Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 45
IV - Capítulo 43: A descoberta de um feitiço


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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Parte IV

{Sobre a loucura, o amor e a guerra}

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Capítulo 43: A descoberta de um feitiço

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Porque confiava em Blaise a sua própria vida, resolveu ignorar as palavras venenosas de Draco, mesmo que seu peito latejasse com a memória delas. Não era fácil esquecê-las, toda vez que se deparava com aqueles pares de olhos da cor do gelo glacial, ela era abatida por um forte sentimento que se misturava a outro e a fazia querer se afundar dentro de si mesma, até o esquecimento completo de sua existência, na esperança de se libertar da dor.

Ela não sabia o que estava errado consigo, além do cansaço físico e mental causado pelas visões, claro. Não era só isso, havia outro cansaço, que era mais profundo que o primeiro e que era, também, de uma espécie que apenas piorava com o passar dos segundos.

Passou uma tarde inteira, sentada na última cadeira, num canto escuro, de uma aula que não se lembrava do nome, olhando para a janela e pensando no que ele falara. O que lhe perturbava o espírito não eram, necessariamente, as palavras dele, mas o fato de ter sido ele a falar.

Era óbvio, claro, o que ele estava tentando fazer: desestabilizar a confiança que tinha em seu namorado. E não poderia deixar isso acontecer!

Foi com este ultimato que ela decidiu erguer-se, ao final da aula, para finalmente encarar o dia. Para a sua surpresa, encontrou um animado Rony seguido por um eletrizante Harry do lado de fora da sala. Eles abriram a boca para falar e as suas palavras jorraram ao mesmo tempo, untando-se numa perfeita confusão.

Hermione os puxou para um lugar afastado do tumulto de estudantes e pediu que eles respirassem fundo antes que um falasse, devagar e pontoadamente, sem que o outro se intrometesse, senão como poderia entender?

– Eu encontrei um feitiço que pode nos ser útil! – disse Rony, estufando o peito, todo orgulhoso de si mesmo.

Ela estava tão surpresa que não foi capaz de dizer nada, apenas soltou uma audível exclamação e pediu que eles lhe mostrassem logo.

Com muito cuidado, Rony retirou um livro velho de capa rasgada e folhas amareladas se desmanchando da mochila e abriu na página marcada, apontando para algo no meio dela.

Sphaera praesidium

Feitiço protetor contra ataques mentais.

Aquele que almeja dominá-lo precisará ser metódico e cuidadoso, pois, pronunciado ou realizado de forma errada, causará danos à mente e ao corpo, alguns deles sendo irreparáveis.

Hermione pensou ser impossível uma pessoa sentir-se tão contente. Ela sorriu e abraçou seus dois amigos, beijando a bochecha de cada um, rindo-se em êxtase. Era isso, estava livre, enfim! Queria gritar para toda a Hogwarts escutar, mas se limitou a parecer uma boba perfeita.

Até se lembrar do elemento singular...

– Avisem ao Malfoy – murmurou ela, virando-se para partir.

– Aonde você vai? – perguntou Harry.

– Dizer a boa notícia a Blaise.

Ela iria continuar a andar, porém Harry a chamou novamente.

– Prometa-nos que não irá praticar este feitiço sozinha – pediu ele, com receio.

– Eu não sou estúpida, Harry, eu sei o quanto isso seria perigoso!

– Então, você nos deixará ajudá-la? – foi Rony quem falou, ansioso.

– Claro!

Os três sorriram, pois sabiam que, não importava o que acontecesse, seriam sempre amigos, pacientes e queridos, prontos para ajudar e a confiar um no outro, mesmo que para isso precisassem de tempo e de solidão para encontrar, novamente, a coragem e a esperança que jazia dentro deles.

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Durante a aula de Poções, Harry escreveu um bilhete, amassou-o e enfeitiçou-o, arremessando-o na direção da mesa do Malfoy, quem, por sua vez, abriu sorrateiramente o papel debaixo da mesa.

Encontre-me na Biblioteca após a aula.

Harry não esperava que o Malfoy fosse dar ouvidos ao seu pedido, por isso foi uma surpresa encontrá-lo atrás das altas prateleiras, na ala leste da Biblioteca, a qual estava praticamente deserta naquele período.

Dessa vez, Harry não tinha o apoio moral de nenhum dos amigos, pois Hermione estava em algum lugar com o propósito claro de não ser encontrada e Rony estava ajudando os gêmeos a contrabandear algumas de suas invenções para dentro da escola novamente, apesar de todos terem advertido-os que isso era loucura e que Dolores arrancaria a pele dos três somente por terem tal pensamento!

O Malfoy estava esperando impaciente a sua explicação.

Harry abriu o livro na mesma página que ele e Rony mostraram para Hermione mais cedo naquele dia e entregou-o ao sonserino.

À medida que lia, a expressão dele mudava de inexpressiva para surpresa alarmante.

– Este é realmente o feitiço certo? – perguntou ele.

– Foi o único que encontramos – respondeu Harry, mudando o peso de um pé para o outro.

A razão de ele estar inquieto não tinha a ver com o fato de ser um Malfoy diante dele, mas do fato da estranha relação que ele parecia manter com a sua melhor amiga. E Harry tinha várias perguntas e lacunas sem explicação que perturbavam o seu sono.

– Você passa bastante tempo com a Mione... – comentou Harry, naquele tom mole de quem não quer nada. Como o loiro não demonstrou reação, ele prosseguiu: – Ela costuma dormir no seu quarto?

O sonserino ergueu os olhos do livro, sorrindo de lado, subitamente curioso e divertido com aquela situação.

– Às vezes – respondeu, dando de ombros.

Para Harry, ele parecia terrivelmente casual, como se isto não fosse nada de grandioso, nada que merecesse reações alarmantes.

– E você está simplesmente de boa com isso?

Draco fingiu estar pensando sobre o assunto, apenas para irritar ainda mais Harry.

– Obviamente, eu não a deixo abusar da minha paciência por mera caridade, se você me entende, Potter – piscou para o garoto, rindo-se da expressão dele.

Harry ficou vermelho da ponta dos dedos à cabeça.

– Não, eu não entendo o que você quer dizer!

– Ela terá que me pagar... – deixou a frase solta, leve, pairando no ar com todas as milhares de diferentes possibilidades e interpretações que poderia causar.

De alguma forma, Harry conseguiu ficar ainda mais vermelho. E Draco não queria evitar as suas maldosas gargalhadas.

– Você não seria capaz de fazer isso! – falou Harry, respirando pesadamente. Queria esmurrar aquele sorriso idiota, essa era toda a verdade.

– Existe pouquíssimas coisas das quais sou realmente incapaz de fazer, Potter. E, quando o assunto é a Granger, não consigo me lembrar de nenhuma delas.

Esta era a sua frase final, impactante e escandalosa, contendo ainda um tom sombrio, perfeito para assombrar o Potter até o seu último suspiro infeliz. Draco devolveu o livro nas mãos do garoto, que vasculhava a mente em busca de uma fala à altura. Reles coitado! Quando aprenderia que ele não havia nascido para este tipo de jogo?

A única pessoa que conseguia surpreender e calar Draco Malfoy era Hermione Granger. E ela estava em lugar algum para ser vista.

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Aprender um feitiço novo, sobretudo sem a ajuda de maiores instruídos em sua arte, era muito difícil. Pois havia várias complicações envolvidas, como a maneira correta de pronunciá-lo e de mover a varinha, assim como saber em que situações ele deveria ou não ser usado.

Hermione, ao menos, tinha a ajuda de Harry e Rony. Já passava das vintes e uma horas, e eles não deveriam estar fora de seus quartos, muito menos dentro da Sala Precisa praticando um feitiço contido num livro proibido. Ainda mais um que tinha grande potencial de destruí-los. Se Dolores soubesse... Na verdade, esse pensamento não era tão terrível quanto o que Dumbledore pudesse descobrir sobre isso...

Já fazia três dias que estavam treinando, e Hermione não via sinais de melhoras. Pelo contrário, sem querer, machucara Rony na noite passado, deixando-o momentaneamente desnorteado, impossibilitado de se lembrar de quem era.

Ela própria já havia sofrido alguns transtornos parecidos, felizmente nada muito drástico.

Às vinte e duas horas, despediu-se dos amigos e correu para encontrar-se com Draco.

Diferente das noites passadas, ele não estava a esperando sentado no primeiro degrau da longa escada que levaria ao seu quarto.

Suspirando, Hermione começou a subir. Bateu na porta do quarto dele três vezes antes de a porta se abrir sozinha. Ela entrou, pisando no chão com demasiado cuidado, na expectativa de que aquilo fosse alguma armadilha. Olhou ao redor, procurando por um jovem de cabeleira loira pálida, encontrando-o estirado no chão, murmurando algo consigo mesmo. Sem pensar sobre isso, correu até ele, ajoelhou-se ao seu lado e vasculhou o seu corpo por marcas de feridas. A bochecha dele sangrava, assim como o seu nariz, os dedos também estavam manchados de sangue, mas não havia ferimentos nas mãos.

Passou a mão sobre o rosto dele, sentindo a pele febril e úmida de suor.

– Hermione – murmurou ele, com os olhos entreabertos –, não... S-sen-tindo... Bem...

– Seu idiota, o que você fez?! – gritou ela, desesperada. Tinha mais receio de que ele tivesse machucado a si mesmo tentando aprender aquele feitiço do que real raiva.

– Minha... Cabeça – falou ele, fechando os olhos e encolhendo-se mais próximo dela.

Hermione tentou erguer-se e levá-lo junto, porém ele era pesado demais. Tirando a varinha do bolso e apontando-a na direção dele, ela sussurrou:

– Wingardium Leviosa.

O corpo dele flutuou cuidadosamente em direção à cama. Hermione sentou-se ao seu lado, pensando no que deveria fazer. O melhor seria levá-lo à enfermaria, mas ele nunca a perdoaria se fizesse isto, afinal, aquele era um segredo dos dois apenas, que, por acaso, tivera que ser estendido a três outras pessoas, o que significa que andavam negligenciando por demais a manutenção de seu segundo mais terrível segredo. O primeiro era a noite que nunca aconteceu.

Levantou-se da cama e vasculhou o quarto com o olhar, direcionando-se, relutante, até o guarda-roupa. Abriu-o e, sem prestar muita atenção no que ele escondia, retirou duas toalhas, uma branca e outra verde com adornos em linha prateada na forma de cobras. Usou uma para enxugar o suor e o sangue do rosto dele e molhou a outra em água morna para colocá-la sobre a testa dele.

Usou um feitiço simples para fechar o corte na bochecha dele, o que ficou no lugar foi uma faixa de pele flácida, cicatrizada, finíssima. Hermione tocou-a, testando sua textura, deslizando o dedo por toda a curvatura da bochecha dele, um carinho inesperado.

Ele parecia tão pálido, sua camisa estava grudada ao corpo. Ela sabia que seria mais confortável para ele se a mudasse, mas sentia que estaria invadindo a sua privacidade se trocasse as suas roupas. Além disso, algo nas profundezas ocultas de si sussurrava que isso não era uma boa ideia por um motivo completamente diferente.

Como não sabia o que mais poderia fazer, resolveu ficar por ali, esperando para que ele despertasse e para que descobrisse o quão profundo foi o dano que ele infringira em si mesmo.

Sentou-se ao lado dele, na cama, com um livro qualquer que encontrou sobre a mesa no colo, fazendo o seu melhor para permanecer calma, quando cada célula do seu corpo estremecia e se agitava com brutalidade. Não consiga ficar um minuto parada, sem checar se a febre dele diminuíra, ou pensar no que poderia fazer para que ele ficasse melhor.

Entre um minuto e outro, enquanto Hermione relia a mesma frase tentando em vão compreender o seu significado, Draco começou a murmurar em delírio.

– Não... Pai... Não...

Hermione tocou a bochecha dele, sentindo a pele quente. Precisava de remédios para abaixar-lhe a febre, mas não queria deixá-lo sozinho enquanto ia, furtivamente, até a enfermaria. Também não gostava de pensar que teria que pegar emprestado sem pedir a ninguém os remédios.

– Não... Mach... Aque... La... – disse ele num tom de voz fraco e instável, as palavras saiam aglutinadas à sua respiração pesada, por isso Hermione não conseguia entender o que ele queria dizer.

Estaria ele acordado? Ou estaria tendo um sonho ruim? Estaria delirando?

– Draco – chamou ela, suavemente, balançando seus ombros sem força. – Draco.

Draco remexeu-se, balançando a cabeça de um lado para o outro, os pés chutando o lençol como se tentasse se desvencilhar de uma rede que o aprisionava ao chão.

Com receio de que ele acabasse por machucar-se ainda mais, Hermione tentou segurá-lo firme, prendendo-o no aperto de seus braços. Ele respirava espaçadamente contra o seu pescoço; seus lábios, movendo-se para formar sons incompreensíveis, tocavam a pele dela como asas delicadas de borboletas e a faziam se arrepiar da cabeça aos pés. Apesar disso, ela manteve o enlace firme sobre ele, apertando suas pernas em volta das dele.

Ele agitava-se, desesperado, de seus olhos começaram a escapar lágrimas que ardiam ao cair e escorrer pela pele de Hermione.

– Pare, sol...Tme! – murmurou ele. Então escancarou a boca e soluçou um som fantasmagórico.

Hermione apertou-o mais forte e sussurrou no ouvido dele uma antiga canção que sua avó costumava lhe cantar quando a colocava para dormir, quando ainda era uma criança ingênua que pensava que mágica só existia nos filmes e nas histórias, quando não sabia que ela também era feita de magia.

– Blackbird singing in the dead of night – disse ela, massageando os pontos de tensão nos ombros dele. – Take these broken wings and learn to fly… All your life.... You were only waiting for this moment to arise

O choro dele foi diminuindo de intensidade, seus membros não mais tremiam, mas a febre persistia, assim como os ocasionais murmúrios, falas escapadas de um sonho.

Muito lentamente, ela subiu a sua mão em direção ao cabelo dele, de uma forma inocente, sem intenção. Sentiu a maciez do cabelo dele e alisou-o, enquanto a outra mão continuava a massagear o ombro dele. A camisa branca esta tão ensopada de suor, que a sua mão ficava grudada nas dobras molhadas. Sabia que precisava trocar as roupas dele por um conjunto seco.

Sem vontade, ergueu-se, e desabotoou a camisa dele, tirando-a com dificuldade, mas sem fazer caso disso. Desabotoou-lhe a calça e precisou respirar bem, bem fundo, repetidas vezes, até arranjar a coragem para puxá-la para baixo. Era um processo metódico e simples, bastava não prestar muita atenção ao que fazia.

Jogou as roupas numa cadeira ao lado da cama e pegou a primeira calça de pijama e blusa limpa que encontrou no guarda-roupa.

Ao retornar para a cama, podia sentir as suas bochechas quentes. Olhando para o teto, começou a vesti-lo, tendo muito cuidado para não tocar nele, o que não era necessariamente fácil, porque havia pele exposta em demasiado. Além disso, ele começou a se remexer novamente, chamando por alguém num prolongado gemido angustiado.

Hermione conseguiu puxar as calças até os joelhos, antes que ele se rolasse na cama e destruísse o seu trabalho. Ele começou a chutar as calças, enlouquecido, e Hermione precisou tirá-las, enquanto tentava se desviar de chutes frenéticos.

Ela bufou, irritada, ainda vermelha, e abaixou-se, apertando os ombros dele e balançando-o, pedindo para que acordasse logo, ou ao menos ficasse quieto por tempo o suficiente para que ela o vestisse.

Quando conseguiu terminar o serviço, ela caiu do lado dele, abraçando-o novamente, e cantarolando, até que ele se acalmasse.

– Hermione – murmurou ele. Em seguida soltou um longo suspiro e entreabriu os olhos. – O que... Está fazendo aqui?

Ele ainda estava fraco demais para conseguir falar uma frase por completo, sem uma parada longa para puxar o ar pela boca e soltá-lo com força sobre a bochecha esquerda dela. Toda vez que ele fazia isso, o que não foram poucas, ela estremecia e fechava os olhos.

– A porta estava aberta, e eu entrei – falou ela, baixinho. – Eu o encontrei caído no chão, balbuciando qualquer coisa e sangrando.

Draco acenou como se compreendesse. Então, passou um braço pela cintura dela e a trouxe para mais perto de si.

– Eu pensei que... Estava morta... Meu pai... – a voz dele era profunda, cavernosa. Os olhos oscilavam, cansados.

– Eu estou bem – garantiu ela. – O que você fez consigo mesmo, Dra... Mal... – parou para considerar e, sem querer, acabou por dizer – Draco?

Ele abriu a boca para dizer algo, mas ela só entendeu o final – Ficar?

– Draco – começou a dizer, porém ele já estava dormindo.

Hermione suspirou e ficou ali, sendo abraçada e abraçando-o de volta, preocupada, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo com ele nem consigo mesma. Havia somente uma certeza em seu âmago: Não iria para lugar algum naquela noite.

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Acordada sozinha no meio da madrugada, escutando cada um de seus sutis sussurros como um grito no ouvido, que a despertava assustada; Hermione olhou por sobre os cabelos loiros do garoto em seus braços para além da janela, para a escuridão sem fim, devaneando sobre a magia, o destino e todas as coisas ocultas entre o infinito e o agora.

Como a magia surgira neste mundo? Haveria ela sempre existido? Era algo nato desta terra? E, se o era, porque nem todos possuíam o dom? Como teriam a perdido? Por quê?

Se a magia era algo nato do ser humano, como haveria o homem primitivo aprendido a dominar a complexidade de um feitiço?

Hermione pensou que, sim, a magia teria começado como algo selvagem e misterioso, um cântico lúgubre na noite fria, uma erva mortal na boca de uma criança curiosa, teria começado com a desesperança de uma paixão avassaladora, com o delírio febril de poder para dobrar a natureza à sua vontade, teria começado como um beijo furtado, uma palavra pronunciada de forma errada, ao contrário, um tremor involuntário nas mãos, uma loucura doentia que revelava tanto o futuro quanto o passado; teria começado com a descoberta de um feitiço. Não com a sua criação. Porque todas as coisas na vida começam assim – com um achado, uma suposição, uma descoberta ao acaso.

Ali, sozinha, num quarto semi-iluminado pelo abajur e a luz amarela da lua, Hermione percebia aos poucos que estava descobrindo algo. Ainda não sabia o que era, mas tinha a sensação de que se vasculhasse mais encontraria algo valioso e único, algo que mudaria tudo, algo que teria o poder de fortalecê-la, ou de destruí-la.

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Draco acordou com um martelo batendo na sua cabeça, escutando o som gritante de prédios desmoronando e crianças berrando em desespero completo, chutando portas e paredes, se atirando pelas janelas para explodirem ao colidir no asfalto, centenas de milhares de bombas luminescentes de verde repulsivo e os gritos... Os gritos...

Ele agitou-se, sentindo algo prendê-lo e mãos em seus cabelos e ar morno sobre seu rosto. Não queria abrir os olhos, porque eles ardiam e o mundo girava. Então, ficou quieto, muito quieto, desejando que aquilo passasse logo.

– Draco – murmurou a única voz que ele poderia reconhecer mesmo entre todo aquele barulho infernal ao seu redor. – Você está melhor?

Definitivamente não. Balançou a cabeça, murmurando algo que esperava fazer sentindo para ela.

O que estaria ela fazendo ali, no seu quarto? Seria este mais um de seus sonhos? Já não fora atormentado uma eternidade? Estaria fadado a acordar sempre para dentro de mais uma realidade inventada?

Estava tão cansado de tudo aquilo...

Já que era um sonho, pensou ele, poderia muito bem se dar a liberdade de apertá-la mais forte e de afundar seu rosto na curva do pescoço dela, aspirando o seu cheiro, querendo, na verdade, devorá-la por inteiro. Acomodou-se nos braços dela e esperou... Pelo quê?

– Draco – chamou ela novamente, com um toque de incerteza na voz. – Não posso ficar aqui a tarde inteira também, preciso comparecer às aulas, ou vão achar esquisito que nós dois tenhamos desaparecido.

“Que se fodam todos!” queria dizer, mas não tinha forças para isso, então se limitou a murmurar em desgosto, um som sem palavras, mas carregado do sentimento em questão.

Hermione chamou-o três vezes mais, antes de se dar por convencida de que ele havia dormido. Profunda e quietamente. Então, decidiu que, se ele havia passado as últimas horas apenas dormindo, sem sonhos aterrorizadores, poderia muito passar as horas seguinte no mesmo estado de plenitude. Isso lhe daria tempo para assistir duas ou três aulas ao menos, avisar aos seus amigos e ao Blaise o motivo do seu desaparecimento e pegar alguns remédios e chá para Draco.

O ato de partir em si nunca era a parte fácil.

Mesmo sentindo o peito pesado, ela desvencilhou-se do abraço dele, puxou as cobertas para cobri-lo até o peito e saiu do quarto, virando-se para observá-lo uma última vez.

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Harry e Rony já estavam sentados, a aula na iminência de começar, quando viram Hermione entrar sorrateiramente pela porta e encaminhar-se para o fundo da sala. Eles lançaram olhares preocupados na direção dela, mas ela se limitou a escrever um bilhete e arremessá-lo na direção deles.

Depois da aula, eu explico.

Nenhum dos três conseguiu prestar muita atenção ao que a professora falava, por motivos distintos. Harry e Rony estavam formulando centenas de teorias, cada uma mais terrível que a outra, sobre o motivo de Hermione não apenas ter perdido todas as aulas durante o horário da manhã e o café da manhã e o almoço, mas também não ter dormido no seu quarto na noite passada. Eles sabiam disso porque ficaram acordados esperando-a retornar da sua tarefa cotidiana. Ela nunca retornou. E, agora, ela parecia doente de preocupação.

Se ela estivesse apenas cansada, pálida, enraivecida, fraca, com isso eles seriam capazes de lidar. Porém, aquele era o olhar que ela reservava somente para quando os amigos machucavam-se em suas desventuras.

Nem Rony nem Harry nem Gina nem Luna nem Neville nem outro integrante da Armada de Dumbledore estava machucado. Então, quem? Quem havia a feito ficar daquele jeito?

Hermione, por sua vez, estava preocupada com um loiro arrogante que não mereceria o menor e mais ligeiro dos seus cuidados. No entanto, não conseguia evitar o ato de sentir. Isso a consumia por completo, porque, no meio da madrugada longa, com braços enrolados em outros braços, ela encontrou-se descobrindo uma pulsação, algo que não tinha nome ainda nem forma – era feito sentimento puro.

Quando a aula acabou, Harry e Rony ergueram-se e foram até onde Hermione ainda estava sentada, olhando distraída pela janela.

– Hermione, onde você estava? – perguntou Rony.

Ela suspirou e ergueu-se.

– Cuidando do Draco – o nome lhe escapou, sem querer, e ela nem percebeu.

Harry e Rony entreolharam-se e voltaram-se para a amiga, com expressões de choque e de incredulidade. Eles abriram e fecharam a boca repetidas vezes, com medo de falar a coisa errada e com medo de falar a coisa certa.

No momento em que Harry percebeu que Rony começava a precipitar-se, avermelhando-se, ele resolveu tomar a iniciativa de explodir-se.

– Por quê? – perguntou alto, escutando a sua própria voz soar histérica. Alguns alunos que ainda permaneciam na sala viraram-se para observá-lo, como se ele fosse um louco palhaço.

Hermione deveria saber que aquilo iria acontecer. Seus amigos poderiam aturar o Blaise, mas o Draco já passava do limite deles!

– Ele se machucou. Eu acho que estava tentando aprender aquele feitiço, quando acabou fazendo algo errado, e o feitiço voltou-se contra ele – disse Hermione, de forma mais calma do que realmente se sentia. – Eu o encontrei sujo de sangue, semiacordado, murmurando em dor. Não poderia deixá-lo naquele estado simplesmente, ele precisava de ajuda.

Cruzou os braços para aparentar estar destemida diante de olhares inquisidores, porém a verdade era que ela só queria o conforto de um abraço. Como será que ele estava? Teria voltado a ter pesadelos e, agora, estava chorando sozinho no seu quarto? Seu nariz teria voltado a sangrar? Ele teria acordado com fome, mas cansado demais para se mover? Precisaria de ajuda para ir ao banheiro? Sentia febre, dor de cabeça? Precisaria dela?

– Se ele estava machucado, bastava tê-lo levado à enfermaria! – Rony não disse o que pensava, mas Hermione era esperta o bastante para ler as entrelinhas daquilo que ele disse e daquilo que ele não disse. Estava a acusando de sacrilégio, de conspirar com o inimigo!

– Eu não poderia, porque sei que o último lugar do mundo em que ele gostaria de ser tratado era na enfermaria da escola, onde haveria adultos preocupados lhe fazendo perguntas que não gostaria responder, pressionando-o até que ele confessasse. Não posso julgá-lo; se fosse eu no lugar dele, também não iria querer isso.

– Então, você decidiu que seria melhor cuidar dele? – disse Rony, sarcástico.

Hermione não teve a oportunidade de responder, pois, nesse exato momento, Blaise apareceu correndo para dentro da sala, parando somente ao estar diante do trio, suando e respirando pesadamente. Ele puxou o ar para dentro dos pulmões e pegou Hermione num abraço apertado, o qual ela devolveu com prazer e beijou-lhe a bochecha.

– No almoço, perguntei a Harry onde você estava, e ele falou-me que ninguém a tinha visto naquela manhã e que você não havia dormido no seu quarto. Fiquei tão preocupado, pensando que algo tinha acontecido com você – falou ele, segurando-a pelos braços, como se tivesse medo de que, se a largasse, ela fosse desaparecer no ar.

Ela sorriu-lhe fracamente e contou, novamente, a história de como encontrara Draco na noite passada, febril e delirante.

– Mas você não tem o dever de cuidar dele! Ele nunca faria o mesmo por você, aliás, ele a deixaria lá, jogada no chão, sangrando, e faria questão de chutá-la só para vê-la sofrendo mais – falou Blaise, irritado.

Hermione teve o impulso de defender Draco, de dizer que ele não seria capaz de machucá-la dessa forma fria, que, na verdade, ele também a ajudaria, como já fez mais de uma vez. Porém, no último momento, percebeu o dano daquelas palavras e as engoliu de volta. Os três garotos que a encaravam nunca compreenderiam...

– Eu sei que vocês pensam que ele é cruel e mesquinho e venenoso, mas ele também está sofrendo das mesmas tormentas que eu! – disse Hermione, exaltando-se mais do que pretendia.

Eles a ignoraram completamente.

– Você já fez mais do que deveria fazer, nem deveria ter passado a noite sozinha no quarto dele! – falou Rony.

– De novo! – completou Harry. – Eu não entendo por que você quer tanto ajudá-lo!

– Se eu não o ajudar, quem irá? – falou Hermione.

Nenhum deles sabia como responder e nenhum deles gostou do que ela falou.

– Eu preciso que vocês me ajudem a conseguir alguma poção para diminuir a febre e as dores de cabeça – pediu ela. – Sei que ele já fez coisas terríveis para todos nós, mas não é certo deixá-lo sofrer. Precisamos provar que somos pessoas melhores do que ele e que somos capazes de perdoar os seus erros.

– Eu não posso perdoá-lo por ele ter nascido um bastardo sem alma! – disse Rony, ficando cada vez mais irritado com o rumo daquela conversa. – Por mim, ele pode muito bem passar o resto da sua vida sofrendo, aterrorizado com os horrores da sua própria mente.

Harry pensou em concordar, mas... Havia muito de bondade e de esperança nele. Se Hermione pensava que esta era a melhor forma de lidar com o problema... Talvez... Talvez, apenas talvez, houvesse algo de bom no Malfoy que ainda pudesse ser salvo.

– Eu acho que poderíamos ajudá-lo... Ao menos, assim, ele estaria nos devendo um favor... – disse Harry, sem muita certeza.

Blaise foi o último a se manifestar.

– Você está certa de que realmente quer fazer isso, Hermione?

– Sim... Ele precisa de ajuda...

– Responda-me apenas isso, com sinceridade: Por que quer tanto ajudá-lo? – Ele estava sério como nunca antes, e havia algo sombrio nos olhos dele.

Eu me importo, pensou ela, mas o que falou foi algo diferente.

– Eu o devo isto, ele já me ajudou a escapar de Snape, quando estávamos devolvendo aqueles livros à Biblioteca, como vocês sabem.

Blaise não parecia convencido, mas Hermione não sabia como explicar a verdade nem para si mesma. Harry, contudo, parecia satisfeito com a conclusão dela. Rony... Bem, Rony estava tonto de raiva.

– Eu não acredito que realmente vamos fazer isso! – falou o ruivo, indignado.

– Perguntem a Hagrid se ele conhece algum remédio natural, de preferência, cujas ervas possam ser colhidas nas proximidades do castelo, ou que ele possua em seu estoque. Se este for o caso, peçam para que ele prepare um pouco, falem que eu estou um pouco adoentada e me recuso a ir à enfermaria ou algo do tipo. Se não for possível conseguir o medicamento dessa maneira, teremos que recorrer a alternativas mais drásticas... Sejam rápidos, por favor, eu estarei no quarto do Malfoy, esperando por vocês.

Harry assentiu prontamente, preparado para a ação. Blaise e Rony estavam relutantes, mas saíram atrás de Harry do mesmo jeito.

Hermione foi-se logo depois.

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Draco tinha o mesmo pesadelo repetidas vezes. Seu pai impunha uma varinha apontada na direção de Hermione, comprimia os lábios num sorriso repleto de prazer diabólico e dizia a palavra proibida – Crucio!

Um jato de luz sombria atingiu o peito de Hermione, que deu um passo em falso, na tentativa de manter-se firme, e desabou gritando, as unhas arranhando a região onde o feitiço penetrara-lhe a pele e a queimava de dentro para fora. Ela debateu-se no piso de mármore, como se tentasse apagar chamas invisíveis.

O seu grito repercutia como uma sinfonia angustiante nos ouvidos de Draco. O pai o fez assistir a cena, pois aquela era a sua lição, era o que ele ganhava por ter traído o seu sangue.

– Sua vez – falou Lucius, baixo, mas imperioso. Ele jamais aceitaria uma negação, um ato rebelde como resposta.

Havia apenas um jeito de Draco salvá-la da ira do pai: matá-la.

Todavia, onde encontraria forças para fazê-lo?

Ergueu a mão trêmula e apontou a varinha na direção da garota. Ele estava morrendo por dentro, e havia lágrimas em seus olhos, assim como nos espaços entre seus ossos e seus órgãos. Ele todo estava se desfazendo numa onda de emoções voláteis. Queria salvá-la. Não queria decepcionar o pai. Queria deixá-la orgulhosa. Queria deixá-lo orgulhoso. Queria que ela visse que havia algo de bom e de gentil para ser amado nele. Queria prová-lo de que era, também, feito de silêncio e de inverno.

O que deveria fazer? Sabia que não seria capaz de matá-la, somente o pensamento o deixava tonto e fraco, sem chão. Sabia, também, que não poderia escapar com ela sem revoltar-se contra o pai e tudo o que sempre acreditara.

Havia ali uma escolha que precisava ser feita no espaço de quinze segundos, um espaço de tempo curto demais para definir os rumos de uma vida.

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Draco estava soluçando, revirando-se na cama. Uma cena que Hermione jamais gostaria de ver novamente. Ela sentou-se ao lado dele e acariciou os seus cabelos, a sua testa, a sua bochecha. O corpo dele parecia responder ao seu, mesmo quando a mente decaía num abismo de torturante incompreensão. Ele seguia o seu toque, a cabeça virando-se um pouco para o lado, o gemido de dor suavizando, como se fosse atraído pelo magnetismo da pele dela.

Por curiosidade, ela experimentou afastar a mão do rosto dele, e ficou admirada ao vê-lo virar-se de lado, aproximando-se do local onde a mão dela descansava sobre o joelho. Ele girava devagar, de forma preguiçosa, ainda soltando resmungos incompreensíveis e agitando-se nervoso, mas se movia em direção ao calor dela. Como o girassol que segue o trajeto do sol no céu. Esse pequeno e inocente pensamento a fez sorrir e ficar um pouco mais tranquila. Todavia, a expressão de calmaria logo se dissolveu, sendo reposta pela usual apreensão. Draco estava agitando-se novamente, fazendo um som horrível de choro imprensado na garganta.

Ela o segurou pelos ombros e o balançou fortemente, chamando-o em meio aos gritos dele. Então, sem saber mais o que fazer, deu-lhe uma bofetada no rosto. Draco sentou-se na cama, subitamente, um último grito ainda preso na sua boca escancarada. Ainda mais subitamente, ele abraçou Hermione, que se assustou e soltou um som nada corajoso. Foi necessário mais de um minuto para que ela pudesse se recuperar e lhe devolver o braço, um ato de puro instinto, em que a razão vulgar da mente pouco poderia fazer para compreender. Ele a abraçava tão forte, que suas costelas doíam devido ao aperto, mas ela se importava muito pouco.

– Você está viva! – disse ele, na sua voz havia surpresa, mas também alívio. Ele afastou-se dela, rapidamente, como se tivesse entendido algo muito importante e precisasse averiguar se sua dedução fazia algum sentindo. Encarou-a, deixando um espaço muito estreito entre seus corpos, o bastante para que conseguissem ficar um de frente para o outro, perguntou o que lhe atormentava o âmago: – Isto é real? Não estou preso dentro de outro pesadelo, estou?

Ele parecia assombrado, pobre criatura!

– Eu sou real, e você também, Draco – disse ela, suavemente.

Ele afastou-se dela, dessa vez de forma abrupta, jogando-se para a outra extremidade da cama.

– Não, isto não pode ser real, você está me chamando pelo nome! A Hermione de verdade jamais me chamaria pelo primeiro nome!

Ele parecia estar mais doente do que nunca. Os olhos estáticos, encarando-a, a pele alva brilhando de suor, os cabelos grudados na testa, a blusa grudada no peito. Era esta a visão que Hermione tinha de Draco.

Ela revirou os olhos, mas precisava admitir que o raciocínio dele fazia algum sentindo.

– Mas eu já o chamei pelo primeiro nome – começou ela, aproximando-se lentamente na direção dele.

– Sim, naquela noite... – sussurrou ele, esfregando os olhos, passando as mãos pelos cabelos, bagunçando-se por inteiro. Ela sorriu, achando ridiculamente engraçado que aquele garoto confuso e assustado fosse Draco Malfoy, o mesmo garoto insuportável que merecera levar um soco no nariz. – Naquela noite estávamos os dois insanos!

– Draco – chamou ela, engatinhando os últimos centímetros entre eles.

Ela sorria como se ele fosse uma piada divertidíssima. Draco deveria se sentir ofendido com tal atitude, mas, aos seus olhos febris, ela parecia incrivelmente sensual, como se pudesse se abaixar para mordiscá-lo na região onde era mais sensível e beijar toda a curvatura proeminente sob a calça.

Ele engoliu em seco e abriu as pernas como um convite para deixá-la se acomodar nele, mas o rosto dela parou a centímetro do seu peito e ergueu-se, tão alta, tão alta, que Draco precisou dobrar seu pescoço para trás para vê-la alargar-se entre as nuvens no céu. Sentia-se de uma pequeneza insignificante diante dela – uma harpia com feições de ninfa.

– Afaste-se de mim! Deixe-me em paz! – Cobriu o rosto com as mãos, temendo que o olhar dela tivesse o poder de dissolvê-lo, ou de petrificá-lo. – Pare de assombrar a minha mente!

– Não sou eu quem está o atormentado! – disse ela, injuriada. Então, suspirou e segurou as mãos dele, tentando removê-la do rosto para que pudesse encará-lo. – Draco, olhe para mim, por favor.

– Você irá controlar a minha alma e o meu corpo com esses seus olhos! – gritou ele, agitando-se para afastá-la de si.

Hermione fez o melhor para se desviar dos chutes dele, enquanto mantinha suas mãos coladas, também guerreando, com as dele. Draco empurrou-a para o lado, e ela, surpresa e sem ter como manter seu equilíbrio, caiu na cama, com o peso dele sobre o seu.

– Saía da minha cabeça! – falou ele com um tom de voz que o fazia parecer que estava implorando, mas Hermione sabia melhor, um Malfoy jamais imploraria.

– Eu não estou na sua cabeça, Draco! Eu sou real! – falou ela, já ficando realmente desesperada ao pensar que ele tivesse enlouquecido de vez.

– Mas você não pode me provar, nada disso existe – falou ele, abaixando a cabeça para descansá-la em cima do peito dela e sussurrando: – Minha cabeça está doendo tanto... Eu estou tão confuso, Hermione.

Ela o aninhou nos seus braços, enquanto murmurava que tudo ficaria bem, em breve. A verdade é que ela não sentia muito da confiança que tentava transmitir, estava realmente preocupada que ele tivesse causado sério dano mental a si mesmo e que este não pudesse ser revertido. Precisava levá-lo à enfermaria, mas como? Ele se recusaria veemente, e ela detestaria traí-lo de tal maneira.

Suspirou. Encostou o queixo na cabeça dele. Não gostava do pensamento, mas decidiu que, se ele não melhorasse até o final daquele dia, o arrastaria atado à enfermaria.


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Notas finais do capítulo

Gente, como está indo as férias de vocês? Espero que estejam tão maravilhindas quanto as minhas!
Ok, hoje tenho boas e más notícias:
1. Comecei a escrever um conto que servirá de prequel para a próxima fanfic que estarei escrevendo. Sim, terá Dramione e muito mais (*cof* Scorosie *cof*). Ah, e os shadowhunters! õ/ Se vcs acham que não é possível, apenas assistam kkk
2. Eu estarei viajando em Vitória por umas 2 semanas, o que significa que dificilmente conseguirei postar.
3. BUT eu deixarei os capítulos programas para postar. Espero que realmente dê certo, porque da última vez que tentei não fui bem sucedida.



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