Mistérios? escrita por Smile Angel


Capítulo 15
O despertar


Notas iniciais do capítulo

Hey o/ devo ter demorado um pouquinho, mas aqui está outro capítulo. Espero que gostem e boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/524761/chapter/15

–Kai-

O dia não tardaria a chegar, mas não acordaria com o Sol. Pelo contrário, a noite estava presente quando saí dos sonhos, que não eram tão bons por sinal, o que veio depois foi o melhor consolo que pude ter naquele momento. Estava se mexendo, largou a mão sobre meus cabelos, e levemente senti um arrepio percorrer meu corpo, por mais que estivesse desacordado.

– Ahn... K-Kai? – sussurrou – Kai! – disse aumentando o volume da sua voz.

Ergui o rosto em sua direção. Tinha voltado ao normal, os cabelos estavam castanho-claros novamente, seu rosto emanava uma aura sonolenta, mas mesmo assim sorria delicadamente.

– Liese! – não me mexi. Estava paralisado, ela estava viva! Meus músculos relaxaram... alívio.

– Cadê os ghouls? Você ficou aqui o tempo todo? – e sem se dar conta, sua mão percorreu todo o meu cabelo, enfim descansando a poucos centímetros das minhas, no colchão. Pisquei tentando conseguir alguma reação, quando consegui falar:

– Foram embora. Eu pus você aqui e acabei dormindo também. Você está bem?

– Um pouco fraca ainda, mas logo passa. Antes do almoço sairemos em missão.

– Não, você precisa descansar.

– Escute, Kai, quanto mais demorarmos, mais vão vir atacar e mais riscos correremos. Pode ter sido eu agora, depois podem ser vocês.

Pensei no que ela tinha dito. Era verdade, não importa aonde vamos, sempre correremos riscos. E serão maiores se ficarmos muito tempo no mesmo lugar.

– Tudo bem. Vou pegar um tônico que fiz para te fortalecer. – fui para a cozinha e voltei com uma xícara pequena que entreguei a Liese. Ela tomou um gole rápido do líquido, seguido de outro gole longo.

– É bom, tem gosto de chá.

– Receita de família. Isso deve ajudar.

– Kai... obrigada.

Mirei seu rosto, seus olhos, os lábios levemente sorridentes. Sorri de volta.

– De nada, Liese. Durma mais um pouco, teremos uma viagem longa. – fui em direção a porta para chamar Kyouta, deixando Liese adormecida novamente.

–Narradora-

Kai e Kyouta arrumaram o necessário para a viagem, como comida, remédio e roupas. Depois de algumas horas o dia estava presente e Liese havia acordado. Pelo jeito o tônico de Kai teve o efeito desejado, ela estava forte, disposta. Saíram antes do almoço, deixando a cabana. A viagem recomeçou, e a partir daí os dias correriam, e se quisessem Amy de volta, teriam que correr mais que o tempo.

–Amy-

Naquele dia me acordaram cedo, trouxeram café da manhã no quarto. Fiz o desjejum e me lavei. Dessa vez o que me esperava em cima da cama era um vestido azul Royal, mangas compridas, leve. Me vesti e novamente criadas vieram e fizeram uma longa trança em meus cabelos. Não falavam entre si, tinham rostos sem expressões, calmos, delicados. Os olhos eram de um tom de rosa vibrante, e a pele era como porcelana, branca. Depois de arrumar os cabelos e ficar sozinha, olhei em volta. Mirei os quadros que me encaravam nas paredes, sorrindo, outros chorando, pedindo socorro. Andei lentamente até um deles e o toquei, era um cavaleiro com seu cavalo. Ambos caídos no chão, rendidos, cara a cara com a morte. Ah, a morte. Alguns dizem que ela é cruel, outros que ela é delicada, gentil. Ela me deixou sofrer ali, naquela cela, me deixou marcas, meus pulsos, meus fantasmas. Não sabia se era necessário tudo aquilo, ou se ela estava de brincadeira comigo. Um dia perguntaria.

A tarde, foram me buscar. Não me amarraram, mas me cercaram e me conduziram até outro quarto. Era maior que o que eu estava, tinha livros, sofás e poltronas, sacada, lustres, um grande banheiro, um armário enorme, e num dos cantos havia uma cama grande. Nas paredes, retratos e espadas repousavam, junto com brasões e quadros de guerra e tortura. Era escuro, não me senti confortável.

– Espere aqui, o mestre deseja vê-la.

Ao ouvir aquilo minhas pernas bambearam. Eu encontraria aquela criatura de novo, e estaríamos sozinhos. Fecharam a porta e me sentei em um dos sofás, desejando que o monstro nunca aparecesse. Não foi isso o que aconteceu.

– Bom dia, querida. – disse a criatura envolta em uma capa com capuz. Me poupou de ver sua feiura, graças. Não respondi. – Bom, muito bom. – me analisou – Você é jovem e bela. Mas... muito quieta. Sabe por que está aqui?

Balancei a cabeça negativamente.

– Você nasceu... diferente, acho que já sabe. Você tinha mais força que os outros, por isso a escolhi. Você era digna de me servir e reinar, aguentaria os poderes, tinha muita força vital. Você me ajudará a retomar o poder e extinguir os de raça não-pura. Você é a chave, minha carta na manga, meu xeque-mate. – estava se aproximando. – Está vendo esses retratos? Relatam um jovem nobre, bonito, poderoso... que foi arruinado. Esse sou eu. Um rei sem trono, sem autoridade – cada vez mais perto, sentia seu olhar me penetrando – humilhado, agora com uma oportunidade de recomeçar.

Ele chegou a mais ou menos um metro de onde eu estava e tirou o capuz. Aquela visão era a mais traumatizante que eu imaginava na hora. Ele se sentou ao meu lado, e eu estava encurralada contra o canto. Sem escapatória.

– Você poderá liderar comigo, ficaremos juntos, em um só, onde só yokais dominariam, escravizando o resto, vivendo em paz, como sempre deveria ter sido. Mas antes de governarmos, tenho que saber se está pronta, ou pelo menos se continua pronta.

Ao dizer isso se lançou em cima de mim, me prendendo contra o sofá. Ele segurou o meu rosto e me fez encará-lo. Abaixou a sua cabeça e roçou meu rosto com sua face deformada, passando seus projetos de mão pelos meus braços. Esperneei tentando me livrar daquilo, mas ele me prendeu com suas pernas tortas. Senti um pouco de energia se esvaindo de mim. Ele estava mudando também. – viu? Você pertence a mim.

“Pense, Amelie, pense...” a ânsia de vômito veio à tona quando senti seu cheiro de estrume e senti a pele estragada pelo meu pescoço. Ele levantou de novo a cabeça e me encarou. Nesse instante fiz o impensável: dei uma cabeçada que deixou os dois zonzos, porém eu consegui me livrar dos braços e sair do sofá.

– LEVEM-NA DE VOLTA! – gritou. Ele apontou o que seria um dedo na minha direção e disse baixo, antes dos guardas entrarem:

– Você pagará por isso, porém está pronta, aparentemente ninguém lhe sujou... ainda. Aguarde, Amelie. O dia está chegando, logo reinaremos. Adeus, minha querida.

Os guardas me levaram de volta aos meus aposentos e me trancaram. Desabei no chão e dei livre curso ás lágrimas. Não poderia nem imaginar o que poderia ter acontecido se aquilo fosse mais adiante. A noite chegou, e meus pensamentos estavam em Kyouta. “Por favor...” Eu queria ele de volta. Queria estar casa. Queria Kyouta comigo.

–Kyouta-

Escureceu depois de um longo dia de viagem. Estávamos a quase meio caminho andado, sendo liderados por Liese. Encontramos alguns ghouls no caminho, mas foi um ou outro. Deu para lutar. Se Liese fraquejasse, Kai estava lá para segurá-la, e eu segurava as coisas que ela tinha que levar. Correu tudo tranquilo. Após algumas horas as estrelas apareceram junto com a Lua. Definitivamente estava chegando, ela estava amarelada. Pensei em como Amelie estaria, aliás, não tinha um minuto sequer sem que eu pensasse nisso. “Estamos chegando” pensava pedindo que ela ouvisse. Resgataríamos ela custe o que custar. Sentia sua falta. Queria Amelie comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mistérios?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.