Mistérios? escrita por Smile Angel


Capítulo 17
Sacrifícios - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Heey Jude o/ aqui está a parte 2. Não será o último capítulo :) quero fazer pelo menos mais um. Espero que gostem, boa leitura :)



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– Chame a nossa convidada, o nosso ponto de partida. – Bradou a massa morta.

Dois ghouls entraram trazendo uma mulher, familiar... Era... Francesca.

– Mamãe...? – eu disse, horrorizada.

– Amelie – ela rosnou – olha só o que me fez! Depois que partiu, a nossa vida mudou. Ficamos ricas. E ainda por sua causa, perdemos tudo! Perdemos Corey! Perdi minha vida! Estou quase perdendo Alice! E tudo isso por sua culpa! Sua culpa!

Fitei o chão, desolada. Não... não foi minha culpa...

– Não, mãe. Você me vendeu! Você causou tudo isso, por dinheiro. Mas não guardo mágoas. Se quiser jogar tudo em mim como sempre fez, pode jogar. Não ligo, me acostumei. Mas só quero que reflita e olhe para a sua filha. Aquela criança sendo sufocada nas mãos de um monstro. Quero que saiba que aquilo ali é culpa sua. E vou tentar salvá-la e consertar toda a merda que você fez.

– Maldita! – cuspiu ela.

Sorri tristemente. – Você nunca muda, não é mesmo?

Os ghouls a arrastaram para o centro da sacada. A Lua nos iluminava. A hora chegou. Cortaram o tornozelo dela e respingaram o chão. Pegaram parte de seu sangue e puseram-no em uma taça, idêntica a que estava o sangue de Alice. O entregaram à coisa, que o bebeu.

– Sangue impuro... – suspirou a criatura que estava aos poucos mudando de forma.... ficando humana outra vez.

O chefe pegou o braço de Alice e fez outro corte, tirando mais sangue. Sangue fresco, o pôs na taça e bebeu. “Sangue inocente...” Depois disso ele as empurrou para o lado, vindo em minha direção.

– Agora... sangue nobre... sangue yokai... – havia um brilho em seus olhos. Ele estava completamente mudado... uma vaga lembrança em minha mente me disse com quem ele se parecia... O servo... Hyouma.

– Você...

– Sua vez... me dê sua mão. – ele disse, sorrindo com loucura.

Estendi o braço, relutante, olhando para meus colegas... minha mãe... Alice... Kyouta...

A adaga penetrou a minha pele, mas a dor não era nada comparada à que eu sentia no peito. O meu sangue entrou em contato com a taça... a caminho de seus lábios. Se havia alguém que podia mata-lo... esse alguém era eu. Eu peguei a katana e me preparei. Com um golpe, cortei de seu braço a mão que segurava a taça e enfiei a espada em seu peito, puxando-a para baixo, rasgando seu tórax, visualizando seu coração batendo. A Lua estava alta, iluminando-nos ainda, ainda em seu curso.

– Amelie... não... – ele arfou. Sua forma humana não tinha força o suficiente para resistir a tais ferimentos sem o meu sangue. Havia o meu líquido morno e vermelho em seus dedos, lutando para chegar a sua boca. Eu tinha de ser rápida.

– Desculpe... – eu disse – Feche os olhos, Alice.

Ela me obedeceu. Eu tirei o coração dele com as minhas próprias mãos e o carbonizei com toda a minha fúria. A luz vermelha da Lua me invadia, as labaredas prateadas da espada destruindo o coração, todo o poder fluía em mim. O poder que sem dono vagaria se apoderou de meu corpo em segundos. Éramos únicos. A consciência de Hyouma estava sumindo, derrubando qualquer barreira que impedisse aquela energia de fluir completamente. Era demais para mim. Meu corpo estava pesado demais. Olhei para meus amigos. Kyouta se movia, debilmente. Parecia que a magia negra lançada antes estava indo embora, talvez para sempre. O corpo sem coração não estava mais lá... assim como sua bomba de sangue, havia derretido, sido queimado em agonia. Suspirei pesadamente, a luminosidade vermelha que enchia a noite estava se esvaindo, assim como minhas forças, a exaustão se apoderando de mim.

– A-Amelie! Amelie! – ouvi dizerem. Era Kyouta.

– Amy! Amy, por favor! – Alice.

Suas vozes estavam longe… Adormeci.

–Kyouta

Era... inacreditável. Todo o peso da magia do chefe havia ido embora. Eu podia me mover, os ghouls desapareceram, tudo estava calmo novamente, graças à Amelie. Fui até seu corpo, repousado no chão frio. Estava pálida, seus dedos estavam tremendo... ela toda estava tremendo. Era muito poder, estava despreparada para tudo aquilo. Olhei em volta e Kai estava desmaiado no chão, Liese estava com um corte feio na barriga, mas estava boquiaberta, totalmente consciente, parecia não notar mais a dor do corte. Alice estava ao lado da mãe, os olhos úmidos, os bracinhos em volta do pescoço de Francesca que olhava para a filha mais velha com nojo e horror.

Eu peguei Amelie, a levei para um dos quartos e a deitei na cama.

– Já volto. – sussurrei.

Subi novamente para ajudar os outros. Levei Kai para outro quarto e deixei Liese ao seu lado. Ela estava melhor, disse que se cuidaria sozinha, sua regeneração estava lenta, mas conseguiria resistir. Fui até Alice e Francesca.

– Ela deveria ter morrido junto! – Francesca rosnou, fazendo Alice chorar mais ainda.

– Não... ela foi piedosa por tê-la salvado também. Amelie é uma pessoa maravilhosa, pena que não a reconhece.

– Ela destruiu a minha vida.

– Não... você destruiu a vida dela, e eu não acredito que quase contribuí para isso também. Eu tentei protegê-la, e, realmente, devo te agradecer por tê-la enviado a mim tão fácil, pelo menos ela teve raros momentos de paz longe de você.

– Não me interessa! Ela quase matou Alice! Ela me fez perder Corey! E perder todo o dinheiro também!

– Esse é o seu problema! Você a vendeu e estragou a vida de todas vocês! Sua gananciosa, devo imaginar como essa garotinha deve sofrer com você!

A pequena figura de cabelos ruivos se aproximou de mim e pediu para eu abaixar. Me ajoelhei e fiquei da altura dela. O que ela fez me surpreendeu. Ela pegou um alfinete em forma de rosa que estava em seu vestido e me deu, e em seguida depositou um beijo em minha bochecha.

– Obrigada por cuidar da minha irmã. Você é uma pessoa muito gentil. Amy deve gostar muito de você, eu vi isso nos olhos dela. Não deixa ela morrer... por favor... – ela disse baixinho. Sequei uma lágrima teimosa em seu rosto com a ponta dos dedos.

– Ela vai ficar bem. Eu prometo.

Ela sorriu.

– Não fica bravo com a mamãe, ela fala essas coisas quando fica nervosa.

– Tudo bem. – realmente as irmãs eram muito parecidas. – Francesca, dê a essa garotinha o carinho que não deu a Amelie. Se é dinheiro o que quer, eu lhe darei.

A mulher olhava para o chão todo o tempo.

– Não posso cuidar dela.

– Como não?

– Simplesmente não posso. Eu a amo... mas não posso. Pergunte a ela se quer vir comigo. Vamos, pergunte!

Alice foi a até a mãe e a abraçou.

– Eu vou com você se quiser. Eu só quero poder ver Amy de vez em quando.

– Vê? Ela gosta de você. Só tem que ser menos... Mesquinha.

– Tudo bem. Alice, vamos para casa?

– Eu... – a garotinha olhou para o chão. – eu queria ficar um pouco com a Amy. Faz tanto tempo.

Francesca suspirou.

– Tudo bem, se o rapaz ali deixar.

– Claro que ela pode ficar. Quanto a você, cuidarei para que a sua moradia seja suficiente para vocês. Deseja ver a sua filha? A que lhe salvou?

Relutante, ela concordou.

Descemos até os quartos e chegamos ao aposento de Amelie. Ela estava desmaiada na cama, com movimentos rápidos e pequenos dos dedos, consequência do poder recebido. Francesca não adentrou no quarto, somente Alice, que deu um abraço na irmã adormecida e ficou lá por um bom tempo.

– Vou lhe mostrar um dos quartos em que pode ficar.

Eu guiei Francesca até um dormitório e a deixei. Fui ficar com Amelie e Alice. As duas estavam adormecidas, juntas. Sentei em uma poltrona e fiquei olhando as duas, mais fortes do que aparentam ser. A Lua estava prateada novamente, nossas vidas estavam salvas. Suspirei e logo adormeci, exausto.


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Notas finais do capítulo

Até :3



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