? Você era muito mais legal quando éramos crianças, o que não faz muito tempo já que ainda temos 17 anos.

– Você quem sabe. – disse indo em direção à Amelie. Ele se abaixou e começou a falar com ela, talvez se ela precisasse de algo, como ela estava, e tal. Tive uma ideia. Fui andando lentamente e percebi que ambos estavam sem graça. Ia apanhar por causa disso mas okay. Me preparei. 1...2...3... e foi. Empurrei Kyouta com minha perna boa e ele foi pra frente. Consegui. Fiz os dois se beijarem. Corri pela minha vida e subi às escadas. Entrei no quarto e soltei uma crise de risos. Ele ia voltar a ser o que era. E Amelie pode ajudar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo cap. o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mistérios?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.