De Volta Ao Passado escrita por Anna Evans


Capítulo 4
Capítulo 3 - Identidades Roubadas - Parte 2




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Hermione Granger saiu de dentro da cabine. Deu lentos passos na direção de Draco e não muito distante parou, o fitando com atenção. Era evidente a sua mudança... Completamente diferente do Draco que conhecia, este diante dela aparentava ser bem mais amadurecido, calmo e descontraído vestindo uma simples calça jeans escura e uma camiseta vermelha por debaixo do casaco branco. Tinha agora uma barba rala dando um certo charme em seu rosto, os cabelos loiros ainda permaneciam bem arrumados, agora em um novo corte. E lá estavam seus olhos, o real destaque de sua mudança, ainda lembravam o céu em dias de tempestade, porém, não carregavam toda a frieza de que Hermione se lembrava... pior do que isso, Hermione enxergava um infinita tristeza sondando o seu rosto.

Draco por outro lado permaneceu estático. Surpreso, nervoso e até mesmo com medo... Encarava Hermione vendo como ela ainda era aquela mesma garota, sem dúvidas a garota que mais o bagunçara. Ainda tinha os belos cabelos caídos sobre os ombros e aqueles doces olhos castanhos que o fitavam com interesse.

E foi assim, de repente, que sua raiva sumiu... Bastou ela aparecer para ele ficar como um tolo sem saber o que dizer ou como reagir. Ficou ali, apenas a observando e se sentindo um idiota por ver que mesmo depois de três anos... Três longos anos ela só precisava aparecer na sua frente para bagunçar seus pensamentos. Se perguntou porque justo ela estaria ali... Nunca foram amigos, na verdade, estiveram longe disso... Perdera a conta de quantas vezes a chamara de sangue-ruim, de quantas vezes debochara dela e de todos os outros da Grifinória.

— Teve um tempo em que acreditei que nunca mais o veria... — Ela falou quase que num sussurro ainda o encarando.

Ele respirou fundo enquanto fechava os olhos na louca tentativa de afastar fragmentos do passado... Sentimentos, pensamentos e lembranças amargas. Era como se a presença de Hermione ali o fizesse voltar ao tempo. O abalava, enfraquecia...

— O que faz aqui? — Ele perguntou com sua voz baixa, lutando para manter suas estruturas a salvo.

Ela o analisou por um tempo antes de responder.

— Precisamos de você...

Draco permaneceu calado enquanto a olhava.

— Precisamos de sua ajuda. — Ela continuou.

Draco quis rir e foi aí que notara o quão mal estava já que rir era praticamente impossível naquele momento.

— Ajuda? — Draco perguntou com a voz rouca, as sobrancelhas erguidas em descrença — Acho que está falando com a pessoa errada.

Hermione suspirou pesadamente.

— Não pode continuar fingindo! — Ela firmou sua voz enquanto o olhava com uma expressão indignada — Não pode fingir que é outra pessoa, ainda continua e sempre continuará sendo Draco Malfoy... Não pode renegar a si próprio, renegar as pessoas com quem conviveu a maior parte de sua vida, renegar o passado!

Draco fechou os olhos com força enquanto a ouvia falar em alto e bom tom.

— Chega... — Ele pediu num tom quase inaudível.

— Não pode tentar ser outra pessoa... Não pode simplesmente fugir do lugar ao qual você pertença.

— Eu traí o meu mundo com atos de má-fé, traí a ele e a todas as pessoas a minha volta! Arrisquei vidas e até ajudei a tirá-las... O lugar ao qual eu pertenci um dia não se liga mais a mim... Porque eu fiz questão de destruí-lo! — Ele gritou com ela finalmente.

Hermione não se abalou com seus gritos, não recuou. Talvez a surpresa a tivesse impedido de se irritar com ele como fazia nos tempos de Hogwarts. Estava surpresa pois jamais pensou que veria um dia Draco Malfoy tão abalado, arrependido e decepcionado consigo mesmo. Sem aquele seu típico orgulho, sarcasmo e necessidade de grandeza... Não estava irritada com ele... Estava triste por ele... Ele havia destruído a si mesmo, fora essa a sua escolha.

Por conta de toda aquela novidade, ela não sabia como lidar com ele... Não sabia o que dizer a ele. Então apenas o fitou com atenção, vendo ele encarar o chão como se encarasse a própria morte.

— Tudo o que fiz... — Ele falou com a voz rouca falhando enquanto ele parecia resgatar memórias ruins — Gerou certas consequências... — Ele a olhou com as sobrancelhas unidas — Acha mesmo que gostei de ter feito o que fiz?

— Draco... — Hermione tentou falar, mas ele a interrompeu completamente desgovernado.

— Enfeiticei e torturei pessoas, tentei matá-las de diversas formas, todas fracassaram, mas isso não apaga o fato de minhas tentativas. Vi pessoas sofrendo, estranhos ou conhecidos, e não movi um dedo sequer para ajudar... Permiti a entrada de comensais da morte em Hogwarts, estive do lado de Voldemort... Ajudando que ele arruinasse tudo... Permitindo que ele o fizesse.

Draco fez uma pausa passando as mãos pelos cabelos enquanto andava de um lado para o outro inquieto. Então parando de frente para Herminou mais uma vez disse com um olhar vago completamente perdido em lembranças sombrias.

— Eu matei a mim mesmo... — Balançou a cabeça — Não de uma vez... Me matei aos poucos. Todo o mal que eu gerei, inclusive a você... Todo esse mal se voltou contra mim quando a guerra terminou e Voldemort foi derrotado. Todo esse mal se jogou contra mim me enfraquecendo e me destruindo... — Ele suspirou — E foi como uma fênix que eu renasci... Porém escolhi renascer longe de tudo que um dia eu fui, longe de todo mal que causei e que gerei ao meu redor.

— As coisas não são assim... — Hermione chamou sua atenção — Não pode fazer isso.

— Não posso? — Draco a encarou com os olhos estreitados — Sabe, foi isso que eu ouvi durante toda a minha vida... “Você não pode fazer isso, Draco”... Essa frase me levou todas as vezes a fazer escolhas erradas. Agora, pela primeira vez na vida posso fazer minhas próprias escolhas, e naquele dia, após a guerra, fiz a minha primeira decisão concreta... E quer saber? Não me arrependo de ter vindo para cá.

Hermione deu mais dois passos em sua direção e segurou seu rosto o analisando com firmeza, buscando entender o que se passava em sua cabeça, se era mesmo tão assustador quanto o que se passava em seus olhos.

— Precisamos de você — Falou serena.

— Não deveria estar aqui. — Ele respondeu sentindo uma lágrima descer rápido por sua face. O tormento estava o dominando novamente.

— Você também não.

Draco então se afastou virando-se de costas... Encarando a porta pela qual entrara no banheiro.

— Porque me chamava de sangue-ruim? — Hermione quis saber após dez segundos de puro silêncio — Isso fazia ou faz alguma diferença? Olhe para você agora... Ainda acha que por ser um sangue-puro ainda é melhor do que eu que sou nascida trouxa?

— Você não entende!

— Não! — Ela disse levemente irritada — Eu realmente não entendo, Malfoy!

Draco voltou-se para ela, encarando-a com curiosidade no olha já cansado daquela conversa.

— Porque me procurou?

— Já disse — Ela respondeu impaciente Precisamos da sua...

— Não — Draco insistiu — Porque você, entre tantas outras pessoas na qual poderiam vir atrás de mim... Porque justo você? Nunca fomos amigos, sequer colegas... Muito pelo contrário.

Ela o encarou tentando decifrar seus olhos em meio de tanta mágoa. Lá estava ele, Draco Malfoy... O mesmo garoto do qual se lembrara, mas ao mesmo tempo tão diferente dele.

— Muita coisa que deveria ter acontecido não aconteceu — Hermione disse o fitando — O seu mundo... Não esse... Me refiro ao seu verdadeiro mundo, o nosso mundo. Ele está se desmoronando, clamando por ajuda e, por mais contraditório que isso venha a parecer... Ele está clamando pela sua ajuda. Apesar de querer... Eu não posso te levar a força, a decisão fica com você... Se você volta para o seu lugar de origem e luta pelo que é seu... Ou se você simplesmente fica aqui e se esforça para acreditar que tudo de ruim que aconteceu no passado foi apenas um pesadelo.

Draco reprimiu os lábios encarando o chão.

— São apenas dois caminhos... — Hermione insistiu esperando que ele disse algo — Ou você vai a luta, ou espera que tudo se destrua... Assim como você mesmo se permitiu estar. Apartir da sua escolha é que eu vou saber se você mudou... Ou se ainda é o mesmo.

Hermione passou ao seu lado indo em direção a porta para que pudesse sair dali, mas então Draco puxou sua mão com delicadeza a fazendo o encarar com surpresa.

Pela primeira vez naquela conversa ele a olhava firmemente, mantendo o contato com sua mão. E, ela podia enxergar através de seus olhos cinzentos que ele queria dizer algo... Algo que estava preso há muito tempo talvez.

Porém, talvez ele não tivesse mudado tanto quanto ela achava que tinha... E então, seja lá o que ele tinha para dizer a ela se retraiu novamente para dentro dele.

— A porta está trancada — Ele soltou sua mão e ergueu uma pequena chave de ferro.

Hermione riu fraco sem cortar o contato visual com Draco para logo em seguida puxar sua varinha apontando-a em direção a porta e fazendo questão de falar olhando para ele:

— Alohomora.

Draco suspirou abaixando a chave.

— Sabe, você não me assusta mais — Hermione falou — Não que algum dia eu tenha tido medo de você, mas... Agora, nem raiva eu sinto por você... Não consigo. Você precisa de ajuda e, antes que qualquer um possa tentar te ajudar, você tem que se ajudar primeiro... Precisa saber que não se pode mudar que é... O que caiu foi a sua máscara, e não o seu caráter.

Ele a encarou sério absorvendo suas palavras. Ela também fazia o mesmo vendo mais uma lágrima cair de seu rosto. Porém, lá estava sua expressão amarga novamente. Uma expressão séria que ela conhecia muito bem.

— Vá embora, Granger.

Draco Malfoy nunca gostara de ser contrariado e talvez ali... Mesmo com toda a mudança ele soubesse que no fundo ela estava certa quanto ao que acabara de dizer e, por isso estava irritado, mas uma hora, aquela raiva iria passar...

— Pense nisso... Tudo acontece por um motivo. — Dito isto, ela se virou... Saindo do banheiro mesmo contra sua vontade.

Draco a observou partir. E quando ela finalmente sumiu de seu campo de visão ele abandonou o banheiro também, virando na direção oposta com a cabeça sendo atacada por várias lembranças afiadas e sentimentos retraídos.

Os corredores estavam bem vazios, a maioria dos alunos do campus deviam se encontrar em suas aulas agora. Draco sequer lembrava o que cursava ali, por tanto, sua preocupação não era essa. Na verdade, estava inteiramente preocupado no passado.

Estava quase saindo do prédio principal quando escutou seu nome. Se virou para trás contra sua vontade vendo Louis, Isabelle e Elliot vindo em sua direção.

— Malfoy, o que diabos deu nessa sua cabeça? — Isabelle quis saber assim que se aproximou — Fica matando aula para ver o resultado nos exames, fica!

Draco virou o rosto de lado e então a raiva de Isabelle se tornou preocupação.

— Você estava chorando? O que houve? — Ela segurou seu braço de leve.

Draco soltou um risinho baixo sabendo que agora estaria cheio de perguntas. As perguntas soariam facéis para qualquer outra pessoa... Mas ele sabia o quanto aquelas perguntas seriam difíceis de se responder.

Isabelle virou o rosto de Draco para ela. Apesar dele acreditar que ela começaria a gritar com ele a qualquer momento, ela se manteve calma.

— Você não vai escapar dessa vez... Sabe que não gosto de segredos.

— É Draco — Louis ficou do outro lado com a mão em seu ombro — Somos seus amigos, eu no caso sou quase seu irmão mais velho e mais maduro! Pode nos contar o que quer que esteja te incomodando... Seja ela o que for.

Elliot jogou as mãos para o alto.

— Vocês são muito chatos! — Disse ele — Deixem o cara se acalmar, depois falamos com ele.

Isabelle se virou para ele o dando um empurrão em seguida dizendo o quanto ele era um idiota e não sabia de nada.

— Não preciso da preocupação de vocês — Draco falou finalmente se afastando deles — Estou bem.

Elliot levantou a cabeça para encara-lo.

— Ah, nessa daí eu não acredito.

— Draco — Isabelle voltou a falar — Quando você chegou aqui na universidade estava exatamente assim... Nesse estado. Na verdade, você ainda estava melhor do que isso... Com o tempo você melhorou, mas agora... Agora você está pior do que quando chegou aqui.

Draco balançou a cabeça lentamente.

— Vamos esquecer tudo isso e irmos para a próxima aula — Falou — Não quero perder mais nada... Vou só pegar minhas coisas lá no quarto, logo encontro vocês.

Draco se afastou de seus amigos, saindo do prédio com o sangue fervendo-lhe a pele. Passara três longos anos lutando para esquecer coisas que havia feito. Três anos se machucando enquanto sentia falta de coisas que ele abrira mão para se sentir livre do mal que havia causado... Três malditos anos jogados no lixo pelo que ele via agora. Estava começando a perder o controle de suas ações novamente já que sua fúria havia sido despertada enquanto seu coração tratava de bombear todo o seu ódio, sua mente afundava em tormento e seus olhos viam o passado.

Entrou no alojamento batendo a porta com força se sentindo descontrolado.

Porque ela havia ido até seu encontro? Não teria feito aquilo só por ele, teria?

— Droga! — Praguejou enquanto chutava a cadeira e derrubava as coisas de cima da escrivaninha, incluindo o novo notebook.

Viu as coisas caírem no chão se quebrando com seus pedaços se espalhando pelo quarto e algo dentro dele gostou da sensação de poder perder o controle.

— É, até que demorou... — Uma voz soou atrás dele.

Draco se virou assustado, pensou que estava sozinho.

— Foram três anos, até que demorou para liberar a raiva... — A garota morena falou saindo do canto escondido do quarto — Bom, a primeira etapa acaba de ser concluída!

Pansy Parkinson saiu lentamente da escuridão com seus braços cruzados e seu nariz em pé.

Aquilo tudo só podia ser uma verdadeira piada.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Draco perguntou com tanta raiva que sua vontade era de jogar Pansy para fora do quarto.

Pansy seguiu até uma das camas do quarto e se sentou cruzando as pernas.

Eu estou aqui porque não quero morrer... Agora aquela outra eu não faço a menor ideia — Ela deu de ombros enquanto analisava o quarto sem ânimo — Nunca entendi aquele pessoal da Grifinória.

Draco apontou o indicador para a porta trincando os dentes ao dizer.

— Apenas saia por aquela porta e volte para o mesmo lugar do qual veio!

— Não precisa disso tudo, Draco. — Falou Pansy o encarando — Não tenho medo de você... A mesma raiva que você sente, eu também sinto, essa raiva... Ela está localizada em nós Sonserinos, só que eu cheguei a pensar que você não fosse mais um de nós... Demorou três anos para que perdesse a cabeça novamente. Mas se acalme e entenda... Estamos apenas a deriva do fim... É você quem se encontra na beirada.

Draco estreitou os olhos.

— O que quer dizer com isso?

Pansy se levantou e seguiu desfilando até o encontro de Draco com um sorriso debochado nos lábios.

— Estou dizendo que o seu mundo está acabando — Ela falou lentamente próxima de Draco — Mas cuidado... Você só tem um mundo.

— Não estou interessado em ouvir você, Pansy.

Pansy Parkinson o olhou sorrindo pondo as mãos ao redor de seu pescoço.

— Se eu pudesse eu ficava aqui com você... — Falou ela — Está ainda mais atraente...

Draco afastou Pansy com rispidez.

— Tudo bem — Ela falou levantando as mãos — Estou indo, mas é melhor tomar juízo... Porque se você continuar com esse teatrinho irá matar todos nós.

— Eu não tenho nada haver com essa história... Com os problemas de vocês.

— Não, não tem — Pansy falou o encarando séria — Mas vamos rever aqui... Quem foi que quase matou o velhote do Dumbledore? Ou melhor, quase não... Você matou! O desarmou e o prendeu ali tempo suficiente para que Snape o matasse depois. E, quem enfeitiçou o colar da coitadinha da Katie Bell? Ah sim, foi a mesma pessoa que usou a maldição cruciatus e imperius, a mesma pessoa que seguiu Voldemort como um comensal da morte... Você!

Pansy deu um sorriso de vitória.

— Ainda acha que não tem haver com os nossos problemas... Já parou para pensar que pode ter sido apenas um grande influenciador para que eles surgissem?

Pansy virou-se e saiu deixando Draco com uma raiva maior do que antes.

Ainda irritado Draco buscou seu caderno pelo quarto, algumas canetas e saiu a procura dos amigos. Como os corredores do prédio principal estavam vazios, supôs que estivessem todos no refeitório para o café da manhã, ele também estaria lá se não tivesse perdido a fome com todos os fatos do dia.

Seguiu para a sala onde ocorreria sua próxima aula do dia. Não havia ninguém por lá, desceu os degraus da sala e sentou-se no mesmo lugar de sempre pensando que seria bom falar com Malcolm sobre a situação que mais uma vez voltara a fugir de seu controle, assim como quando ele chegara em Londres perdido e confuso.

Alguns minutos depois, os alunos foram chegando, sentando em seus lugares, mexendo em seus celulares enquanto esperavam o professor aparecer. Isabelle foi a próxima a entrar.

— Draco? Não foi tomar café... — Ela jogou o caderno sobre a mesa ao lado de Draco de qualquer forma antes de se sentar.

Draco olhou para ela brevemente e depois tornou a se concentrar em suas canetas por cima da mesa procurando ficar calmo. Se contar até dez não ajudava, conversar com Isabelle muito menos.

— Se quiser sentar com a gente não tem problemas — Ele ouviu Isabelle dizer.

Já ia mencionar que sempre sentava com eles, mas foi aí que percebeu que Isabelle não falava com ele.

— Obrigada.

Draco viu Hermione passar a sua frente e sentar do seu outro lado, onde não havia ninguém. Com os olhos arregalados de descrença ele a encarou.

— Credo Draco, isso é jeito de olhar para ela? — Isabelle o deu um tapa no ombro — Parece até que viu... — Ela sussurrou — Você sabe quem...

Draco virou-se rapidamente para Isabelle pensando ter ouvido errado.

— Do que está falando? — Draco se levantou olhando Hermione — Você contou a ela?

Hermione riu abaixando a cabeça enquanto Isabelle franzia a testa confusa.

— Ah pelo amor de Deus, Malfoy! Como se eu já não soubesse da existência dele...

Draco olhou para a Isabelle perplexo.

Isabelle apontou discretamente para algumas mesas trás de si e falou baixo com Hermione.

— Ele é o cara mais estranho daqui... Não gostamos de dizer o nome dele porque até parece que atrai... Uma coisa que você não vai querer é que ele venha falar com você! Vai por mim!

Draco olhou para onde Isabelle apontara e suspirou se sentindo mais aliviado. Ela estava falando de Henry Dunt... Um dos universitários rejeitados.

— E ele? — Hermione apontou para Draco — Ele é sempre assim?

— Quem? O Draco? — Isabelle deu de ombros — As vezes ele da uns surtos de esquizofrenia, mas você se acostuma... Ele é uma boa pessoa.

— O que ela está fazendo aqui? — Foi a vez de Draco apontar para Hermione.

— Ah, esqueci de apresentar — Isabelle falou — Essa é a Hermione, aluna nova.

— Essa universidade não recebe novos alunos no segundo semestre, Isabelle! — Falou Draco perdendo a cabeça novamente.

— Deixa de ser grosso! Ela disse que foi transferida.

Draco riu, voltando a se sentar entre as duas jogando toda a atenção para as canetas.

— Ignore ele, hoje ele está em um dia ruim — Isabelle falou com Hermione.

— Ah, pode ter certeza que ela já sabe disso, Isabelle. — Draco resmungou em seu canto.

— Tudo bem, sei como é — Retrucou Hermione — Também estou tendo um dia péssimo.

Com o tempo a sala de aula estava cheia, Louis e Elliot já estavam por perto. Sem demorar muito mais o professor entrou e deu início a aula.

— O que pensa que está fazendo? — Draco perguntou aos sussurros levemente inclinado para falar com Hermione ao seu lado.

— Já disse porque estou aqui... E só sairei quando conseguir o que quero — Ela respondeu no mesmo tom de voz enquanto despreocupada não fazia nada.

— E você já deveria ter concluído que eu não vou voltar para lá! — Ele continuou a falar baixo — Não quero saber de nada relacionado, e quando digo isso, me refiro a você também... Pode muito bem voltar para lá.

— Se não se importa porque está tão nervoso e desconfiado? Aposto que pensou que eu havia contado sobre Voldemort para a garota.

— Será que ainda não entendeu que este é o meu lugar agora? Só este.

— Não, não é — Rebateu ela — Você sabe muito bem o que fez e sabe que isso também nunca será esquecido!

— Acontece que eu já tinha esquecido! — Draco falou sem paciência — Isso é claro, até você aparecer aqui e trazer tudo de volta! Me deixa louco, enjoado, atordoado e culpado e não é assim que pretendo me sentir! Quero poder ser dono das minhas próprias escolhas.

Hermione o encarou pela primeira vez durante aquela conversa enquanto arqueava uma sobrancelha.

— Senhor Malfoy, será que eu estou atrapalhando sua conversa com a senhorita... — O professor ajeitou os óculos.

— Granger, Hermione Granger. — Ela respondeu como se realmente devesse estar ali.

— Não, professor, me desculpe.

O professor suspirou mais a frente e voltou a dar continuidade a aula.

Hermione voltou-se para Draco falando baixo, mas com firmeza.

— Então quer dizer que você se esqueceu de tudo? Até mesmo dos bons momentos e dos seus amigos?

— Não tive amigos — Draco respondeu com frieza. — Pelo menos não amigos verdadeiros.

— E os seus inimigos? — Hermione insistiu fazendo com que ele a encarasse.

— Estes eu não esqueci... Eu apenas fiz questão de ignora-los.

— E valeu a pena? — Ela quis saber.

— Talvez...

— Porque?

Ele a fitou... Ela estava fazendo aquilo de novo, mexendo com ele, o bagunçando.

— Porque ao menos uma vez na semana eu me sinto feliz — Ele respondeu fazendo ela sorrir.

— No fundo ainda é a mesma pessoa — Ela se ajeitou na cadeira voltando a olhar para o professor.

— Você não desiste, não é mesmo?

— Estou lutando por algo maior... Só isso.

— Vocês dois falam demais! — Louis resmungou na mesa atrás deles.

Hermione voltou a encarar Draco.

— Só mais uma pergunta... Você já contou sobre o seu passado para eles?

Draco estreitou os olhos.

— Aonde quer chegar com isso?

— Pude ver o quanto eles gostam de você, são seus amigos mesmo — Falou Hermione — Não acha que eles mereçam saber a verdade?

— Você não teria coragem! — Draco falou quase que em tom de ameaça.

— Eu não me incluo nesta farsa — Respondeu ela — Se estou aqui insistindo e tentando a todo custo levar você de volta é porque estou tentando salvar pessoas que eu amo. Então, não duvide de mim... Ainda mais aqui que você não é o centro das atenções como estava acostumado a ser em Hogwarts.

Ela se levantou e saiu da sala.

Com um suspiro pesado Draco se encostou na cadeira e pela primeira vez naquele dia pode ouvir o que o professor falava, mas suas palavras não faziam sentido... Nada fazia mais sentido naquele momento.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, pois será agora que a história irá começar de verdade!
Até o próximo capítulo!