Mistérios? escrita por Smile Angel


Capítulo 16
Sacrifícios - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Heeeey pessoal >< eu sei, demorou bastante. Estava com problemas. Espero que me perdoem ;-; . Vou dividir este capítulo em dois porque sim 'u' Espero que gostem. Muahahahahaha
P.S.: Boatos dizem que a parte 1 ficou grande O.O kkkkkkk boa leitura



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–Kyouta-

Aquela noite sem brisa, tudo o que eu conseguia ver eram Kai e Liese adormecidos. A Lua estava cheia, e maior que o normal. Mal sinal. Meu coração disparou como nunca antes. Estávamos ficando sem tempo. Era amanhã.

–Amy-

Aquela noite em que as árvores não se mexiam, tudo o que conseguia ver era a floresta escura com as árvores esqueléticas nos arredores do castelo. A Lua estava diferente. Pela primeira vez em algum tempo, ela me assustava. Não conseguia dormir por mais que tentasse, meu coração batendo rápido e forte, como se fosse a vida e a morte duelando dentro de mim, a vontade de rever as pessoas que eu amava e o desejo de acabar com tudo aquilo em segundos. Algo estava para acontecer, eu sentia. Seja lá o que aconteceria, estava próximo.

A noite demorou para passar, mas quando chegou ao fim, deu lugar ao dia mais claro e deprimente que já presenciei. Não havia uma única nuvem, pelo menos, não consegui distinguir nenhuma na imensidão branca. O céu simplesmente perdeu a cor, se transformando num iluminado doentio, pálido. Como de costume, o ritual de me banhar, vestir, seguido do café da manhã não mudou. Nada havia mudado... ainda. Aquele dia eu encararia o auge da minha tormenta.

Servos vieram me buscar, o que não era bom sinal. Novamente me levaram aos aposentos do senhor deles. Ele estava lá, sentado espaçosamente em sua poltrona, com o que seria um sorriso nos lábios. Aquela cena me dava nojo, assim como tudo nele. Até o mais discreto sinal de que já foi humano um dia me dava nojo.

– Bom dia, minha querida. Antes que peça desculpas, eu não estou bravo pelo o que me fez, PORÉM, terá que pagar. Afinal, tenho uma reputação a zelar.

– Reputação? Faça-me o favor, você não é digno de reputação, não faz com que ter uma. A única coisa que faz é submeter os outros à sua vontade como se reinasse. – disse sem me controlar.

– É exatamente essa a minha reputação.

– Patético, bem a sua cara. – nunca foi do meu feitio responder alguém assim. Mas naquele momento era necessário.

– Ha... está aprendendo a ser rebelde com quem? Você não tem condições nem autoridade pra isso. Agora fique quietinha enquanto conto o que temos preparado para hoje. – disse fazendo um gesto como se dispensasse a minha opinião.

– Fique quieto você! Não vou aturar isso.

– Ah... mas você vai. – ele estalou os dedos e duas criaturas me prenderam. Ele pegou uma faca e fez um corte em cada panturrilha minha. Como se aquilo fosse me atingir. A única coisa que senti foi o líquido frio e vermelho escorrendo pelos meus tornozelos, a dor não me incomodava, já havia sofrido demais, mas não podia deixa-lo saber disso. Grunhi fingindo dor e larguei meu corpo para que as criaturas o sustentassem. Ele levantou o meu queixo e disse:

– Você fará o que eu mandar. Hoje iniciaremos uma nova era. É bom se apressar, o show já vai começar e os convidados chegarão depressa. Como sempre, primeiro as damas.

Fui dispensada e levada de volta. Me jogaram no chão como se eu fosse um saco de terra. Fiquei lá, deitada, olhando os cabelos ruivos esparramados, o sangue em minhas pernas. “Primeiro as damas...” não fazia ideia do que ele queria dizer com aquilo. Fiquei um bom tempo no chão até me levantar. Mesmo tendo comido no café, minha energia estava se esvaindo, eu conseguiria aguentar, era só dormir, já que passei a noite em claro. Pelo menos... era o que eu pensava.

–Kyouta-

Apressamos o passo o máximo que pudemos. Não encontramos nenhum obstáculo que nos atrapalhasse. Pelo menos, nenhum aparente.

– Estamos quase lá. – disse Liese. – só mais algumas horas.

– Ah claro! Quase lá!

– Kai, por favor!

– Vocês, parem agora! – eu disse querendo dar fim à discussão. Estava irritado. Pelo jeito chegaríamos lá amanhã de manhã e seria tarde demais. Tive uma ideia. – Eu sei que parece burrice, mas em vez de desviar a floresta, por que não a atravessamos?

– Simples. É uma floresta amaldiçoada.

– Amaldiçoada? – Kai perguntou.

– Sim. O nome dela é Floresta das Tormentas. Dizem que Ele matou suas outras esposas aqui, fora pessoas inocentes. Certamente estavam associadas a rituais, coisas do tipo. Só sei que, se você entrar lá sem a autorização necessária, você será perseguido e enlouquecido até a morte. Não tem como fugir. Você tenta sair mas tudo dá errado e a floresta ganha vida própria, faz de tudo para fazer você desistir, desde plantas carnívoras até aparições. Ninguém que entrou conseguiu voltar. E nos dias certos, pode-se ouvir as vozes e o choro vindos dali, mesmo a quilômetros de distância. Os espíritos das vítimas Dele procuram vingança, a morte Dele, ou aprisiona-lo para sempre junto de si, como prova do amor que prometia ás suas esposas, e elas morreram esperando... esperando o amor que nunca viria.

– Nossa, profundo. Com certeza, a floresta não é uma opção. Quero ajudar Amelie ainda vivo. E... – Kai para e vira o rosto. Nunca tinha visto aquilo... ele estava corado. Abri um pequeno sorriso de canto. Pelo menos Kai podia ter alguém ainda. Diferente de mim, lutando para salva Amelie. – Nada não. – ouço ele dizer.

– Eu hein, cara doido. – Podia jurar que senti decepção na voz de Liese. Ela continuou- Vamos logo, quanto mais rápido andarmos mais rápido chegaremos lá. Cortaremos caminho pela campina, que felizmente não faz parte da floresta e poderemos atravessá-la.

–Narradora-

A medida em que o dia passava, nossos heróis chegavam mais perto de seu destino. O caminho escolhido como atalho era calmo, acompanhados pela brisa e pelo silêncio do choro das esposas mortas. Naquele trecho os pássaros não cantavam, porque na floresta não havia vida. Eles sabiam que se adentrassem por entre as árvores amaldiçoadas não conseguiriam voltar, mas mesmo assim optaram pela campina. Um vasto terreno verde com poucas árvores, um pequeno rio corria adiante, cortando o trajeto do trio. Kai ia tocar a água transparente do rio, porém foi impedido por Liese.

– Essa água está envenenada.

– Se eu tocá-la minha pele vai derreter ou algo assim?

– Não vai acontecer nada com o seu físico, mas com sua alma. Esse rio nasce na Floresta das Tormentas, o sangue de suas vítimas está encrustado nestas pedras, os gritos estão alojados em seu leito, assim como a agonia corre em seu fluxo. Se tocá-la, você vai definhar em sofrimento, morrer chorando pelo sofrimento que nunca teve, sentir tudo o que os anteriores sentiram, o que se resume em muita dor.

Kai encarou Liese por um minuto até perguntar:

– Como você sabe disso tudo? Sobre a floresta, o rio...? – era uma pergunta de Kai.

– Você se lembra pra quem eu trabalhei antes? Pra ele.

– Sim, mas o que você fazia? – Kyouta perguntou.

Liese fitou o chão enquanto Kai e Kyouta a examinavam.

– Diga, Liese... o que você fazia para ele?

Ainda encarando o chão, ela respondeu:

– Ele não sujaria as próprias mãos para matar...

Os dois a encararam perplexos. Liese era capaz de...

– Você matava por ele? – Kai perguntou.

– Sim.

– Matava o quê, exatamente?

– Tudo o que ele me pedisse. Desde caça, inimigos, até suas esposas e inocentes. Eu fazia parte da diversão dele. Desde a matadora oficial até objeto de abuso. Ele pegava humanos desprevenidos e colocava eles comigo em uma das masmorras e assistia ao “duelo” entre nós. No final era eu, sangue e uma cabeça aos meus pés. Depois de tudo ele me dopava e fazia o que quisesse comigo. Ele controlava tudo o que eu fazia, me fez matar meus pais e o resto da minha família porque queriam que eu voltasse para casa. Papai tinha arrumado um emprego como ferreiro e minha mãe ajudava na fazenda vizinha, então tinham dinheiro para sustentar a todos. Eu não precisava trabalhar mais. Ele não me deixou ir, tive que fugir. Quando ele soube, foi atrás de mim e disse: “se eu não posso ter você... ninguém mais pode”. Entrou em minha mente e me controlou, roubou a minha consciência e eu... matei todos. Botei fogo na casa ao sair e no dia seguinte eu não me lembrava do que tinha acontecido. Eu tinha acordado no quarto dele, ele ao meu lado. “Ontem foi um belo dia para visitar a família, não?” ele disse com um sorriso. Ele me contou cada detalhe sobre cada morte, uma por uma, devagar, me triturando por dentro. Quando resolvi ir embora depois daquilo ele ficou irado. Nós lutamos. No fim tudo acabou comigo sem metade dos poderes e fraca, e ele com o corpo e o rosto deformado sem energia, mas com todo o poder ainda. Aí depois de um tempo eu encontrei vocês dois, e era a chance perfeita de eu me vingar.

– E o que você ganha com isso? – Kyouta perguntou.

– Minha liberdade.

– Que seria...?

– Vê-lo morto, óbvio.

– Eu não sabia que você era desse jeito, Liese.

– Tudo bem. Só vou guia-los até o chefe, mata-lo e depois não vão me ver.... nunca mais se desejarem. – ela apenas levantou e seguiu a frente, pulando nas pedras para cruzar o rio... o rio feito de sangue das suas vítimas. Logo chegariam ao castelo...

–Amy-

Há muito tempo, quando cheguei no meu pequeno castelo, tive um sonho. E eu mal sabia que um dia esse sonho se tornaria real.

O dia passou depressa. Não sei se eu estava louca, mas eu ouvia vozes vindas de fora do castelo, choro, gritos de agonia, passos. Sentei em meu leito e observei as paredes que me sorriam tristemente. Minha prisão. De repente, cinco criadas e uma criatura passaram pelas portas do meu quarto.

– É hoje... a hora chegou. Vão! Façam o que lhes foi ordenado. – A criatura disse.

As criadas me levaram para o banheiro e começaram a me despir. Fiquei constrangida, mas elas não pararam. Entrei na banheira e elas me lavaram com sais especiais aromáticos, fizeram eu ficar como nunca estive antes. Arrumaram meus cabelos num coque em forma de rosa. Uma delicada rosa ruiva. Me puseram num vestido azul marinho longo com mangas pequenas e com o colo a mostra. Mandaram eu esperar, e novamente fiquei sozinha. A Lua estava brilhante, amarelada, no alto do céu noturno, parecia que as estrelas tinham fugido, porque não vi nenhuma. Fiquei admirando a paisagem morta, recheada de nuvens.

Passaram-se horas. Tudo do lado de fora estava em completo silêncio. Um impulso me levou a fazer uma coisa que nunca tive coragem de fazer... sair do quarto. Abri as portas silenciosamente até ter espaço suficiente por onde eu podia passar. Peguei uma das velas da parede num lampião e caminhei por entre os corredores. Não havia reparado, mas haviam grandes vidraças pelas paredes. A Lua estava... mudando de cor. Um brilho vermelho estava começando a se fazer presente. Ao longe, nuvens se juntavam e vinham na direção do castelo. Uma tempestade estava vindo.

Caminhei ao longo dos imensos corredores, até que um relâmpago iluminou o céu e a chuva começou a cair. Continuei caminhando. Sombras fantasmagóricas se formavam nos quadros e vasos com galhos secos. Estava escuro, muito escuro... até que encontrei uma escadaria. Um arrepio percorreu a minha espinha... subi.

–Kyouta-

Liese não disse mais nada desde aquela hora. Não entendia o seu propósito e também não gostaria de entender. A noite caiu e a chuva lhe acompanhou. Momentos antes eu pude ver a Lua, cobrindo-se de sangue, aos poucos. A Lua Sangrenta estava anunciando a sua chegada. Chegamos ao castelo, feito de pedra, pra onde o choro e os gritos viajavam para se acomodarem. O jardim sem vida nenhuma, rosas negras e o cheiro pútrido de morte nos davam boas-vindas. Não havia criaturas, o caminho aparentemente estava livre.

Kai parou ao meu lado e observou Liese quebrar o fecho da porta, que abriu-se lentamente. Ela entrou, Kai foi atrás e eu os segui. Era um salão imenso e escuro. Não muito antes de nossas visões se acostumarem a penumbra, um relâmpago ilumina o céu, dando visão para pegadas no chão. Pegadas de sangue. Eram 2 pares, um deles parecia ser de uma criança, o que não fazia sentido... naquele momento, pelo menos. Seguimos na escuridão.

Tudo estava calmo... calmo demais.

–Amy-

Subi lentamente as escadas, dando de cara com mais corredores e agora uma névoa estava presente em meu caminho, então o sonho vem à tona em minha mente. “Estou sozinha em uma casa aparentemente estranha mas não vejo muita coisa por causa da neblina forte. Ando pelos imensos e numerosos corredores e entro em um dos quartos. Um quarto escuro. É uma noite chuvosa, com vários relâmpagos. Olho em direção à janela e vejo uma silhueta segurando uma espécie de taça. Sinto que não é boa ideia permanecer ali. Quero sair mas não domino mais o meu corpo. A figura se vira, e sou hipnotizada por aqueles olhos tão incomuns. O pânico me domina e não conseguia andar, correr ou gritar. Olho ao redor à procura de algo para me apoiar, algo com que eu possa me defender, mas é inútil. Olho para baixo, um clarão ilumina o cômodo e vejo algo perturbador... um corpo mutilado em meus pés. Meu rosto se enche de horror e a figura se aproxima, ainda irreconhecível. Chega mais perto e....”

Eu queria parar de andar mas não conseguia. Segui desesperada e lentamente pelo corredor e entro em um quarto. Um quarto escuro. Uma silhueta. Não queria dar mais um passo para saber se tinha ou não algo aos meus pés. Uma voz quebra o silêncio:

– Olá, minha querida. Está linda hoje. Perfeita para o seu destino.

A voz... era familiar, mas não era do chefe, porém a massa sem vida que ele era continuava a mesma. Em sua taça um líquido vermelho repousava no fundo, graciosamente, mas aquilo não era vinho. Era consistente demais para ser vinho. Em seus supostos olhos havia um brilho demoníaco, não consigo me mexer. Por algum motivo, lembro de suas palavras mais cedo. “É bom se apressar, o show já vai começar e os convidados chegarão depressa. Como sempre, primeiro as damas.” Um pressentimento ruim me ocorreu sobre quem deveria ser o possível cadáver. “Alice”, pensei.

Olho para baixo, um clarão ilumina o cômodo e vejo algo perturbador... nenhum corpo mutilado aos meus pés. Meu rosto se enche de horror e alívio e a figura se aproxima, rindo.

– Não... Alice não foi morta. Mas chegará a vez dela, e você assistirá a tudo de lugares privilegiados. Ou não.

Ele chega mais perto e prende as minhas mãos, deixando sua taça cair, esparramando o líquido estranho no chão. Ele me guia até a parte superior do castelo e me prende em uma das colunas. Tinha parado de chover, mas o chão estava frio e molhado. O vendo afagava o meu rosto. Tirou algo do bolso, o meu colar de lírio e o pôs em meu pescoço.

– Realmente, fica bem em você. Não adianta tentar se transformar. Se tentar, a aquela garotinha ali morre antes da hora necessária. – disse ele apontando para uma menina franzina e amedrontada num canto da varanda. Seus cabelos longos ruivos e escorridos saudavam o resto de água de chuva junto com seu vestido branco e mãos delicadas, seus olhos chorosos como tempestades. Alice. Ela tinha um corte profundo no braço.

– O que fez com ela? – eu disse, as lágrimas rolando.

– Como pode ver, um corte em seu braço. Eu retirei o sangue dela para provar, só que eu lembrei que não poderia beber sangue inocente antes da hora, para selar o ritual. Então o pus na taça e fiquei admirando sua coloração, sua textura em relação ao cristal fino, seu cheiro. Aquilo me enlouqueceu, me lembrou você.

Ele levantou o olhar para o céu e respirou fundo. Eu fechei os olhos.

– Ah, até que enfim vocês chegaram. Estava quase começando o show sem vocês.

Abri os olhos e meu coração acelerou. Kyouta e Kai estavam lá, e junto com eles estava uma garota. O olhar de Kyouta cruzou com o meu, doces lágrimas correram pela face dele, assim como pela minha.

– Se se aproximar dela, a garotinha vai sofrer, muito. – disse apontando novamente para Alice. Kyouta recuou. Os seus olhos diferentes ainda em contato com os meus. – Ah... olha só quem voltou... olá, Liese. Veio pedir para voltar?

– Nunca.

– Entendo. – riu. – Sei porque está aqui. Sei porque todos estão aqui. Todos traidores.

Ela não respondeu. Ninguém respondeu. Traidores? As nuvens se afastaram com a brisa, dando vista a uma Lua vermelha. Ele virou em minha direção e disse.

– Quero que saiba, querida, que seus amigos e aquela ali eram meus subordinados. A garota desistiu de mim. E os dois ficaram de treinar você para mim... mas me traíram. Vou mata-los com seu próprio sangue e lavar sua desonra.

Kyouta se transformou, seguido por Kai. Ambos com uma espada, atacaram. A massa morta era ágil e desviou do ataque duplo. Surgiu atrás deles e golpeou Kai nas costas com um punhal. A garota, Liese, estava com Alice, acalmando-a e a levando para dentro do castelo. Kyouta o corta no pescoço, mas isso parece não atingi-lo, ele apenas se vira e empurra o yokai em direção a uma parede. Kyouta se curva de dor, parece ter uma das costelas quebradas, porém ele se levanta e investe outra vez. Kai tem sangue escorrendo pelos lábios e parece sentir muita dor por causa do ataque, mas ele enfrenta a criatura ao lado de seu irmão.

Eu apenas assistia a tudo sem poder agir. A Lua estava quase em seu ponto mais alto. Fechei os olhos com força pensando no que poderia fazer. Estava presa com correntes... mas pra poder usar correntes se precisa de um... “um cadeado”, pensei. Me contorci ao máximo para que minhas mãos pudessem alcançar o meu cabelo, o coque estava cheio de grampos. Consegui retirar um, finalmente. Não fazia a mínima ideia de como fazê-lo. Separei as pontas e o enfiei no cadeado e o girei. Meus dedos estavam tremendo e eu o deixei cair. “Mas que merda, Amelie”. Tive que me contorcer novamente. Enquanto minhas mãos procuravam outro grampo, meus olhos viram a cena de batalha novamente. A garota não era uma humana, era feita de... gelo? Neve? Lutava com uma faca e havia ferido o chefe no tórax... dava para ver seu coração inumano batendo, porém, no outro instante, a massa em seu peito se regenerou. Conforme a Lua subia... mais forte ele ficava. “Aeeeee consegui outro grampo” comecei a girá-lo novamente e de repente um “click” discreto se fez audível pra mim e soltei as correntes. Alice não estava lá, o que me fez pensar que poderia me transformar em segurança. E assim o fiz. Saquei minha espada e corri ao encontro deles e apunhalei a criatura pelas costas, a ponta da katana atravessando seu tronco, saudando a garota com um “olá” metálico que a fez sorrir de canto.

– Boa, garota! – ela me disse piscando.

– O-obrigada. – gaguejei de volta.

– Ora sua... – a coisa se virou e me deu um tapa que me jogou no muro da sacada. Minhas costas pediram socorro e eu caí por cima do meu pé, quase torcendo-o. Kai pulou em seu pescoço e o girou, só que seu antebraço foi alvo do que me pareceu uma mordida, e sua barriga foi atingida por um soco. Kai cambaleou para trás, e com magia, a coisa o fez bater a cabeça no chão, deixando-o semi-inconsciente. Kyouta também foi pego, desprevenido, e ficou preso. Liese estava cara-a-cara com a criatura, e foi ao ataque. Ia dar certo o que ela planejou, um golpe forte na cabeça, seguido de uma decapitação, porém, como havia criança na sala, Alice teve de se manifestar.

– Liese! Não! – Alice gritou e eu vi o porquê. A criatura estava com uma adaga em mãos, a atingiu na região do abdome quando ela levantou sua faca para cortá-lo. Liese caiu segurando o local ferido e Alice correu em sua direção. A coisa a pegou pelo pescoço e meu coração se partiu.

– Para! Deixa ela! Eu faço o que quiser. – o tempo estava acabando, eu tinha de salvá-los. Mas...ah sim! – Eu faço o que quiser! Entro no seu jogo. Deixe-os. Comece o ritual, aceito espontaneamente ser teu legado. Vai reinar acima dos humanos e yokais e espíritos da natureza.

– A-amy – disse Alice entre as lágrimas, sufocada nas mãos da coisa. – N...ão...

– Eu tenho de fazê-lo. – Olhei significativamente em sua direção... ela entendeu o olhar.

– Ahh – a criatura gargalhou. – já não era sem tempo. Vamos deixar nossos convidados verem o show.

– Certamente. – eu disse.


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Notas finais do capítulo

Até a parte 2 :)



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