O Colar do Parvo escrita por Marko Koell


Capítulo 66
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Semana que vem tem mais!!!!



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– Eu agradeço Gayon! Mais uma vez. – eu disse.

– Não tem o que agradecer, nós ajudamos os amigos verdadeiros, sempre que somos solicitados.

Após de despedir de todos, Gayon sumiu por detrás de uma arvore.

– E agora, o que faremos? – perguntou Kauvirno.

– Aceitem o fato de que essa é a terra dos elfos, e assim vocês a verão. Não é algo difícil.

Eu fechei os olhos e ao abri-los a terras dos elfos foi ganhando forma, do meu lado estava Marcelo, que ao começar a caminhar ficou encantado com a tal magia do lugar.

– Magnífico! – exclamou ele.

– Onde esta Kauvirno? – eu perguntei.

– Logo vira, Kauvirno não suporta os elfos, no entanto eu sempre estou aberto a novas descobertas. Onde fica a casa desse seu amigo, Haldrer?

Começamos a caminhar, e logo chegamos à lagoa prateada. Era noite já, e no céu algo parecido como a aurora boreal iluminava-o, assim como as estrelas e a lua. Não havia muitos elfos perambulando, apenas alguns adolescentes a beira da lagoa, curtindo uma bela noite.

Passamos pela lagoa e seguimos ate chegarmos na ruela que dava para a casa de Haldrer. Logo eu avistei a casa de meu amigo, e ao chegar, Halmer já estava na porta.

– Eu tinha certeza de ter sentido você chegando, meu amigo. – disse ele, com um forte abraço.

– Minha família, e meus amigos...

– Estão aqui, e todos descansando.

Ao entrar Marcelo ficou encantado com a estrutura da casa, mas não tardou até que ele começasse a ter aquele efeito bobo da beleza dos elfos. Lindha logo chegou com aquele chá e ofereceu a Marcelo, que pareceu voltar ao normal.

Na sala, junto de Haldrer estava meus pais e Tereza, que me deram um singelo ola. Obviamente tinham raiva de mim, eu não iria punir eles.

– Halmer, Kauvirno esta fora das terras, acho que com dificuldades para entrar... poderia ajudar ele?

– Será difícil se ele não quiser, mas posso tentar. – Halmer se virou, soltou aquele assobio melodioso e logo ouvimos o trotar de seu cavalo.

– E então, o que nos contam? Haldrer disse que acharam Kau em segurança. – disse meu pai.

– Sim ele esta bem. – disse Marcelo.

– Kayo, Matheus esta no quarto de Halmer, se quiser ir ate lá, sinta-se a vontade, a casa é sua. – disse Lindha.

Eu subi as escadas e fui ate o quarto de Halmer, lá estava Matheus deitado sobre o colo do pai, ainda chorando muito. Eu não entrei, vi a cena apenas por uma fresta na porta. Eu não tinha certeza do que fazer, se eu entrasse ou esperasse um pouco mais. Resolvi voltar depois, e me virei, quando senti os braços quentes de Matheus envolver meu corpo. Um abraço forte, como se jamais pudéssemos nos desgrudar um do outro.

– Senti saudades! – disse ele, me beijando.

Logo atrás dele surgiu Roberto, ainda com os olhos em prantos e o nariz vermelho.

– Como vai meu filho! – disse ele a mim.

– Estou bem, e o senhor?

– Não tão bem como eu gostaria, mesmo assim, estou de pé.

Roberto se virou e foi para baixo, enquanto eu sentei no chão junto de Matheus, e ali ele deitou no meu colo ainda chorando muito.

– Eu queria tanto ter te contato, Kayo... tanto.

– Eu sei, eu sei! Não se preocupe com isso, eu é que peço desculpas pela forma rude como eu estava tratando seus pais, e pior por não perceber que algo de ruim estava acontecendo. Eu acho que devido a tantas coisas que estão surgindo em minha vida, eu acabei por ficar endurecido, mas eu quero mudar... eu quero.

– Kayo, você é belo da forma como é, não tem que mudar, apenas aceitar mais. Mas não quero perder tempo falando sobre isso, eu quero apenas ficar aqui abraçado com você, sentindo teu corpo, teu amor.

Matheus parecia uma criança, deitado com a cabeça em minhas pernas, com seus braços entrelaçado ao meu corpo, chorando e soluçando por saudade de sua mãe. Logo eu pensei que se fosse a minha enterrada lá em cima, eu estaria da mesma forma. É, eu fui rude ao dizer de forma disfarçada que Carla não representava nada pra mim. Ela representava algo sim, ela era a mãe do grande amor de minha vida, e nem em sua morte eu respeitei isso. Mas, são erros que cometemos, que as vezes é tarde para tentar concertá-los. Era passado, o que foi feito já foi feito, não teria como voltar atrás.

Ficamos ali por mais algum tempo, até que ouvimos Kauvirno chegar, e Lindha oferecer a ele o chá. Eu perguntei a Matheus se ele queria descer, já que tínhamos novidades sobre a espada.

– Vamos sim, eu quero acabar logo com isso, e viver sossegado com você.

Descemos e lá sentamos numas das almofadas da sala. Minha tia Carol apareceu e me de um oi tímido, e sentou. Roberto se aproximou com uma cadeira e sentou, prestando atenção em toda a conversa. Logo depois chegaram Nathan e Adrian.

– Bem, essa é uma pequena reunião, sobre os últimos acontecimentos. – dizia Kauvirno – Eu não vou entrar em detalhes sobre o que houve comigo, o importante é que nada de serio aconteceu, no entanto, na casa de praia, Marcelo me disse algumas decisões que foram tomadas. Pois bem, existem pessoas que possamos contar nessa luta, vamos requisitá-los o mais rápido possível. Eu sei que muita gente pode atrapalhar, mas o máximo de ajuda que tivermos será bom. E agradecer, - disse ele agora timidamente – aos elfos por nos abrigarem aqui. Mesmo sendo contra a minha vontade, eu entendo que a ajuda de vocês se faz presente, mesmo sabendo que vocês não podem fazer nada alem disso que já fazem.

Haldrer, Halmer e Lindha assentiram com a cabeça, em forma de agradecimento.

– Bem, Kayo, trinta e cinco incidentes aconteceram desde que você veio para as terras do elfos. Os Soberanus estão se mostrando cada vez mais, sem pudor algum de que os não-magicos saibam de sua existência. A corte portuguesa parece ter sumido, assim como a corte do Brasil, que nada faz para tentar conter. Apenas repudia bruxos e prendem outros que querem ajudar. A situação vai ficando pior e medida que Melissa e Antonius ainda nos procuram, e nos acharam na mansão, cheia de proteção. Não sabemos onde Átimos possa estar, apenas sabemos que ele ainda procura pelo colar, e por Melissa e Antonius terem enfeitiçado Kauvirno para trazer a taça a eles, eu receio que ele deva estar querendo a taça também. Não podemos esquecer que provavelmente, ele busca a espada.

– Sim, graças a esses elfos ao qual estamos hospedados, descobrimos algo de extremo valor que nem mesmo nós bruxos sabíamos. Ceifadores, bruxos assassinos de elfos, cultuavam algo de poder, fomos ate um amigo puro-sangue e descobrimos uma coisa, que ainda não tem uma ligação. Ele disse, “uma estatua do soldado cultuada, um bruxo Elemental, apenas os ceifadores conheciam”, noutra hora ele se refere a um cemitério. Alguém tem alguma idéia do que isso possa significar? – perguntou Kauvirno.

Obviamente nem mesmo os elfos conseguiram entender a principio, já que se tratava de algo dos bruxos. Todos ficaram pensativos, e enquanto isso Kauvirno pegou a taça posta de lado quando chegou a casa e a colocou na mesa de centro da sala.

– Uma bela taça! – disse Haldrer.

Ele ficou de pé, fitando a taça como se buscasse alguma resposta.

– Vamos, me ajude! – dizia ele.

Todos estavam ainda, com suas mentes focadas no dito por Mariano.

– O difícil é que jamais iremos encontrar um Ceifador, eles foram extintos pela Corte. – disse Marcelo.

Todos ainda focalizavam suas mentes, tentando decifrar o que tinha sido dito.

– Eu posso opinar? – perguntou Haldrer.

– Certamente. – disse Kauvirno.

– Os ceifadores eram bruxos exímios, por serem de puro-sangue. Puro-sangue implica em mais poder, um poder que não foi moldado, que é apenas acrescentado aos conhecimentos dos ante-passados, certo?

– Sim! – concordou Kauvirno.

– Uma estatua de um soldado, um bruxo Elemental... talvez queiria dizer que este soldado era um Elemental, na ordem dos bruxos, elementais era os bruxos mais poderosos...

– Sim, Haldrer, no entanto o poder de um Elemental se faz quando ele consegue conjurar os quatro elementos. – disse Marcelo.

– Correto! Então esse soldado provavelmente é o soldado que derrotou o elfo rei há anos passados.

– Segundo sua historia sim! – disse Kauvirno a Haldrer.

– E se por acaso, estes ceifadores, criaram algo aonde essa ultima guerra aconteceu? Eu não saberia dar sua localização, talvez vocês também não. Mas veja, quando esse seu amigo se refere ao cemitério, talvez ele quisesse dizer isso.

– Sim, e veja... um bruxo Elemental mexe com as forças da natureza... – disse Marcelo.

Naquele momento, algo me veio a mente, algo que eu jamais pudesse imaginar que seria verdade.

– Matheus?

– Sim Kayo!

– Você lembra no dia antes do meu aniversario? Antes do nosso primeiro beijo?

– Sim.

– Lembra que você me ligou e pediu para que nós nos encontrássemos na praça da cidade?

– Claro!

– Aquela estatua do soldado segurando o rifle!

– Não diga que aquela estatua pode ser este soldado? – disse Matheus intrigado.

– Será que vocês podem ser mais claros?

– Na nossa cidade, onde Kayo nasceu, tinha uma estatua que muitos diziam que ao chegar ali, ela já estava, fizeram a cidade em torno da estatua, porque diziam que ali havia tido uma guerra civil. – disse meu pai.

– Sim, só que o estranho era que a mensagem da placa não se referia a uma guerra, era como um alerta.

– E o que ela dizia, Kayo? – perguntou Kauvirno.

– “Seriam tantos os defeitos de um homem, que apenas a força da natureza seria capaz de amenizá-los.


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